As crianças são o melhor do mundo, que são. São curiosas,
conseguem ver o lado bom das coisas, confiam e não têm vergonha de dançar na
rua. Mas, convenhamos, há coisinhas que, por mais que sejam sinal de que estão
a crescer e bem, que se exprimem e que estão a construir as suas
personalidades, irritam e não é pouco. Há dias que irritam mais que outros. E
há dias em que não irritam nada e que até nos dão vontade de rir.
01 - Querem sempre a última uva.
[e quem diz a última uva diz a última bolacha, a última
tudo].
Quando é que se começa a fazer cerimónia e a deixar a
última, como gesto de boa educação? Lá para os 24?
Lá vou eu partir a última ao meio só para evitar que se
esventrem uma à outra... [sim, sim, venham cá dizer que elas têm de aprender a
ceder e a resolver os seus conflitos sozinhas que só eu sei quando já tenho a
cabeça em água com “mais uma birra”]
02 - Querem sempre a mesma coisa, ao mesmo tempo.
Acaba por ser redundante. Mas é isto: Se a Luísa quer o pai,
a Isabel também quer o pai. Se a Isabel quer a mãe, a Luísa também quer. Se a
Isabel quer a colher vermelha, porque é a cor do Benfica do pai, a Luísa já não
quer a amarela. Se a Luísa quer a amarela, a Isabel pensa melhor e afinal também
quer a amarela porque é a cor preferida, claro. [lá a argumentar, ela é boa].
Apetece-me comprar pratos, toalhas e roupa, que é para não nos chatearmos.
03- Conseguem mudar de ideias no mesmo minuto.
A fita que eles às vezes fazem para conseguirem qualquer
coisa e assim que a têm, afinal não era bem aquilo. A Isabel arena entre
defender-se a dizer que eu percebi mal ou a admitir: “enganei-me, mãe”. Pede-me
arroz, quando eu tinha era massa feita, por acaso até faço arroz, vá, não custa
assim tanto dar-lhe esse miminho, e afinal ela queria mesmo, mesmo era massa. A
imagem que me vem à cabeça é despejar-lhe o prato de arroz em cima da cabeça,
passo a redundância. (Calma, é uma imagem à Ally Mcbeal). Às vezes digo que
agora vai ter de comer o arroz; outras vezes não chego a fazer-lhe o arroz, que
isto não funciona como discos pedidos nem estamos num hotel.
04 - Não nos deixam mudar a fralda, vestir, pôr um chapéu, sair
do banho, sentá-las na cadeira do carro.
É a fase da Luísa (2 anos). É tudo um drama sem igual. Nunca
quer nada. Não quer viver basicamente.
05 - Querem ser os primeiros em tudo.
Eu quase que aposto um mindinho em como se eu propusesse à
Isabel ser a primeira a comer todos os macacos do nariz, ela aceitaria, e de
bom grado. A vida é uma competição. Ser a primeira a chegar ao carro, a subir
as escadas, a comer, a fazer chichi. Tudo vale. Também não pode comer menos
fatias de melancia do que a irmã. Nem dar menos goles de água. Seriously?
06 - Querem passar a vida em parques infantis.
Não odeio mas não aprecio. Não precisava de ter conhecido 3
parques em Dublin, ainda por cima um deles indoor. Não havia mesmo necessidade
(por alguma coisa ainda não pus os pés na Kidzania). Miúdos histéricos,
crianças aos gritos, pedidos para andar de baloiço de 3 em 3 minutos. “Mas
ainda agora andaste”. Fazemos isto por eles e vê-los felizes compensa tudo, mas
convenhamos, não é assim o mais idílico dos cenários. E eu adoro crianças (não
parece, mas adoro). :)
07 - Resolvem as coisas com a trilogia gritos-chão-bater.
Reconhecem esta trilogia? “Não, o meu filho não faz nada
isso”. Ora então, muitos parabéns! Não sei se já alguém te disse isto, mas cá
vai: o teu filho não é perfeito, o teu filho não é normal! O normal é eles
terem confiança suficiente com os cuidadores para com eles libertarem as suas
frustrações da forma mais animal possível, enquanto não conseguem dominar os
seus sentimentos nem têm outras estratégias para se acalmarem. É irritante? É,
muito. Mas aprendamos a lidar com isto da melhor maneira, nem que seja com um
grande copázio de vinho. Lá para os 35 anos melhora.
08 - Têm timings do caraças.
Desde interromperem cenas à noite que já não eram feitas há
séculos (e se calhar está ali o porquê), a quererem sempre muita sede e
comichão e calor seguido de frio quando é hora de dormir, venha o Diabo e
escolha. Muito espertinhos: não querem cá maninhos nem pais e mãe com paciência
para mais filhos.
09 - Comportam-se muito melhor com os avós, tios, primos,
vizinhos e até desconhecidos.
Na casa dos outros são uns anjos. Portam-se lindamente,
comem tudo e nem acordam durante a noite, quando connosco acordam 3 a 4 vezes,
os sonsos. [Sim, conheço a explicação para isto, mas não invalidava que uma vez
por outra pudessem ser uns querubins connosco só para variar].
10 - Terem uma luz, uma energia e uma gargalhada que nos derrete
e faz esquecer todos os pontos anteriores.
Pelo menos até à próxima birra.
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No Intercontinental Dublin, onde estivemos 4 dias - num próximo post conto-vos tudo das nossas mini-férias! :) |
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Joana, não penses tanto em não magoar a Irene. Para quê arranjar desculpas para uma coisa que é natural. E dizeres que se ela não se despacha não vão ler um livro, isso é um castigo