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8.05.2016

Não podem deixá-la ganhar!

Não, não façam isso! Não compensa minimamente!

Sei que estão muito casadas, acreditem que sei. Olhem eu ontem à tarde no Parque da Serafina:

Unhas pintadinhas em casa que não sou fina, ahah.


Porém, mesmo assim, pensei: "já não vejo a minha amiga Susana há tanto tempo, mesmo que pareça ser por pouco tempo, mesmo que, estando com a Irene ainda não dê para ter grandes conversas, 'bora lá tentar combinar alguma coisa.".

Conseguiu-se. E assim, do nada, conseguimos todas (a Irene, a Susana e eu) uma hora do nosso dia para apreciar o óptimo tempo e apaixonarmo-nos mais um bocadinho pela miúda. Não deixem que a rotina vos ganhe!

A Susana e eu éramos inseparáveis. Ainda sentimos que somos, mas já nos separamos muito mais. Praticamente morávamos juntas antes do Frederico surgir na minha vida. Íamos ao ginásio juntas, jantávamos juntas, as passagens de ano eram só a duas, íamos as duas para o Tokyo no Cais do Sodré dar espectáculo completamente sóbrias, dormíamos juntas (calma haha ela tem nojo de pés, mesmo que fôssemos um casal daria muito trabalho fazer alguma coisa evitando que os pés se tocassem). Sabíamos tudo uma da outra. Agora já não sabemos, mas continuamos a saber o que a outra vai dizer, antes de falar. 

Passámos por uma fase complicada (ou passei eu), porque senti que durante a gravidez ela tinha desaparecido e senti também que durante o primeiro ano da Irene que deveria ter estado mais presente. Quando, finalmente, consegui ouvir o que ela tinha para me dizer (já depois de ter escrito um post a dizer que há amigos que desaparecem com a maternidade - era sobre ela), percebi os motivos e pareceram-me fazer sentido. Não estive foi preparada para ouvir durante demasiado tempo. 

Só agora reparei que estou a escrever um post que já escrevi antes (este). São realmente os sentimentos que tenho depois de estarmos as três juntas. A maravilha do pós-parto, para mim, tem sido repetir-me imenso. A maravilha do pós parto, para mim, tem sido repetir-me imenso. A maravil...

Ser mãe, além da questão da criança, é encontrarmos a beleza no diferente, no novo. Mesmo nas coisas que gostávamos muito e que achávamos que estavam bem. Essas desaparecem. Ou melhor, transformam-se. 

 Deixa-te de coisas, Susana. Nem se notam os bigodes.

 As sobrancelhas estão impecáveis (as tuas), as minhas podiam ser a capa do filme "E tudo o vento levou!". 

 Acho que esta (e a de cima porque estive a ver melhor e são praticamente as duas iguais, mas não me apetece estar a apagar) espelha bem a nossa dinâmica: a histérica e palhaça e a calma, mas totó (e com uma barriga que mete nojo). 

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8.04.2016

"Mãe, anda cá dizer adeus à Bubbles."

Já sei que vão dizer que preciso de descontrair. Não só por aquilo que vou contar, mas até só por ter começado assim o post. 

Como é a minha primeira filha, não sei bem o que é "normal" ou não. Porém, sinto que a Irene tem demasiados pesadelos. Parece mesmo que sim. Fico sempre muito curiosa com aquilo que ela poderá andar a sonhar (sou assim com os meus sonhos e com os de toda a gente). Ela ainda não sabe bem o que se passa. O pai e eu já tentámos explicar, mas acho que ainda não chegámos lá. 

Acabo sempre por ficar com a pula atrás da orelha e confesso que penso "o que terá acontecido hoje na minha presença que te tenha influenciado?". Desabafei sobre isso com a Catarina Beato do Dias de Uma Princesa. Ela descansou-me dizendo que um pesadelo para eles podem ser milhares de coisas, "até ficar sem wireless, como já aconteceu ao meu filho".

Sim, realmente, olhando para as birras dela e para a intensidade que tudo tem, é bem provável que seja algo assim tão "parvo". 

No outro dia falou enquanto tinha o pesadelo. Chamava-me. Chamava-me (já estava eu dentro do quarto mas, pelos vistos, ela continuava a dormir) e disse: 

"Mãe, anda cá dizer adeus à Bubbles.". 

Bubbles é a nossa gata. A minha fantasia leva-me para pensar que, como ela (a gata) tem estado doente (ao que parece é stress, os gatos nunca devem ter companhia felina) que a Irene se tem andado a questionar sobre a permanência das coisas. 

Ela estava muito perturbada, o que me deixou comovida porque quer dizer que a Bubbles é importante para ela. 

Por outro lado: aos 2 anos e meio e já a chorar com partidas e abandonos? O nosso cérebro é realmente uma coisa muito complexa...

Provavelmente isto será projecção minha, na volta ela estava a dizer adeus à Bubbles que levava o Chase da Patrulha Pata debaixo do braço e isso é que a deixou perturbada. 



7.28.2016

Que privilégio é termos filhos.

Sabem aqueles momentos que acontecem nos filmes quando uma pessoa está prestes a falecer ou algo do género? Aqueles flashbacks com uma montagem muito muito bonita dos momentos mais importantes da vida dessa pessoa? Os que mais lhe tocaram na alma, no coração? Os que a fizeram ter vontade de viver? As paixões... tudo...?

Por mim, se eu estivesse a falecer, nesse pequeno filme, poderiam ter sido estes 10 minutos em que vi a Irene a cheirar as flores e com esta magnífica paisagem... 

Acrescentava um slowmotion e daria para ir em "paz". Ainda bem que tinha a câmara comigo. 

Que privilégio é termos filhos. Filhos e flores. Filhos e paisagens.

Sim, não parece, mas fui eu (Joana Gama) quem escreveu isto. 



 

 

 

 


 

 



Chapéu - Zara

Macacão - Little Jack Baby Clothes

Local - Descida para a Praia de Porto Novo por baixo do Hotel Ô Golf Mar

7.21.2016

Não quero que a minha filha seja médica.

Quando estivemos de férias em Óbidos, acabei por lhe comprar dois brinquedos um bocadinho "ao calhar" no Pingo Doce: o Ruca e o Dinossauro. Acabaram por ser uma surpresa engraçada porque além de serem "bonecos", também dão para desmontar. 

No outro dia, quando cheguei a casa, o Frederico e a Irene estavam a brincar com eles. A Irene, ao que parece, decidiu imitar o pai a montar coisas (no outro dia montou uma cadeira de alimentação com chave de fendas - o pai, não vão vocês pensar que a Irene é sobredotada como a mãe, hahahah) e estava a enfiar lápis de cor nos buracos do Ruca (ahahahah salvo seja!!), dizendo que era a Doutora Necas. 

Pus-me a pensar: será que quero que a Irene seja médica? Claro que é uma profissão maravilhosa a muitos níveis, mas é também muito pesadona. Além de uma responsabilidade enorme (tudo o que esteja ligado à saúde, meu deus, que respeito), são também profissões que existem imenso da vida pessoal de alguém. 

Não sou médica, não sou amiga de nenhum (o que daria imenso jeito hehehe), mas pelo que vejo na Anatomia de Grey (ahahah já sei, nenhum argumento válido virá daqui), conciliar medicina e ambições profissionais (isso, se calhar, em qualquer profissão) com maternidade é uma missão complicada, imagino. Talvez se sinta que não se consegue ser excelente numa coisa sem senti que está a  "falhar na outra". É um malabarismo para o qual eu não conseguiria ter fôlego e que deixo já aqui escrito que me faz respeitar e muito todas as profissionais que tenham escolhido fazê-lo. Obrigada. 

Não sei se quero que ela seja médica. Quero que ela queira ser o queira ser, claro, mas não faço questão que seja a Doutora Necas. 






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7.19.2016

Já conheci a educadora da Irene...

Estas fotografias não foram do dia em que fomos à escola ter a conversa inicial com a educadora da Irene, mas a fingir que sim. Ela é bonita todos os dias, a diferença é que não levei a máquina nesse dia. ;)

Fomos, finalmente, à reunião com a educadora da Irene. Já tinha gostado dela ao telefone - andava com medo de implicar com a moça - e também gostei dela ao vivo. Tem uns olhos azuis clarinhos e meigos, claramente que adora crianças e de cuidar delas (não tem aquela histeria, mas a calma de uma mãe experiente). É naturalmente curiosa e interessada. E passou-me a ideia de que estará sempre disponível para falarmos seja do que for.

Também me pareceu estar super animada com o facto de eu me ter disponibilizado para actividades na escola e também para ajudar nas festas - sim, sou desse género, pelos vistos. 

Ficou impressionada pela Irene já falar tanto, creio que ficou um pouco atarantada com o facto da Irene não ter boneco de "consolo" nem "chucha"... Isso teria de ser ela a dizer. 

Infelizmente, a Irene esteve a fazer birra praticamente toda a reunião - a educadora bem disse que iria ser uma seca para a Irene ir connosco - porque achou que a escola era um hospital (e o episódio ainda está muito vivo na memória dela). 

Depois, quando formos ver as crianças, quis ficar e pediu "mais escola" quando entrou no carro. Vamos tentar fazer a adaptação numa semana, mas já que pus duas semanas de férias (dos 25 dias úteis a que tenho direito por ano), se houver algum problema, poderemos estar mais à vontade e fazer tudo mais devagarinho.

Pelo facto dela estar a entrar para a sala dos dois anos, acho que só vai entrar mais uma menina nova além dela e, por isso, a educadora descansou-nos a dizer que seria mais fácil para ela dar atenção à Irene e dar-lhe colo. 

Deixa-me ligeiramente pensativa o facto dela falar muito e de talvez vir a sentir-se frustrada por não conseguir fazer-se entender com os amigos, mas a educadora diz que tudo se equilibra. 

Preocupação de mãe, não é? Ela vai ter 2 anos e meio... será melhor ir para a sala dos dois... ou dos três? 

Vão comer dois iogurtes com aromas durante a semana, cornflakes no dia dos cereais... Estou a aprender a não controlar tudo, a ver como corre. Em casa não comeria nem uma coisa nem outra. Ainda estou a definir que tipo de mãe quero ser e que tipo de relação quero ter com a escola, etc. Tudo aos poucos, devagarinho. 

Sei que vai correr tudo bem. Comece mais cedo ou mais tarde, vai correr tudo bem. Acima de tudo estou muito feliz por ela, por ir ter alguém dedicado a estimulá-la, a ensinar coisas mais artísticas... a conviver com miúdos. Parece-me o timing perfeito. 

Custou-me ter que passar as informações das convulsões da Irene e ela ter que ter "tratamento especial", mas é a vida. ;) 











Vestido - Zara


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Respirar fundo, todos os dias.

Não tem sido fácil gerir duas bebés, já tinha desabafado aqui e aqui. No fundo, este blogue acaba por ser o meu psicólogo e ouvir as vossas histórias faz com que não me sinta tão desamparada. Aquela coisa do "o que não nos mata, torna-nos mais fortes" deve ser mesmo verdade, mas até nos sentirmos mais fortes, vai-nos saindo do couro. Acho que se soubesse meditar e se conseguisse ver tudo de fora, custaria menos, mas infelizmente não tenho (ainda) esse poder. Ainda só consegui fazê-lo uma vez. 

No outro dia, ao final do dia (chamo-lhe a "hora do fim do mundo"), era este o cenário: Luísa a chorar baba e ranho, agitada, e eu a tentar dar-lhe mama em pé e Isabel a jantar numa mesinha da sala, com a bisavó Rosel a ajudar, a levantar-se a cada minuto e a andar debaixo das minhas saias, dizendo "bebé não, mana não". Como me prendeu uma das pernas, tentei sacudi-la para que não caíssemos, ela desequilibrou-se e, com um pé, derrubou o prato da comida. Arroz, carne, cenoura aos bocadinhos espalhados pelo tapete, Isabel num pranto que só visto, a apanhar cada bago de arroz e a comer, eu a dizer-lhe que havia mais comida na cozinha, a pedir-lhe que parasse de chorar, a Luísa a chorar e eu, curiosamente, em vez de chorar, desatei a rir-me. E nem sequer era de nervoso, achei mesmo piada à situação. Só tive pena que não estivesse a ser filmado. Disse logo: "a avó é minha testemunha!" Nesse dia, a Luísa ainda não tinha feito nenhuma sesta de jeito, andou a chorar todo o santo dia e a Isabel tinha acordado com os pés de fora. Nessa noite, contrariamente à boa disposição com que encarei aquele episódio, chorei muito. Depois de as ter adormecido, nem jantei, fui para a cama desabar um bocadinho. No outro dia, acordei bem-disposta, valha-nos isso e a partir daí, tenho tentado fazer esse exercício: respirar fundo, todos os dias. Tentar ver tudo de fora. Perspectivar, relativizar, acreditar que melhores dias virão. E vêm, vêm mesmo. Já os tive. Vão-se intercalando, para que não criemos falsas expectativas e para que também não nos apeteça ir ali falecer um bocadinho.

Ficámos as três em Évora estes dias, em casa dos sogros. Vou publicando uma ou outra fotografia no meu Instagram


Uma foto publicada por Joana Paixão Brás (@joanapaixaobras) a



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7.16.2016

Escolham os filhos e não a cozinha.

Que estupidez, não é? Pensamos isto para dentro tantos dias enquanto estamos a trabalhar (vá, algumas de nós, pronto): "quando chegar a casa, vou dedicar-me só a ele(a), nem vou fazer nada da casa". Mas, depois, quando chegamos, é automático: "quem consegue viver nesta estrumeira?". 

"Vou só fazer isto.". 


 
O "isto" passa a ser 30 vezes isto. Da loiça da máquina de lavar, para só dar "aquele jeitinho" ou arrumar isto e pôr aquilo ali, aquelas poucas horas a que temos direito diariamente para os conhecer, ver crescer , passam num instante. 

Escolham os filhos. 



Na semana passada escolhi a Irene. Fazemos as compras online e tinha de ficar em casa até elas chegarem. Decidi só arrumar as compras naquele dia. Assim que chegassem, nem que fosse só 30 minutos ia lá fora com ela e me dedicaria só a ela: a conversar com ela, olhar para ela e bom, tirar-lhe fotografias. 

 
Fomos. Afinal, "uma hora" ou "30 minutos" lá fora sabem-nos muito melhor do que a cozinha arrumada depois de os pormos a dormir. É uma win-win situation. 


 
Sabem qual é o nosso principal inimigo? A televisão. O meu, pronto. Parece que faço tudo antes dela dormir para depois me poder por a ver televisão. Porquê? Nem tenho visto nada de espectacular. Às vezes dou por mm a ver programas abaixo de medíocres, só para "gastar tempo". 


 
Não. Agora vou arrumar depois dela dormir. Faço tudo muito mais rápido, sem problemas de consciência e é menos tempo que fico a babar-me no sofá a ver porcaria. 


 
Vou dar o meu melhor para não escolher a cozinha primeiro. Ou a televisão. Sei lá. 

 
Estas são as fotografias dessa nossa curta tarde em que ignorei a cozinha. :)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Conjunto Irene - Principesque
Jardineiras Mãe - Pura
Top Mãe - Coconut

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A Avó culpada de tudo.

No outro dia fui de ambulância com a Irene para o hospital (contei aqui). À saída, quando estava à espera que o Frederico fosse buscar o carro (com nervos, não quis estar à procura de lugar perto do hospital e estacionou no primeiro que lhe apareceu à frente), meti conversa com a avó da menina.

A avó da menina tinha estado na sala de espera com a mãe da menina. A menina tinha partido o braço e mais tarde viria chorar horrores e gritar horrores ao ponto da Irene, na sala de espera onde a menina já não estava, chorar por a ouvir. 

Já não sei quem começou a conversa. Devo ter sido eu. Gosto de conversar. Disse-lhe: "a sua menina, como está?". 




A senhora começou a ficar visivelmente comovida. A menina e a mãe da menina não estavam com ela, creio que tivessem ido fazer alguns exames. Lá me explicou: 

- Ela costuma ficar com a outra avó. Fica sempre com a outra avó. Nunca ficou comigo. Desta vez ficou, porque a avó com quem ela costuma ficar sempre foi de férias. Tinha de acontecer comigo. O meu filho bem me disse ao telefone: "eu já sabia, tinhas de ser tu!". Ele disse que a culpa era toda minha. A menina tinha estado lá fora a brincar com umas pinhas, trouxe-a para casa para lanchar e ela pediu um baralho de cartas que eu dei. Dei e fui preparar o lanche. Parece que a menina escorregou numa carta e partiu o braço. Eu não vi. Eu estava a fazer o lanche. Escorregou numa carta. Coitadinha da minha menina, ela nem costuma ficar comigo. 

Tentei, como ando a tentar aprender agora, não ficar pelas emoções mais básicas e de lhe dizer que era normal que o filho dela estivesse chateado. A filha dele tinha acabado de partir um braço. Quando estamos chateados, costuma ir tudo à frente. 

Disse-lhe que a menina até ia gostar de ter o gesso e de escrever nele, apesar de saber que isso não ajudava aquela avó em nada porque a menina dela tinha escorregado num baralho de cartas que ela lhe tinha dado, porque a outra avó tinha ido de férias. 

A menina partiu um braço e a avó que já andava de coração partido, partiu-o ainda um bocadinho mais. 

Depois lembrei-me como poderia ajudar esta avó. Pedi-lhe para me falar mais da sua menina (o carro do Frederico estava mesmo longe) e os olhos dela iluminaram-se, todo o rosto dela ganhou vida (juventude até, pareceu-me) e lá contou que a menina andava a perguntar aos médicos como ia ser a operação, como é que a iam por a dormir. "Ela é mesmo muito esperta, é um orgulho". 

Acho que a ajudou falar um bocadinho. 

Coitadinha desta avó que só lhe deu um baralho de cartas. 

7.12.2016

Tenho barriga e não tenho pressa.

Elogiaram-me o facto de ter publicado uma fotografia em que estava em biquíni, mostrando a minha barriga. Não fiquei surpreendida com o comentário porque, também eu, pensei nisso antes de a publicar: "estou cheia de barriga, mas que se lixe, o que é que isso interessa?" 

Não quero fazer um elogio ao desmazelo, à preguiça, nem muito menos criticar quem regressa aos treinos rapidamente, no pós-parto. Até porque este "rapidamente" é subjetivo. Quero, sim, fazer um elogio a sermos fiéis a nós próprias. Quero que façamos aquilo que nos apetecer, sem ligarmos ao que os outros dizem, sem sermos reféns dos outros. Se nos apetece ir ao ginásio, se isso nos faz sentir bem, força. Se preferimos esperar, sem nos importarmos com uma barriga que é uma vela a derreter (metáfora da Joana Gama), força. 

Tenho barriga e não tenho pressa.

Quando tive a Isabel, preocupei-me. Gostei de ter perdido o peso todo ganho durante a gravidez num instante, a barriga foi ao lugar e, depois de ter engordado um bocado nos três meses de licença em casa, meti-me a fazer dieta, seguida por uma profissional e voltei ao exercício. Quer dizer, mais ou menos. Sempre fui mais para o preguiçoso e nunca fui muito metódica, mesmo tendo noção da importância de fazer exercício. 

Desta vez, tenho barriga e não tenho pressa, não sei se por tudo o que passei depois do parto, se por ter duas filhas. Pesei-me, ao sexto dia, a pedido da enfermeira e não por iniciativa minha. Não estava interessada. Com "ajuda" do stress e da operação inesperada, do soro, da comida do hospital ou do meu metabolismo, já tinha perdido o peso que ganhei na gravidez. 
A barriga está lá, mole e fofa. E eu estou em paz com ela e ainda sem vontade de travar uma batalha contra ela. Sem necessidade alguma de ouvir um "estás óptima, nem parece que foste mãe". Fui mãe, sou mãe e não me importo que pareça que sou mãe. Por que queremos que a gravidez não deixe marca alguma no segundo em que pomos o pé fora do hospital? Por que razão queremos esquecer nove meses de gestação, que nos trazem o melhor do mundo, o mais depressa possível? Teremos medo de deixar de nos sentirmos atractivas, amadas, desejadas? Por que cedemos tanto à pressão dos outros? Por que exigimos tanto de nós?



Vamos ter calma. Não morre nenhum pinguim na Antártida por estarmos a usar bíquini com barriga de quatro meses de gravidez, mas com o filho já cá fora. Não é por vestirmos uma burka que ela desaparece. Não há que ter vergonha, nem mesmo se nunca tivéssemos estado grávidas. Mas também não vale a pena enganarmo-nos e dizermos que temos orgulho na nossa barriga. Acho que isso é estar a usar psicologia invertida para nos distrairmos de algo de que não gostamos, é mandar areia para os próprios olhos. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.

Temos é de tentar ser felizes com o que somos (ou será "estamos?"). Se a circunstância de termos barriga ou de termos mais peso nos faz sentir infelizes (ou menos saudáveis ou ambas), há muito a fazer, mas com calma. Temos tempo.

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6.29.2016

Quando ir a um terapeuta da fala?

A Diana Lopes, nossa leitora (espero eu, senão é só esquisito ahah), propôs-se a dar alguns conselhos às mães sobre a área dela. Adorei. Por muito que achemos que "a Mãe é que sabe", sobre terapia da fala, a Diana é capaz de saber mais um bocadinho haha, mas só mais um bocadinho. 

Querem ler o que ela tem para dizer? Se conhecerem alguma mãe que ande com a pulga atrás da orelha sobre o desenvolvimento da fala do filhote, passem-lhe este artigo para ela ficar mais sossegada ou, então, para iniciar o percurso da terapia com ele! ;)


"Um dia, a Mãe acorda e começa a sussurrar aos ouvidos do seu bebé “Vá diz MÃ-MÃ, é fácil é só repetires MÃMÃ, MÃ-MÔ. A história repete-se com o pai, “PA-PÁ, diz PAPÁ”. Quem levará a vencida? A mãe ou o pai?

E quando a criança não faz a vontade a nenhum dos progenitores e aos dois anos nem o pai e/ou a mãe levam a vencida?



Antes da história do papá e da mamã, existe todo um processo que traduz o desenvolvimento linguístico da criança e, cada vez mais os pais devem estar atentos ao desenvolvimento da linguagem e da fala e tentar compreender qual a sua relação com as dificuldades na aprendizagem. Para tal, é importante que identifiquem alguns dos sinais de alerta que podem ajudar a entender qual a altura certa para procurar um profissional qualificado.

Ao longo do seu desenvolvimento as crianças vão aprendendo a comunicar de acordo com as regras da comunidade onde estão inseridas e o estímulo que recebem. O choro é a primeira e principal forma de comunicação do bebé e é através dele que o bebé vê as suas necessidades atendidas pelos pais nesta fase de vida. Designamos este período de pré linguístico, em que a criança comunica através de produções sonoras como, por exemplo, o choro (referido), o riso, o palreio e a lalação.

É através da interação de vários fatores (biológicos, psicossociais, cognitivos e biológicos) que as crianças desenvolvem a linguagem.

Por vezes ouvimos dos nossos vizinhos, amigos, familiares dizer que ela ou ele ainda “é um pouco espanhol a falar”, “fala um pouco à bebé”, “é um pouco sopinha de massa” ou ainda de forma mais específica “o teu filho fala mal”,  “ainda não diz os L’s, o S,…” mas na verdade a mãe é que sabe … a Mãe é que conhece a sua cria e melhor que ninguém conseguirá identificar os sinais de alerta manifestados.

Também é verdade que cada criança tem o seu ritmo. Mas quando devo agir? Deixo-vos aqui alguns sinais de alerta:

·     12 - 18 meses – o bebé é muito silencioso, não reage nem brinca com os sons, não aponta, não estabelece contacto ocular

·         18 – 24 meses – não compreende ordens simples, dificuldade em formar frases com duas palavras

·         2 – 3 anos – não forma frases simples

·         3 - 4 anos – apresenta um discurso ininteligível, não forma frases simples

·       4 - 5 anos – não relaciona acontecimentos simples e recentes, não compreende ordens simples, omite e troca sons nas palavras, discurso pouco estruturado, só os pais o compreendem

·        5 - 6 anos – utiliza frases mal estruturadas, tem um discurso incoerente

·        6 anos – alterações na articulação das palavras, trocas sons/letras ao falar, ler ou escrever.

O Terapeuta da Fala é o profissional habilitado para avaliar e aconselhar estas alterações. A intervenção precoce é a mais eficaz.

O Terapeuta da Fala

O Terapeuta da Fala é o profissional responsável pela prevenção, avaliação, intervenção e estudo científico das perturbações da comunicação humana, englobando não só todas as funções associadas à compreensão e expressão da linguagem oral e escrita mas também outras formas de comunicação não verbal. O Terapeuta da Fala intervém, ainda, ao nível da deglutição (passagem segura de alimentos e bebidas através da orofaringe de forma a garantir uma nutrição adequada). O Terapeuta da Fala avalia e intervém em indivíduos de todas as idades, desde recém-nascidos a idosos, tendo por objetivo geral otimizar as capacidades de comunicação e/ou deglutição do indivíduo, melhorando, assim, a sua qualidade de vida (ASHA, 2007)."