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1.27.2015

Vvvvvvvvvvvvvvvv (som do secador)

O meu marido ainda hoje adora o som do secador. Diz que se lembra da mãe estar a secar-lhe o cabelo, com ele sentado na sanita e de adormecer com cabeça encostada ao peito dela. Gosta do quentinho e do barulho. 

Quando estava grávida e secava o cabelo, ele aproveitava quando saia do banho e, apesar de não precisar, passava com o secador pelo corpo também. Digo "apesar de não precisar" porque calhou-me um velhote com tanto pelo quanto uma manga: nenhum! Demasiada informação? Sim, sempre. 

O meu pai também (acho que era o meu pai, nunca me lembro bem), depois de eu ter o pijama vestido, também me punha um bocadinho o secador por dentro do pijama e eu adorava o balão de ar quente. 

Pelos vistos, o namoro do ser humano com o secador é ainda anterior à nossa infância. Vem de quando éramos bebés. Nunca tinha ouvido falar disto até começar a investigar maneiras de acalmar recém nascidos (para quem ainda não seja mãe, eles choram muito e nem sempre é maminha ou fralda suja). 

E não é que o som do secador é muito parecido com o barulho que eles ouvem dentro do nosso útero e, proporcionalmente, no mesmo volume? 

Há a teoria de que os bebés deveriam só nascer 3 meses depois, que deveríamos ficar grávidas durante um ano se isso não fizesse com que nos esvaíssemos em sangue pela coisinha (adoro!), porque nessa altura os bebés já estão mais desenvolvidos cerebralmente (e não só) e o parto não seria tão traumático (para eles). A Natureza faz com que eles nasçam mais cedo, mas é pelas mães, segundo essa teoria. 

Às vezes, essa inquietude "traumática" e desesperante (para nós) do recém nascido, faz com que mediquemos a torto e a direito os nossos bebés achando que "só podem ser cólicas". Eventualmente essas "cólicas" acabam por passar e, erradamente, atribuímos a um determinado medicamento ou probiótico em vez de ser o próprio bebé que se encontra mais "situado". Estou a gastar imensas aspas, eu sei. 

Durante os três meses seguintes (cá fora), eles sentem que não pertecem a lado algum e têm saudades do útero. Por isso, o swaddling (embrulhá-los numa manta, bem apertadinhos e fazer shhhhh bem alto ao ouvido), o som do secador e outros, visto que reproduzem as condições do útero, fazem com que fiquem mais calmos.

Experimentei isso com a Irene e resultou. Usava isto quando estava desesperada (não é que eles sejam insuportáveis, mas nós, mães, estamos a passar por muita coisa ao mesmo tempo e torna-se, às vezes muito complicado):


Claro que não é o secador em si que é milagroso, o som do aspirador também resulta (não tenham medo de os acordar enquanto aspiram a casa se forem recém nascidos, até ajuda) e o som do exaustor. Lembro-me de precisar de ir fazer xixi e de a por na espreguiçadeira ao pé do exaustor para poder fazer xixi durante um bocadinho, sem me stressar. Abençoados aparelhos.

Depois não só lhes passa como voltamos a estar bem da cabeça e a conseguirmos ser criativas e ter instinto para os afagar, mas este é um óptimo truque de emergência!

Funciona quase com todos, verdade?

1.06.2015

O pânico da porcaria da mala da maternidade (#02)

A Joana lançou o pânico aqui. Ela tem razão, a verdade é que não temos de levar a casa às costas. Não vamos para o Big Brother, vamos continuar a ter contacto com o exterior e continuar a ter cérebro (apesar de parecer mirrar substancialmente).

A par de preparar o quartinho da Isabel, fazer a mala para a maternidade foi das coisas que mais gozo me deu fazer. Sou mega romântica, gosto de detalhes, sou apegada a coisas como a primeira fralda de pano, o primeiro conjunto, o primeiro babygrow. Sou muito de memórias visuais. 
Andei a namorar as roupinhas e o que eu adorava dobrá-las, fazer os conjuntos, definir qual a primeira roupa, a segunda e a terceira e ainda levar um conjunto extra. Um babygrow querido e quentinho (com golinha, óbvio) caso nascesse durante a noite, e foi o que aconteceu. As roupas (cueiros e respetivas collants, bodies e casaquinhos, pelo sim, pelo não) iam separadas por "envelopes" de fraldas de pano, fechadas com alfinetes de dama cor-de-rosa.

Para mim, uma mala normal de viagem com três camisas de dormir, um robe fininho e bonito, chinelos e pouco mais. Levei kit de banho, claro, cremes e - não gozem! - maquilhagem para a saída (sim, tipo estrela de cinema, pronta a ser fotografada pelos paparazzi).

Como ia para um hospital privado (Hospital da Luz), também não tinha de levar muita coisa. Mesmo assim, não dispensei:

- Spray de água termal da Vichy - Naquelas longas horas de espera em trabalho de parto em que não se pode comer nem beber, borrifar-me foi o que me safou, palavra! Sentia a cara e os lábios sempre hidratados.
- Purelan, da Medela - Pomada para os mamilos - os primeiros tempos da amamentação podem não ser a coisa mais maravilhosa do mundo, porque nem sempre a pega está a ser bem feita, por isso usar purelan ajudou-me bastante.
- Tena Pants - Ah, pois é, minhas amigas, também eu pensava que me ia guardar lá para os 70 anos, mas segui o conselho, experimentei e não quis outra coisa (quer dizer, quis, quis outra coisa, mas enfim, teve de ser). Ainda experimentei uma vez um penso numa daquelas cuecas de rede que nos dão no hospital e não tem nada a ver. Com estas cuecas (ou fraldas, chamemos as coisas pelos nomes) não há risco de nada sair de sítio, ajustam-se bem e estamos sempre confortáveis. Recomendo, sem dúvida!

OUTRAS DICAS:

- Fraldas de recém-nascido não vale a pena levar, fazem parte do "pacote"

- Sei que parece óbvio, mas quando (se) vos rebentarem as águas não se vão lembrar disto: elástico para o cabelo.

- Se forem esquisitinhas aqui como eu, levem máquina fotográfica "à séria" porque, mesmo que não seja para emoldurar ou partilhar no Facebook, vão adorar rever fotografias como deve ser do vosso bebé acabadinho de sair, ainda ensaguentado no vosso colo ou a mamar, com minutos de vida (ainda hoje me comovo a ver essas imagens).

VISITAS:

- Como podem chegar a ter lá 40 macacos enfiados no quarto na hora das visitas, umas 23 horas por dia (não é tanto, mas é essa a sensação), decidam já como querem fazer e vão pedindo - sem vergonhas, porque o momento é VOSSO! - a algumas pessoas para vos visitarem depois em casa. Aquilo já é quente, então com muita gente, não se torna nada confortável.
Para decidir quem vos pode visitar, aconselho a usarem um medidor de décibeis - acreditem que não vão querer a tia surda a perguntar-vos 5 vezes o peso da criança.

Respirem fundo e lembrem-se: é mais fácil do que parece!


1.02.2015

O pânico com a porcaria da mala da maternidade

Lembro-me de ficar em pânico com isto quando estava grávida. Havia imensas listas por todo o lado na internet (porque eu as procurava, é verdade) e cada item que lá estava ou que, por comparação, faltava, deixava-me cheia de nervos. Pior: as listas podem mudar de hospital para hospital. Pior: nas aulas de preparação para o parto do meu hospital, avisaram-me que podia nem haver compressas... pelo que me apeteceu transportar uma farmácia para lá no dia do parto. 

Não precisa de ser nenhuma mala em especial, por amor de Deus. Claro que há mães (como a outra Joana) que gostam de caprichar em tudo o que levam e usam por serem muito visuais e por tudo ficar bem numa fotografia para depois comover os próprios filhos quando as revirem ou as mães porque "dantes ainda tinham paciência para isso". 

Eu levei a minha mala normal de viagem. Sim, nada romântica. Ao menos tem umas riscas cor-de-rosa, já não parecia propriamente que ia para um treino de futebol feminino (e que tinha engolido a bola). Não interessa o que levei lá dentro. Interessa, sim, o que levaria hoje, já com a experiência de uma estadia anterior.


Duas dicas importantes :

- O pai, ou os avós podem muito bem ir e voltar todos os dias e trazer o que precisamos. Não é necessário enfardarmos a mala de tralhas como se fossemos para uma zona recôndita no Alentejo onde nem há bomba de gasolina. 

- Está um calor só estúpido na maternidade. Só para terem noção, tinha as maminhas todas carcomidas da Irene ser uma parvalhona a mamar e eu não ter jeito nenhum, estavam besuntadas de pomada (a Purelan da Medela - muito peganhenta, quase nem saia da roupa ao lavar) e ao léu. Sem frio. Zero. 


12.30.2014

5 coisas parvas que gostava de ter sabido antes


Sabem aquelas coisas que gostávamos de ter sabido antes, mas que no fundo não mudava quase nada se as soubéssemos? Coisas que na altura parecem o fim do mundo, mas depois vai-se a ver e são só parvas?

Cá está uma lista mais ou menos aleatória de idiotices que nos podem moer nos primeiros dias na maternidade:

#05 olhos tortos
É normal que os recém-nascidos tenham um olho a olhar para o burro e outro para o infinito. Por isso, nada de, ainda na maternidade, ficarem cheínhas de medo que a vossa filha se pareça com a Rita Pereira (se bem que até não ficavam mal servidos, que é gira que se farta).

#04 ventosa
Quando o vosso filho não está a querer sair nem por nada pelo vosso pipi por variadíssimas razões, a equipa médica pode ter de usar ventosa - tipo desentupidor de canos, estão a ver? E como é que a médica pede a dita? Achavam que dizia "ventosa, ófaxavor?" Não, não. Fala em código, neste caso com um som "bahbah" (onomatopeia inventada agora com som de desentupir canos).

#03 miauffff
O vosso filho pode nascer com uma cara que parece ter sido arranhada por um gato ou ficar com ela assim logo nas primeiras horas. A Isabel nasceu com unhas de fazer inveja a muitas mães e uma cara que parecia um quadro de Miró. Não sei se já alguém concorreu ao Guiness com isto, mas eu posso apostar que foram as unhas mais compridas de um recém-nascido. Comprei logo uma lima (wrong! tesoura, tesoura, tesoura) e ainda tentei solucionar aquilo, mas já foi tarde.

#02 calor tropical
Como nasce no Inverno, três babygrows quentinhos, três casaquinhos, três pares de colants, botinhas de lã, gorrinhos, mantas. Mala de maternidade pronta. Danger, senhoras! Perigo de verem os vossos filhos a derreter! Encarem a maternidade como uma viagem ali ao Brasil, estejam preparadas para temperaturas a rondar os 60 graus e para as visitas que ainda aquecem mais o ambiente. (Ou seria eu que estava em brasa? Digam-me: não sentiram que estavam numa sauna?)

#01 mecónio
Meconiquê? Na maternidade, uma enfermeira vai fazer um número de contorcionismo com o vosso bebé, para o ajudar a fazer cocó, e vai parecer que o estão a tentar encaixar numa mala de viagem a abarrotar. Agarra as pernas, encolhe as pernas, espreme o puto, até começar a sair o mecónio. Não, não descobriram uma reserva de petróleo, aquela é a cor do primeiro cocó dos bebés.


Mães grávidas, que tempo mais bem gasto das vossas vidas com dicas e alertas importantíssimos! Só que não. Este foi talvez o texto mais estúpido que já leram. Comprem mas é o livro do Mário Cordeiro, que aqui não se aprende nada.

12.28.2014

Não senti.

Não é um post com humor. Não é um post de uma lista de coisas. 
É um post que, para ler, requer coração. Amor. E, acima de tudo, compreensão. 
É normal nem tudo ser normal. 
Não amei a minha filha assim que a vi e quero que outras mulheres se sintam normais comigo e com elas. 


Depois de 9 meses contigo a crescer dentro de mim, sonhei em ter-te nua nos meus braços.

Já gostava de ti quando ainda eras só o bebé. 

Antes mesmo de ter a certeza de que já estavas em mim, já te amava. 

Quando decidimos ter-te, já estava apaixonada por ti.

Quando ouvi o teu coração bater pela primeira vez, chorei e apercebi-me que ias mudar a minha vida para sempre e para melhor. 

Quanto te vi pela primeira vez,  prometi que te ia dar tudo, tudo o que tinha e não tinha, para sempre.

Quando te senti pela primeira vez, chamei-te filhota. Foi a primeira vez que comunicaste comigo.

Comecei a construir o teu quarto. A coreografar toda uma divisão com coisinhas para que te sentisses tão bem quanto possível, apesar de fora da minha barriga. Lavei toda a roupa que os avós te tinham comprado, estendi e passei. 

Preparei o mundo cá fora para ser o melhor possível para ti. Só pensei em ti, a todas as horas nesses 9 meses. 

Chegaram as contracções. Dor. Ansiedade. Medo, mas menos do que pensava, por saber que te ia conhecer. 

Fui a sorrir para o bloco, apesar de ter dois caminhos de água salgada já seca até às bochechas.

Tinha o meu maior amor ao meu lado, na poltrona e o meu amor por conhecer, na minha barriga, pronto para sair.

Passado um dia, passadas dezenas de epidurais (ou lá o que eram), horas em "jejum", uma infecção, uma ventosa... existes!

Existes e paraste de chorar. Deixaste de respirar. Respiraste outra vez. Foste para a incubadora, por estar mais quentinho. 

Senti que queria ter mais um bebé, mas não me apercebi que estavas ali. O meu coração parou e, apesar de manter todos os meus outros sentidos, o sentimento não estava. 

Tive noção de que algo não estava bem. Não senti. Não senti o que todas as mães dizem sentir:

"Fiz mal em ter engravidado?" "Não mereço ser mãe?" "E agora?" "Por que é que não estou a chorar de felicidade?" "O que se passa comigo?" "Estou doente?" "Sou doente?" "Não sinto nada"

Senti amor, sim, mas pelo pai quando te pegou ao colo.

"Por que é que o meu corpo está a torná-la invisível?" "Não vou poder falar sobre isto com ninguém, que vergonha" "Já sou má mãe e ainda nem acabaram de me coser"

Fui para o quarto, lá em cima. O pai foi mandado embora. E, sem me poder mexer, estando ainda o meu corpo a repetir todas as dores que senti ao longo das últimas 24 horas, sabia que estavas ao meu lado.

Além de não conseguir ir ter contigo, ou mexer-te, estava escuro. Mal te via. As outras mães estavam a descansar. Por que é que eu não te queria ter perto de mim? Por que é que nem pensei nisso? Tinhamos acabado de ser separadas e por que é que eu não sentia nada? 

Sentia-me apenas sozinha por não ter ali o teu pai. Além de ter ficado sem o bebé que amava (foi como se tivesse desaparecido), não tinha ali o meu melhor amigo.

Na segunda noite, não pudeste ficar comigo. Tiveste de ir com os enfermeiros. Não me fez confusão. E odiei-me por isso. Tive vergonha de não sentir nada. Tanto que me levantei para ir perguntar por ti, mas apenas para ninguém desconfiar que não sentia nada. Fui por obrigação. Por responsabilidade e não por amor.

Afinal não é sempre verdade o que as outras mães dizem.

Estava assustada. Insegura. Choravas e eu não sabia porquê. No dia seguinte já era para vir para casa e eu não queria, porque começava a ser mãe e não sentia nada.

Viemos. 

Coxeava contigo de um lado para o outro, tinha-te ao meu colo, adormecias com a mama na boca, mas não conseguia falar contigo. Estava em piloto automático. 

Até que. Até que me apaixonei por ti...

ou...

... até que voltei a mim. 

Fui amando-te mais e mais todos os dias. Não me imaginava um único segundo sem ti. Tinha de estar sempre a olhar para ti. Não me conseguia mexer quando adormecias em cima de mim só para ter o privilégio de ouvir a tua respiração. Tinha todo o cuidado do mundo a mexer-te, não te fosses partir. Durante a noite sonhava que estavas no meu peito. 

Sou Mãe. 

E, afinal, amo-te. Amo-te tanto quanto as outras mães que dizem que sentiram tudo de uma só vez. 

Afinal não estou estragada e vou conseguir dar-te todo o amor que mereces e ainda mais. 

Tenho saudades tuas e estás a dormir ali.

Choro agora de alívio, não estou estragada.

Vais ter a Mãe que mereces. 

12.17.2014

Vontade de fazer cocó

Eu juro que quando estudava para ser repórter, ia às aulas de Semiótica, empinava Saussure ou Hannah Arendt e via filmes para a cebecinha nos cinemas Medeia, estava longe de imaginar que um dia iria escrever sobre cocó.
Mas isto da maternidade dá-nos a volta, ficamos tontinhas de todo. Tontinhas e sem grande pudor de falar sobre as coisas: passamos a mexer no cocó dos outros, a limpar macaquinhos com as mãos e a aspirar o ranho usando um tubo e puxando com a boca (e às vezes puxamos demais e acho que não é preciso dizer mais nada...). Ficamos preparadas para a guerra!

Se estão a ficar enojados com a conversa, vão espreitar o Blog da Carlota, que é asseadinho e nunca lá irão encontrar nada deste fino recorte.

O que eu quero dizer é o seguinte: uma das nossas grandes dúvidas na altura do trabalho de parto é: "como é que eu sei que está na hora do bebé sair?" ou "quando é que eu sei que tenho de fazer força?" Ora bem, quando tiverem vontade de fazer cocó. A sério, é verdade! Nesse momento, salvo se vos pedirem, não podem fazer força nenhuma: há que tentar controlar esse impulso de fazer força e para isso nada como fazer umas respirações rápidas.

Ironia da vida: depois do parto, se pudessemos não faríamos cocó durante um mês, pelo menos. Acho que não preciso de vos fazer nenhum desenho, pois não?

Ironia da vida número dois: quando eles já não ficam bem sozinhos e querem estar connosco a toda a hora, dávamos um dedinho do pé para poder fazer cocó em paz.

Pronto, já exorcizei o meu lado brejeiro. Tenho de ir, está quase a começar o meu programa preferido na RTP2.

Sexo depois do parto?

Seus pervertidos, se acham que vão encontrar aqui imagens eróticas, vão mas é ao Redtube. 

Revista Maria, afinal quanto tempo devemos esperar para ter relações sexuais depois do parto?
Ao almoço, uma amiga acertou na mouche: "vais poder fazer muito antes de te apetecer". Ahahahah! Tão verdade!

Os médicos falam de voltar ao activo entre quatro a seis semanas depois, tempo que os pontos demoram, regra geral, a cicatrizar, mas depende muito de cada caso. Se o parto tiver sido simples e sem episiotomia, pode ser antes. Mas a questão nem sempre é física. Sejamos realistas: emocionalmente a mulher pode não estar preparada, o parto foi uma coisa recente, houve uma mudança brutal na sua vida e os primeiros tempos são muito cansativos.

Como se tudo isso não bastasse, as mulheres tendem a ficar menos lubrificadas depois do parto, principalmente se amamentarem. Daí ser muitas vezes útil usar um lubrificante à base de água.
Depois, para muitos casais, o facto de terem o bebé a dormir mesmo ali ao lado torna a coisa meia estranha. Nesse caso, há que ser criativo: há outras divisões na casa.

Agora vamos ao que realmente interessa (porque, muitas vezes, tudo o resto são desculpas): a falta de líbido. É normal que não se sinta, nos primeiros tempos, vontadinha nenhuma. Também nesse caso se pode ser criativo: a penetração não é a única forma de prazer sexual e há várias maneiras de se mostrar cumplicidade. Uma boa dose de humor também resulta. Às vezes um elogio, um beijinho e fazer conchinha também não é nada mau. 

Tempos melhores virão, acreditem! Não tarda nada já estão a ter noites loucas e demoradas de sexo, com direito a prolongamento e a penalties. Ou então só têm 5 minutinhos, porque o bebé se lembra de invadir o campo, mesmo no momento de um lance perigoso. Há que estar preparado para um choro na hora H, mas esse enigma até pode apimentar a coisa.

Boa sorte!

Ah! E vocês, suas ninfomaníacas malucas, não vale a pena virem para aqui contar que convosco foi logo na maca a caminho do quarto da maternidade e que foi o melhor sexo da vossa vida. Escrevam antes uma cartinha à autora do 50 Sombras de Grey, que ela já deve andar a precisar de temas novos.

12.13.2014

O dia em que desovei a Isabel


O parto é o talvez o momento mais temido pelas mulheres. Nunca tinha pensado muito nisso, mas quando estava grávida adorava ouvir histórias de partos, desde que não me contassem que a criança teve de ser novamente empurrada para dentro e que tinham levado pontos até ao pescoço e coisas levezinhas do género. Adorava ver vídeos no Youtube de gente a desovar. Não sei bem o que desceu em mim, mas eu achava aquilo lindo, emocionava-me e não sentia medo nenhum. Queria estar ali, no lugar daquelas mulheres.

E no dia 15 de março, esse dia chegou. Lá fora estava um lindo dia de sol. Estava grávida de 39 semanas e três dias. Acordei cedo, fui lavar roupas da Isabel, estava a passar a ferro e senti algo diferente. Seria ruptura da bolsa? 

- “David, acho que me rebentaram as águas!”
- “E posso dormir só mais um bocadinho?”, ouvi da boca do pai da criança.
- “Podes, então não podes… seu preguiçoso insensível!” 

Incrível como eles absorvem só o que lhes interessa das aulas de preparação para o parto… Pelo sim pelo não, obriguei-o a levantar-se e fomos ao hospital. Parecia falso alarme. Mandaram-me caminhar e voltar lá uma hora depois. E lá fui eu, toda descontraída dar uma voltinha ao Colombo, com a pulseirinha do Hospital. 

Afinal estava mesmo a perder líquido, ia ficar internada. A Isabel vinha a caminho. Eram 13h30. Até às 02h48 do dia seguinte ficámos à espera da Isabel. Não posso dizer que tenham sido horas de sofrimento, porque adorei aquele dia. Para mim, foi um parto humanizado, mesmo sendo num hospital privado. O David estava ao meu lado, as enfermeiras eram óptimas conversadoras e muito gentis, e acho, pelo menos à distância, que o tempo passou bem rápido. Quer dizer, até ao momento daquelas contrações. Aquelas… Ai! Mas eu queria continuar na bola de pilates a acelerar a dilatação, por isso adiei a epidural ao máximo. 

Chegou a um momento em que não dava mais. Pensei “isto não é suportável!”. O David massajava-me as costas para que eu me distraísse da dor. “Chega, não consigo mais!” Pensei nas heroínas que aguentam tudo, até ao fim. Eu quis a epidural. Na televisão estava a dar o estoril-marítimo e demos algumas gargalhadas à conta disso. Epidural e todo o conforto do mundo, até passei pelas brasas. A espera, mas nunca o medo. Inspira, expira, inspira, expira. As dores a tornarem-se insuportáveis outra vez. Hora do reforço da epidural. Sede, tanta sede e tanta vontade de conhecer a Isabel. Nunca mais vinha. Aí sim, lembro-me do tempo ter abrandado. 

A nossa médica chegou, acabada de chegar da Alemanha. Por SMS disse-me “vou fazer o seu parto”. Quase chorei de emoção. Ela era obstetra com que sempre tinha sonhado para aquele momento. Calma, doce, de sorriso fácil. A deixar-me tranquila, sempre. Nunca duvidei dela, nunca. Eu dizia piadas e estava bem disposta. O ambiente era calmo, repleto de risos. As enfermeiras eram de uma alegria, entrega e dedicação que nunca esquecerei. 

Eu estava pronta. No caminho para a sala de partos, respirei fundo e pensei na sorte que tinha. Pedi para que tudo corresse bem. Foram 10 minutos, não mais. Tivemos a ajuda da ventosa, mas nada disso me assustou. Entreguei-me nas mãos da médica que 8 meses antes me tinha anunciado, numa consulta de rotina, "está grávida!". A primeira pessoa que soube que eu ia ser mãe e me viu chorar de alegria, no dia 29 de julho. Tinha a Isabel apenas 7 semanas e tanto podia ser Isabel, como Sofia, como Pedro. 

Vinha aí, agora é que era. O pai da Isabel ao meu lado e o milagre a acontecer. Eram 02h48. Senti um corpo quente e irrequieto em cima do meu corpo. Era a minha filha. Massajaram-na, chorou. Nunca esquecerei o primeiro choro. Ri-me, ri-me muito, descontroladamente. Eu que sempre fui chorona, naquele momento tive um ataque de riso. Uma adrenalina como nunca tinha sentido. Puseram-na junto a mim, no peito, estava a chorar e acalmou com o som da minha voz. Arrepiante. Emocionante. Inesquecível. Fiquei com o rosto com marcas de sangue de tanto a beijar. 

3,680kg, tudo perfeito. Prontas para ir para o quarto, fizemos o trajecto juntas, foi a mamar e ficámos a olhar uma para a outra, a conhecermo-nos. Já no quarto, o pai pegou-a ao colo. Ali sim, chorei, chorei muito. Que momento lindo! O pai, o meu amor, com a Isabel nos braços. Os meus grandes amores.




E o vosso parto, como foi? Contem-nos tudo!