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4.08.2018

Muito cuidado com as etiquetas.

Isto parece daqueles posts que vemos partilhados nos fóruns de mães em que há uma alarme gigante para algo que durante anos foi considerado normal. Ja quase evito ler essas coisas porque, de repente, o mundo todo muda só por ter lido aquilo - seja verdade ou não. Já não consumo caldos que começam por K (não, não estou a falar de uma marca chamada Kaldos, ahah) porque não sei quê, há aquela marca que faz não sei quê, as garrafas com palhinha incorporada e que não dê jeito lavar por dentro causam mictoriavite e depois tem que se fazer uma receita de farinha de alfarrobra... 

A quantidade de coisas a que temos de andar a fazer rabias hoje em dia para que tudo corra bem é, no mínimo, enervante. Isto, claro, se pertencerem ao mesmo grupo que eu: o que procura coisas para se enervar. 

Não vou falar das etiquetas da roupa, não. As roupas com etiqueta não fazem com que os vossos filhos, no futuro, consigam andar menos bem a pé coxinho. Não são essas etiquetas. São as outras, as etiquetas que nos atribuímos a nós mesmos, aos outros e, pior, a eles (disclaimer: menos piaducha daqui para a frente, agora). 

Estamos sempre à espera de arrumar coisas.

As pessoas em categorias:

ela é...
boa

estúpida
inteligente
rameira
(...)

arrumarmo-nos a nós mesmas:

feia
gorda
estúpida
trapalhona
burra
(...)

ou ainda aos nosso filhos:

teimoso
burro
trapalhão
mentiroso
lento
terrorista
porco
gordo
preguiçoso
mimado
(...)

As etiquetas que damos a nós mesmas resultam em grande parte das etiquetas que, algures, alguém nos deu (e que deixamos que dessem), sendo que fomos mais vulneráveis às etiquetas dos nossos pais - pessoas em quem confiámos a nossa vida (também não tínhamos grande opção) e, por isso, se dizem que somos gordos ou trapalhões, é porque deve ser verdade. 

O pior é que mesmo os nossos pais, que nos terão etiquetado de determinada forma, poderão fazê-lo (sem mal) para se sentirem melhores com eles mesmos. Por exemplo: para que eu seja reconhecida como a melhor a trabalhos manuais "lá de casa", nunca irei dar espaço (inconscientemente) aos outros para que evoluam ou que façam, assumindo esse título, essa etiqueta.  O mesmo com elegância, inteligência, memória, sentido de humor, dinheiro, sucesso...  Para se ser "o mais", os outros têm que ser "os menos". Enfim. Já deu para perceber a ideia.

Escrevo este post para vos aliciar a pensar nisto (já que estou a tentar também):  

1) Estarmos atentas às etiquetas que andamos a pôr aos nossos filhos e tentarmos desconstruí-las. Ninguém é nada aos 4 anos (por exemplo, mas muito menos antes). Ainda estão em formação. Se começarmos a tratá-los como se fossem teimosos, eles assumirão esse papel. Muito como quando namoravam e a vossa melhor amiga dizia "Eish, o teu tipo novo é muito feio" e, de repente, no dia seguinte... já vos parecia mais feio. É importante que tentemos afastar-nos desta tendência que temos de arrumar as pessoas. Para uma criança ser teimosa, por exemplo, são precisos dois. E ninguém "é", as pessoas "vão sendo" ou "estão a ser". Eu já fui uma pessoa muito isto, mas noutra fase sou outra coisa. Agora até sou mãe. Impensável antes.

2) Desconstruirmos as etiquetas que nos puseram. Não é porque a nossa mãe ou o nosso pai um dia nos terem dito - zangados ou frequentemente - que nunca vamos ser nada ou que somos qualquer coisa desagradável que o somos e muito menos para sempre. Não é porque tivemos um namorado possessivo e porque nos fazia sentir isto ou aquilo que o somos verdadeiramente ou que o vamos ser para sempre. Temos de recuar. Pensar. Desconstruir. Limpar. 

Por sabermos o quanto as etiquetas nos poderão magoar, temos de ter cuidado com as que usamos nos dia-a-dia. Em nós, nos nossos filhos, familiares...

Podem ver o que quiserem ver nesta fotografia. Etiquetarem-me como quiserem. O que eu vejo é uma miúda a não saber posar para fotografias sem fingir que é instagramer e contente por estar a viajar (que já não estou, entretanto). 

Era só isto. Chato, eu sei. Imagino que 1 pessoa tenha lido até aqui e que, se calhar, nem fui eu a reler o post por ter adormecido a meio. :)

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4.04.2018

Ela rejeita-me.

Tantas vezes que ouvi isto. Tantas vezes que vi isto. Desde que ela nasceu que a nossa relação não foi simples. Ou eu estava à procura de sinais de que as coisas não estivessem a correr bem por não me achar merecedora de tanto ou efectivamente passámos por dificuldades juntas. 

Desde ela só chorar quando estava no meu colo e no do pai ficar calma (que é normal também pelo pai não ter leite e, por isso, ela não ter que pedir), desde a não conseguir adormecê-la e ser sempre um choro despegado, desde a rejeitar a mama durante o dia e só mamar a dormir (ali por volta dos 3 meses), desde a não gostar muito de andar ao colo comigo, a não tolerar muito bem o marsúpio, a não comer sopa comigo, etc. 

Talvez porque achei que não devia ser mãe e tinha metido na cabeça que não ia ser. A nossa cabeça consome-nos de variadas maneiras. Tanto pode acrescentar como retirar e a minha tem um prazer mórbido de retirar, talvez para depois, pelo menos, ter o conforto de me dizer: "eu já sabia". Assim parece que as coisas doem menos. 

Hoje em dia a história é a mesma, mas conto-a de maneira diferente. A Irene, seja por que razão for não gosta do meu cheiro. O meu cheiro natural, parece-me, não lhe agrada (ahah isto assim isolado, parece ser o post mais estúpido de sempre). Tenha eu lavado os dentes ou não (comer picanha e depois ir cantar músicas para a caminha dela talvez não seja porreiro), ela diz-me sempre que não gosta. 


Podia chorar muito com isto, podia ser mais uma coisa para me martirizar, mas não tem sido. Comecei a contar uma história diferente em que eu não seria o problema, mas em que a realidade é como é porque sim. Uma frase que tenho ouvido muito e que cada vez me diz mais é "Está tudo certo!".  O que tenho contado a mim própria sobre isto, sendo que prezo a minha higiene e, por isso, não será por não estar "limpa" (pá, estou a reler o post e só me rio) é que, por ser uma pessoa algo ansiosa, o meu cheiro, o meu suor terá componentes diferentes do suor de uma pessoa que apenas se tenha cansado. É um cheiro de "perigo". Lembro-me de o sentir quando a Irene passava o dia todo sem mamar. Eu andava num pânico constante e o meu cheiro, ao final do dia, o meu suor, era completamente diferente. Agora deve sê-lo na mesma (apesar de andar muito mais calma, continuo a ter os meus desafios) e, por não ser tão evidente, não o sinto. 

A Irene quer dormir (gosta de dormir, tenho sorte e acho que também ajuda não usar a cama como punição de alguma coisa, mas como um momento de miminho) e a mãe, deitada a seu lado, cheira-lhe a "perigo", a "medo", a "ter que fugir". A brincar, a brincar (ou não, ahah) somos animais e os nossos corpos também têm a sua forma de comunicar e o meu comunicar-lhe-á o contrário das festinhas no cabelo. 

Seja isto tudo uma fantasia ou não, fico contente por não ouvir no "não gosto do teu cheiro" um "não és boa mãe", mas sim apenas "não gosto do teu cheiro". 

É preciso ter o sono em dia para conseguir fazer estes raciocínios. E sei que muitas de vocês não têm, por isso quis partilhar convosco para ver se vos dava um empurrãozinho só a mudar o ângulo das coisas. 

Nem acredito que escrevi na internet algo que dê a entender que cheiro mal... enfim! 

Tomem uma fotografia minha em que estou muito bonita para ver se compenso (ignorem o facto de terem tido que me cortar a testa para parecer da espécie humana e também de parecer que tenho dois cotos em vez dos braços completos): 



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4.03.2018

Como dizer que não aos avós?

Muitas de nós tem de lidar com dois pares de avós: os seus pais e os do seu respectivo - que frase mais óbvia, eu sei, mas já explico. Outras famílias, com uma estrutura menos clássica, têm de lidar com 4 pares de avós e, na volta, até 6: os avódrastas e os avôdrastos. É muita gente para gerir, seja em que situação for. 

Nem todos nós temos um alinhamento perfeito com os valores dos pais. Alguns continuam a mesma linha de "pensamento", outros preferem quebrá-la, construindo a sua identidade naquilo que parece ser o oposto do seu "berço".  E, para além disto, ainda há também a cerimónia que se quer fazer com os sogros. Não queremos fazer com que se sintam isto ou aquilo, mas primeiro está a nossa criança e o que queremos para ela. 

Vivemos numa época - digo eu a atirar para o ar porque, como estou incluída, pouca noção tenho da pressão ser maior ou menor do que noutros tempos - em que ligamos a muuuuuuiita coisa. Em que prezamos muito a criança como pessoa, as suas vontades, desejos, sonhos e representações psíquicas (palavrão, eu sei, mas o que eu quero dizer é que, por exemplo, apesar do bonequinho com que dormem para nós ser só um boneco que parece um trapo, para eles é uma segurança brutal e conseguimos respeitar isso noutras situações menos óbvias). Mas isso é agora. Os nossos pais terão tido pouco disso, provavelmente.

E estando nós cada vez mais conscientes da nossa pegada (ecológica/digital...) parental, é normal que a pressão suba e que a nossa atenção também. 

Há um gap muito grande entre a nossa geração e a geração anterior no que toca a isto da parentalidade.

E é difícil ser a "chata" da família, a quem toda a gente revira os olhos ou que bufa, a que faz reparos e recomendações por ter crenças e valores que gostaria que fossem seguidos pelos outros.

Sei que os avós não fazem por mal. Era o que faltava. Sei que todos os avós amam os seus netos (gosto de pensar que sim) e que fazem tudo sem mal, mas as crianças têm que estar acima deles nisto de quererem ser gostados. 



Dizer que não é também uma forma de amor. É intimidade. E se alguém da família não se sente à vontade para dizer que não à criança é porque precisa de mais tempo com ela, para ganhar espaço. 

De resto, é porreiro respeitar os pais. Independentemente de se concordar ou não, além de não ser simpático contradizer o que a mãe ou o pai dizem, também a criança poderá não saber onde se movimentar. 

Não sou psicóloga - já quis ser - acho que a diferença é muito útil para a criança saber mover-se, para adquirir conhecimento, mas quando são pequeninos, os pais precisam de ser respeitados até para sentirem confiança em deixar os bebés com os avós. 

O que para uma avó "é uma papa com açúcar, comeste muitas e não morreste", para a mãe pode ser "não posso confiar em ti para ficares com o miúdo, vais decidir sempre tu tudo". 

Isto leva-me a: como dizer que não aos avós? Custa mais dizer que não a um neto ou dizer que não a um avô? Não acredito que gostemos de fazer reparos, acho que preferiamos não ter que os fazer. Uns evitamos, outros não conseguimos, mas acho que um dos nossos maiores sonhos era sentir que (atenção à frase de trampa à Gustavo Santos - ele deixou o Facebook??)... 


nós somos as capitãs do barco que é a vida do nosso filho pequenino e que a família é a tripulação,  remando todos para o mesmo lado. 

Isto porque hoje passámos o dia em casa da minha mãe e foi fabuloso (acabamos por ficar umas 5 horas a mais do que tinha planeado e até adormecemos lá), mas dei por mim a pensar que também deve custar aos avós sentirem que nada do que fazem é de jeito e que estão sempre a ser julgados. E que, por não estarem a fazer bem agora, significa que se acha que o que fizeram antes não estava bem feito... 

Ui, eu poderei vir ser uma avó difícil de gerir, das opinativas, das metediças, das que contraria, mas darei o meu melhor para criar uma Irene em quem confie para criar os meus netos. E, acima de tudo, darei o meu melhor para que ela confie em mim. 

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4.02.2018

A minha filha é mal educada?

Não me quero armar em Paula Bobone das crianças ou em Cesar Millan, mas tenho-me interrogado sobre o que será isto "das boas maneiras" nas crianças. Sei que é uma conversa que pode levar para aqueles polos habituais do "educação permissiva/parentalidade positiva" - que, by the way, uma não tem nada que ver com a outra" - e "a palmada na hora certa/ter limites" - que, by the way, uma não tem nada que ver com a outra.

Relativamente às "boas maneiras" da Irene, desde cedo que eu e o Pai lhe ensinámos o "se faz favor" e "obrigada". É algo automático, acho que não percebeu nunca bem como funciona, mas funciona muito a favor dela porque quando estou enervada com algo, se ela me pedir decentemente, até baixo um pouco a irritação. 

Aliás, a Irene sabe que é "obrigada" que se diz por ser menina e que "obrigado" é quando se é rapaz. 

Para além disso, ainda não consegui que esperasse que "os crescidos" acabassem de falar para falar também. Também não consigo que não saia da mesa à hora de jantar. Nem consigo que não se ponha aos berros enquanto falo ao telefone a perguntar-me quem é. 

em Maio de 2017.


Acho sinceramente que o conceito de obrigar uma criança de 4 anos a ficar 40 minutos à mesa a jantar é complicado. Nem sei se é assim tão importante para mim ensinar-lhe nesta altura. Quando tiver 6 provavelmente digo-lhe que não quero que saia da mesa e não sai e pronto. 

Sabe que não se bate. Sabe que quando alguém está triste ou que precisa de ajuda é para ajudar. É trapalhona com os talheres, às vezes cospe para o prato (às vezes para o chão quando está mesmo aflita com o sabor), às vezes sai-lhe uma mão que, a meio da irritação, zangada por lhe ter dito que não, me acerta. 

Sabe que não pode incomodar os outros, mas só depois de lhe relembrar. Não será isso normal? E até desejável? Eu não gostaria que a miúda, aos 4 anos, não se distraísse e fizesse barulho por estar tão divertida e concentrada nalguma coisa por "não posso por causa dos vizinhos". 

Será a miúda mal educada? 

Eu acho que é uma criança. Tudo a seu tempo. 

E, mães que têm filhos a fazer birras na rua, eu não sou aquela que, por ver a criança a chorar imenso que vos julgo. Eu estou no vosso lugar também. Que não vos suba a temperatura por acharem que toda a gente que olha para vocês (está uma criança a fazer um chavascal, é normal) quer que vocês terminem o assunto imediatamente com um berro ou com um "correctivo". Há quem não esteja. Eu não estou!

Mais mães por aí que não estejam a julgar? 

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3.27.2018

Vou-me embora durante uns dias e tenho que lhe dizer.

Acho que todas nós, se pararmos um bocadinho para pensar (só porque não costumamos ter muito tempo), sabemos que a maior parte dos argumentos que damos umas às outras para ficarmos descansadas servem muito pouco. 

Eu sei que são só quatro dias. Eu sei que ela tem quatro anos e que há mães que, por causa do trabalho têm que se ausentar semanas e logo desde que têm só uns meses (ou até antes). Eu sei que fica com o Pai. Eu sei que fica com os avós. Eu sei que lhe faz falta não ter mãe para também ter mãe. Eu sei tudo isso. Nós sabemos todas tudo.

Só que ela é a minha pequenina. Ainda o ano passado foi a primeira noite que passei sem ela. Agora começo a passar mais do que uma, fins-de-semana intercalados... 



Escolhi-a sempre. Ou, achando, pelo menos, que estaria sempre a escolhê-la. Porque sim e porque preciso de sentir tudo isso. Preciso de sentir que a minha filha não tem de pedir mãe para ter. Que a mãe não lhe foge, que a mãe lhe dá todo o colo, que a mãe...

... mas a mãe é mais do que mãe e fica de mãos atadas. Agora, 4 anos depois, tenho de me deixar ser Joana. A Joana que é mãe, mas que é mais também. 

Aqui a Joana vai para Amesterdão uns dias e chegou à conclusão que a melhor maneira de lidar com isto é contando à filha. Vai dizer-lhe que vai em trabalho uns dias para Amesterdão, vai fazer um calendário para lhe mostrar os dias que faltam, se ela quiser saber, até a mãe voltar e que a mãe já volta.

A mãe, até lhe contar, vai ter de se perdoar por achar que se tem de perdoar de alguma coisa. Já a Joana está entusiasmada por ir para Amesterdão. A Joana há 4 anos que se põe em segundo plano e com todo o gosto, mas para continuar a fazê-lo precisa de se sentir, de ver como está, de ir além do "ser mãe".

A Irene fez 4 anos e a Joana vai 4 dias para Amesterdão.

Muitas de vocês vão compreender-me, outras vão rir-se pelo drama parecer parvo. Seja como for, mesmo que desta vez esteja a pensar só em mim em ir, tenho de pensar nela e na forma como me vou despedir.

Tenho que me despedir. Tal como de manhã, quando a deixo na escola. Despeço-me. A mãe não lhe foge. A mãe sai, mas volta sempre.

Fotografia: Yellow Savages 
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3.22.2018

Já não sou menina. Estou velha.

Ainda me lembro quando, num cruzeiro da RFM (privilégios do meu trabalho, ahah), me vi ao espelho e vi as minhas rugas de expressão. 

Corta para anos mais tarde e me foi comunicado, por uma pessoa mais alta que eu, que tinha um ou dois ou três cabelos brancos. 

Depois de parir, olá duplo queixo e papada que julguei que fosse da idade, mas afinal era só de estar gorda. 

Depois os olhos a descer. A cara a inchar. A pele a perder brilho. Os olhos mais fechados. 

Tenho estado a tentar não ligar a isto, mas lá vou ligando. Estou a ficar velha. 

Porém, ao mesmo tempo, sinto-me cada vez mais bonita. Como é que é possivel? 

Olho para as minhas fotografias de quando era mais nova e parecia que a minha cara ainda não tinha parado de crescer, que as coisas ainda não estavam no sítio e que faltava história e calma. 

Estou a envelhecer, a mudança ainda está a crescer em mim e talvez nunca me venha a identificar com o que vejo no espelho. 

No entanto, como não? Tanto no exemplo 1 na máquina do Pau Storch (ok, foi numa sessão fotográfica e estava toda produzida) ou no exemplo 2, gosto de me ver. Pareço bonita, completa. 

Dica? Fotografem-se. Ou vejam-se bem ao espelho. E, já agora, tenham perto de vocês quem vos diga que vos ama tal como são. 

A Joana também escreveu sobre isto aqui



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3.21.2018

Não é a Irene quem faz anos hoje.

São 4 anos de Irene, mas parece que é este ano que o aniversário ganha mesmo peso. Desde a antecipação uma semana antes, até acordar hoje de manhã e levar logo com um balão gigante, dourado, com o número 4. 

Aliás, hoje não é a Irene quem faz anos, é o Adrien. Foi há 4 anos que aquela mini-pessoa respirou pela primeira vez (e depois foi aspirada e voltou a respirar de novo). Foi há 4 anos que a sua pele tocou na minha.

Há 4 anos que a vejo a descobrir-se e ao mundo e é mesmo um sonho poder fazer parte da vida dela. Ter assistido a todos os primeiros (há várias primeiras vezes que não vou querer presenciar), mas ontem, por exemplo, foi a primeira vez que a vi a comer com talheres e tão bem. Mesmo com o dedo ligado por causa do acidente desta semana. 


Isto foi hoje de manhã. À tarde vamos soprar o bolo na escola e sábado é a festa. Hoje vai também dormir à casa do pai, o que me está a custar um bocadinho, mas é o dia de aniversário dela, não o meu.

Parabéns, filha.



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3.20.2018

Ontem fiquei sem coração.

Estou preocupada. Muito. Ontem, a Irene entalou-se no portão da escola e eu morri ali. Morri (e ainda bem) de maneira a conseguir manter-me perfeitamente calma durante todo o processo. 

Ela entalou-se. A mão cheia de sangue. Os gritos dela que ainda os consigo ouvir. O olhar dela para mim numa de "salva-me, faz com que isto pare de doer". Atirei as coisas dela para o chão e claro que a urgência era pegar-lhe ao colo. Por ela e por mim. 

Não consegui fazer nada com a mão dela. Ela estava muito nervosa. Chorava e gritava. Eu não conseguia pensar muito bem. Nem estava tão preocupada com o que tinha acontecido ao dedo, mas queria descansá-la. 

Fomos para o hospital. Um bombeiro chamou atenção para o nosso caso e para a mão ensaguentada da Irene e conseguimos entrar na triagem rapidamente. A Irene muito nervosa e cansada. Eu, morta, mas a querer dar-lhe todo o colo do mundo - a única coisa que podia fazer. Dois médicos muito queridos, viram-na, desvalorizaram, mas recomendaram que fosse vista nas pequenas cirurgias.

Fomos para as urgências dos adultos. Tudo tão triste. Tudo tão mau. Só queria que o tempo passasse e não passava. Desinfectar o dedo foi horrível. Muitos berros. Muito choro. Tinha de continuar morta. Para ela ver calma nos meus olhos. No raio-x fizeram-na rir e a mim também e, no final, fomos para casa.

Pelo caminho o meu corpo foi voltando a ser e fui ficando com dores no corpo todo. Uma valente dor de cabeça e claro que tive de dormir com ela. 

A alegria dela, a desvalorização depois de passar a dor é uma lição e ressuscita-me. 

E isto foi só porque se entalou no dedo. 

"Não quero mais dói-dóis" - gritava ela ontem no meio de um choro que me matou.

A mãe também não quer, meu amor, mas... vai ter que ser. 

Ahh... meu amor...


PS - Obrigada à equipa do S. Francisco Xavier, foram todos muito simpáticos. 


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3.16.2018

"Quero ir para a casa do Pai"

Isto foi no fim-de-semana passado. Tinha planeado ficar sábado inteiro em casa com ela a arrumar coisas, a organizar a minha vida, a fazer sopa - vocês percebem. Tinha acabado de arranjar uma prateleira do quarto dela e eis senão quando a Irene diz: "Quero ir para a casa do Pai!". 

Ela às vezes verbaliza que tem saudades ou, quando pergunta quem vai buscar, pergunta se é o pai ou se sou eu, mas nunca tinha sido tão clara: "Quero ir para a casa do Pai". 

Fiquei radiante. Dizer-me isso é sinal de à vontade. Dizer-me isso é sinal que reconhece o que sente e que verbaliza o que quer. Dizer-me isso é sinal (não que eu não soubesse), mas que gosta do Pai e quer o Pai. 

Disse-me que queria fazer uma videochamada.

Antes enviei umas mensagens ao Frederico a perguntar se ele teria disponibilidade e, apesar do fim-de-semana ser meu, porque é que eu achava importante que ela fosse desta vez e que isso não quer dizer que sempre que ela diga que terá que ir. 

Acho importante que haja a rotina, que haja o que está definido, mas sinto que, para a Irene, nesta altura, é importante que ela sinta que o Pai está disponível para a receber quando ela verbaliza que sente saudades dele. Numas vezes dará, noutras não. Desta vez deu. 

Fizemos a videochamada, ela fez um teatro de fantoches (com aqueles de dedos da Ikea), em que foram os bonecos a dizer que queriam ir para a casa do Pai. Passado um tempo lá foi o pai buscá-la e voltou a pô-la algum tempo depois que já tinha outras coisas combinadas. 

Fiquei muito feliz pela sorte que a Irene tem de a conseguirmos ver e ouvir e de ambos lhe podermos dar estes miminhos para que ela sinta que, apesar de separados, estamos unidos no que conta. 

Sei que isto não dará para todas as famílias. Há muitas relações que acabam depois de problemas sérios e que é difícil perdoar, esquecer. Há relações em que uma das pessoas está só concentrada em fazer mal por se sentir tão magoado e é tanta a dor que não se vê a criança. 

Para todas essas famílias, esses ex-casais, só peço que num dia de sol, como o  desta manhã, olhem para o sorriso do vosso filho ou filha e pensem: só isto importa. 

Mais amor, por favor. 


Damos o que podemos. Damos o que conseguimos. Nós temos muita sorte. Sinto que o Frederico e eu saltámos do barco antes dele se estampar contra a rocha e, por isso, embora nos tenha custado horrores, estamos os dois inteiros. 

Que bom ela querer ir para a casa do Pai e dizer-me. Ela sabe que a mãe fica, que a mãe não desaparece. Diga ela o que disser ou fizer. É amor incondicional.  


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