1.12.2018

Porque não têm vocês mais filhos?

O número de bebés a nascer em Portugal tem vindo a reduzir cada vez mais. Em 2017, nasceram menos 7 bebés por dia relativamente ao ano anterior.

Eu sempre quis ter vários filhos. Na minha infância e adolescência sonhava com quatro, talvez incentivada pelos Natais e almoçaradas cheios de tios e primos, numa família de quatro irmãos (a minha mãe e os meus tios). 

Via-me mãe de muitos. 
Agora já não vejo. 

Ver-me-ia a ir ao terceiro, daqui a alguns anos, se tivesse outras condições. Uma rede de apoio, mais dinheiro, para ter essa rede de apoio, mais tempo e mais paciência (a paciência talvez viesse com as anteriores. Ou talvez não, não sei).

As razões apontadas pelos sociólogos para a redução do número de nascimentos tem a ver, essencialmente com:
 - redução das mulheres em idade fértil (basta pensar que a partir de 1982, deixa de haver substituição de gerações em Portugal, nascendo portanto menos mulheres, que seriam as possíveis mães actualmente)
- migração negativa: emigração (em idade activa e na idade fértil)
- falta de apoio à primeira infância
- desequilíbrio relativamente às tarefas domésticas (rrrrrrrr)

Ao contrário do que pudéssemos pensar, o dinheiro (ou falta dele) não é apontado como uma causa para esta decisão de homens e mulheres. E nesta decisão/postura não pesa o nível de escolaridade, nem a posição perante o trabalho. Nós, portugueses, gostávamos de ter três filhos, mas o resultado a que chegamos é a um. E temos esse filho mais tarde, tendo nós mais ou menos dinheiro (não sou eu que o digo, são os estudos na área). Temos a taxa mais baixa de fecundidade da Europa (menos que Itália e outros países "em crise", tal como nós). Há o desejo, não se cumpre. E o problema, em Portugal, está na passagem do primeiro para o segundo filho.

E vocês, conseguem identificar as razões para não ter mais filhos?
O que gostariam e o qual o número de filhos que acham que vão ter?
Porquê?

(Mais dados aqui no DN).

Fotografia: Susana Cabaço

O meu instagram e o d'a Mãe é que sabe :

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53 comentários:

  1. Sou mãe de um primeiro filho à 15 dias e sim gostava de ter mais outro. Aquilo que pode influenciar a minha decisão tem q ver com o comportamento do meu marido. Tenho q perceber que é um bom pai para este que acabou de nascer e aquilo com q posso contar antes de ter o segundo filho. Depois a rede de apoio é muito importante porque eu aos 35 anos já não tenho pais que me possam ajudar. Por fim a questão monetária

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    1. Não querendo fazer juízos de valor, acho que a questão de o pai do bebé não vir a ser bom pai, não se devia pôr... Porque então se não tivesse a certeza que o seu companheiro seria um bom pai, não devia tê-lo escolhido para tal. Vou ter um bebé este ano, e estou numa relação ha cerca de 2 anos com o pai do meu filho. Não sei se vamos ficar juntos para sempre, mas tenho a certeza que o meu filho vai ter um bom pai.

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    2. Desejo-lhe tudo de bom Jani, mas oxalá a vida fosse linear como a descreve. Estou 100% de acordo com a Susana. Casei com o homem e Pai ideal. Ao fim de 10 anos juntos e felizes decidimos ter um filho muito desejado (por mim mas sobretudo por ele). Uma depressão pós parto pela qual ELE passou (sim, acontece) tornou-o num Pai emocionalmente distante, apático, irritável, só para dar alguns exemplos. Vi-me a braços com um bebé, do qual cuidava praticamente sozinha. Está melhor, mas a desilusão foi enorme e ainda hoje é um Pai instável, muito diferente da pessoa com quem estive 10 anos. Causa-me tristeza mas Posto isto jamais “arriscaria” ter outro filho e passar pelo mesmo. Andreia

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    3. O exemplo que me dá é numa situação imprevisível, nada fazia prever algo assim. O que a Susana manifesta são duvidas em relação ao desempenho do companheiro como pai. Acima de tudo é importante não projectar as nossas expectativas de como deverá ser o pai dos nossos filhos.

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  2. bom dia Joana!
    tenho dois filhotes, não tenho condições físicas nem psicológicas para ter mais. Não tenho rede de apoio, o meu marido trabalha por turnos, estou a maior parte das vezes com os dois a fazer tudo, a correr para ir busca-los, reuniões de pais, trabalhos de casa (enquanto o mais pequeno está a fazer asneiras) jantares, banhos, adormecer... e aqui está o mais difícil. a minha primeira filha foram 3 anos sem dormir, este meu bebe lindo ainda dorme menos, nem de dia nem de noite. isto é o mais desgastante, estar anos sem dormir algumas horas seguidas... começamos a bater mal!Por isso 2 já é uma loucura =)! Mas quem puder ter mais filhos acho maravilhoso e de grande coragem! A propósito deste assunto escrevi este texto mãe exausta versus mãe feliz se quiseres espreita aqui: https://dofundodocoracao1.blogspot.pt/2018/01/mae-exausta-versus-mae-feliz.html

    Desejo um excelente ano novo e que continuem por aqui a inspirar a malta!bjos doces

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  3. Flavia Rosado9:11 da manhã

    Olá gente boa. Gostava de ter o terceiro mas já estou em casa a quatro anos para cuidar das filhotas e daqui a algum tempo gostava de ter alguma actividade laboral, mesmo que em part-time. E para isso não pode vir o terceiro durante alguns anos. Embora deixar de trabalhar para cuidar dos filhos seja uma coisa muito boa, o isolamento e a privação de sono, claro é o que mais custa. Beijocas

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  4. Joana Almeida9:33 da manhã

    O meu marido tem mais 20 anos que eu. É certo que pode ter praticamente na idade que quer, mas começa a sentir que , con a idade que tem , iria passar poucos anos com o filho e ia um dia deixar me sozinha com ele.
    É um bocadinho macabro, mas chego a dar-lhe razão.

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    1. o meu pai tinha 47 anos quando nasci, mais 25 que a minha mãe. pelo que sei pensou que nem nos haveria de conseguir ver criados... surpresa, tenho 40 e ele 87 e neste momento sou o grande suporte dele que para além de nos ter criado ainda vê as nestas crescerem :)

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  5. Tenho dois, o segundo nasceu na Irlanda, gostava de ir ao terceiro, mas vou ficar mesmo pelo gostava, longe da família o apoio não existe, sou só eu e o meu marido. Mas para mim essa nem é a principal questão, é mesmo dinheiro, para se ter muitos filhos é nessessario fazer contas para poder dar o mesmo a todos. Eles crescem e as necessidades também mudam. Por aqui vamos ficar só com os nossos dois bonequinhos lindos.

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  6. Bom dia Joana!
    Sempre quis ter dois... Tenho a Maria com 18 meses... E neste momento é me difícil pensar no segundo.... Em primeiro lugar pelo cansaço que é conjugar a vida profissional com a maternidade... Noites mal dormidas, a correria de os ir buscar, jantar, ir para a cama...... em segundo lugar, ou em pé de igualdade com o primeiro, pela falta de dinheiro!
    A melhor política de incentivo à natalidade seria, na minha opinião, permitir que um dos pais pudesse ficar em casa com os filhos até aos 3 anos!
    Beijinhos
    Filipa Carvalho

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    1. Concordo com essa politica de incentivo, acho que o mundo laboral não facilita nada a maternidade. Certo que as pessoas sempre trabalharam, mas talvez houvesse mais apoio dos avós e menos pressão para pormos sempre o trabalho à frente de tudo.

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    2. Não concordo, de todo. Se ficasse em casa 3 anos dedicada apenas a um filho acho que dava em doida. Adoro ser mãe, mas nao conseguiria ficar 3 anos em casa.

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    3. Cara anónima das 13h26, a política seria no sentido de permitir, não de obrigar. Nem faria sentido 'condenar' um dos pais a tornar-se um eremita contra sua vontade.

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    4. Exacto... Quem quisesse poderia optar por ficar em casa até aos 3 anos da criança! A partir dessa idade a criança adquir alguma autonomia, os sonos são por norma mais regulados e os infantários mais baratos! Penso que seria uma enorme ajuda e incentivo!
      Sim, eu sei que 3 anos afastadas do trabalho nos iriam deixar um bocadinho lerdas, mas podermos acompanhar de uma forma tão próxima os primeiros anos dos nossos filhos, no meu ponto de vista, não tem preço!
      Filipa Carvalho

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  7. Olá Joana,

    Não tenho filhos, mas ainda assim gosto muito de seguir o vosso blogue e venho comentar a primeira vez para dizer que tenho um pequeno reparo, de quem é profissional da área :)
    Não são apenas os sociólogos que apontam estas razões, aliás elas são maioritariamente apontadas pelos demografos, "grupo" do qual faço parte e não podia vir deixar de defender.
    Nada conta o teu post, aliás é muito disto, mas enerva-me que exista em Portugal uma classe de trabalhadores (entre muitas outras claro) que não existe, mas que estuda 365 dias num ano o comportamento demográfico do país.
    Sim as pessoas têm menos filhos por esses motivos todos, mas também porque hoje se aceita também mais facilmente uma família mais pequena e a pressão social para famílias de maior dimensão até funciona em sentido contrário. Ou seja quando passas a barreira do dois, já és uma louca.
    Em 2013 eu e equipa de faço parte conduzimos um estudo sobre isto, e ficámos surpreendidos que os resultados nos conduziram para : "é preferível ter um filho com mais oportunidades e menos restrições, a ter mais filhos". E confesso que não estávamos preparados para que esta abordagem fosse transversal a todas as classes sociais e idades.
    Convido a que vão conhecer o estudo (https://www.ffms.pt/publicacoes/grupo-estudos/1517/determinantes-da-fecundidade-em-portugal), porque afinal a demografia é um problema de todos e a população está sim mais envelhecida e as gerações têm hoje menores dimensões que nos anos 80.

    Beijinhos,
    Lídia

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    1. Isto tudo só para dizer que é demografa...

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    2. Olá, Lídia! É isso mesmo, obrigada pelo reparo! Aliás a reportagem que li fazia referência a esse estudo de 2013 e estava muitíssimo completa.
      Obrigada! Beijinho

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  8. Olá! Tenho gémeos. Sempre quis ter um terceiro filho, mas tenho receio de voltar a engravidar de gémeos... Se fossemos mais desafogados financeiramente, não haveria grande problema. Haveria a possibilidade de uma empregada em casa e de mudarmos até mesmo de residência, de carro,... A logística seria sempre difícil.

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  9. Tenho 3 filhos. 6 anos, 2 anos e baby com 16 meses.
    Eu queria ter o quarto filho. Muito!! Custa-me pensar que não terei outro bebé, e sem dúvida que ia ser muito bem recebido pelos irmãos.
    Não devemos conseguir ter o quarto exclusivamente por questões monetárias. Para ter filhos, é preciso vive-los. Por isso despedi-me para ficar com eles. Mas só o marido ganha ordenado. Está tudo dito.
    O cansaço, as noites em branco acabam um dia. Há anos que não sabemos o que é dormir, mas são fases que melhoram. Que isso não seja a razão para outros casais não terem o segundo filho. A minha primeira filha foi filha única por 4 anos por não dormir.
    Tenham coragem. Se não vos falta dinheiro, tenham filhos, mulheres 😁

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  10. eu dizia que queria 2, depois que nasceu o 1º disse que não ia ter mais nenhum, mas acabei por ir à segunda, e não me arrependo, adoro os meus filhotes. mas agora já chega, fico mesmo por 2 :)

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  11. Tenho 27 anos, à 3 que tento ter o 1º filho (ha e tal és nova, tens tempo, sim já conheço essa lenga lenga).
    A verdade é que se tivesse tido a sorte de engravidar logo ao inicio, neste momento já teria um filho com cerca de 2 anos e já estaria a pensar no 2º filho...
    Mas infelizmente como casal temos problemas de fertilidade e a espera para tratamentos é imensa... A malta quer aumentar a natalidade, mas não temos apoio com a celeridade que desejamos...

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  12. Olá! Tenho 27 anos e estou quase a ter o 2o filho. Razão para ponderar não ter o terceiro em breve : CARREIRA. Porque, para mim, é muito importante o trabalho. Para a minha realização pessoal. Gosto imenso de trabalhar! E os filhos são claramente um travao à nossa carreira.

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  13. Gostava de ter 3 mas não tenho nenhum. A vida não permite.

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  14. Para nós é a falta de uma rede de apoio - vivemos em Portugal, mas longe da família - e a falta de disponibilidade mental: o trabalho ocupa-nos muito o dia e a mente, sentimos que não temos o suficiente para dar a mais uma criança. Uma filha, a nossa relação e o trabalho que nos dá o pão já nos ocupam os dias totalmente. Sentimos - pelo menos agora - que não nos "sobra" nada ao fim do dia. Sempre a contar o tempo, o dinheiro e no meio a encontrar meios para ser feliz.

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  15. Olá,
    Tenho 2 filhos, uma menina de 3 anos e um menino de 1. Gostava de ter mais 1. O motivo pelo qual não terei é mesmo o financeiro. Se tivesse outro gostava de ficar em casa com eles. Mas 2 ordenados mínimos já é pouco para quem tem 2 filhos, é impossível abdicar de um ordenado e ter mais um filho... Tenho pena..
    Beijinhos

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  16. Fui mãe pela primeira vez aos 40 e a segunda aos 42, gostávamos muito de ter um terceiro, mas o cansaço, acima de tudo é o principal fator para não levar a vontade avante. Agora com 44, sem grande apoio familiar, com filhos que dormem pouco,as tarefas domesticas, com a vida progissional de ambos, resolvemos que precisamos de descansar( apesar de o meu marido já ter dito que tem saudades de me ver grávida), aproveitar os filhos lindos que temos. Claro que se houvesse mais dinheiro, haveria mais apoio, o que permitiria descansar mais. Tirando o infantário/escola e roupa(se não tivermos quem nos dê) são um rombo muito grande no orçamento, pois não acho que as crianças precisem de muitos brinquedos para serem felizes. Os meus têm brinquedos e andam sempre enfiados na cozinha a brincar com o que lá encontram.

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  17. Sempre me imaginei com 3 filhos. Quando conheci o meu marido ele disse-me logo "nem penses, não temos vida para isso". E falou-se em 2. Eu dizia que só um filho nunca. Depois nasceu a minha filha e estamos otimos só com ela e deveremos mesmo só ficar por aqui. Pesa a questão material/financeira mas, a principal razão, é que um filho é um enorme investimento de tempo. A qualidade de vida que queremos manter (sem correr, sem pressas, sem sentir que não estamos a aproveitar nada) não seria possível. Pelo menos é o que achamos melhor por agora.

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  18. Olá sou mãe de 2... 7 e 3 anos.
    Estou em Casa desde que engravidei do 2 .
    Primeiro porque foi de risco e depois por despedimento por extinção do posto de trabalho....
    Ir ao terceiro não dá!
    Vejo muita dificuldade em Arranjar trabalho, em quase todas as entrevistas o facto de ter filhos é um grande impedimento.
    Ninguém da trabalho a mulheres /mães com filhos pequenos.
    Faltam os incentivos.

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  19. Tenho um e outro a caminho. Gostava de ter 3, mas não vou ter por dois motivos: não tenho família em Lisboa (nem minha nem do meu marido) e é muito complicado às vezes gerir esta falta de apoio, segundo porque me passava se tivesse que engravidar outra vez. Não gostei da primeira, estou a odiar a 2a e ainda que seja um meio para chegar a um fim não consigo pensar nisso outra vez. Financeiramente poderia fazê-lo. Podem-me crucificar por não gostar de estar grávida... mas é isso.

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    1. Nunca compreenderei frases destas « Podem crucificar-me por.. ». Porque é que alguém havia de o fazer? O que não falta para aí são mulheres que não gostam de estar grávidas. Qual é o problema? Acho sempre que quem fiz estas frases é que revela ter um problema com este « não gostar »....

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    2. A explicação é mais simples (a explicação é quase sempre a mais simples), porque já aconteceu neste blog, num outro post, num comentário que aludia ao assunto. Não tenho problema nenhum em não gostar de estar grávida, nem o escondo de ninguém à minha volta. Se tivesse problema fazia disso um grande segredo. Até se apagava se ouvisse algumas das coisas que eu já ouvi/li por causa disso.

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  20. Julgo que somos o único país da europa obde não há cresches e jardins de infância públicos suficientes para todas as crianças... os pais têm que ir trabalhar e pagam mais de 400€ só de cresche/infantário etc... é impossível ter mais que um filho nestas condições....

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    1. Isso não é verdade: não há creches públicas em número suficiente em quase nenhum país da Europa. Ou são caras ou têm poucas vagas ou têm horários incompatíveis com uma vida profissional mais ativa. Vivi com filhos pequenos tanto em França quanto na Holanda e até aos 3/4 anos das crianças é difícil a questão do childcare.

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    2. Só a partir dos 3 anos o pré-escolar é totalmente gratuito, menos o valor do almoço (até às 15 e alguns casos até às 17) antes dessa idade só existem IPSS onde facilmente a mensalidade máxima atinge 300 euros. É assim ou estou enganada? Obrigada

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    3. Quando não se sabe, não se fala.
      Sou do centro de Portugal, enquanto casal temos salários médios, não temos custo com habitação, e pago numa creche privada 100€ mês de um filho. A maioria das pessoas que conheço aqui, paga até 200€... 150€ é a média, para um casal com 1 filho.

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  21. Acho que a quantidade de filhos depende muito de pessoa para pessoa. E também vamos mudando de opinião ao longo da vida.
    Creio também que a questão financeira (a não ser em casos extremos em que se está desempregado ou se ganha mesmo muito pouco) é o menor dos entraves. A falta de apoio, o cansaço físico e psicológico e o número de horas que trabalhamos por dia é, na minha opinião, um entrave muito maior.
    Duas pessoas que não tenham ajudas e trabalhem 8 horas por dia têm a vida muito dificultada. Basta um dos miúdos ficar doente várias vezes que já fica tudo descontrolado. Aprendi este ano que existe um limite de cerca de 30 dias em que podemos faltar ao trabalho para dar assistência aos filhos. E se é preciso mais tempo? O que fazemos? E as vacinas pagas? A saúde em geral e a educação, se queremos de qualidade é cara e fora do orçamento de muitos de nós.
    Cá em casa orientamo-nos bem porque a roupa vai passando entre amigos e familiares e somos bastante organizados com o orçamento mas depois há a questão do tempo. O meu namorado abdicou de um emprego bem pago para poder ter mais tempo para a família. Eu decidi não lutar por um emprego melhor porque a minha prioridade é a família. Estou muito feliz assim. São escolhas. Mas, de facto, acho difícil a compatibilidade entre uma carreira de sucesso, tempo para a família e muitos filhos. Creio que temos mesmo que escolher.

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  22. Há poucas crianças a nascer em todo mundo ocidental. Mesmo em países com licenças parentais alargadas a taxa de natalidade (não sendo tão baixa quanto a dos países do sul da Europa) é baixa e não permite renovar das gerações. Verificando dados vê-se que muitas vezes apenas a imigração colmata os poucos bebés que nascem e isso porque quanto maior for o nível de educação das mulheres menos filhos tendem a ter.
    Eu tenho 3 e sempre quis ter 3. O último nasceu quando eu tinha 33 anos, poderia ter tido mais mas quero fazer outras coisas da vida que não estar grávida, amamentar e tratar de bebés. Tenho ambições profissionais, pessoais e ter outra vida de casal que não a de "pais de crianças pequenas". Sofia

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  23. Sou filha única e o meu marido também, já temos um menino com 20 meses. E queremos muito ir ao segundo. Adorava ter uma família grande. Quero que o meu santiago tenha irmãos. As vezes penso que é melhor não, porque ele já está a crescer e financeiramente até estamos bem, trabalho muito longe de casa e em viagens perco 3h por dia.. Mas prefiro ter de abdicar de algumas coisas e ter mais um filho..

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  24. Razões para se ter menos filhos hoje, em 2018, em Portugal: a falta de dinheiro; a falta de emprego estável com direitos, com condições dignas e com salário digno ajustado ao real custo de vida.

    Há pessoas que, sem terem as condições mínimas ideais, têm filhos. Isso é um assunto delas e ninguém tem nada a ver com isso. Depois vivem com maiores ou menores dificuldades, terão ajudas de alguém ou não. Mas, em certos casos, nascem crianças inocentes que, não tendo culpa de nada, vivem em condições difíceis e injustas.

    Mas... Quando as pessoas pensam a sério na vida e querem criar um filho com dignidade e com o mínimo de conforto (não falo de luxos, falo de um conforto mínimo e digno), como é que vão criar um filho (ou mais, para os aventureiros), se não reunirem as condições ideais?

    Há quem queira não estar dependente de pais, sogros, avós, tios e padrinhos para criar os seus filhos. Há quem queira sentir que consegue fazer tudo sem depender de ninguém. E em Portugal isso parece um sonho, para quem não é rico nem é herdeiro de nada.

    Muita gente está desempregada ou em trabalhos precários e mal pagos... Assim é difícil. As creches, os infantários em geral não são baratos.

    O Estado só quer saber de cobrar os impostos e as contribuições para a Segurança Social e não se importa que haja gente que ganha o salário mínimo e que não consiga uma creche do Estado para os seus filhos.

    Nem todos conseguem dispor de 300, 400 ou mais euros mensais só para pagar a creche de um filho. Para não falar das outras despesas.

    É triste mas é assim.

    Em Portugal ser-se pai ou mãe jovem é um luxo para alguns privilegiados. Alguns que não estão no grupo dos privilegiados também terão os seus filhos... mas depois criam-nos em dificuldades e algumas privações injustas, por vezes.

    E depois há outros factores para as pessoas não terem filhos: a instabilidade profissional, os horários e condições de trabalho que não são favoráveis a quem tem filhos pequenos, a dificuldade que algumas pessoas sentem em encontrar a pessoa certa com quem construir uma vida e ter filhos...

    Tudo isso pesa e contribui para que as pessoas tenham menos filhos.

    Para o ser humano mais racional, um filho não é uma brincadeira. É um assunto sério.

    Mas, sim, seria óptimo que todas as pessoas conseguissem facilmente encontrar a pessoa ideal com quem construir uma família e que conseguissem as condições ideais para criar dignamente um ou mais filhos. Seria mesmo muito bom. Teríamos um Portugal mais jovem, mais forte e mais renovado.

    Numa sociedade e num Estado em que parece que o dinheiro é mais importante que a vida humana, a prioridade nunca será apoiar todas as pessoas, seja qual for a sua origem social, a sua ocupação profissional e o montante de impostos e contribuições que pagarão ao Estado. A prioridade vai ser sempre o dinheiro, a dívida pública e assuntos afins.

    Apoiar as pessoas, as famílias, as crianças, os jovens, as mães e os pais? Fazer com que o emprego digno, a educação de qualidade e a saúde sejam uma realidade na vida de todos? Oh, doce utopia!...

    E assim... vão nascendo menos bebés... Afinal, a vida humana nos países pobres e endividados não é assim tão importante...

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  25. Olá Joana, desde já aproveito para vos felicitar pelo blog, adoro tudo o wie escrevem.
    Tenho uma Maria com 29 meses, dois anos e meio quase, e gostava muito de ter outro filho. Acho que o meu desejo de voltar a ser mãe aumenta de dia para dia, mas não me vejo com um segundo filho, a não ser que aconteça, nos próximos tempos. Sem dúvida que, com a chegada de rebentos, a mãe fica muito sobrecarregada, no meu caso trabalho de segunda a domingo, só com uma folga, uma casa para tratar, uma cadela mimalha é uma criança muito dependente da mãe. Acho que o estudo está bem feito e justificado e sim, o dinheiro não é um factor para não se ter filhos acho que acaba por ser uma desculpa. Um beijinho

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  26. Sempre me imaginei com 3,depois tive 1,agora com 2 anos e meio e das suas uma,ou ficamos por ele ou vamos a um segundo com grande esforço e fechamos a loja de vez. Vivemos longe dos avós,que ainda trabalham,por isso não temos rede de apoio. Nem irmãos,nem ninguem,somos os dois,sendo que o pai têm horários malucos. Temos ajuda em casa para,com os nossos trabalhos a tempo inteiro,o tempo livre seja totalmente dedicado à família. Mais um bebé implicaria mais tempo dessa pessoa que nos ajuda,mais uma mensalidade de creche/colegio,o tempo que já é pouco dividido por dois...é muita logística. Sou filha única e gostava que o meu filho tivesse um irmão ou irmã,até porque não tem primos da idade dele,mas não sei se vai acontecer. Para já,é cedo.

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  27. Penso que muitos não têm coragem de o admitir, mas o egoísmo é também um dos grandes factores para os casais se ficarem apenas por um filho. Sim, egoísmo. A vida muda radicalmente com o nascimento de um filho. Muitos casais, habituados à liberdade de uma vida sem filhos, cheia de viagens, saídas com amigos, jantaradas, poucas responsabilidades para além do emprego,... Vêm-se de repente com um filho que durante bastante tempo os impede de terem tempo para eles próprios, quanto mais para uma vida social e de lazer. A vida nunca mais é a mesma. E os filhos dão muitas dores de cabeça. As noites, as birras, a alimentação, as doenças... Não é fácil.
    Tenho dois filhos, um de três anos e uma bebé. São fantásticos, mas sim, dão muito trabalho e a vida não é a mesma que tinha claro. Mas são a nossa maior e melhor conquista enquanto casal, a melhor prenda para a vida.
    Muitos dos nossos amigos e familiares ficaram-se por um. À medida que os filhos vão crescendo vão conseguindo ter a vida mais relaxada que tinham e já não querem voltar ao processo todo. O filho fica com os avós enquanto vão de férias e nas saídas com os amigos. A escola tem-no lá bastante tempo... E pronto. É estou a falar de pessoas com uma boa rede de apoio e muito bem financeiramente, mas sim, ter um filho dá muuuuito trabalho.

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    1. Eu tenho duas filhas e ainda vou ao terceiro. Houve uma altura na minha vida em que não poderia imaginar que teria filhos. Hoje, não me consigo imaginar de outra forma, nem conheço forma de felicidade mais completa do que a que encontro na maternidade. E sempre gostei de sair à noite, viajar várias vezes por ano, jantar fora á vontade e dormir bastante. Hoje, sem ajudas, não posso fazer o mesmo que antes. E não me podia importar menos. Mas isso sou eu.
      Conheço muitas pessoas que têm apenas um filho e têm ajudas, dinheiro e até tempo. Não julgo. Um filho merece ser desejado. Se os pais entendem que não querem fazer sacrifícios pessoais para ter mais um filho não o devem fazer. Depois acabam por culpar os miúdos por se sentirem infelizes e deprimidos.
      Sou filha única de duas pessoas sem a minima vocação para a parentalidade. Nunca faltou dinheiro mas faltou atenção, afeto, tempo... E sempre tive presente a culpa por tudo o que acontecia de menos bom na vida dos meus pais, inclusive o próprio casamento. Bem bom que eles tiveram uma filha que eu gosto muito de cá andar mas toda a criança merece ser desejada e amada como deve de ser. Por isso não chamaria egoísmo ao facto das pessoas não quererem abdicar de uma boa vida para ter filhos. Se ter filhos não lhes parece melhor que ter tempo, dinheiro e liberdade então eles tomam a decisão certa.

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    2. Concordo com a Carla. Não lhe chamaria egoísmo (até porque...como se pode ser egoísta relativamente a uma "coisa" que ainda não existe?), mas sim planeamento familiar, projecto de vida pessoal, o que lhe queira chamar, sem conotação negativa. Eu tenho um filho, que é o meu mundo e luz da minha vida, não tenho rede de apoio por perto, somos só nós, pais, sendo que um de nós tem horários chatos e o outro faz das tripas coração para ter tempo de verdadeira qualidade com o pequeno durante a semana, para que a vida não se resuma a rotinas. E consegue, porque é só um filho. Se fossem dois, provavelmente não conseguiria. E toda a criança merece ser amada, desejada, que lhe seja dedicado tempo e atenção. Depois: nós, como família, gostamos de passear ao fim-de-semana, de viajar, às vezes de comer fora, queremos dar ao nosso filho a educação melhor que possamos, que tenha todas as oportunidades possíveis, e todas essas opções teriam de ser repensadas com a vinda de um segundo. Um filho dá muito trabalho e custa muito dinheiro, também. Se há frase que abomino é: "tudo se cria" - pois sim, mas a que custo? Se as pessoas têm um filho ou mais sem terem condições para isso, quem é que sai prejudicado? As crianças. A isso é que chamo egoísmo, inconsciência. Para algumas pessoas será compensador ver o amor multiplicar-se, ver o amor que une os irmãos (se um dia não se zangarem como acontece com tantos, mas somos optimistas e esperamos que sejam sempre amigos) e reduzir em tudo o resto, para outras não é. Para já, estamos contentes e felizes com a nossa família de três <3 à medida que o nosso filho for crescendo, vamos vendo...

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    3. E é isso que considero mesmo o melhor. Cada família ter os filhos que entende e decidi-lo de uma forma consciente.
      Somos todos diferentes e o que funciona para umas famílias não funciona para outras. :)

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  28. Quando ainda estava em trabalho de parto agarrei o braço do meu marido é disse lhe "onde estava eu com a cabeça para me meter nisto?! Vai ser filha única!" Dois dias depois já em casa levei com a avalanche das hormonas e só quero saltar para cima do meu marido e ficar grávida outra vez :p o que aconteceu, 18meses depois!
    Tenho duas filhas, com 3 e 1 ano. Foi a melhor decisão da minha vida! E adorava ter um terceiro mas o marido não quer, fala no dinheiro que é preciso... eu gostava e quem sabe, talvez,Quando a mais nova tiver 4 anos! Antes não!

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  29. Eu e o meu marido gostaríamos de ter um ou dois filhos e provavelmente é isso que acontecerá (estamos a tentar o primeiro e depois logo se vê se queremos o segundo).

    Ambos trabalhamos e vamos continuar a trabalhar, por isso, a questão aqui é o nível de tempo e atenção que queremos ter para os filhos que tivermos e que queremos continuar a ter um para o outro. Não queremos que a nossa vida se torne apenas numa sucessão de tarefas, queremos ter tempo e disponibilidade (e dinheiro, daí termos de trabalhar os 2 ahah) para continuar a fazer as coisas que gostamos (nomeadamente, viajar sempre que temos férias) e transmiti-las a eles, por isso, achamos que 1 ou 2 é mais gerivel.

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  30. Eu tenho um filho e uma filha, ambos pequenos ainda e sempre disse que queria uns 3 ou 4.. Não todos seguidos porque acho que financeiramente é difícil, e não quero trabalhar apenas para pagar a creche.
    Outro ponto que me levou a ter o segundo com pouca diferença do primeiro foi ter um sogros excepcionais que nos ajudam em tudo o que podem, eles terem um pai que é um pai a sério e também não estarmos mal servidos em termos de licenças parentais (não vivemos em Portugal). Acima de tudo acho que amor, carinho e atenção já é uma boa base para criar crianças felizes :)

    Bárbara
    www.lemonadewemade.com

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  31. Temos dois filhos. Temos ambos 34 anos. Eu gostava de ter o terceiro lá para os 38/39 mas desisti. Primeiro porque o meu marido não quer (mas se fosse só isto até lhe dava a volta :)), segundo porque financeiramente seria complicado e em terceiro e por mim o motivo mais GRAVE, porque em termos profissionais iriam aceitar muito muito mal. Foi um pesadelo dizer à entidade patronal que estava grávida e foi um pesadelo, e é, voltar depois da licença! Muitos, muitos problemas!!!! Meu bebé tem 9 meses e ela faz quatro anos em Março.

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  32. Tenho uma menina com 8 anos sempre quis ter 2 filhos no mínimo, mas o meu marido é mais racional e pensa muito nas condições económicas, que não são as ideais para dar uma vida tão boa a dois como posso dar a um...mas eu ainda não desisti, pode ser que ainda o consiga convencer.Houvesse dinheiro com fartura e teria uns 4.Beijinhos

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  33. Eu tenho 3, e é para ficar por aqui... A minha filha diz que agora quer manas gémeas... Mas não lhe vou fazer a vontade...
    Não tendo possibilidade de "ficar em casa com eles" o tempo que sobra no fim do dia é muito pouco, a dividir/multiplicar por 3 é complicado e acho que não é justo... Houvesse mais tempo... porque tempo de qualidade há, mas acho que falta tempo para de aperceberem dos pais e dos irmãos sem se sentirem sempre no centro... Tempo com os filhos...

    Beijinhos!
    5 em Crescendo

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  34. Iris Cunha6:29 da manhã

    Eu tenho uma filha e sem dúvida,nem que faça das tripas coração,quero ter mais um! Os maiores obstáculos com wue me deparo são dinheiro e trabalho ou falta de condições do mesmo ou seja excesso de horas trabalhadas,horarios "parvos" e falta de compreensão por parte das entidades patronais. Resumindo se o dinheiro caisse do céu,não trabalhava e dedicava-me apenas a ser mãe :)

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  35. Olá Joana! Quando era mais nova, adolescente, também queria ter 4 filhos! Já tinha nomes para eles e tudo! A minha mãe dizia-me sempre: "Deixa-te arranjar o primeiro, vais ver se queres ter outro!"...
    Casei aos 26 anos, e queria ser mãe antes dos 30! Tive a minha primeira filha aos 28, e apesar de no dia em que ela nasceu eu ter dito que nunca mais me lá panhavam (na maternidade!), passados 15 dias eu já dizia que queria ter outro filho. Pelo pai, ficavamos só com esta mas eu nunca quis que ela fosse filha única. Já não pensava em ter 4 filhos, mas ficava-me pelos 2. A ter um segundo, queria que fossem próximos de idades. Assim, engravidei quando ela tinha 2 anos e meio...de gémeos! Um casal! O meu mundo parou quando a minha médica me disse que eram dois, não estava de todo preparada para isso...e eu que sempre quis ter gémeos!...Por isso do desejo de 4, passei apenas para 2, qua afinal se tornaram 3! Neste momento, a mais velha tem 4 anos (faz 5 em Maio) e os gémeos têm 17 meses. Têm 3 anos e 3 meses de diferença.

    Antes de ser mãe não compreendia aquelas mulheres e casais que não queriam ter filhos...Agora posso dizer que entendo perfeitamente, não é fácil, não é uma tarefa fácil e ser mãe é para vida toda,é vivermos constantemente com o coração nas mãos,preocupadas que algo lhes possa acontecer, ou a nós, pois eles precisam de nós. Mais do que o dinheiro, acho que o problema é mesmo o tempo que não temos para eles...Não os gozamos como queriamos, é uma vida madrasta...Financeiramente, acho que deve ser pior quando entram para a escola (primária e afins), com o preço dos livros, material escolar, atl...Antigamente, depois da escola, ficavamos em casa dos avós a brincar com os primos...Agora passam os dias no infantário, creche, escola e atl...No meu caso, tanto os meus pais como os meus sofros ainda trabalham por isso, não temos outra hipótese.

    Beijinhos

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