10.07.2018

Cuidado com as opiniões dos outros.


Se ligasse às opiniões dos outros – como já vi muita gente ligar, eu incluída a determinada altura – já me teria morto.

Não estou a tentar ser engraçada ou dramática, estou a contar-vos algo pelo qual já tive que passar para estar aqui onde estou. Houve uma altura na vida em que, se as opiniões dos outros determinassem o que é real, não valeria a pena estar viva.

Estamos programados para ver o que queremos ver. Sendo que o que queremos nem sempre é o que precisamos, mas sim o que temos em “nós”. Não somos o que fazemos. Não somos o que achamos que somos. Temos uma linha paralela à nossa existência, uma substância inalterável de riqueza e de luz que não é alterada pelos acontecimentos, pelas consequências.

Existe um espaço em nós que raramente algo ou alguém consegue chegar e que, mesmo dentro de um sítio muito pequeno, de um sítio violento, de um sítio morto, de tristeza, de desapontamento, essa luz continua cá dentro.  A luz que mesmo depois de uma perda monstruosa, nos dá força para continuarmos por cá, por exemplo.

Somos mais do que a ausência ou presença de likes, muito mais do que o número de pessoas que concorda connosco ou que discorda. Somos mais do que as opiniões que queremos ouvir ou que os sítios onde querem que estejamos. Somos água, não somos listas de tarefas. Não é o número que rege o que está certo ou errado. Não é a quantidade, é a qualidade. É a qualidade das pessoas e a sua relação connosco.

E a relação delas consigo.


Da mesma maneira que existe uma grande necessidade para o pintor de fazer um recuo relativamente às suas obras para ganhar perspectiva, também  nós deveríamos fazê-lo, embora hoje em dia seja ter cada vez mais difícil: o tempo parece que nos tira tempo e vamos com a corrente em vez de confiarmos que sabemos nadar contra ela - faz-me lembrar do poster que a personagem principal do Fargo tinha na lavandaria.


Claro que a nossa essência não consiste em estarmos constantemente a lutar contra (seja o que for). A nossa essência, o nosso propósito, quem somos verdadeiramente (despidos de status, de histórias que nos contaram sobre nós próprios e que continuamos a repetir para dentro, de roupas, de iPhones, de ausências ou de meias-presenças) não se poderá definir por uma postura relativa à maioria, mas sim uma postura relativa a nós mesmos.

Poderá parecer egoísmo para muitos. Poderá parecer imaturidade para outros. Arranjámos muitas maneiras de medir quantitativamente algo que é só impossível de medir: o amor. Não podemos julgar, pesar, equacionar o quanto alguém gosta de nós por ter estado connosco ali ou por ter saído ali. A vida acontece independentemente de nos sentirmos o centro da vida dos outros ou que merecemos estar no centro da vida dos outros.

A primeira pessoa que devemos aprender a amar é a nós mesmos. Sabendo saborear o que nos parece mais doce e amargo, desenvolvemos o nosso paladar. Todos os sabores fazem parte deste. Só doce é aborrecido. E do que seria a vida sem o pressuposto da existência dos contrários?

Cobramos. Julgamos. Acima de tudo a nós próprios. Sinto muito isso no pêlo no que toca à imagem corporal que tenho, ao conceito de sucesso profissional e à imagem que temos da “mãe” perfeita. Não somos quadrados, não temos que nos encaixar num conjunto de requisitos para sermos considerados aptos enquanto: mulheres, seres, trabalhadores, mães, filhas, amigas, namoradas, etc.

Da mesma maneira que o sexo poderá funcionar de forma criativa e livre quando duas pessoas se deixam de prender (ou se passam a prender, dependendo dos gostos), todos os outros conceitos que nos rodeiam também poderão ter essa fluidez e verdade. Uma verdade que é moldada às pessoas que fazem parte da relação e não o oposto.

Não temos de construir pessoas para que encaixarem nas nossas expectativas. Nem nós.

Claro que a vida não é um passeio de barco, de vela estendida consoante onde o vento nos leve. Claro que a vida não é só um passeio solitário onde nos guiamos apenas por aquilo que sentimos. A cabeça tem de ser um instrumento para sentirmos melhor e não para deixarmos de nos sentir. Ser algo não é estar em todo o lado ao mesmo tempo.

É estar onde o coração manda.

Ouvindo-o é ouvir-nos.

E quanto mais e melhor nos ouvirmos, mais cuidado temos com as opiniões dos "outros".

Sou cada vez mais feliz.

Hoje de manhã.







10.04.2018

Serei a única que ainda não teve piolhos em casa? Que sorte!


Eu sei que nem se deve falar muito, que amanhã ainda me calha uma bela surpresa. Devia estar era caladinha. Ou fazer uma reza. Tenho a sorte de ainda não termos recebido a visita de piolhos nem de lêndeas cá em casa, mas deve ter sido mesmo por um fio de cabelo (viram o trocadilho que eu fiz aqui? Epa…): as primas já tiveram, várias vezes, colegas na ex-escola da Isabel já tiveram e… nada. Até agora, bem sei, que é só uma questão de tempo e de sorte. Li algures que, a seguir à constipação, é a “maleita” que as crianças mais apanham. Que todas fossem assim, sinónimo de uma infância feliz e de muita brincadeira.

Lembro-me como se fosse hoje da saga de estar com a cabeça no colo da minha mãe, na casa de banho, toalha branca nos ombros, com ela em busca dos sacanitas. Agora há muitoooo mais oferta e produtos bem mais eficazes: e até o cheiro é bem diferente. Tive pelo menos duas vezes: numa achámos que teria sido muito provavelmente porque partilhei uma escova nas danças de salão (sim, andei uns anitos a dançar a rumba e o paso doble, com uma poupa cheia de laca até lá acima e um top curtinho de seda, roxo - classy). Mas também pode ter sido (é o mais provável) pela proximidade das cabeças dos outros miúdos na dança, na ginástica, nas brincadeiras no recreio e nalguma dessas vezes os sacanas lá vieram morar para o meu cabelo louro. [Só de me lembrar já me estou a coçar, é inevitável].

Já muito se sabe sobre os piolhos e as lêndeas, já é certo e sabido que não são sinónimo de pouca limpeza, por isso, neste jogo de sorte ou azar, o melhor mesmo é detetar cedo, prevenir e, se for preciso, tratar. Caso haja um alerta de infestação na escola, já não é preciso andar ali com os olhos em bico à caça das lêndeas porque há o Paranix Gel Localizador de Lêndeas, que as deixa avermelhadas.

Caso não tenham sido detetadas, é iniciar a prevenção com Paranix Champô de Proteção Contra Piolhos e Lêndeas a cada 2-3 dias, substituindo o champô normal, durante 2 semanas do surto, ou então com Paranix Repel, que mais não é do que um spray que deixa uma película protetora e dificulta que aqueles bichos de 6 patas adiram.

Caso as haja, é iniciar o tratamento contra piolhos e lêndeas de três formas possíveis: Paranix Loção de Tratamento, a grande novidade para cabelo compridos; Spray de Tratamento para cabelo curto ou o Paranix Champô para quem procura a comodidade de um 2 em 1, que elimina 100% dos piolhos e lêndeas ao mesmo tempo que lava o cabelo. Parte boa (a única eheh) é que basta aplicar e de uma só vez, num só tratamento, adeusinho piolhos e lêndeas – o champô tem um cheiro agradável, o spray e a loção não têm assim nenhum odor. É escolher. Sou capaz de preferir o champô, que assim ficam logo de cabelo lavado, acho que facilita (vejam no site como aplicar tudo).

Nada a ver com o que me aplicavam em miúda, nada! Ainda bem!






*Este post foi escrito em parceria com a Paranix.

"100% eficaz numa só aplicação" - Ensaios clínicos demonstraram 100% de eficácia de Paranix Champô de Tratamento no tratamento contra piolhos e lêndeas, numa infestação de nível europeu. Estudos in vitro e ex vivo demonstraram a eficácia de Paranix Spray e Loção de Tratamento contra piolhos e lêndeas após um período de aplicação de 10 minutos. O produto também foi clinicamente testado após uma aplicação de 15 minutos. Data On-File; Os produtos de tratamento de Paranix (Champô, Spray e Loção de Tratamento) são Dispositivos Médicos para o tratamento da pediculose. Paranix Localizador de Lêndeas é um Dispositivo Médico utilizado para evidenciar lêndeas. Paranix Champô de Proteção é um dispositivo médico utilizado para prevenção da disseminação da pediculose. Apenas para uso externo. Evitar o contacto com os olhos ou as mucosas. Em caso de contacto com os olhos, lavar abundantemente com água. Não usar em caso de alergia a algum dos ingredientes. Paranix Loção de Tratamento e Paranix Spray de Tratamento estão indicados para crianças com mais de 6 meses. Paranix Champô de Tratamento, Paranix Localizador de Lêndeas e Paranix Champô de Proteção estão indicados para crianças com mais de 2 anos. Paranix Repel é um produto cosmético. Leia cuidadosamente a rotulagem e as instruções de utilização. Manter fora da vista e do alcance das crianças.

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10.03.2018

Notícias do meu pipi

Nunca pensei em escrever um título assim mas se houve o Monólogos de uma Vagina, por que não? [É pergunta retórica, nem vale a pena tentarem abafar o tema]
Hoje fui ao ginecologista. A minha ginecologista dá consultas mais longe e, no meio desta azáfama  casamento-trabalho-blogue-filhas, tinha de ser perto do trabalho. Fui na semana passada e voltei nesta porque o meu pipi assim o está a exigir. As razões não são para aqui chamadas (ui que ela depois deste desenho todo que já nos fez, está com vergonhas, a sonsa). Tenho os meus limites. AHAH

A questão que me traz aqui é que, quando fui contar-lhe que estava a usar copo menstrual (comecei só agora e estou a dar-me muito, muito bem), ele franziu a testa e torceu o nariz. Disse-me que não gostava nada. E eu perguntei-lhe porquê e o que recomendava. "Pensos", respondeu ele. E eu perguntei porquê. A reposta foi que "qualquer coisa que se introduza na vagina não é boa ideia" (engoli o riso, não sou nenhuma miúda de 12 anos e contive-me). Disse-me que nem os tampões aconselhava - "claro que para um dia de praia, para um dia "não sei quê" (não me lembro o termo), em excepção é pratico, mas o melhor são pensos que se vendem em farmácia com algodão na composição". 

Eu achava que finalmente estava a fazer uma coisa certa, estou a dar-me muito bem com o copo (só não adoro tirar, mas já estou a melhorar - como fazem vocês, meninas com unhas de gel?!), não me dou nada bem com tampões, acho até que faço alergia, e achava - e ainda acho - que estava a poupar, a reduzir a pegada ecológica e vou poupar trocos. Acho prático, rápido, eficaz e duradouro. Quais são, na verdade, as contra-indicações - alguém me explica? Acabei por não perceber o argumento. 

Obrigada! 

Qualquer foto que pusesse aqui iria soar estranho, bem sei.


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Qual é a vossa memória mais antiga? Estas são as minhas.

Não vos acontece, de vez em quando,  olharem para os vossos miúdos e lembrarem-se de vocês mesmas? Esqueci-me de imensas coisas até agora. Coisas da minha infância, mas que estou a recuperar não só por causa dela, mas também porque tenho vindo a falar mais com os meus pais sobre o passado (o nosso/meu) e isso tem-me ajudado muito. 

Como são divorciados desde os meus seis anos e são muito diferentes um do outro, as histórias são completamente diferentes, mas já consigo ter mais disponibilidade para retirar algo que seja comum às duas ou três ou quatro versões que me vão dando. 

Lembro-me de ainda estar no berço e de adorar trincar a madeira porque, como tinha verniz, sentia  um estalinho giro na boca. Lembro-me de sair do berço sozinha e de não cair (mas de ter caído uma vez). Lembro-me de ficar a chorar até me esquecer porque estava a chorar e de pensar "vou dormir, já não me lembro sequer". Também associo ao berço, mas já não posso pôr as mãos no fogo (que expressão mais estúpida). 

Lembro-me de aprender a desenhar tulipas e de ser o que mais gostava de desenhar. Lembro-me da minha mãe me desenhar sempre uma casa com peixes num lago e dizer que não tinha jeito. Lembro-me do meu pai me fazer bonecos com a comida, eram tão giros que me custava comê-los (mais ou menos como a Irene não consegue comer bolachas com desenhos de animais à vontade, tão querida a minha mini-vegan... ). Também me lembro de ter caído um termómetro de vidro no chão. 

Lembro-me de ver o ET vezes sem conta e a pequena sereia. Lembro-me de ouvir o Sail Away da Enya na sala e de dançar muito. Lembro-me do ano em que entrei para a primeira e que recebi um coelho enorme que andava no chão e que podia segurar com uma trela e também o meu skiper (aquelas coisas cor de rosa que púnhamos nos pés para saltar e que contavam quantas voltas, lembram-se?). 

Lembro-me que me doia muito quando me penteavam o cabelo porque tinha "muitos ninhos de ratos". Lembro-me de brincar muito com Tangrams e com umas esferas do meu pai, presas com um fio de nylon. 

Lembro-me da árvore de Natal logo à entrada na casa da Damaia, do lado esquerdo. Quando a casa ainda não tinha as luzes acesas e só se viam as da árvore era a minha parte preferida. Lembro-me de brincar com as barriguitas (e de agora me ter tornado uma). Lembro-me de estar fascinada com o abre latas da Moulinex que tínhamos na parede. E lembro-me dos leites Milo (?). 

Morei em muitas casas quando era pequena por motivos profissionais da minha mãe, pelo que tenho a sorte de ter as memórias associadas a casas e saber mais ou menos quando aconteceram. Esta foi a minha primeira casa onde fui estando intermitentemente até aos meus 6 anos quando vínhamos visitar o meu pai. 

Depois houve outras pelo meio. Lembro-me das tuatuagens das tartarugas ninja na pele. Lembro-me dos códigos que havia dentro das garrafas de refrigerantes, dentro das tampas e que se podia tirar o plástico. Lembro-me de ir ao cabeleireiro com a minha mãe e de achar que tinha sido a meu pedido que lhe tinham mudado o cabelo de moreno para loiro. Lembro-me que o café da Vila de Santo André se chamava Vitaminas. Lembro-me de brincar imenso na casa da Lurdes e de fervermos biberões e chuchas por lá. 

Lembro-me de termos tomates no jardim lá de fora e eu não gostar de tomates, mas de serem para a minha prima (sei lá se isto é assim). Lembro-me de termos recebido um gato vadio. Do meu vizinho adorar batidos e da minha mãe ter feito uns para ele. Lembro-me de esconder os maços de tabaco da minha mãe, não queria que ela fumasse. Lembro-me de ver o Herman José na televisão e de ver os Simpsons e achar que tanto o Herman como o Homer eram o meu pai (já estou a trabalhar nisto, haha, apesar de ainda me ter acontecido na adolescência com o Conan O'Brien). Lembro-me de ter ténis de velcro e de ficar tão feliz por me conseguir calçar sozinha. Lembro-me da caixa de maquilhagem que usava por baixo das escadas para o andar de cima. Lembro-me de querer usar os pensos da minha mãe para ser crescida. Lembro-me quando fui furar as orelhas. Lembro-me de brincar aos legos e aos pega monstros numa sala de brinquedos com as filhas da empregada da altura. 

Lembro-me de haver pinhões no chão da escola dessa terra. Muitas pinhas e muitos pinhões que era eu quem descascava e comia. Lembro-me de haver televisão na escola. Lembro-me de haver muitos livros e de me dizerem que - eu sangrava muito do nariz - o ideal era estar deitada com o braço levantado no ar. 

Lembro-me de conduzir ao colo do meu pai numa estrada ao longo de um monte ou uma montanha e de ter muito medo de cair. Lembro-me de adorar groselha e que havia sempre uma garrafa de groselha no frigorífico. Lembro-me de não gostar de Golden Grahams e de não ter gostado que a mãe tivesse comprado. Lembro-me de dormir com a minha mãe. Lembro-me do João Pestana e dela me fazer festinhas no nariz "porta, janelinha e campaínha". Lembro-me de ver o Clube Disney e de ouvir Beach Boys no rádio e o Oceano Pacífico. Não me lembro das manhãs. 

Terá sido isto em S. Tiago do Cacém? 

Lembro-me de uma casa com um corredor enorme e uma janela. O meu pai cantava-me músicas enquanto me levava nua para a casa de banho para me dar banho. Era sempre a mesma, afinal. Ainda a sei de cor e é uma letra inventada. Lembro-me de tocar muito no meu piano. Não o largar e de saber tocar de ouvido o hino da alegria e de toda a gente me elogiar por me dizerem que tinha um talento nato. Lembro-me de ter que "tomar" muitos supositórios por causa da febre. Lembro-me do xarope verde que era horrível, que eram vitaminas. Lembro-me da minha mãe brincar comigo a pedir que conseguisse dizer Táxi muitas vezes, mas só conseguir dizer Tá-sequi. Lembro-me da minha camisa de dormir feita pela minha avó Isabel. Lembro-me da minha avó Irene me ter lá ido visitar e de me ter ensinado a pintar com canetas de feltro. Lembro-me de ter uma janela muito grande no meu quarto e de, num dia, ter aberto a mesma e ter visto a lua a sorrir para mim e me ter sentido menos sozinha. 

Lembro-me de ver os PowerRangers e um programa de desenhos animados que incluia uma menina a por cassetes VHS num robot gigante. Lembro-me do meu pai me dizer que tinha de comer banana madura porque a parte castanha das bananas era "mel". Ainda hoje como sem problema. 

Lembro-me de haver divisões da casa onde não entrava. Afinal, a casa não era nossa, estavamos lá só de passagem. 

Terá sido isto no Cartaxo? 

Lembro-me de, em Grândola, estar no jardim de infância e de me terem ensinado a fazer esmada e de ter adorado. Lembro-me de dormirmos todos juntos numa sala e de haver demasiada luz para mim. De fazer brincadeiras com os olhos para conseguir ver as pestanhas e de às vezes, por estar deitada,, me "sairem os puns pelo pipi" e de me rir sozinha. 

Lembro-me todos brincarem "à Linda Falua" e de eu ser a única que não sabia a letra. Parti qualquer coisa neste jardim de infância e não se chatearam comigo. Havia muitos ninhos de andorinhas no tribunal. Tinha uma bola muito gira que a avó Irene me tinha dado. 

Lembro-me de ter sido aqui que reparei que me punham azeite cru por cima da sopa (como faço à Irene) e da minha mãe me dizer que era como se a sopa tivesse um "olho". Lembro-me da minha mãe fazer os hamburgueres com carne picada com umas formas brancas. A minha mãe é sempre muito bonita em todas as minhas memórias.

Lembrar-me de tanto é parte da motivação para querer construir tantas memórias na Irene. 



Lembro-me da minha avó ter um pão cheio de buracos para a torrada e de por muita manteiga. Lembro-me de haver Tulicreme. Lembro-me dela me deixar comer a sopa pela concha e eu ficava muito feliz por ser muito rápido. Lembro-me de conseguir impingir ervilhas a uma vizinha de cima mais nova do que eu por lhe dizer que sabiam a chocolate. Lembro-me de ficar muito escuro e de estar a ver televisão, os Moscãoteiros. Lembro-me de haver um rapaz chamado Nelson ou Nilson ou Ednilson que me queria beijar e mandava cartas. Lembro-me de gostar do Cláudio Cebola e dele ter sido o meu primeiro namorado e de morar no prédio em frente. Lembro-me de brincar horas e horas na rua com os meus vizinhos. Luís Espada? 

Isto já não são as primeiras memórias, mas estava-me a dar gozo. 

E as vossas? Quais são as memórias mais antigas? 






10.02.2018

Caminhos para o sucesso do Aleitamento Materno

Com este título parece que vos vou apresentar aqui uma tese, mas longe disso. Vou antes apresentar-vos uma excelente iniciativa. Ainda não tinha ouvido falar, mas vamos já no III Encontro Amadora e Sintra.

Desta vez o tema é falar-se dos Caminhos para o Sucesso do Aleitamento Materno e partilhar-se-ão (uh conjugação de verbo aqui) experiências dos vários oradores em várias fases. No meu caso, falarei sobre Amamentação Prolongada e Em Público.

Estão todas e todos convidados a surgir, a 16 de Outubro, das 8h30 às 16h no Anfiteatro do Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca, EPE.

Só têm que se inscrever até 12 de Outubro com nome, profissão, instituição, contacto e e-mail para os contactos nas imagens em baixo.

Tantas vezes desabafamos sobre quem nos rodeia não ter a informação correcta ou de termos tido tanto que nos esforçar para a termos que, com eventos como este, tudo se torna mais simples para todos.

Inscrevam-se, passem a palavra (é gratuito) e lá estarei à vossa espera a partir das 14h.




Querem vir? Dúvidas que tenham? Precisam de ajuda? Há imensas ajudas na Internet, imensos grupos de mães. Estamos cá para nos ajudarmos umas às outras, não têm que se sentir sozinhas. De todo. Falemos.




Estou tão cansada

“Quem quer festa, sua-lhe a testa”. Quase que consigo ouvir a minha mãe a dizer isto há uns anos.
Aplica-se agora. 

Quis casamento (e quero, quero muito), mas nunca pensei que desse tanto trabalho. Juntar a um trabalho com horários, as miúdas, ao blogue, ao insta, aos e-mails por responder com propostas, com questões, à casa, às refeições, a ter de ir fazer passaportes, tratar de papelada, fazer o CC que perdi, uma infecção e ida ao médico, e outra, as multas de estacionamento, a Isabelinha adoentada e cheia de tosse, o David a trabalhar até às 2h, as noites mal dormidas, e às vezes sinto que se não pirar vai ser por muito pouco. Penso que não sei parar, mas acho que não consigo ser de outra forma. Ajuda-me pensar que são problemas de primeiro mundo, relativizar e pensar que não estou sozinha. Que muitas mães desse lado se sentem malabaristas, que no fim o que importa é termos saúde e estarmos a construir uma família, é termos o coração no sítio. 

Estou cansada e estafada e às vezes angustiada ao ver a roupa por passar a chegar ao tecto e algum- sensação de descontrolo... mas vai ficar tudo bem. Ponho a música alto, fecho os olhos, respiro fundo e pela barriga e sei que vai ficar tudo bem. O mais importante existe. Família. 








10.01.2018

Já escolhi a actividade extra curricular para a Irene!

Tenho um medo tremendo de me transformar numa daquelas mães da série Toddlers and Tiaras no TLC (o melhor canal para o cérebro morrer devagarinho do mundo inteiro, mas tudo tem a sua função, ahah), mas adoraaaava que a Irene quisesse ir para a ginástica acrobática. 

Ainda é cedo para a Irene ter uma actividade extra-curricular duas vezes por semana e que puxe muito por ela. Natação acho que seria muito intenso (e dúbio por causa das otites serosas que ela tem), mais aulas de matéria e ao final do dia acho que além de não render que é demasiado, mas a ginástica parece-me ser um bom plano, sendo esta apropriada para a idade dela. 

Ainda por cima é na própria escola, o que faz com que as horas não andem muito para a frente e não se tenha de andar com carrinhas para a frente e para trás e tal. 

Adorei fazer ginástica quando era pequenina e, no outro dia, o meu pai disse-me que era bastante boa nisso (fiquei toda vaidosa, claro). Era uma ginástica de pinos, rodas, cavalos, trampolins, cambalhotas, coreografias e apresentações. Usava maillot, sempre. E o meu professor tinha um bigode farto. Agora é que me apercebi que há um director na minha empresa muito parecido com ele, ahah. 



Adorava o tentar e conseguir. Adorava reparar que tinha força e fazer parte de um grupo. Uma das minhas maiores tristezas foi ter que sair da ginástica porque deixamos de morar na Rinchoa (morar na Rinchoa, ao contrário do que se possa pensar, até tem muitas vantagens, ahah). 

Ainda hoje consigo e adoro fazer rodas e pinos. Tenho feito nas aulas de PT ou de Yoga que tenho tido e... faz-me sentir super orgulhosa.

Na aula de Yoga com a Mahima do Chama a Sofia.


A Irene vai experimentar hoje, vamos ver como corre. Vou um bocadinho mais cedo para também conhecer o professor/professora...

A única actividade que teve antes (tem 4 anos, Jasus, não é preciso ter actividade extra curricular nenhuma) foi Música e com uma professora da qual sou fã. É ma-ra-vi-lho-sa. Dá aulas ao fim-de-semana e... mudou por completo a infância da Irene. Se quiserem experimentar, digam. 

O que estão a fazer os vossos? Com que idades? 


9.30.2018

E a pressão para ter (mais) bebés, sentem?

Há vários tipos de pessoas, de mulheres, de homens, de mães e de pais. Parece repetitivo enumerar estas categorias, mas é importante. Tal como também há diferentes tipos de crianças e de bebés, diferentes tipos de casais, etc. 

Tenho visto e sentido que nem sempre (claro, duh!) um casal está em uníssono no que toca a ter mais filhos. Tenho vários exemplos perto de mim, até inclusivé os meus pais que não morriam de amores pela ideia de ter nem um filho quanto mais mais um mas que, de uma maneira ou outra, se foram encaminhando até lá. 

Muitas das vezes creio que se terá filhos (o primeiro, o segundo ou o terceiro), apenas com o intuito de agradar o parceiro ou parceira. A pressão pode ser de qualquer uma das partes, não estou a defender géneros. 

A Irene nasceu porque o Frederico queria ser pai. Eu achava que nunca saberia ser a mãe que acho que é preciso ser e tinha 26 anos. Afinal até sei, mas não queria ter filhos. Sabia que para a relação continuar que era necessário que "os" tivesse e claro que ninguém me obrigou mas foi-me dito de forma bem clara que seria um requisito.  Passado uns tempos encaminhei-me para aí. Não se pode dizer que tenha sido por um desejo louco de ser mãe, mas por me parecer fazer sentido e querer muito viver o sonho de ter uma família. 

Sei de mães que querem ter mais filhos e os têm, apesar dos pais não quererem. Sei de pais que querem ter mais filhos, independentemente do que as mães digam sobre isso e de como se sentem. As conversas podem ser mais directas, mais duras, mais subtis, através de conversas ou de "bocas" e brincadeiras, mas está lá sempre o que se passa: "eu quero ter mais filhos". 

Isto poderá activar muitos medos irracionais na outra pessoa: "Se eu não tiver mais filhos, ela deixa-me?", "Se eu não tiver mais filhos, ele vai ser infeliz para sempre?", "Sempre que virmos um bebé de alguém, vai ficar triste e esquisito?", "Vai culpar-me para sempre?", "Estou quase nos 40 e tal, o tempo está a acabar...". 

É justo que se verbalize o que se quer, mas é necessário que se pense no que poderão ser os nossos desejos, principalmente quando se fala ou pensa em ter uma criança. Ter um filho porque a ideia foi estarem dois no postal de família parece-me pouco, ter mais um filho porque a ideia que se tem é que só um se sente sozinho (decidi assim ter dois gatos) pode necessitar de mais pensamento por cima, ter mais um filho porque se está aborrecido ou porque se tem saudades de ter um bebé pela casa também. Não julgando muitas de vocês que, tal como eu, tiveram um filho porque (inserir motivo menos romântico e mais prático, como foi o meu caso). 



Não se tem um filho sozinho (pode ter-se, mas falo nas situações de casal que as partes se poderão pressionar) e o mais importante - mais do que qualquer expectativa ou ideia romântica ou projecção da sua própria infância ou mero accomplishment de guião - é se há condições para o ter. Claro que não falo só de dinheiro. Parece que, às vezes, o dinheiro estica. Às vezes o dinheiro não é o mais complicado se conseguirmos ser flexíveis e se desejarmos muito - pelos motivos mais certos para a criança - ter um filho. 

Às vezes o que é mesmo difícil é gerir depois as expectativas e os papéis de cada um na educação e afecto da criança. A mãe que é mãe "por pressão" estará tão disponível emocionalmente para o fazer quanto uma mãe com a vontade de o ter? O pai que já não queria ter mais filhos, será a sua melhor versão para o próximo? 

Tudo isto é discutível e eu sou exemplo disso. O início não foi o que gostaria. Não quis ser mãe, mas convenci-me que sim e tenho a certeza que a Irene tem o melhor de mim todos os dias. Porém, quando pressionamos alguém ou quando falamos dessas coisas... queremos ter só um filho no geral ou queremos que o nosso filho cresça com a melhor mãe e pai que possam ter? Queremos um filho ou queremos um filho com a pessoa que amamos?

Quando um parceiro nosso não está disponível para ouvir que não queremos ter filhos, será esta a relação certa para se trazer mais um bebé ao mundo? Não se pode controlar tudo, nada é perfeito, blá blá. Mas ter um bebé tem de ser mais importante que comprar um carro ou uma casa. 

Há os que nascem, há os que são planeados, há os que são pressionados. Importa saber porquê. Importa abrir espaço para os bebés e não obrigá-los a furar. Importa não pôr ninguém da relação numa situação frágil de ter que se comportar de forma exímia numa situação não desejada e "impingida". 

Há momentos em que temos de fechar os olhos e ver o que acontece e faço-o em diversas situações (embora cada vez menos), mas isto de ter filhos tem de ter muito mais do que ser vencido pelo cansaço ou porque se tem medo de se perder a outra pessoa. Nada me garante que não tenha sido a decisão que tomei que tenha contribuído também para que tivesse tido uma experiência de pós parto tão sofrida, por exemplo. Não estava perto de estar pronta. 

Não falo só das crianças, falo da mulher, do homem, do casal, da vida de tanta gente por um plano que não se muda ou que não se questiona. 

Há coisas boas e más em qualquer decisão, mas esta tem de ser mesmo muito ponderada e com carinho por todos. Inclusivé por quem não quer ou acha que não quer. 

Tudo se resolve, mas o princípio define muita coisa.