11.09.2017

Quando temos de adormecer sozinhas



Tem sido uma fase particularmente difícil. No meu caso os meses mais difíceis com o Sebastião não foram os primeiros três, como para a maioria das mães. Tive um bebé tranquilo, que dormia imenso, que acordava para mamar, dava um ar de sua graça e voltava a adormecer. Para mim o difícil é agora. Um bebé de cinco meses que desde há um mês quase não dorme nada. Birras monumentais para adormecer, no início ao fim do dia, agora ao longo do dia inteiro, muitos despertares nocturnos, muitos pedidos de atenção durante o dia, muito colo, muita agitação e muita resmunguice. Se antes podia sentar-me a jantar descontraída com o meu marido, talvez ver uma série, irmos até casa de amigos, agora tudo isso está fora de questão. Já li três livros diferentes sobre o sono, tenho pesquisado imenso, tentei uma rotina, não funcionou, tentei outra, voltou a não funcionar. Há dias em que não sei bem para onde me virar. O que fazer a seguir. Se aquela é a hora em que lhe devo dar banho, se lhe dou mama antes ou depois, se o mantenho connosco ou se o levo para a cama. Há dias em que estou perdida com tanta informação. Em que falo ao telefone com amigas de amigas que são mães na réstia de esperança que me digam alguma coisa que não saiba já. Há dias em que me sento a olhar para ele enquanto chora descontroladamente, depois de eu já ter tentado tudo, colo, mama, banho, música, white noise, e choro também. Ou rezo baixinho. Há dias em que estou quase quase a descontrolar-me e pego no telefone só para ouvir outra voz, apenas alguém que me diga que vai correr tudo bem. Para respirar fundo. Mas depois percebo que, na verdade, não está lá ninguém. E que toda a gente se pode ir embora, excepto eu. Que o pai está em viagens de trabalho, que a avó está a trabalhar e longe de nós, que as amigas têm pouca experiência. E toda a gente faz aquele sorriso condescendente quando digo que tenho sono, muito sono. E até acham estranho porque ele tem um ar tão bem disposto e dizem que vai passar. Mas não passa. Não passa e nós, mães, não nos podemos ir embora. Não podemos bater com a porta e voltar quando nos apetecer. Porque tudo o que queremos naquela altura, não é de alguém que venha com mais uma teoria de como fazer o seu bebé dormir em três dias, nem de histórias da carochinha de alguém que tentou qualquer coisa e resultou, nem de novos conselhos para nos baralhar mais os dias. O que nós queremos, verdadeiramente, e não temos coragem de pedir, é de alguém que nos bata à porta, passe uma mala com um pijama e uma escova de dentes para a mão e diga “Esta noite trocamos, vais para minha casa e eu fico aqui.” Porque todos os bebés são diferentes e o que resulta com os outros pode não resultar com o nosso. A única coisa que permanece é o que sentimos. E toda a solidão, frustração e cansaço que está cá dentro, passa para dentro deles. Como se fossem esponjas. Agora digam-me, qual é a sensação de tentar adormecer quando se sentem desamparadas?




Joana Diogo
A Joana escreve no O que vem à rede é peixe
 
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E se levássemos os bonecos dos nossos filhos ao hospital?

A minha mãe conta que eu, quando era criança, tive uma fase de terror a batas brancas. Apanhei uma vez uma profissional de saúde que não conseguia encontrar a minha veia para tirar sangue e andou ali duas, três, quatro, cinco vezes a chafurdar, sem desistir. Imagino que deva ser muitooooo difícil para o profissional, mas pelos vistos para mim também foi. Lá assumiu que não estava a conseguir e deu lugar a outra profissional que, coincidentemente ou não, encontrou a veia à primeira. Se na minha altura houvesse uma iniciativa tão fixe como esta do  Hospital dos Pequeninos, eu teria provavelmente conseguido superar aquele trauma mais rápido. 

Este projecto, da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa (AEFML), já vai na XVI edição e a ideia é, claro, reduzir a ansiedade ou medo que algumas crianças sentem em ambiente hospitalar ou na presença de um profissional de saúde. As crianças, entre os 3 e os 7 anos, só têm de levar os seus bonecos ou peluches doentes e brincar com eles naquele ambiente que recria um hospital, desmistificando assim todos os procedimentos, com espaços como a farmácia, a consulta, as análises, a operação e por aí fora...



O Hospital dos Pequeninos decorre em dois grandes momentos:
· Um fim de semana dedicado às famílias no Pavilhão do Conhecimento nos dias 18 e 19 de Novembro, entrada livre e gratuita!
· Para as escolas que efectuem marcação, dias 20 a 24 de Novembro no Refeitório I dos Serviços de Acção Social da Universidade de Lisboa ("Cantina Velha da UL")



Para mais informações poderão consultar o Site do Hospital dos Pequeninos, o Facebook ou contactá-los para o e-mail hpequeninos@aefml.pt ou para o número de telefone 217 818 890


   
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O que fazer ao cabelo ralinho desta miúda?

Contem-me tudo. Com quantos meses lhes cortaram o cabelo? Eu ainda só lhe pus a tesoura na franja, mas acho que está a precisar de mais qualquer coisa... 

Conta a minha mãe que eu era tal e qual (felizmente ficou mais forte com a idade e hoje tenho um cabelo encorpado e bastante). O David não tinha, em miúdo, (e não tem) o cabelo mais forte do mundo. E, pelos vistos, as duas miúdas vieram com cabelo fininho, fininho (e pouco, parece-me). O da Luísa está naquela fase que nem é carne nem é peixe. Nasceu com imenso cabelo, preto, caiu quase todo e nasceu mais claro. É castanho claro.

Devo cortar? Devo deixar crescer? Decisions, decisions...💇


Golinha - Catavento


Vai na volta e corto-lhe o cabelo a ela e a mim, que eu ando com uma vontadinha de voltar a fazer um corte deste género, ou ainda mais curto:









   
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Dá-me um desconto, filha.

A mãe nem sempre consegue lembrar-se do quão importante é fazer a transformação da Corujinha contigo. Às vezes digo-te que sim e nem ouvi o que disseste ou digo “que giro” a um desenho em vez de olhar.

Às vezes a mãe fica enervada por não lhe fazeres as vontades e nem sempre quando te apressa é mesmo assim tão necessário estar a sufocar-te já com o tempo.

Não é preciso obrigar-te a dormir a uma determinada hora se te posso ouvir falar até que adormeças, as duas debaixo do edredão na tua cama.

Eu sei que só queres dizer mais uma coisa e que vai ser “uma coisa” que me vai ajudar a conhecer-te ainda melhor como hoje.

Comprei-te calças quentinhas para o Inverno e um desses pares é o teu preferido: o que tem a Minnie e o Mickey. Perguntei-te qual querias vestir hoje e disseste as cinza.

“As cinza, Irene? As cinza quando as que tu gostas mais são as do Mickey?”

“Claro. As do Mickey ficam à espera para não usar já!”

Tens muito isto. Não vem de mim certamente. Para mim, especialmente especial por seres ainda tão bebé e por conseguires ver além do agora.

Não tenhas medo, Irene. Apesar da mãe estar a lembrar-te de 2 em 2 minutos para ires comendo ou estar a dizer-te que temos de ser rápidas por um motivo qualquer… A mãe, quando tu não estás ou quando não sente que o tempo aperta, sente.

Sente e vê e sabe que tu és o que há de melhor no mundo inteiro.


As calças do Mickey ficam à espera.



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11.08.2017

O cancro que levou a minha avó.

É a única doença da qual tenho medo. Não que viva atormentada, mas já me aconteceu estar à espera dessa notícia. Como se fosse uma inevitabilidade. Já olhei para o telefone a vibrar e esperei três segundos, respirei, e pedi "que não seja a dar-me a notícia de que está doente". Já me passou.

A minha avó Isabel morreu tinha eu 12 anos. 
Lembro-me bem demais. 
Do bom e do mau. 

Lembro-me do cheiro a café "a fingir" nas manhãs em que lá dormia, que mais tarde percebi ser cevada, das viagens de autocarro com os velhotes em que me levava, uma das quais metia piscinas e escorregas e outra uma cheia de flores de papel penduradas, que penso agora ser Campo Maior. Se fechar os olhos, recordo-me da finura dos lábios, dos óculos grossos, das pernas altas, parecidas com as minhas talvez, dos pés grandes, como os meus, da voz trémula e de uns olhos meigos mas tristes, de muita pancada da vida, de uma filha que lhe morreu ainda bebé, de operações e de uma saúde debilitada. Lembro-me dos mimos, de nos deixar saltar no sofá e brincar com aqueles bonecos de louça que eram bibelots nos armários dela, que na minha casa não havia, para muita pena minha. Lembro-me do dia em que vomitei amoras, lembro-me das mãos delas, enrugadas, grandes, a secar-me o cabelo e de me deixar dormir na mesma cama dela, a "fazer caixinha" (e não conchinha, como a maior parte das pessoas diz): curiosamente lembro-me de ser eu a meter o meu bracinho por cima da barriga dela. 

Lembro-me de me mostrar a cicatriz na zona da mama, que lhe foi retirada. Lembro-me de viver ainda algum tempo (anos?) assim, mais debilitada mas a dar a volta por cima, aparentemente. Lembro-me de piorar, porque o cancro chegara aos ossos. Lembro-me de quando me disse, no hospital, que já não me iria ver casar. Lembro-me de lhe mentir, com o sorriso maior que arranjei, que ia ver sim senhora e que para não dizer disparates. Quis tanto acreditar naquela mentira... 
Já não a vi nos últimos dias, em que o delírio e as visões da mãe faziam parte, em que já não via nem conhecia ninguém. Ainda bem, não teria tido coragem. Mas já sonhei que me tinha ido lá despedir. 

Não me lembro do momento em que recebi a notícia. Lembro-me de que o dia do funeral foi o mesmo dia em que apareci pela primeira vez na televisão, no Buereré (que era gravado) com os Onda Choc. E lembro-me dessa ambivalência. De estar triste e de estar contente e de disfarçar que estava contente porque me pareceu mal. Não me lembro de muito, depois.

Tenho saudades dela. Tenho pena de não a ter tido mais na minha vida. Tenho muita pena que ela não me tenha visto crescer, não me tenha visto namorar, estudar, ter filhas. Foi-se embora cedo. 

E a partir daí, fiquei com medo desta doença, que mina as vidas de tanta gente. Curiosamente, quando descobri um nódulo na mama que aumentou muito, depois de ter a Isabel, e cuja biópsia foi inconclusiva, quando tive de ser operada, nunca senti medo, excepto na véspera, como escrevi aqui. Achei que não seria nada de grave e que, mesmo que fosse, eu iria superar. 
Mas, a verdade é que, de forma geral, esta doença assusta-me. Vejo muita gente a passar por ela e felizmente mais, muito mais, pessoas a superá-la. Vejo muitas famílias a viver com esse fantasma. Olho para estas pessoas de uma forma absolutamente inspirada, pela força que encontram e que arranjam para acalmar e contagiar os outros. 

A doença que levou a minha avó não há de levar mais ninguém que eu ame, se Deus quiser. Que não vos falte força para enfrentá-la, caso se tenham cruzado com ela. 
E que estejamos atentos a nós, bem atentos, que façamos análises e exames regulares para que, caso nos bata à porta, seja cedo para lhe darmos um chuto.


   
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Os meus youtubers favoritos

Não sou a pessoa mais assídua no Youtube deste mundo, a não ser para ouvir música (uso mais o Youtube do que o Spotify, sim, sou dessas pessoas. Acho que tem a ver com o facto de sempre ter feito imensa pesquisa de músicas para programas de tv a partir do youtube). Não sei quem são os youtubers portugueses do momento, mas estou a par do fenómeno - vi uma reportagem sobre eles e já li algumas crónicas sobre o assunto, nomeadamente este pedido de ajuda que esta mãe/psicóloga lhes fez. 

No entanto, há alguns youtubers - nada a ver com os de cima - que vou seguindo, de vez em quando, e dos quais gosto muito! Fazem-me pensar, rir, chorar!





Adoro, adoro, adoro. Despretensiosa, inteligente, empoderada. Acho-a muito inteligente e faz aquela coisa de desromantizar a maternidade e de falar de temas tão importantes na nossa sociedade, ainda tão machista e preconceituosa. 



Foi o Renato quem ma apresentou. Fala de tudo, de todos os temas do mundo e de mais alguns, e fala de tudo com imensa simplicidade, sabedoria e algum humor. É a prova viva de que menos é mais e que o conteúdo é o mais importante (às vezes grava com a webcam mesmo e zás). Adoro-a. (ainda tenho muitooooos vídeos para pôr em dia, descobri-a "tarde", mas de vez em quando tiro meia hora para a ouvir. Vejam este que também é muito bom: Criança boa é criança quieta.


- Paizinho, vírgula

Já vos falei dele aqui. Se querem aprender alguns truques de disciplina positiva para contornar o estalo e os gritos, é segui-lo. Além disso, tem reflexões maravilhosas, com a maior boa onda e piada. É fácil ouvi-lo e percebê-lo.


- Marcos Piangers (o Pai é Pop)

Se querem chorar, rir e ganhar um quentinho no peito, é segui-lo. Ficamos com pele de galinha, queremos ser melhores mães e pais, queremos aproveitar cada segundinho dos nossos filhos, de forma plena. Ele não teve pai e quis ser o melhor pai do mundo para as suas filhas. Absolutamente inspirador.



São estes. Querem partilhar os vossos, please! (não que vá ter tempo para seguir mais, mas quem sabe...) eheh
 
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Erros que cometo com a minha filha.

E que não devia. Ou que não são erros. São o que me apetece fazer ou, melhor, o que faz sentido para nós.

Às vezes jantamos sentadas no chão da cozinha. 

Enquanto cozinho, a Irene vai brincando perto de mim com o que lhe apetecer na altura. Às vezes está a fazer comida para os bebés dela, noutras está a dar concertos... Acabo de cozinhar, dou-lhe a provar e acabamos por comer sentadas no chão da cozinha. Não creio que a mesa seja assim tão importante, nem acho que, por jantarmos na cozinha, ela um dia não saiba jantar à mesa - como se isso não se pudesse comunicar na altura. 

Durante a semana, toma o pequeno-almoço na minha cama. 

O meu quarto é uma suite e, dá-me jeito, enquanto me arranjo, ir estando com um olho nela e a conversar com ela. É um momento nosso, calmo, em que vamos pondo a conversa em dia e, já agora, também consigo ir explicando qualquer coisa nos desenhos animados que ela vá vendo. De manhã costumamos ver o Zig Zag na RTP2 que tem boa curadoria mas, mesmo assim há, às vezes, alguns temas que requerem acompanhamento. 




Adormeço-a abanando-lhe o rabo e a cantar e já tem 3 anos.

Seja qual for o motivo pelo qual isto agrade às duas (eu sei que o meu é sentir que, de alguma maneira, estarei a apressar o adormecimento - mesmo que seja tanga) não me incomoda que tenha 3 anos e não adormeça sozinha. Eu tenho 31 e, por mim, se pudesse escolher também não adormeceria sozinha, para quê exigir-lhe isso? Se nem sempre me apetece? Se muitas vezes desespero? Sim, mas é isto. Faz parte. 

Não costumo dizer que não lhe compro algo que peça

Ela farta-se de pedir que lhe compre coisas. Não costumo comprar-lhe nada. Até porque, sendo blogger, como vocês sabem, vamos recebendo sempre umas coisas aqui e ali e, por isso, sinto que a minha quota de "presentes" até é excedida. Costumo dizer - não é totalmente mentira - "'Tá bem, se a mãe vir, se calhar a mãe compra!". A verdade é que não devo ver. Faço compras online e, por isso, só veria os brinquedos se fosse procurá-los mas, se os vir, um dia, se calhar até compro. Nem sempre me apetece dizer que não, raramente, até. A não ser quando tenho que "dar lições" que é como tenho explicado a importância dos "nãos" cá em casa.

Amamento-a e tem 3 anos. 

Ainda tenho de escrever um post sobre isto. Sobre amamentar aos 3 anos e quem me faz sentir "pior" com isso serem mulheres. Nós. Umas com as outras. São outros 500. Amamento-a. Tem 3 anos. Faz parte da nossa rotina de adormecimento. Ela pede e eu dou. Faz parte. É assim. E será enquanto fizer sentido para ambas. 


Usa fralda para dormir à noite e tem 3 anos.

I don't care. Está conversado entre as duas que o objectivo será deixar de ter a fralda molhada quando acorda e ir fazer xixi. O preço a pagar dessa conversa é chamar-me muito aflita de manhã e eu ter de sair da cama a correr para a ir por na sanita, por isso está tudo encaminhado, mas sem pressas. Não quero que haja o peso do fracasso nem ter de andar a trocar roupa de cama a meio da noite. Está tudo a ir com calma. 

E tantas outras coisas que na volta nem tenho consciência. Seja como for, estas somos nós por agora e estamos bem. E vocês? "Erros" que cometam? 


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11.06.2017

Faço terapia.

Nem toda a gente precisa, mas acho que toda a gente iria beneficiar.

Nem toda a gente pode, mas acho que toda a gente deveria poder ir.

Eu faço terapia. 

Faço porque lá porque as coisas me surgem na cabeça ou porque os meus comportamentos me pareçam espontâneos, não quer dizer que sejam os melhores. Tudo é passível de ser trabalhado, depois de compreendido ou, por ser compreendido é trabalhado.

(se nunca tivesse parado para pensar, a Irene era corrida à estalada e ao berro)

Faço por mim, sim. Por mim que estive farta durante muito tempo de viver e sentir as coisas sem qualquer sabor ou cor e, acreditem - muitas de vocês saberão - navegar em mar alto sem saber onde se está ou para onde se quer ir, dá lugar a náufragos, muitos. 

(se nunca tivesse parado para pensar, o resto da vida seria "fazer tempo" para que algo surgisse que me acordasse)

Faço-o por mim e pela Irene, sim. Pelas duas. Para que ela sinta (que ainda iremos a tempo para muito) que o amor flui entre as duas e a que sabe o amor, no corpo e na cabeça.

(se nunca tivesse parado para pensar, a minha filha cresceria e não conseguiria relacionar-se comigo, apesar de algures sentir que me ama)

Faço-o pela Irene e pelos filhos da Irene. No meio de uma fila enorme nalgum lado onde nos colocamos por parecer o sítio onde se deve estar por toda a gente está, alguém tem de ir ver o que se passa lá a frente e parar. Para pensar. Encaixar. Dói.




(se nunca tivesse parado para pensar, teria de ser a Irene, um dia, a fazê-lo e com uma intensidade avassaladora de anos e gerações de trampa por processar)



Doí sabermos que mandamos muito pouco nisto e que somos uma migalha, mas é essa a verdade. Somos tão pequenos e os nossos problemas têm metade de nós ou têm o tamanho que "quisermos" que tenham. 

(se nunca tivesse parado para pensar, achar-me-ia sempre o centro do universo e tudo pareceria uma perseguição para que eu me sentisse infeliz em vez de todos os dias serem uma oportunidade de viver mais e espalhar amor)

Coisas em que a terapia me tem ajudado: 

- Diminuir a ansiedade de um modo geral 

E, portanto, tudo o que daí advém: irritabilidade, hipersensibilidade, falta de produtividade, sarcasmo, bullying, mau dormir, não conseguir estar disponível emocionalmente para a Irene, rotinas muito apertadas, etc. 

- Duplicado a intensidade das coisas boas

Já não as destruo na minha cabeça. As coisas boas são mesmo boas e o fim-de-semana é mesmo fim-de-semana. Faço mesmo o que quero e preciso que seja feito e a vida deixa de parecer um carrossel com muitas luzes e barulho mas sem que nada nos atravesse o corpo ou nos faça querer sair para ver a paisagem.

- Melhorado a disponibilidade para crescer

Quanto melhor compreendo as coisas, mais tudo me sai certo. A minha vida já me pareceu toda ela apenas e só um dia mau em que depois de apanhar uma molha, encontro o guarda chuva. Ou, depois de cair numa poça enorme de lama, é-me apresentado o Primeiro Ministro. Os acontecimentos não nos governam. É o contrário.

- Crio coisas boas

Não fico à espera que as coisas que quero (porque já sei o que quero e gosto) aconteçam. Já crio oportunidades para que elas aconteçam. De repente, o que dantes parecia uma espera, agora parece uma escada com treats pelo caminho. 

- Vejo melhor a Irene. 

Já sei que quando parte algo ou grita que não é o que eu sinto quando ela o fez, mas sim o que ela sentirá. E quem diz Irene, diz toda a gente, mesmo toda a gente. Até as haters anónimas. Estou em paz. 



Não há que ter vergonha de sair da manada e interrogarmo-nos sobre aquilo que nos parece crucial e que nos faz sentir unos. Mesmo um cocó de cão está inteiro e é uma bela mer**. Pode parecer inalcançável e doloroso (e é), mas é para isto que cá estamos. Para um aperfeiçoamente constante que nos permita amar com tranquilidade e sermos amados em segurança. 

A Eugénia ajudou-me bastante como vos contei neste post, neste momento o meu caminho não passa por ela, mas não posso deixar de vos sugerir que conheçam esta pessoa que toda ela é amor e brisa da ponta dos seus lindos cabelos até aos pés (a página dela é esta que, sempre que falo dela, recebo alguns e-mails a pedir o contacto, fica já arrumado).

Só para descansar quem não tenha possibilidades para fazer terapia, mesmo aconselhando-se com a médica de família (há também excelentes profissionais nos centros de saúde), há quem consiga fazer este exercício sozinho, estando mais atento a tudo que na vida não espelhe amor e faça para que mude. 

Não há que ter vergonha. Fazer terapia é o ginásio da cabeça. Será moda um dia. ;)



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