Ontem não consegui adormecer. Não por estar pessimista, mas por estar ansiosa de saber como vai correr. Por, no fundo, achar que devia estar ansiosa passei a estar, foi estúpido. O dia começou bem: a Irene acordou super bem disposta e quando soube que ia para a escola também se quis despachar. "A Necas vai ter com os amigos, dançar, fazer desenhos, fazer cocó na sanita e depois diz 'Rosa já 'tá".
Só depois me apercebi que com a história de a preparar para a creche - de maneira que ela compreendesse que os pais iam trabalhar, mas que voltavam sempre - também associei a ela o momento do início do desfralde. Já vos conto mais.
Fomos no carro, sempre entusiasmados com esta nova fase. Quando chegámos à escola, a Irene estava louca para entrar numa das salas dos vários meninos. E assim foi: entrou e não parou de brincar, foi lindo de se ver.
Perguntei à educadora se deveria despedir-me ou se deveria ir embora de fininho (uma longa discussão entre mim e o Frederico já muito antiga) e ela disse para nós irmos embora, para a pouparmos à angústia da despedida. Confiando na experiência de muitos anos da doce educadora, contrariei o meu instinto. Mal sabia eu que era isso que me ia deixar muito mais nervosa.
Não me despedir dela fez com que ela e eu não tivéssemos acabado uma conversa importante. É como se a tivessem arrancado a meio de uma mamada do meu colo, da minha mama. Não me despedi porquê se ia contra os meus instintos? Tinha medo de estar a ser egoísta. Estaria preocupada mais comigo ou com ela? "Mais vale confiar em quem sabe o que está a fazer".
Lá fui. Pagar umas coisas à secretaria e tal. Até que vem a leitora do blog (minha amigalhona) e que me salvou a vida: "Acabei de ver a Irene e ela está óptima a brincar!".
Desatei a chorar. Era mesmo isso que queria ouvir. Não sabia como é que ela tinha ficado depois de eu sair, sem lhe dizer que ia embora e que gostava dela. Afinal, ficou bem.
Fomos fazer tempo para ali. Meio desnorteados, mas também a aproveitar para fazer umas compras desnecessárias.
Liguei quando tinha combinado ligar com a educadora (ok, uma vez extra) e combinei com o Frederico que só a iríamos buscar se ela apresentasse sinais de querer vir embora. Não apresentou. Perguntou duas vezes por mim, mas "a mãe está a trabalhar".
Comeu uma banana, fez cocó na sanita (!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!), fez xixi no bacio (!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!), dormiu a sesta e, muito engraçado, ajudou a educadora a sossegar os outros miúdos. Quando ela dizia "Francisco, vá... xiuuu", a Irene também recomendava ao Francisco que obedecesse e que descansasse. Quando falei ao telefone com a Rosa, disse que, para a adormecer, poderia abanar-lhe o rabo. A Rosa tentou, mas a Necas disse "para com isso!", virou-se para o lado e adormeceu sozinha (!!!!!!!!!!!!!!!!). Tive de confirmar várias vezes ao telefone se estariam a falar da minha filha, porque estava irreconhecível.
Almoçou com ajuda da educadora, mas comeu bem e brincou muito. Não ignorou os outros miúdos, mas também não foi extremamente sociável. Se bem a conheço deve ter preferido ainda a companhia da educadora por estar ainda mais habituada a lidar com adultos, mas isso vai mudar.
Ficou um dia inteiro na creche. Quando nos viu não estava à espera, ficou abananada e pediu logo maminha. Protelei até casa e já celebramos.
Em vez de dizer que estava orgulhosa dela, disse-lhe que ela devia estar orgulhosa de si!
E está.
PS - Não sou parva, sei que o segundo dia pode ser um terror ou, então, para a semana, quando se aperceber de que vai ser uma rotina é que vão ser elas. Para primeiro dia foi fabuloso e foi muito especial para todos. Estou feliz e ela também e o pai nem se fala.
Como correu o "vosso" primeiro dia?