9.23.2015

A minha filha é mitra

Não é nada. Mas estes ténis ali ficam um bocado mal ou é impressão minha? Ficava melhor com uns sapatos mais boho-étnico-coiso, não era? Como aqueles Moleke? (Não sei se estão a perceber a dica, pessoas fofinhas da Moleke? Hahaha, que descaramento!)



À medida que ela vai crescendo gosto cada vez mais de a ver com estas roupas mais práticas, para variar um bocado. O David queixa-se de cada vez que lhe visto um fofo. Diz que ela fica ridícula e que já não tem idade para aquilo e que parece um saco de batatas. Chato, pá! Gostava tanto quando ele ficava caladito no que respeita ao guarda-roupa da pequena. Hehe 

Também há por aí pais opinativos? 


(Post em tempo real, estamos mesmo a jantar fora neste momento. Como se isto interessasse a alguém! Mas é só para justificar algum erro ortográfico, porque escrevi isto em três tempos).

Para as Mães perfeitas.

Já não é a primeira vez, nem a segunda, que leio comentários que vão no sentido do "pensasses antes" e do "agora lida com isso". Desta vez, uma pessoa diz que quer ir ao cinema e que não sabe bem com quem há-de deixar a filha e vem um anónimo dizer algo do género "não a deixo com ninguém", "eu pensei bem antes de ser mãe".

Sim, porque isto de se querer ter um bocadinho de vida para além da maternidade é coisa de alguém que não estava preparada para ser mãe. Sim, porque ser mãe é abdicar de tudo o resto, é viver só para os nossos filhos, não os deixar respirar nem respirarmos nós, é ser escrava da casa, dos jantares, das roupas e sempre de boa cara.

A minha filha é a coisa mais importante da minha vida, não duvidem. Abdiquei de muito por ela e é assim que sinto que faz sentido. No fundo, nem sinto que estou a abdicar de muitas coisas porque adoro a minha vida como ela é agora. Descobri que gosto muito mais de uma ida ao jardim do que de uma ida ao cabeleireiro. Descobri que é melhor fazer um piquenique com amigos do que ir a um restaurante da moda toda aperaltada.

Mas não me lixem. Querer ir ao cinema com o namorado, andar de mãos dadas, ainda para mais enquanto a filha está a dormir não é, de todo, ser egoísta. E mesmo que fosse, não haverá egoísmos que possam ser inofensivos para eles e preciosos para nós ou para as nossas relações?

"Estarmos em casa com a minha filha é o melhor do mundo!!!!", completava. Epa, estar com a minha filha também é o melhor do mundo. Mas ficar com ela, a partir das 20h30, nem por isso (bate na boca porque isto é capaz de ser um discurso anti-mãe-perfeita polémico). Até porque - pasmem-se! - não fala, não faz gracinhas, não reage, não dança, não pede colo, não canta, não chama "mamã", não pede ajuda, não dá gargalhadas, não vai buscar a bola para jogarmos, não fica deitada no meu colo a ver desenhos animados, não precisa de mim, não faz beicinho, não lhe conto uma história, porque - pasmem-se novamente - está a dormir!

Correcção: às vezes até é mesmo o melhor do mundo e sabe-me a pato porque consigo ter uma horinha para mim antes de ir dormir, depois do jantar e de arrumar a cozinha (Ooops! Mais uma declaração anti-mãe-perfeita).

A maternidade é o maior desafio e o mais gratificante mas, bolas!, as mães não podem ter uma folguinha sem se sentirem culpadas? Por que é que pomos todo este peso na maternidade? Por que é que achamos que temos de controlar tudo e que somos insubstituíveis a cada segundo? Por que é que temos de ser a Mãe perfeita? Ou melhor, porque é que a Mãe perfeita tem de ser a mãe abnegada, altruísta, que coloca sempre o mundo e os outros à frente de si própria?

Deixar os nossos filhos bem entregues, por umas horas, não é um abandono. É, muitas vezes, um reencontro connosco.

Pronto, já desabafei. Não quero entrar no pódio das melhores mães do mundo. Cá ficarei, bem longe da meta, a ser o melhor que consigo e a tentar não me esquecer de que, para eu funcionar bem e ser feliz, tem de haver mais mundo para além do Panda e os Caricas e das fraldas com cocó. Vou continuar a deixar-me levar pela cantiga do Demo.