12.31.2014

A vida de um bicho de uma mãe "caseira" muito caseira.

Há as mães que trabalham fora de casa, há as mães que trabalham na casa, há as mães que trabalham em casa, há todo o tipo de mães. E aqui, já elogiámos dois tipos de mães: este e este. Só não continuamos a elogiar as outras porque achámos que mais um post e já parecia graxinha e da barata. 

Eu vou contar-vos como é o dia de um bicho de 9 meses de uma mãe "caseira", muito caseira. 

Para quem não conheça a minha estória, é o seguinte: tive a Irene, licença de 5 meses, fui trabalhar, pedi licença sem vencimento durante um ano e estou em casa, com ela, todos os dias (e também com o meu marido que é freelancer e, portanto, são muitos mais os dias em que estamos juntos - o que às vezes é bom e, noutras vezes, é muito bom). 



8:00 - O bicho acorda. Geralmente acorda bem disposto e a experimentar um som qualquer estúpido que aprendeu no dia anterior. Costumamos achar que ela está numa motinha pelo quarto por causa dos barulhos que faz: brrrrrr brrrrr. 

8:20 - Bicho começa a ficar irrequieto na cama e a mãe ganha coragem de se levantar da cama apesar da noite ter sido um valente cocó. Muitas vezes acorda mal disposta e cheia de vontade que o pai do bicho diga que ela é uma coitadinha e uma valente por passar por tudo isto todas as noites. 

8:25 - Bicho é salvo da cama, dentro do saco de dormir do Ikea. Depois de ter visto os pais a olhar para ela, ainda na sua caminha e de ter dado uns 20 pontapés ao colchão de entusiasmo, escolhemos qual de nós lhe pega primeiro ao colo. Costuma ser o pai. 

8:26 - Pai passa o bicho à mãe porque tem a fralda suja e "é para trocar". Mãe troca, passa creme, põe pomada para o eczema atópico em todo o lado, limpa a cara com soro, aspira os macacos do nariz, tenta pentear o cabelo do bicho, mas sem sucesso. Pega nele, dá-lhe de mamar e leva-o para a cozinha. Sendo que, no caminho, o bicho arrota que nem um velho gordo. 

8:35 - Pai está a preparar "o comer" (como ele adora dizer). Enquanto torra duas torradas de panrico na torradeira e as besunta de manteiga do Auchan, o bicho está ao colo da mãe, ainda estremunhado e a tentar perceber o que se passa (sim, todos os dias). 

8:40 - Pai acaba de encharcar a torrada dele de manteiga. 

9:00 - Pai no sofá a fazer as "suas coisinhas" enquanto o bicho brinca no seu parque com brinquedos com som demasiado alto para a hora (por que é que os da Chicco não dão para regular o volume???) e a mãe vai "dar um jeito à casa". 

9:30 - Mãe volta para a sala, dá miminho ao bicho e o pai também. Pai e mãe costumam ver televisão enquanto o bicho brinca sozinho no parque e vai olhando sempre para a mãe e para o pai para lhes mostrar os brinquedos (são os mesmos todos os dias) ou para ficar 40 minutos a bater palmas e à espera que os pais batam com ela (ficamos imenso tempo nisto). 

10:10 - Bicho começa a ficar enervado com soninho e não se acalma com quase nada. Pai e mãe tentam acalmar, põem na espreguiçadeira e cantam para ela ou falam com ela para ver se lhe passa a neura e, quando se acalma.

10:30 - Pomo-la na cama. Bom, o plural aqui não se aplica com frequência. A mãe é quem tenta mais vezes levá-la para a cama. O pai tem um método e timings diferentes. 

10:35 - Birra. 

10:40 - Maminha para o bucho. 

E agora... 

Opção A: Ou o bicho fica a dormir e a mãe quase que não cabe em si de alegria (e de... banha, mas isso já está habituada). 

Opção B (e mais frequente): 

10:45 - Volta para a sala, para a esprequiçadeira.

10:55 - Já começa a fechar um olho de cada vez e vai para a caminha que até anda de lado (não anda nada, nem gatinhar ainda sabe). 

11:00 - Mãe ou aproveita para ser muito produtiva e trabalha um bocadinho nas "suas coisinhas" nomeadamente blogue ou vai dormir. Também pode tentar ver televisão com o pai do bicho, mas o mais normal é que adormeça. 

12:30/13:00 - Bicho acorda. Muda-se fralda. Tem bónus. Vai papar. Papa. 

13:30 - Pais almoçam e bicho brinca enquanto vai interagindo com os pais, sempre em "conversação". 

14:00 - Mãe e/ou pai brincam com o bicho. Mãe pede ao pai para parar de a abanar como se ela fosse uma vending machine estragada porque, senão, a maravilhosa sopinha de pescada vai para a carinha do pai (seria engraçado de se ver, mas depois não seria engraçado  nem limpar o sofá, nem voltar a dar comida à bebé). 

15:10 - Bicho começa a ficar insuportável, demasiado parecido com a mãe quando ela dorme pouco ou quando dorme muito ou quando dorme mais ou menos. Repete-se rotina da manhã. 

15:30 - Pomo-la na cama. Bom, o plural aqui não se aplica com frequência. A mãe é quem tenta mais vezes levá-la para a cama. O pai tem um método e timings diferentes. 

15:35 - Birra. 

15:40 - Maminha para o bucho. 

E agora... 

Opção A: Ou o bicho fica a dormir e a mãe quase que não cabe em si de alegria (e de... banha, mas isso já está habituada). 

Opção B (e mais frequente): 

15:45 - Volta para a sala, para a esprequiçadeira.

15:55 - Já começa a fechar um olho de cada vez e vai para a caminha que até anda de lado (não anda nada, nem gatinhar ainda sabe). 

16:00 - Mãe ou aproveita para ser muito produtiva e trabalha um bocadinho nas "suas coisinhas" nomeadamente blogue ou vai dormir. Também pode tentar ver televisão com o pai do bicho, mas o mais normal é que adormeça. 

17:30 - Bicho acorda. Hora de brincadeira. Muitos miminhos de toda a gente cá de casa (somos imensos! - Não somos nada, mas pesamos como se fossemos). 

18:10 - Papa. 

18:35 - Brincadeira com mãe e pai para a comida descer e para fazer tempo para o banho. E claro que não só, também porque gostamos do bicho, que parvoíce. 

19:00 - Hora do banho. Creme. Pomadas. Desentupir nariz. Tentar pentear o bicho. Ler o livro. 

19:30 - Caminha. 

19:35 - Birra.

19:35 - Maminha para o bucho.

19:40 - Bicho está em pause. Dorme.

22:30/23:00 - Bicho acorda: quer maminhas.

1:00/2:00 - Bicho acorda. A mãe não sabe o que ele quer. Se não se calar com chucha, espeta-lhe uma das chuchas dela na boca do bicho.

5:00/6:00 - Bicho acorda. A fralda já cheira mal a quem esteja a entrar no quarto. Mãe põe em prática a arte de trocar fraldas a dormir (já explicada neste post) e sai de fininho do quarto. Se não resultar, espeta-lhe novamente os biberões de xixa pela boca adentro. 

E voltamos ao início: 

8:00 - O bicho acorda. Geralmente acorda bem disposto e a experimentar o um som qualquer estúpido que aprendeu no dia anterior. Costumamos achar que ela está numa motinha pelo quarto por causa dos barulhos que faz: brrrrrr brrrrr. 


Nem sei por que é que estou a escrever no final deste post se ninguém vai ler isto até ao fim. É claro que nem todos os dias são assim. Às vezes temos cá visitas (os avós), às vezes vamos passear, mas o normal é isto. Principalmente agora no Inverno :) 

*imagem do site We Heart It.

12.30.2014

Ficas p'raí a chorar sozinho!

Se há coisa que eu nunca vou perceber são mães que deixam os filhos chorar uma hora, duas horas até eles adormecerem. Para mim, é contra-natura. Se o nosso instinto nos impele a protegê-los, para quê contrariar isso? Estamos a criar ditadores e bestas prepotentes? Chorar só faz é bem e abre o pulmão? Palmadas nesses vossos rabos gordos! Levantem-nos mas é e vão mimar os vossos filhos, abraçá-los, dizer-lhes palavras de conforto, levem-nos para a vossa cama, fiquem lá a dormir com eles, façam o pino. Deixar chorar um filho: NÃO! 

"Ah! Mas ele não tem fome, nem a fralda suja, nem frio, é só manha!" Mas por que é que ele querer protecção não há de ser uma necessidade tão importante de suprir como todas as outras? Por que é que havemos de querer bebés de seis meses já autónomos e independentes?

"Olha para esta a falar de barriguinha cheia! Vê-se mesmo que não está privada de sono há meses! Se soubesses o que é não dormir três horas seguidas, ias ver se não tinhas vontade de o mandar pela janela..."

De facto, tenho sorte. A Isabel dorme bem, faz noites de 7 ou 8 horas seguidas, consegue readormecer sozinha, nem sempre, mas quase sempre. Só que o normal é um bebé não conseguir. Ainda por cima, com as diversas fases de desenvolvimento por que passam, as noites podem ficar comprometidas. Se vão para a creche ou se a mãe vai trabalhar, precisam desse conforto extra. Se a minha bebé acordasse de duas em duas horas eu não conseguiria deixá-la a chorar no quarto ao lado para ela aprender a dormir sozinha, simplesmente porque isso não faz sentido! Preferia fazer trinta por uma linha, co-sleeping, dormir a dar-lhe a mão, ler livros e procurar vinte mil especialistas que não me propusessem deixá-los chorar até adormecerem de cansaço ou até vomitarem, tentar alterar a rotina durante o dia, mas nunca deixar chorar!

Até porque é perigoso! O nível de stress é tão grande, que eles produzem elevados níveis de cortisol, uma hormona perigosa para o desenvolvimento saudável do cérebro. Até especialistas que defendiam esse método (Estivill, por exemplo) já se retrataram e disseram que afinal não deveria ser usado para crianças com menos de 3 anos. 
 
"Mas resulta. O meu mais velho deixou de chorar numa semana!" 

O problema é que até pode deixar de chorar amanhã ou para a semana, mas isso não vai significar que não continue a acordar e a ficar stressado e inseguro sozinho! Só vai aprender que não vai valer a pena chorar porque ninguém o vem ajudar. 
Quão triste é isto: um filho sentir-se perdido, precisar da Mãe, mas simplesmente desistir de pedir ajuda?


Atenção: fraldas com faísca!

Epá, isto aconteceu-me no outro dia quando estava a mudar a gorda e achei piada. 

E não é que as Dodot fazem faísca (electricidade estática, presumo)? 

Sim, estive meia hora na cozinha, às escuras, a tentar filmar isto a acontecer outra vez. O que faço por vocês. Sou um amor, não sou? Sou? Então comprem o meu livro. Pronto. 




Correu muita bem, não correu?

Será que foi um devaneio meu a meio da noite tal a minha moca de sono? Ou tal o fedor a peixe do saralhoto da Irene? 

Isto tem de já ter acontecido a alguém. 

Ainda por cima aconteceu-me duas vezes!

Aconteceu?