Ontem contei-vos que a minha vida, aos poucos, se está a compor. Depois de controlar a minha ansiedade, parece que vi a luz e passei a ter noção do quanto me andava a fugir por estar focada em coisas sem interesse. Os dias têm mais horas, tenho o coração mais disponível, sou menos sôfrega e mais eu... enfim, só vantagens.
Isso faz com que, sem ansiedade, agora ande um pouco à (re)descoberta de mim. O que é que é, afinal, importante? Que horários? Que prioridades? Que pressas? Toda a minha infância e adolescência foi muito rigorosa a nível de rotinas e ainda não tinha questionado realmente a pertinência dos costumes que me foram incutidos. Será que têm de ser sempre? Será que às vezes pode não se jantar ou não ser à hora certa?
São coisas que, para as pessoas "normais", parecem imbecis e que nem entendem o propósito de me questionar sobre elas. Têm a resposta na ponta da língua, mas eu não.
Conheci, como já vos contei, a Eugénia. Começou por ser minha hipnoterapeuta (minha salvadora da ansiedade e numa consulta apenas - em mim, mas noutras pessoas pode demorar mais - mudou-me por completo, limpando toda a ansiedade) e agora é minha amiga, família.
Fui lá à casa e pude sentir mais uma vez como se vive num ritmo diferente. E isso sente-se. Sente-se dentro de nós (pessoas ansiosas) aquele relógio que está sempre presente a perder importância. A ocupar menos espaço dentro do nosso coração e, assim, deixando-nos disponíveis para brincarmos mais, rirmos mais e tudo mais naturalmente.
Comeram morangos antes do jantar. Jantaram quando não eram para jantar (os nossos miúdos). Cheguei tarde quando não era suposto e saí tarde e deitei-a mais tarde... Comi panquecas (aveia e banana) quando não devia ter comido...
Adorei estar, mais uma vez, na casa sem horas e apercebi-me que a minha também pode ser essa a casa, sempre que eu quiser. Não ser como sempre não significa ser pior e é nas mudanças e nas experiências que nos damos conta de coisas melhores para por em prática...