Tem, é um facto. Quando a Isabel nasceu, vinha com as orelhas dobradinhas. Depois, passado um mês, começámos a notar que se estavam a afastar cada vez mais da cabeça. No segundo mês, comecei a pôr-lhe fitas, porque li que a cartilagem ainda estava tão molinha (não é este o termo técnico) que ia ao lugar. Andava de fita muitas vezes durante o dia, até ter uns 9 meses, mas para dormir nem pensar porque tinha medo que saísse do sítio e que a sufocasse.
E se se usa aparelhos para corrigir os dentes, por que não algo para corrigir as orelhas? Encontrei um site, que me pareceu revolucionar esta área, o Ear Buddies. Não é um aparelho que se venda na Pixmania, não, não. É uma coisa aprovada por especialistas de saúde britânicos e que pode evitar a realização de cirurgias a longo prazo. Além da orelha de morcego, há outras pequenas imperfeições que podem ser corrigidas com esta coisa, com grandes taxas de sucesso (90%), se aplicado nas quatro primeiras semanas de vida e com valores bastante altos até aos seis meses.
Mais uma vez, pensei que teria de rapar o cabelo à Isabel na zona à volta das orelhas, que teria mais uma preocupação na hora do banho e preocupei-me com aquilo que os outros iam pensar. Admito. Não quis ser a mãe obcecada com a aparência da filha. Depois, tinha gente à minha volta que desvalorizava: "ainda por cima é menina, depois o cabelo tapa". E tinham, em parte, razão.
![]() |
![]() |
Além de sentir que estava a fazer tudo certinho, que era por ela, gostava de lhe ver as fitas.
Várias pessoas me disseram para comprar uma espécie de adesivo na farmácia e lhe pôr. Nunca consegui comprar. Como ela tinha algum cabelo, não a queria magoar.
Depois, andei a pesquisar na net outras formas de contornar a coisa. Sim, sim, que eu vi muito bem o que uma criança com orelhas saídas sofre na escola. Tinha um colega, o João Diogo, que era o "urso". Vi bem o quão cruéis podem ser as crianças umas para as outras. Como mãe, por mais que quisesse pensar que a vou ensinar a gostar de si, independentemente das características físicas, só o facto de pensar que ela podia chorar com as bocas dos outros miúdos, consumia-me um bocado. Confesso. Preocupei-me. Não era coisa que me dava insónias, mas, de vez em quando, pensava nisso.
Depois, andei a pesquisar na net outras formas de contornar a coisa. Sim, sim, que eu vi muito bem o que uma criança com orelhas saídas sofre na escola. Tinha um colega, o João Diogo, que era o "urso". Vi bem o quão cruéis podem ser as crianças umas para as outras. Como mãe, por mais que quisesse pensar que a vou ensinar a gostar de si, independentemente das características físicas, só o facto de pensar que ela podia chorar com as bocas dos outros miúdos, consumia-me um bocado. Confesso. Preocupei-me. Não era coisa que me dava insónias, mas, de vez em quando, pensava nisso.
E se se usa aparelhos para corrigir os dentes, por que não algo para corrigir as orelhas? Encontrei um site, que me pareceu revolucionar esta área, o Ear Buddies. Não é um aparelho que se venda na Pixmania, não, não. É uma coisa aprovada por especialistas de saúde britânicos e que pode evitar a realização de cirurgias a longo prazo. Além da orelha de morcego, há outras pequenas imperfeições que podem ser corrigidas com esta coisa, com grandes taxas de sucesso (90%), se aplicado nas quatro primeiras semanas de vida e com valores bastante altos até aos seis meses.
Em 10 anos, as cirurgias às orelhas (otoplastia) reduziram em 20% no Reino Unido, à conta deste bichinho, que durante a aplicação fica assim:
Mais uma vez, pensei que teria de rapar o cabelo à Isabel na zona à volta das orelhas, que teria mais uma preocupação na hora do banho e preocupei-me com aquilo que os outros iam pensar. Admito. Não quis ser a mãe obcecada com a aparência da filha. Depois, tinha gente à minha volta que desvalorizava: "ainda por cima é menina, depois o cabelo tapa". E tinham, em parte, razão.
Comecei a pensar no miúdo bem disposto que era o João Diogo. Como, já adolescente, era estimado por todos. Era o "ursinho" e pareceu-me sempre bem resolvido.
Desisti rápido da ideia. E a verdade é que deixei de ver. Deixei de ver as orelhas de abanico. Deixei de ligar. Olho para ela, e vejo o todo. Vejo-a linda, querida, feliz. Desculpem o vernáculo, caguei para isso. Caguei para as fitas também, que a deixavam um bocado suada e ela começou a não querer usá-las. Comecei a usar lacinhos. E a amá-la como ela é. Foi um processo de aprendizagem, porque durante algum tempo pensava no que a minha filha diria, dali a uns anos, sabendo que eu podia ter feito alguma coisa para contornar isto. Queria fazer tudo por ela, tudo. Hoje sinto-me bem com a minha escolha.
E sabem o que descobri, só depois de ser mãe? Que também eu tenho orelhas bastante saídas e nunca tinha reparado. Porque quando se está de bem com a vida, os pormenores não interessam nada.
Desisti rápido da ideia. E a verdade é que deixei de ver. Deixei de ver as orelhas de abanico. Deixei de ligar. Olho para ela, e vejo o todo. Vejo-a linda, querida, feliz. Desculpem o vernáculo, caguei para isso. Caguei para as fitas também, que a deixavam um bocado suada e ela começou a não querer usá-las. Comecei a usar lacinhos. E a amá-la como ela é. Foi um processo de aprendizagem, porque durante algum tempo pensava no que a minha filha diria, dali a uns anos, sabendo que eu podia ter feito alguma coisa para contornar isto. Queria fazer tudo por ela, tudo. Hoje sinto-me bem com a minha escolha.
![]() |
![]() |