Não quero ter a barriga da Carolina Patrocínio, porque isso
implicaria um esforço hercúleo e uma determinação que eu não tenho. E sinceramente, não preciso de tanto para me sentir bem e bonita. Mas se
ficar com 1/8 do gosto dela por ter uma vida saudável, fico contente.
Escrevi há três meses
este post (olhá magra!) a dizer que este corpo feito de gelatina ia ficar uma rocha. O que é que eu fiz entretanto para que isso acontecesse? Nada.
Hoje tudo vai mudar. Mais não seja porque fui comprar uns ténis à séria.
São de homem? São. Acontece que, pelos vistos, as lojas da especialidade não fazem (ou não encomendam) 42 para mulher. Temos pena. São confortáveis, super maleáveis e espero que se tornem os meus melhores amigos.
Acabaram-se as desculpas. A sério.
Admiro o à-vontade da Joana Gama em dizer que a barriga dela parece as velas das igrejas a derreter (
neste post maravilhoso) e admiro essa capacidade de aceitação. Acho que revela até alguma maturidade. Acho que "eu não sou a minha barriga" dava um slogan fantástico daquelas campanhas da Dove em que incluem "mulheres reais", expressão cada vez mais em voga. Mas eu não consigo ter esse poder de encaixe. Tenho 28 anos e não me contento com uma barriga a desfalecer nem com um rabo que já vai nos joelhos. Já basta as mamas terem ficado uns saquinhos de chá tamanho XXS, mas quanto a isso nada posso fazer. Poder até posso, mas é caro (hehe).
Não vou ser hipócrita e dizer que o que mais me impele a fazer exercício é a vida saudável, porque essa não é para já a motivação número um. É estúpido, mas é verdade. É a motivação número dois e um dia ainda há-de ser a um. Já notei que, depois de ter sido mãe, tenho tido mais dores de costas. Convém fortalecer os músculos e sobretudo a zona lombar. Além disso, quero voltar a sentir-me feliz a fazer exercício e deixar de praguejar e dizer que quero morrer. Quando era miúda, praticava basquetebol, natação, ginástica, danças de salão e era uma alegria enorme mexer-me. Porque é que me tornei tão sedentária e acomodada, quando fazer exercício nos traz felicidade, alivia a tensão e faz tanto por nós?
Acabaram-se as desculpas. Os meus horários às vezes são malucos, não sou muito organizada, mas se me consegui organizar para as refeições, também vou conseguir encaixar 40 minutos diários de exercício. Não sempre, mas sempre que possa. Acho que perco muito tempo da minha vida no Facebook, por exemplo. E no Instagram. E no Whatsapp. Vai-se a ver e passo lá 40 minutos diários, por isso basta redefinir prioridades.
Acabaram-se as desculpas. Se tive força de vontade para fazer uma dieta, com nutricionista, quando comer é das coisas que mais gosto de fazer, também vou ter força de vontade para fazer do exercício uma prática diária. Ou pelo menos semanal. Sempre é melhor do que agora, que é zero.
Mais não seja porque gastei dinheiro nuns ténis (estou a ser irónica, ok?). Mais não seja porque vos vim contar tudo isto, de forma a não fugir depois com o rabo à seringa. Mas faço-o principalmente por mim.
Fica a fotografia do Antes. Daqui a três meses venho pôr a do Depois.
Agora não me venham com aquela história das obsessões e de não ter mais nada que fazer na vida, que essa não cola. Acho que, algumas vezes, a falta de tempo são desculpas esfarrapadas que arranjamos para a nossa falta de vontade.
Bem sei que ser mãe, trabalhar, ter horários loucos, enfrentar o trânsito, apanhar transportes, ir buscar os filhos, ter de fazer jantar e almoço, arrumar tudo, tratar da roupa, tudo isso nos ocupa 90% do tempo. E dormir (o pouco que as crianças nos deixam), parecendo que não, também faz falta. Mas há casos - e acho que é o meu - em que basta ser mais organizada e perder menos tempo com futilidades. E não, fazer desporto não é uma futilidade. É, a par de uma alimentação equilibrada, a coisa mais importante que damos ao nosso corpo. E eu quero viver muitos anos. É que quero mesmo!
Começa agora esta aventura. Se sobreviver ao treino de hoje com a Carolina, venho cá logo à noite contar como foi.