11.25.2019

Mais um podcast: como ser freelancer?

Já tínhamos falado sobre isto em vídeo. Acho que foi logo num dos primeiros meses! Ainda estávamos cheias de moral e de esperança que este estilo de vida fosse preencher todos os nossos maiores sonhos. Agora, um ano mais tarde, o que sentimos em relação a isto?

Aqui ainda estávamos as duas com as preocupações normais de quem tem um emprego estável. 


Estes bichos doidos da comunicação são freelancers há um ano. Ou perto, vá. Conseguimos usufruir da nossa liberdade e almoçar a meio do podcast, esperamos que não se importem (muito). No entanto, talvez tenhamos ajudado a construir um cenário mais realista para quem esteja na dúvida ou precise de um último empurrão para seguir em frente com os seus sonhos. Ou então, talvez os derradeiros testemunhos para se deixarem estar no quentinho do vosso contrato de trabalho. De nada, Mundo.


Também podem ouvir nos podcasts da Apple mas sou azelha e não consigo retirar o link direito para pôr aqui. Não vai ser por isso que não vão ouvir, pois não? Nãaaaao!
Se quiserem ver o vídeo em que ainda estávamos com cara de quem estava confortável na vida, está aqui: 





Todos os domingos temos um vídeo novo para vocês. Continuámos com o jogo das perguntas da semana passada e, desta vez, o alvo foi a Joana Paixão Brás. Querem ver? 




Outra novidade: associámo-nos à Science4you para vos trazer um desconto de 10% em tudo o que comprarem por lá com o código AMAEEQUESABE, sendo que recomendamos encarecidamente as estufas de morangos, melancias e meloas. Uma prenda educativa, sustentável e comestível. Além de servir para os vossos filhos no natal (e sobrinhos, etc) ou para os próximos aniversários. Podem comprar já aqui, por exemplo ;)




Ainda não estou preparada para falar disto, mas...

Hoje foi o Dia Internacional da Violência Contra as Mulheres e passei-o na Conferência da Associação Corações com Coroa na Gulbenkian. Já não é a primeira vez que colaboro com a associação, a Joana Paixão Brás e eu já participamos e foi muito agradável e produtivo (podem ver aqui o vídeo).

Desta vez, fui eu e a Rita Camarneiro. A ideia era pegar numa campanha sobre os ditados populares pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género e ser um comic-relief a meio da conferência. 

Claro que sabíamos que não íamos exactamente para um bar fazer comédia, mas também não estávamos à espera de sermos atropeladas por tantas emoções. Enquanto esperávamos e ouvíamos os testemunhos de várias vítimas auto-empoderadas a partilharem os seus testemunhos de enúmeros tipos de violência e discriminação ficámos sem ar, chorámos e sentimo-nos minúsculas. Senti-me também esperançosa e cuidada ao saber que há quem se mova por estas causas a um nível mundial e tão individual ao mesmo tempo.



Custa-me que a conclusão actual seja que "o Mundo está perdido" porque o que vi hoje foi um grupo enorme de pessoas que irradia força, energia e... equilíbrio, caramba. Que bom ouvir outras pessoas a falar e tão bem, com tanta certeza... encheu-me de esperança. 

Uma das coisas em que pensei foi o que podemos fazer no nosso dia-a-dia de forma a entreajudar-nos mais. E um dos ângulos desta campanha é precisamente questionarmo-nos sobre o que já está enraizado na nossa cultura até tendo os tais #ditadosimpopulares por base. 

Se é verdade que temos de respeitar a privacidade uns dos outros, também é verdade que devemos zelar uns pelos outros e até que há várias formas de o fazer. Entre marido e mulher não se mete a colher?

Após uma breve pesquisa, deparei-me com o site da APAV que fala dos "sintomas" a que devemos estar atentos nas pessoas que nos rodeiam que poderão indiciar uma situação grave: 


Apoiar um amigo, amiga ou um familiar

A ajuda inicial de um amigo ou amiga ou de um familiar pode ser crucial para que a vítima de violência doméstica fale e peça ajuda para tentar sair da situação de violência em que vive e com que tem de lidar sozinha.
O silêncio facilita a existência e a continuação da violência. O papel do/a amigo/a ou do familiar pode ser o início do fim da violência.
Tome atenção aos seguintes pormenores:
Se o/a seu/sua amigo/a ou familiar está...
  • anormalmente bastante nervoso/a ou deprimido/a;
  • cada vez mais isolado dos amigo/as e familiares;
  • muito ansioso/a sobre a opinião ou comportamentos do seu/sua namorado/a ou companheiro/a;
  • com marcas não justificadas e mal explicadas, por exemplo, de nódoas negras, cortes ou queimaduras;
Ou se o/a namorado/a ou companheiro/a do seu/sua amigo/a...
  • desvaloriza e humilha o/a seu/sua amigo/a à sua frente e de outras pessoas;
  • está sempre a dar ordens ao/à seu/sua amigo/a e decide tudo de forma autoritária;
  • controla todo o dinheiro e os contactos e saídas sociais do/a seu/sua amigo/a.
Podem indicar que o/a seu/sua amigo/a pode estar a ser vítima de violência doméstica. Contacte a APAV: 116 006 ou através da Rede Nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima ou apav.sede@apav.pt


Poderá também ser interessante visitarem o site para saberem o que não fazer quando falarem com uma suposta vítima e também tentar perceber qual a posição das mesmas nas relações para terem cuidado com o vosso julgamento. 

Confesso que é sempre mais óbvio e directo empatizar com a situação da vítima, mas apelo também a que todos consigamos perceber que o que nos leva a termos comportamentos sociais inaceitáveis são deficiências sociais, educativas ou personalísticas. Importante, digo eu, tratarmos deste problema como um problema de todos (e todas as vertentes do mesmo) e de uma perspectiva profilática e não só (embora crucial) imediata. O apoio psicológico, a saúde mental deveriam ser uma das maiores prioridades para garantir que não há tantos humanos a viverem nestas condições em que se vêem inevitavelmente colocados numa posição de vítimas de agressão ou de agressores. 

Ajuda-me também reflectir o que quero passar à minha filha com isto. Quero que ela seja segura, confiante e que tenha um significado muito saudável e positivo do que é amar e ser amada. Quero que ela não acredite em príncipes encantados que nos tragam a salvação mas que ela sim, é a responsável pela sua própria felicidade e que poderá encontrar alguém com quem a partilhar e que a abrilhante. 

Acho que a missão começa muito em nós, mães. Mães de rapazes, mães de meninas (pais, também, claro, mas reparem no nome do blog, vá haha) que temos o peito cheio de amor para dar e que temos uns bons anos repletos de oportunidade para ajudarmos à construção de indivíduos construtivos, empáticos e confiantes para este Mundo. 

Somos todos tão importantes e podemos ser ainda mais. 


11.24.2019

Perguntas à Joana Paixão Brás



Fico sempre nervosa quando a Joana Gama me faz perguntas. Primeiro porque ela tem pouco filtro (e é por isso que ela tem tanta graça e é por isso que gostamos tanto dela) e depois porque tanto podem vir de lá perguntas existencialistas como podem vir perguntas que envolvam cocó. 

Aqui houve um mix. Ficam a saber que:
- não tenho nenhuma tara que envolva chamarem-me Sheila na cama
- eu era rato de biblioteca 
- tenho uma pessoa por perdoar


E muito mais. Vale a pena? Vale, mas eu sou suspeita. E humilde. :)




Entretanto, sabem que temos um podcast? Chama-se "a Mãe é que sabe", mas é onde falamos sobre tudo menos maternidade. Só para desenjoar um bocadinho. Quando estiverem a emparelhar meias ou no trânsito, somos boa companhia para desanuviar. Sexo, medos, amizade entre mulheres, sonhos, blogues: já houve de tudo e revelações bombásticas, como no Correio da Manhã, mas em bom. Podem seguir-nos no SpotifyApple PodcastsSoundCloud e Anchor FM



Para além disso, associámo-nos à Science4you para vos trazer um desconto de 10% em tudo o que comprarem por lá com o código AMAEEQUESABE, sendo que recomendamos encarecidamente as estufas de morangos, melancias e meloas. Uma prenda educativa, sustentável e comestível. Além de servir para os vossos filhos no natal (e sobrinhos, etc) ou para os próximos aniversários. Podem comprar já aqui, por exemplo ;)


11.22.2019

5 anos depois: adormece sozinha!!!

Confettis, pandeiretas, champagne (que era basicamente o que eu precisava antes de as ir adormecer para ir relaxadita e sobreviver aos mil pedidos de água, xixi, calor, tapa, destapa)! 

A Isabel pediu-nos FINALMENTE para dormir sozinha! 

E não, não foi fogo de vista. Demorei a vir aqui contar isto porque não estava bem a acreditar. Pensei "uhmmm, deve-se ter enganado", "é só hoje". Mas não! 4 dias depois, despede-se com um beijo, aninha-se ao peluche, gato aos pés dela e adeuzinho, até amanhã. 

Claro que isto (ainda) não me facilita muito a vida, porque ainda tenho de adormecer a Luísa, isto é, estar ao lado dela para que durma. E a Luísa demora, se for preciso, uma hora até cair para o lado. Mas dá-me esperança. Pode ser que a Luísa, com 5 anos, também siga as pisadas da irmã. Pode ser que isto não dure até aos 10 anos.

Eu já me tinha mentalizado: "não posso deixar coisas importantes por fazer depois de elas adormecerem". Ou porque eu adormecia com elas  e lá ficava até ao dia seguinte, ou porque acordava toda "zazada" e enervada por ter adormecido. Tentava que os pratos ficassem na máquina, cozinha orientada, pijama vestido (caso adormecesse) e cara lavada. Vários dias em que assumi que me ia deitar e dormir, mesmo. Mas depois vi pelo meu relógio (que é daqueles todos inteligentes que me dão a qualidade de sono, etc) que andava a dormir demasiado e que o meu metabolismo assim também ficava lentinho (aquela lógica do "quanto mais se dorme, mais sono se tem"). Chegava a dormir 11 horas, deitando-me logo com elas - e o pior é que a qualidade do sono não era boa (demasiado sono leve e pouco sono profundo, por exemplo, e 4 despertares).

Mas bem, isto para vos dizer que, apesar de ainda ter de adormecer a Luísa (levo-a para o meu quarto para que a Isabel possa então adormecer sozinha, tal como nos pede), fiquei feliz por mais este passo no crescimento da minha filha. E também feliz por não ter sido eu a definir este timing: foi ela.

Claro que havia momentos ternurentos e queridos quando me punha no meio das duas a adormecê-las, cada uma deitada sobre um braço meu, cabeça no peito. Claro que um dia vou ter saudades. Mas muito sinceramente, era chato para a Isabel, que adormecia mais rapidamente "ter de levar" com a Luísa a pedir mil coisas, a esfregar a perna na parede, a tirar meias, a falar. Acabava por ser mais stressante para todas. Nem sempre, mas há momentos que me ficam na memória, da Isabel já a chorar a pedir à Luísa para se calar. 

Posto isto, menos um problema. Ainda não é o ideal: assim que a Luísa adormece na minha cama, levo-a para a delas e depois, durante a noite, claro que volta para a minha. Mas tudo bem, não nos chateia. Sinceramente, depois do que passámos sem dormir com as miúdas, esta fase é a MELHOR DE TODAS ATÉ AGORA. ESTÁ ÓPTIMO. JÁ NEM PEÇO MAIS NADA. 

Nota-se um bocado o desespero de anos? Pronto, já passou, inspira, expira. A verdade é que nos fomos moldando às necessidades delas e damos por nós a partilhar camas, a fazer o jogo das cadeiras em modo cama e a nunca saber bem onde vamos acordar no dia seguinte. Paciência, não é um BIG DEAL para nós. Mas sabe bem ver que fica cada vez mais fácil.


Nada a ver mas escrevi ontem sobre os meus desejos para as nossas férias de Natal: ando a ver destinos para ir de carro ou então de autocaravana. Acabei de instalar uma app chamada park4night para perceber aonde poderíamos pernoitar. Por mim, passaríamos pela Serra da Estrela ou iríamos até San Sebastian. Nunca fomos (só fui até Bilbao) e adorava conhecer. É péssima ideia em dezembro? Contem-me tudo.


11.21.2019

A sonhar com as férias de Natal... sou só eu?

Ainda não temos planos. Só a ideia de estarmos os quatro em casa de pijama, a brincar, a comer castanhas (e a dar puns e a rir muito, tudo incluído), a ver filmes e a ter tempo em família, já me agrada. Não sou a maior amante do inverno, não sou mesmo. Menos sol na fronha deixa-me mais deprimida, a conta da luz à conta - passo a redundância - dos aquecedores ligados deixa-me nervosa (e esta casa, mesmo com polares e robes vestidos é um gelo, credo!), dias mais curtos e escuros e menos idas à praia e por aí fora, dificuldade em secar roupa (que nervooooos), e por aí fora. Mas há que aproveitar o que de bom esta época nos traz e poder estar mais em casa, receber família ou visitar a família é mais que bom. Adoro o Natal.

Anseio pelas férias do Natal desde setembro (ahah). Já pensámos em ir uns dias para Évora, casa dos pais do David, já pensámos ficar por casa uns quantos, mas agora tenho pensado na hipótese de ir de autocaravana dar uma volta 4 ou 5 dias por Portugal. Nunca o fizemos e seria tão giro. Já está nos nossos planos há uns três anos e desde que a Joana Gama partilhou aqui a experiência, ainda com mais vontade fiquei.

Se não, gostava de ir até à Serra da Estrela (só a Isabel ainda foi e com os avós) dois dias. Acredito que seja, no entanto, um destino bastante concorrido nesta altura do ano. Onde ficar alojados? O que visitar nas redondezas? O que aconselham naquela zona? 

E vocês, o que planeiam fazer no Natal? Vão à terra?


(Que sonho de casa, hein?)

11.17.2019

Chamei o 112 e não sabia se podia sair de casa.

Não se ponham com "ai, lá está a Gama com os títulos sensacionalistas" porque foi mesmo o que aconteceu. Confesso que só agora, passado uma semana, consigo escrever sobre o assunto porque tive ainda de me reequilibrar. Perdi um bom pedaço do sentimento de segurança relativamente à nossa casa e acho que só agora estou a recuperar. 

Ora, só para que tenham uma noção, era uma da manhã. Aqui a gorda já tinha adormecido a ver uma série da Netflix e comido meio kg de amendoins. De repente, ouve uma explosão. Acorda um bocadinho, mas pensa "caramba, os meus sonhos estão a ficar mesmo vívidos..." e manteve-se deitada. Vou só parar de falar de mim na terceira pessoa, vá. Depois, começou a cheirar-me a bolo (??) e a borracha queimada. Por acaso - não é meu costume levantar-me - levantei-me para ver o que se passava e, quando fui à cozinha, já não conseguia ver nada. Estava tudo cheio de fumo e tornava-se impossível respirar. Corri para fechar a janela oscilo-batente e também fechei outras janelas que estavam assim para arejar a casa.

Reparei que a loja do r/c estava a arder. E apressei-me a ligar para o 112. Disse onde era o incêndio e perguntei se podia sair de casa e o técnico disse-me que não sabia. Irritou-me na altura porque "é esta a utilidade do serviço de emergência??", mas depois lembrei-me que o senhor sabia lá como é que estava a minha casa, se era um prédio ou não ou o quer que fosse. Antes assim do que me mandar sair e ficarmos as duas fritas à saída do apartamento... 



Os bombeiros chegaram rápido, ainda que me tivesse parecido uma eternidade. A minha querida vizinha veio bater-me à porta quando acordou para me avisar do incêndio e acho que aí saí "do choque" e apercebi-me que tinha de tomar decisões. Acordei a Irene e pu-la na casa da vizinha a brincar com a filhota bebé (acho que acabou por não ser grave para nenhuma das duas visto que puderam brincar enquanto os adultos se esvaiam de pânico). Depois fui fazer uma mala com o mínimo indispensável: documentos, carregador telemóvel, medicamentos para as convulsões da Irene e ténis para ambas. 

Ficámos à espera de saber se o fogo tinha ficado controlado. Os bombeiros depois vieram com uma ventoinha gigante ventilar a nossa casa, mas era impossível dormir aqui durante mais de um par de dias. O ar estava irrespirável. E ainda bem que a vizinha nos deu guarida. Afinal já eram praticamente 4 da manhã. 

Na manhã seguinte, reparo que a casa continua sem condições para ser habitada e que tinha de ser feita uma limpeza a fundo, assim como pintar as paredes. Assim foi. Mas, como vos disse, só agora, uma semana depois é que estou a voltar a sentir-me segura aqui, por muito tonto que isso pareça porque seria altamente improvável voltar a acontecer o mesmo. 

Lado positivo? A relação com os vizinhos ficou mais próxima, fomos dormir a casa do meu pai e foi uma noite gira, a Irene passou o dia com a avó e foi ao cinema e eu passei a dar ainda mais valor ao conforto que temos por termos uma casa porque foi terrível não ter onde estar durante esses dias. 

Já passou. Já está. 

Entretanto, sabem que temos um podcast? Chama-se "a Mãe é que sabe", mas é onde falamos sobre tudo menos maternidade. Só para desenjoar um bocadinho. Podem seguir-nos no SpotifyApple PodcastsSoundCloud e Anchor FM. Talvez sejamos boa companhia para o final do dia no carro a caminho da escola deles, por exemplo. ;)

Podem subscrever no nosso canal no youtube aqui ao lado e ainda podem fazer parte do nosso projecto "a Mãe é que sabe ajudar" em que vamos a casa da família vencedora, damos uma ajuda no que for preciso e levamos bens connosco para dar um fôlego nalgumas necessidades e conforto. Se quiserem entrar em contacto connosco, têm o nosso e-mail aqui


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Nem sabemos se devíamos publicar isto.

Podíamos dizer que estivemos durante imenso tempo a pensar nas perguntas que fizemos uma à outra, mas não é verdade. Até éramos para gravar outro vídeo a gozar com um anterior, mas acabou para ficar para a próxima semana. Apeteceu-nos dar-nos um pouco mais a conhecer já que normalmente só falamos das nossas filhas... Aqui vão umas quantas perguntas (umas mais difíceis que as outras) e também, claro, as respectivas respostas. 

A verdade é que fomos brutalmente honestas e, esta que vos escreve (Joana Gama) estava indecisa se avançava com a publicação, mas siga. O que há a perder? 




Já agora, no próximo domingo, fica a continuação. As perguntas à Joana Paixão Brás.... UHHHHH!!!






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11.15.2019

Desculpem, filhas

Desculpem, filhas.
A mãe errou.

A mãe não soube lidar com uma birra enorme e demorada. A mãe estava cansada. A mãe tentou várias coisas que não resultaram. 

Depois de eu ter avisado várias vezes que se não viessem para a cama, não poderia haver história, porque estava mais que na hora de dormirem, cumpri. Cumpri, mesmo sabendo que, muito provavelmente, haveria choro, pedidos de desculpa, promessas, pedidos desesperados e até gritos. 

E houve, houve tudo isso, mas numa proporção difícil de qualquer ser humano - que não um monge eremita - aguentar.

Falei em voz calma. Disse que não poderia ler a história, senão não estaria a ser uma boa mãe. Que para a próxima, não se lembrariam que é importante cumprir o que a mãe diz. Continuariam, todos os dias, a não ouvir a mãe. E que, assim, no dia seguinte, se iriam de certo lembrar. Que a mãe cumpre o que avisa. Que se a mãe explica uma vez, duas vezes, por que razão têm de ir para a cama contar a história nos próximos minutos: senão não dormem o suficiente. As escolhas têm consequências. E eu levei a consequência até ao fim.

No meio da birra, saí do quarto para me acalmar. Falei de forma calma. Dei água. Ofereci abraços e colo a cada uma. Dei colo a cada uma. E nada vos faria acalmar nos minutos que se seguiram. Foi desesperante. 

Eu sei que não estavam a fazer aquilo para me desafiar, para me irritar. Eu sei que estavam com sono e cansadas e frustradas. Eu sei disso tudo e sabia. E devia ter mantido o controlo. Mas não mantive. Cada uma levou uma palmada, acho que ao mesmo tempo, com cada uma das minhas mãos, quando me tentava levantar para me ir acalmar e se agarraram a mim como lapas aos gritos. Nem me lembro aonde vos acertei. Acho que nas pernas? 

Odiei a sensação. Não acho que "estavam a pedi-las". Não acho que "mereceram". Não acho que "tinha de ser". Nem que "as crianças de hoje em dia têm é falta de palmadas". Muito menos que "uma palmada na hora certa" faz falta. De tudo o que tenho lido, de estudos científicos feitos, de pedopsiquiatras, psicólogos, e também de educação com apego e disciplina positiva, nada parece apontar que faça falta, muito pelo contrário. A ciência evoluiu para estar do vosso lado, do nosso lado. Para que compreendamos melhor como funciona o cérebro de uma criança. Que tem neurónios-espelho, que reproduzem e imitam o que fazemos e que, também por isso, nunca os gritos e palmadas resultarão a longo prazo - e só farão com que os imitem. Que há um espectro enorme entre autoridade e permissividade. 

Eu sei disso tudo, mas, nesta noite, não consegui. 
Mas de nada serve a culpa, vamos a estratégias para que não volta e acontecer. Por vocês, mas também por mim. 

- durante a semana, vamos experimentar não ter cá em casa vizinhos, que ficam mais excitadas;
- nos dias em que vos vou buscar mais tarde, como foi o caso (18h), tem de haver à mesma um tempinho para brincarem só as duas, livremente 
- antecipar ainda mais os horários / sequências do que vem a seguir: "depois de lavarmos os dentes, contamos logo a história, para termos tempo para tudo", para não ser tão em cima o aviso
- voltar a fazer yoga e meditação, para voltar a ter mais paciência

Sei que já me desculparam. Eu também já. Errar é humano. Continuar a errar sem tentar fazer nada para evitar errar é que já me parece um bocado totó.

Se tiverem desse lado alguma dica (dentro da disciplina positiva, ser ser "eu daria uma bordoada a cada uma logo no início que é para verem quem manda", pff), sou toda-ouvidos. 


11.12.2019

Usar aparelho com 5 anos - porquê?

Há cerca de 3 semanas, a Isabel começou a usar aparelho. Eram notórias, cá em casa e até junto da pediatra, não só a forma mais "ciciosa" de falar (os ésses mais carregados), assim como a forma como punha os dentes de cima em cima do lábio de baixo. Por isso, depois de duas consultas na odontopediatra, raio x e avaliação, decidimos avançar com um aparelho miofuncional. Além disto, iremos pedir avaliação de um otorrino e queremos também ter consulta num terapeuta da fala (deverá precisar de fazer terapia miofuncional), de forma paralela.

Mas que tipo de aparelho é este? 
Com dentes de leite, vale a pena? 
Não é muito nova? 

Condensei algumas das vossas perguntas no instagram (que eram também as minhas antes de iniciar este processo) e resolvi, com a ajuda da odontopediatra da Isabel, a Dra. Beatriz Jordão, Directora Clínica da Clínica Dentária do Lumiar e a maior com crianças, responder às vossas dúvidas.

[as miúdas adoram lá ir, tem um jeito muito especial para falar - e brincar - com elas, além da sala ser completamente desenhada para os receber - desde músicas da Disney, a tablet, a phones, para que não ouçam barulhos mais chatos em algum procedimento, cadeira adaptada, brinquedos... etc etc].



Vamos a isto.

O que são, como funcionam e para que servem estes aparelhos? 

São aparelhos para corrigir os maus hábitos miofuncionais (hábitos dos músculos à volta da boca, da língua, da mastigação e da respiração). Corrigem a forma da boca e melhoram o alinhamento dos dentes, através da posição correta da língua e dos lábios. A chave para este tipo de tratamento é corrigir a posição e função da língua, treinar os músculos da cara para que não façam forças contrárias aquelas necessárias para o desenvolvimento dos ossos dos maxilares. Os aparelhos são desenhados de forma a que a língua tenha um sítio específico para se posicionar, ficando na posição correta na maxila, a musculatura oral seja estimulada ou descontraída para que o crescimento ósseo dos maxilares possa acontecer.

Porquê nos dentes de leite, porquê usar tão cedo? 
São utilizados maioritariamente em crianças com dentes de leite ou dentição mista (quando ainda estão a trocar os dentes) porque funcionam através do crescimento facial, potenciando-o. Até por volta dos 8 anos temos ainda um grande crescimento facial nas crianças. Estes aparelhos guiam esse crescimento de forma a prepararem a os maxilares (língua, músculos, etc) dos mais pequenos para receber os dentes definitivos da melhor forma e evitar tratamentos mais complexos no futuro.

Sempre ouvir dizer que aparelho só em dentes definitivos… podia explicar melhor? 

Estes aparelhos miofuncionais não são aparelhos para os dentes, são aparelhos para “a cara no geral”. São aparelhos para a língua, para os músculos, para os lábios, para os ossos e acima de tudo para alterar hábitos. Hábitos que nem sempre são conscientes (como o da Isabel – por oposição a hábitos tipo chupeta e assim) e nestes principalmente precisamos deste tipo de dispositivos para nos ajudar a eliminá-los. Ainda assim… aparelho só em dentes definitivos = mito 

Exemplos práticos de necessidade
- O caso da Isabel que “morde” o lábio de baixo com os dentes de cima projectando-os para a frente
- Crianças que dormem de boca aberta: como a boca está aberta, a língua fica numa posição incorreta e empurra os dentes e faz um arco na forma da boca
- Mastigar sempre para o mesmo lado e/ou demorar muito tempo a comer ou não gostar de coisas duras - pode ser sinal de necessidade de aparelho porque os dentes “não encaixam bem” e por isso demoram mais tempo a exercer a sua função (mastigar) ou fazem-no sempre melhor de um lado.

Qual a duração e o preço do tratamento? 

A duração depende muito do problema e também da colaboração do paciente, porque a maioria destes aparelhos são removíveis e se não são colocados na boca não funcionam.

Também existem opções fixas (não para o caso da Isabel) e com essas o tempo de tratamento pode ser muito mais curto (3 a 6 meses em média). Mas cada caso é um caso e tem de ser feito um estudo individual para cada um.

A Isabel não é muito nova para usar aparelho? Afinal os dentinhos dela ainda vão cair…

Estes aparelhos podem ser usados a partir dos 3 anos, a Isabel já tem 5. Até a Luísa já poderia usar se precisasse (não precisa, felizmente!). Os dentes ainda vão cair sim, mas não estamos a tratar os dentes que estão neste momento na boca dela, estamos a preparar a chegada dos próximos! Se não atuarmos, já a probabilidade dos definitivos nascerem e ficarem inclinados é grande, com este aparelho estamos a diminuir um pouco essas probabilidades.

A minha filha de 5 anos usa há 2 semanas para correção da mordida cruzada, será o mesmo?

Talvez sim, mas existem muitos tipos de aparelhos miofuncionais. Para a mordida cruzada até é bastante comum usarem-se soluções fixas. Faz com que endireite os dentes? Sim, pode fazer. No caso da Isabel não é esse o objectivo para já, o objectivo é que os definitivos não tenham o mesmo problema. Os dentes da Isabel neste momento são de leite, no entanto mesmo os de leite podem endireitar quando bem usado o aparelho.

Quando usa?

Idealmente 1h por dia em casa e durante toda a noite.

Qual é o problema da Isabel?

Classe II divisão 1 com hábito sucção não nutritiva do lábio inferior.

Também dá para quem chucha no dedo? O meu filho tem 5 anos… 

Os hábitos de chuchar no dedo, ou noutra coisa qualquer, depois dos 3 anos deixam conformações maxilares anormais, normalmente chamada mordida aberta. Estas alterações devem ser corrigidas o mais rápido possível, para tentar reverte-las ou melhorar a forma para os dentes definitivos. Dedos e chuchas têm uma componente psicológica associada e o aparelho não substitui isso, obviamente.




A Isabel recebeu muito bem esta notícia. Não vos vou dizer que não lhe custa nada (nos primeiros dias, dizia que lhe doía um bocadinho, além de não saber bem o que fazer a tanta saliva) e não é fácil fazer com que o aparelho aguente na boca dela a noite toda. Já cheguei a acordar para procurar o aparelho e lhe colocar a meio da noite. E já houve noites em que deve ter estado, no máximo, umas 4 horas com aparelho. Mas noto que, com o tempo, ela se foi habituando bastante à ideia, que já se preocupa em pôr o aparelho mal lava os dentes; brinca um bocadinho ou lê as histórias já de aparelho; já faz parte da rotina dela. Acho que mais duas semanas e já está tudo mecanizado. Acreditam que fiquei a admirá-la ainda mais depois de ver a forma determinada e resiliente como encarou isto? Mega orgulhosa.

Se tiverem mais dúvidas e quiserem partilhar, comentem, que tentaremos responder, sim?

Obrigada à Dra Beatriz por nos receber sempre tão bem. Há pessoas mesmo talhadas para a profissão que têm.




11.11.2019

Namorado aos 5 anos?

Hoje fui chamada à casinha (até gosto do nome, apesar da piroseira) para me ser comunicado que minha filha teria iniciado a sua primeira relação amorosa. Não só que tinha acontecido como que tinha sido ela a tomar iniciativa. 

Achei amoroso, claro. Especialmente porque sempre tive cuidado de não empolar o lado romântico na Irene. As crianças devem ser crianças e sinto que não se deve espevitar o "já tens namorado?" e a questão do casamento e família. Já chegam as imposições da sociedade - umas mais silenciosas que as outras - e haverá sempre tempo para lidar com elas. No entanto, ela convive com os amigos, há de ver desenhos animados em que tal acontece e, por isso, "limito-me" a oferecer o contraditório. Falando da importância da amizade, tentado explicar o que é o amor e como devemos tratar os outros e sermos tratadas. 

O namorado "emprestado" da minha filha - porque "não damos beijinhos, mãe, por causa dos micróbios" - ofereceu-lhe hoje umas cartas Pokémon e ela tem o desenho de retribuir com uma carta de amor que escreveu sozinha - com tantos erros, que amor - para ele: "Crido XXXX, cria faser esta carta namorado". E amanhã lá vai ela entregar-lhe. 


Giro que quando ela lhe pediu em namoro, ele primeiro disse que ia pensar e só depois voltou com a resposta afirmativa. Disse que passaram o almoço todo a chamar-se namorado um ao outro. 

Claro que me ri, claro que dei a devida importância que isto tem para ela. Dei o meu melhor para não empolar, mas para pegar na situação e explicar-lhe mais algumas coisas, nomeadamente que, se o namoro um dia acabar, que é importante e possível que os dois fiquem amigos tal como a mãe e o pai ficaram. 

"Ou namorados para sempre como os avós", disse ela. 

O pai, ao telefone, quando ela lhe quis contar depois também frisou que ela deve ser sempre tratada com carinho e respeito e ela disse que já sabia. Além de lhe ter perguntado se o rapaz não teria a idade do pai só para ficar descansado, ahah. 

Pelo que, venha o que vier, seja lá o que for, a Irene sabe que antes do namoro vem a amizade e que durante o namoro e depois também. E que, tanto na amizade como no amor, o carinho e o respeito são o mais importante. 

Apetece-me ir coscuvilhar com os pais do rapaz, mas ainda me acham casamenteira, ahah. 



Já repararam que saiu um novo episódio do nosso podcast? Desta vez falamos do que é preciso fazerem para terem um blog de sucesso (grande moral, bem sabemos!). Está disponível no Spotify, SoundCloud, Achor FM e iTunes, ok? ;)



Para além disso, se continuarem nas maratonas de aniversários ou não quiserem ter um enfarte em Dezembro a tratar das prendas de Natal, aproveitem o desconto AMAEEQUESABE nas lojas Science4you. Têm 10% em toda a gama de brinquedos, hã? Claro que recomendamos as estufas que são os nossos brinquedos preferidos, os que têm o nosso endorsement. ;) São óptimas actividades para aprender, esperar, observar e comer. Tudo em família ;)

Caso não vos apeteça ir a um centro comercial em breve, ficam aqui com a loja online para despacharem o assunto não só para os vossos mas para todos os aniversários até Dezembro de 2024. 


Se calhar fomos longe demais...

É possível porque nos pusemos a dizer o que seria necessário para ter um blog de sucesso. E, por isto, quer dizer que tivemos de comparar o que fazemos com outras pessoas. Nada contra, mas há práticas com as quais não nos identificamos e também temos as nossas opiniões. 

Para vocês que estejam a pensar em ser bloggers ou algo do género, pode ser que seja interessante pensarem nestas coisas.




Já subscreveram os nossos podcasts nas nossas redes? ;) Deviam! Falamos de tudo menos de maternidade (só para desenjoar).


Também está disponível nos podcasts da Apple, claro ;)


 

11.10.2019

5 anos!

5 anos disto. 
5 anos e picos de uma amizade que deu nisto. 
5 anos em que, tu, Joana Gama, tiveste de levar com a montanha russa que eu sou, ora lá em cima e motivada, ora frustrada, desanimada e a sentir-me paralisada. 
5 anos em que tu, Joana Gama, nem sempre escreveste coisas com as quais eu concordava, mas era isso que nos distinguia e que sempre deu força a este blogue: a tua paixão e garra.
5 anos a rir-me muito com os teus textos e a reflectir e a aprender com quase todos. 
5 anos de desabafos, de disparates, de fotos de cara lavada e até de pijama. 
Sem ter medo do que os outros pudessem pensar.
A partilhar casos, histórias de outros, dores de várias mães.
A responder a e-mails de leitoras que procuravam palavras amigas e de compreensão quando mais ninguém à sua volta parecia tê-las.
A fazer rir, a descomplicar, a partilhar coisas tão íntimas que faziam com que quem estava do outro lado se sentisse normal. 
Copo menstrual, sexo pós-parto, divórcio, guarda, partos, cansaço, psicoterapia, sonhos e desilusões.
Mudança de vida.
Reações inesperadas, desabafos e partilhas que faziam com que 
sentíssemos que o que fazíamos aqui até era especial.
Um convite para escrever um livro, para idas à TV, para entrevistas, para embaixadoras de projectos e até de marcas.
Nãos, bastantes nãos, quando não consumíamos nem confiávamos em algum produto. Alguns sins que faziam sentido que nos pagavam para que pudéssemos ter tempo para escrever sobre tudo o resto. Mais que justo.
Projectos que desenvolvemos por nós, começados por ti, e nos quais sempre confiei e aos quais
me entreguei.
Dicas de viagens, restaurantes ou de consumo, mas principalmente dos valores em que acreditamos, de livros, museus, espectáculos, atividades, disciplina positiva e aquilo que uma escola deveria ser.
Textos, vídeos e depois podcast, para falarmos de tudo o que tem a ver com a maternidade e tudo o que não tem. Tudo o que somos e tudo em que pensamos.
Já errámos, já fomos intempestivas ou dissemos disparates, já nos arrependemos, já mudámos de opinião e mantivemos tantas outras. 
Mas, sobretudo, já ficámos felizes por algo que parecia tão pequenino ter chegado ao coração de tanta gente (e se só ao de uma pessoa que fosse não teria sido em vão).

Quantas vezes já chorámos com comentários muito desagradáveis? (fui só eu?)
Quantas vezes já soltámos uma gargalhada? 
(e um pum? - é retórico, não respondas Joana Gama, pleaseeee LOL)
Quantas nos orgulhámos do que andamos aqui a fazer?

Já te disse que me orgulho muito de nós? E que sinto que te tenho de agradecer muito, mesmo muito?

Obrigada, Joaninha. Companheira de blogue, mas também de vida.











Obrigada a todos os que connosco já embarcaram nesta aventura:
 à Marta, que aqui estava há 5 anos; 
à Sara-a-Dias, que nos desenhou logo de início;
- à Joana, à Inês e à Susana, que nos têm vindo a fotografar e a acompanhar todas as nossas fases; 
- à Maria que nos deixou este cantinho também muito bonito; 
- a todas as pessoas que estão nas agências, marcas, editoras, revistas, programas que um dia viram algo especial em nós e decidiram dar-nos voz e apostar em nós.

Mas principalmente a todos os que nos seguem há 5 anos (alguém ainda? ahah), mas também a quem chegou mais recentemente. 
A quem nos ajuda a crescer, quem nos abraça e quem nos questiona. 
Quem quer o melhor para nós e para as nossas filhotas (não em conjunto, embora às vezes pareça). 
Tem sido bom, muito bom!

São 5 anos, caraças!



11.05.2019

Temos de parar de fazer isto.

Temos. 
Talvez nem toda a gente veja o que eu vejo, mas acho que se nos debruçarmos um bocadinho na questão, talvez consigamos sentir o que eles poderão estar a sentir. 

A criança chora. 

Aqui abre-se espaço para imensas reacções da nossa parte. 
Suponhamos que vivemos uma vida que consigamos ter um pouco de disponibilidade emocional para ter empatia pelos nossos filhos, embora numa situação com a qual não nos consigamos relacionar. 

Exemplo: 

A criança começou a usar o tablet. 
A mãe avisou que seria só enquanto ela fazia o jantar e que depois teria que o desligar. 
A mãe volta da cozinha e retira o tablet. 
A criança chora. 
A mãe fica irritada porque já tinha exposto a situação e comunicado as regras. Sente que não foi ouvida e sente-se frustada porque já adivinhava que podia ser esse o resultado e assim aconteceu. 
A criança chora. 
A mãe não consegue ir além dos seus sentimentos e o choro escala. A criança está incapaz de ouvir. 
A criança que, tal como conseguimos imaginar por também ser uma pessoa, teve um dia que a deixou cansada. Correu, brincou, geriu frustrações com cerimónia ou com as ferramentas que tem ao seu alcance tendo em conta a sua maturidade e experiência. 
Continua a chorar. 
A mãe não sabe o que há de fazer. 
Olha-lhe nos olhos e imita-a a chorar. Gozando com o choro. 
Não quer que ela se sinta pior, mas só quer que o choro pare. 
Não pára. 
O choro escala. 
A mãe finge chorar ainda mais alto e, sem se aperceber, gozando com a criança. 

Hoje ouvi uns vizinhos meus a fazerem-no. Já vi amigas minhas também a terem esta tendência. Lembro-me de me sentir muito sozinha e até mal-tratada por pessoas que supostamente seriam aquelas que me deveriam apoiar e ajudarem a acalmar-me. Sentia como se fosse um murro na barriga depois de mostrar que estou doente. 

Será que podemos parar com isto? 

Será que conseguimos olhar para as crianças como sendo pessoas ainda que possamos ter que admitir que não temos as ferramentas necessárias para sermos sempre a solução? 

Será que conseguimos perceber que, no meio da nossa indisponibilidade - à qual muitas de nós estamos sujeitas sentindo que não existem outras hipóteses - não são as crianças que devem pagar o preço? 

Será que embora não consigamos perceber as razões que levam a uma criança a explodir numa reacção semelhante podemos sentir empatia relembrando-nos das vezes em que já estivemos no lugar delas quando éramos mais novas? Ou até mesmo quando no dia-a-dia nos sentimos incompreendidas, desabafamos e não queremos receber "gozo" de volta? 



Talvez o equivalente numa relação adulta fosse: 

- Sabes, Sónia, ultimamente sinto-me perdida, que a minha vida não faz sentido. 
- Ai, Madalena, lá estás tu com as tuas merdas. És sempre a vítima, sempre a vítima. Não consegues só deixar-te de te queixar e de seguir em frente? Que chatice!

Não é isto que procuramos, precisamos ou devíamos obter quando partilhamos sentimentos (tendo em conta as várias formas e desenvolvimento emocional de cada um). Ainda que a Sónia não tenha tido uma educação baseada na empatia e no amor ou mesmo que a Sónia tenha tido um dia péssimo. 

Don't kick them when they're down. 

Don't kick them at all. 

Não sou psicóloga, não sou orientadora ou qualquer uma dessas profissões que, por terem um lado académico, também nos transmitem mais confiança, mas já fui criança e sou adulta. 

Talvez não consigamos reagir logo. Talvez não tenhamos nada de bom para dizer. Talvez precisemos de nos acalmar um pouco ou talvez precisemos de rever a nossa vida ao máximo para que consigamos ter mais disponibilidade mental para que, nestas alturas, não falhemos com quem convidámos a que viesse habitar este mundo connosco. 

Estou zangada, sim. É uma tristeza primária que se apoderou de mim para escrever este post, mas talvez ajude a que mais gente se lembre de quando era criança. Ou apenas da última vez em que esteve triste. 





11.04.2019

Adopto a gata ou não adopto a gata?

A Isabel e a Luísa foram dormir, no sábado, a casa da tia que, além de gatos mais adultos, tem dois gatos bebés. Da última vez que lá tínhamos ido, a Isabel fez todo um número dramático porque queria ficar com um. Eu percebo-a. Eles são irresistíveis. Expliquei-lhe que não ia dar. Que não tínhamos, neste momento, vida, espaço e tempo para animais de estimação. Foram lágrimas e mais lágrimas, umas de crocodilo e outras bem sentidas. 

Mas neste fim-de-semana não houve lágrimas nem pedidos. Houve uns olhos maravilhosos de bambi de quem está absolutamente apaixonada e "mais vale é aproveitar cada segundo". Passou sábado à noite e domingo de manhã a dar-lhes colo. E nós, que até agora tínhamos sido irredutíveis, estremecemos um bocadinho das pernas. Ficaram bambas. 

Este é o gato, mas ela escolheu a gata para adoptar


Eu andei 16 anos da minha vida a pedir um cão. Chegou nessa altura e lembro-me bem da felicidade que foi. Lua. A nossa Lua. O meu pai foi buscá-la ainda estávamos no apartamento em Santarém, mas tinham comprado casa na aldeia, com terreno e espaço para ela correr à vontade. Aquele ano foi um "inferno", com destruições atrás de destruições, óculos e paredes roídas e o diabo na terra. O engraçado é que não a trocaríamos por nada. Foi nossa amiga durante tantos tantos anos. Deu-nos o Pipo, que ainda é vivo, já velhote. Quando a minha mãe me ligou a dizer que ela tinha morrido, envenenada, chorei tanto, mas tanto. Andei quase uma semana deprimida. Ainda me comovo a pensar nela. 

Por isso, eu sei da importância de se ter um animal de estimação. Da relação e das memórias que se criam. Claro que queria dar essa experiência às minhas filhas, mas também - assumo - sou bastante comodista. Sou preguiçosa para limpar a casa. E só de pensar em ter ainda mais responsabilidades e mais um ser que depende de mim até estremeço. Por tudo isto, ponderámos bastante. 

Ou então não, nem pensámos assim tanto, sentimos que poderia seria bom e pronto. Decidimos que vamos trazer a gata para casa. Que ela vai fazer parte da nossa família. Ainda estou um bocadinho em choque, tal como quando descobri que estava grávida (ahah não me gozem). Já desenterrei o aspirador robot que estava na despensa e que eu não usava há séculos - já sei, nem precisam de dizer: PÊLOS. Já sei que tenho de comprar um arranhador, uma caixa para ela deixar os seus presentes, uma caminha, mantinha; que vai levar vacinas agora em breve e todos os anos (é isso?); que tenho de a ensinar a não trepar para as bancadas da cozinha, etc, etc. Mas como é que isto se faz?

E é nesta parte que eu estremeço. Não percebo nada de gatos. A minha avó Rosel teve muitos gatos mas eu tentava não me afeiçoar muito a eles, ora porque morriam atropelados ora porque apanhavam doenças. Chorei tanto que deixei de sentir coisas fixes. Tenho até - não diria medo - respeito por eles. Fico assim sempre meio desconfiada quando um me vem parar ao colo. Não consigo relaxar. Não sou, pelo menos até agora, uma cat lover. 

Mas adoro que as minhas filhas gostem de todos os animais com que se cruzam. Que tenham este amor todo para dar. E não vou ser eu a passar-lhes este pequeno arrepio que se me dá. 

Por isso, aqui vamos nós para mais esta aventura (ainda está na minha cunhada até levar a vacina).

Deixem dicas, conselhos, lojas porreiras para comprar o material e comida, sosseguem-me, deixem histórias felizes que é para eu deixar de estar meio ansiosa com isto e passar a sentir só coisas boas.

Obrigada :)