4.03.2018

Saíram-me melhores que a encomenda

Todos os dias me queixo para dentro (ou para o David) de qualquer coisinha: "ai que chatinha", "é levada da breca", "vou ficar tão velha". Todos os dias quero que se portem melhor, que não me façam a cabeça em água e que não demorem tanto a adormecer e que não façam bagunça a comer, que não façam birra a ir para o banho, que não fujam de mim enquanto as visto, que não gritem no carro, que respirem fundo e que não acordem durante a noite. 

Mas a verdade é que as quero como são: estes bichinhos curiosos, intensos, a crescer, a aprender, em ebulição, a precisar que os guiem, que os ajudem, que os dirijam, sem cortar asas nem imaginação, mas com regras e com segurança. 

A verdade é que sei que são boas, queridas, meigas, divertidas e que têm uma relação única: hoje mesmo a Isabel decidiu que ia ensinar a Luísa a fazer a cambalhota e conseguiu. Foi um fartote (claro que se vão lembrar de fazer aquilo em cima da minha cama sem nós lá e partir uns dentinhos (mais um), mas tudo bem - inspira, expira). 

A verdade é que sei o quão autênticas são. E tão cheias de sonhos. E tão mágicas.

A verdade é que sei o quanto me acrescentam.

Todos os dias me derreto com elas. Quando vêem a outra a chorar e pedem desculpa, mesmo sem terem tido culpas no cartório. Quando a Isabel ainda esta semana disse à Luísa para respirar fundo a meio de uma birra. Quando se põe a dançar juntas. Quando só a Isabel a entende (ou tenta adivinhar e acerta). Quando há ali muito amor à mistura e um companheirismo delicioso. 

Todos os dias agradeço ter tido duas filhas e tão próximas. Mesmo que diga aos meus amigos para terem calma. Mesmo que me queixe: eu não podia estar mais feliz.


Lá se foram as roupas de domingo 😂 Terra nas unhas, na cara, ranho nas mangas da camisola: o que  hão de querer mais? São crianças e isso basta! ❤️


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4.02.2018

A minha filha é mal educada?

Não me quero armar em Paula Bobone das crianças ou em Cesar Millan, mas tenho-me interrogado sobre o que será isto "das boas maneiras" nas crianças. Sei que é uma conversa que pode levar para aqueles polos habituais do "educação permissiva/parentalidade positiva" - que, by the way, uma não tem nada que ver com a outra" - e "a palmada na hora certa/ter limites" - que, by the way, uma não tem nada que ver com a outra.

Relativamente às "boas maneiras" da Irene, desde cedo que eu e o Pai lhe ensinámos o "se faz favor" e "obrigada". É algo automático, acho que não percebeu nunca bem como funciona, mas funciona muito a favor dela porque quando estou enervada com algo, se ela me pedir decentemente, até baixo um pouco a irritação. 

Aliás, a Irene sabe que é "obrigada" que se diz por ser menina e que "obrigado" é quando se é rapaz. 

Para além disso, ainda não consegui que esperasse que "os crescidos" acabassem de falar para falar também. Também não consigo que não saia da mesa à hora de jantar. Nem consigo que não se ponha aos berros enquanto falo ao telefone a perguntar-me quem é. 

em Maio de 2017.


Acho sinceramente que o conceito de obrigar uma criança de 4 anos a ficar 40 minutos à mesa a jantar é complicado. Nem sei se é assim tão importante para mim ensinar-lhe nesta altura. Quando tiver 6 provavelmente digo-lhe que não quero que saia da mesa e não sai e pronto. 

Sabe que não se bate. Sabe que quando alguém está triste ou que precisa de ajuda é para ajudar. É trapalhona com os talheres, às vezes cospe para o prato (às vezes para o chão quando está mesmo aflita com o sabor), às vezes sai-lhe uma mão que, a meio da irritação, zangada por lhe ter dito que não, me acerta. 

Sabe que não pode incomodar os outros, mas só depois de lhe relembrar. Não será isso normal? E até desejável? Eu não gostaria que a miúda, aos 4 anos, não se distraísse e fizesse barulho por estar tão divertida e concentrada nalguma coisa por "não posso por causa dos vizinhos". 

Será a miúda mal educada? 

Eu acho que é uma criança. Tudo a seu tempo. 

E, mães que têm filhos a fazer birras na rua, eu não sou aquela que, por ver a criança a chorar imenso que vos julgo. Eu estou no vosso lugar também. Que não vos suba a temperatura por acharem que toda a gente que olha para vocês (está uma criança a fazer um chavascal, é normal) quer que vocês terminem o assunto imediatamente com um berro ou com um "correctivo". Há quem não esteja. Eu não estou!

Mais mães por aí que não estejam a julgar? 

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4.01.2018

À procura de espaços para a festa de aniversário?

Eu não sei quanto a vocês, mas eu moro num T2 em Lisboa (fica melhor do que dizer Buraca - sim, mãe, já sei que é Benfica, é só uma graçola). Além de uma criança já me deixar algo enervada cá em casa por poder partir coisas e sujar coisas, imagino 20. Fazer a festa de aniversário cá em casa não é uma opção. Até porque as crianças têm pais e ter cá possivelmente 40 pais também não é opção. 

Se tivesse uma vivenda ou vivesse num condomínio com um jardim ou com uma sala de condomínio, aí sim! Convidava toda a gente, era toda a gente corrida a batatas fritas e a cervejas e estava feito, mas não. A minha mãe ainda não disponibilizou a sua casa para receber umas 50 pessoas para uma festa de aniversário. Até lhe dava um "treco", 'tadinha. Aliás, a mim é que me ia dando um treco por só ter a hipótese de tratar da festa de aniversário mesmo à última e a minha mãe ter sido... voluntariamente impecável, solícita e... espectacular: obrigada, Mãe. 

 

O espaço da festa deixou-me perfeitamente satisfeita. Além de ser amplo e de ter cadeiras para a malta das varizes e derrames (a fingir que não tenho) se sentar, tinha já brinquedos que eles gostam muito - isto é, mesmo que a FUNtoche não tivesse sido convidada, eles ter-se-iam divertido - como uma tenda, um escorrega para uma piscina de bolas, uns triciclos... Tivémos azar (é Março...) e não aproveitámos o grande espaço que há lá fora para os miúdos correrem, mas sempre serviu para os adultos se sentarem um pouco a fumar (formaram-se os grupos como no liceu: os fumadores ali e os certinhos lá dentro) e a partirem os dentes a abrir as mini que comprei já quem me esqueci de levar abre caricas (e talheres, ahah). Tinha frigorífico, televisão música, casa de banho com trocador... 

É o espaço da Chan Events Planner, é uma amiga de uma amiga que tem uma devoção tão grande ao pormenor que, se fossemos casadas, ela iria odiar viver comigo. Estamos a falar de minúcia de centímetros, minutos e estar tudo perfeito. Isto tudo enquanto passa 0 stress para nós. Tudo o que a Ana ficou de organizar e tratar, fê-lo, só com meia dúzia de perguntinhas e, de resto, piloto automático - tal como eu gosto. 

 

 

 

 

 

Sugeriu os bolos da Mil Cores e Mil Sabores e o resultado foi uma mesa que deixou as chamuças e os croquetes que a minha mãe tinha comprado, envergonhados a um canto. Até houve uma amiga minha toda fitness do instagram que se lambuzou nuns quantos bolos, não vou dizer quem é que o que acontece nas festas de aniversário... fica... nas f... (cansei, nao me apetece continuar a escrever a frase).

A Irene ficou apaixonadíssima pelos bolos com a cauda da sereia. Respeito muito toda a gente que, nos seus trabalhos possa, consiga e dê aquele "extra mile" para se destacar. E, quando falamos de festas de aniversário, são recordações que construímos. Obrigada, Mil Cores e Mil Sabores também. 

A Irene soprou as velas num queque na manhã de quarta-feira, mas no sábado demos-lhe este miminho.   

Ficam aqui as dicas: 

- Espaço da Chan Events Planner que dá para chuva, sol, neve e tempestade Irene (é em S. Domingos de Rana, falem com ela na página que é toda despachada e ajuda-vos logo - reservem com alguma antecedência);


- a Inês da Yellow Savages a fotografar desde o início até ao fim e ainda com algum serviço de desempacotamento de salgados e respectiva colocação na mesa enquanto não chegavam os convidados. 

Para o ano acho que vou baixar um bocado a fasquia que tive pais dos colegas da Irene a dizer que isto "é jogo sujo" por ser blogger, muahaha. Lembram-se do convite? Tive de me redimir! 
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Voltámos a casa: fomos felizes!

Voltar a Santarém é sempre mas sempre doce. Voltar ao sítio onde a Luísa nasceu, onde me pude dedicar a ela a 100% durante ano e meio, onde pude ser mais mãe, mais disponível também para a Isabel. Foi também onde me confrontei com a difícil tarefa de dar conta de tudo quando todos pensam que por estarmos em casa temos o dever de ter sempre tudo controlado; foi quando consegui ganhar confiança em mim e marimbar-me para o que os outros pensam. Foi também  onde percebi que estava na hora de voltar: voltar a trabalhar, voltar à cidade, voltar a mim. Fui daqui de coração cheio. Realizada, crente de que escolhemos sempre bem, com o coração, e de que durante dois anos eu estive onde queria estar. Foi um projecto em família, que correu muito mas muito bem. De vez em quando tenho saudades desses tempos que passavam de forma mais lenta. De ter a Luísa bebé, quentinha, no meu colo. De ir com a Isabel ao parque cedo. De as ver apanhar flores antes de irmos para a escola. Ficam as memórias cheias de ternura. Agora construímos outras, comigo realizada, a aprender coisas novas e a crescer como profissional. Claro que me custa que elas não tenham férias, por exemplo: nem tudo é perfeito {nunca será!}, mas os prós são maiores do que os contras. Elas estão bem, são felizes, têm mais pai e isso também é bom! 

Viemos a Santarém e voltamos a casa. Fomos passear, sujar as mãos e a roupa, e viemos matar saudades da família, dos cães e dos doces da avó Rosel. Foram dias muito felizes! 








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3.30.2018

SIM!!!

Sim! Vamos CASAR! Duas filhas e nove anos depois vamos dar o nó! Não podia estar mais feliz: mais um sonho que se vai tornar realidade. Num dia em que tinha vestida uma t-shirt do meu pai, cabelo desgrenhado, sem maquilhagem, sem estarmos num restaurante especial: num dia igual a tantos outros, com as nossas pequeninas, com muito AMOR e com uma intermediária a sussurrar-nos ao ouvido os o pedido e as respostas: eu disse SIM. Perfeito. Digo sim todos os dias, com ou sem anéis, mas aparece-me GRITAR ao mundo a mulher feliz que sou. Ainda acredito no amor: como não?... se o vivo!
Se é para a vida toda? Assim o desejamos, faremos por isso e a vida encarregar-se-á de nos mostrar se é esse o nosso destino. Arriscamos dizê-lo, arriscaria dizê-lo todos os dias. 

A Isabel disse logo que ia casar com a Luísa e eu não me oponho, coisas queridas! <3

Tenho a cabeça a fervilhar com músicas, decorações e já imagino as duas miúdas a levarem-nos as alianças, meu Deus, que imagem mais bonita, ou nós a dançarmos todos juntos. Venham daí essas dicas, essas sugestões, que todas temos uma wedding planner dentro de nós! (Eheh)

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3.28.2018

Estamos bem como casal, tenham calma!

Duas comentadoras vieram perguntar se eu e a Joana Gama estávamos desavindas, que o clima já não estava o mesmo e não sei quê. Não podiam estar mais enganadas. Somos amigas, muito amigas e gostamos muito uma da outra. Até já estivemos em casa uma da outra mas não tirámos uma única foto nem fizemos instastories tal era a nossa vontade de aproveitar mesmo o momento, conversar, conversar, conversar. Não se podem fiar apenas no que vêem por aqui para tirar conclusões sobre as nossas vidas, o nosso estado de espírito ou a nossa amizade. Neste momento, temos muito trabalho, eu tenho duas filhas, ela tem uma casa e uma filha a seu cargo na maior parte do tempo, temos outros projectos parelelos, amigos e uma família: é normal que façamos uma melhor gestão do nosso tempo. Não que durmamos à sombra da bananeira, mas se já nos entregámos a 250% ao blogue, postando 3 posts por dia, é normal que agora queiramos respirar mais fundo e deixar que o nosso filho vá dando os seus passinhos sem que o tenhamos de levar sempre ao colo, limpar o cocó e pôr a arrotar. Apesar de continuarmos a olhar para este cantinho como o nosso bebé, que muita gente boa trouxe às nossas vidas, pessoas que ainda hoje se cruzam connosco e nos dizem que adoram seguir-nos, vamos gerindo cansaço (cheguei a estar de férias a escrever imensos posts, credo!) e tentando tirar melhor partido dele. Reduzimos o número de publicações e estamos bem com isso. Quem gosta, gosta. Quem já não se identifica, lamento, mas a vida segue. Escrevemos sobre o que nos apetece sem ter de estar a picar o ponto: e isso trouxe-me também mais vontade de escrever, livremente, sem ter horários para cumprir. Agora é que isto me está a dar especial gozo, até porque já não sofro com as haters e já consigo gerir os "contras" de termos um blogue que chega a muita gente - no outro dia achava que estava a falar com pessoas que não me conheciam e afinal até pormenores do meu segundo parto sabiam. Continua a ser estranho (mas continua a ser bom). É bom sentir que fazemos a diferença na vida de alguém (esta semana uma pessoa respondia-me no instagram que graças a mim [a ela] tinha começado a fazer desporto e a alimentar-se melhor e já lá iam 8 kgs). E tantas outras que, de alguma forma, se sentiram compreendidas e apoiadas por um qualquer desabafo que fazemos: é impagável o carinho que recebemos em troca.
Por isso, se também vocês sentem que estamos mais apagaditas, imaginem que estamos a tentar gerir a árdua tarefa da maternidade, com trabalho, com roupa por lavar até ao tecto e com outros interesses (e filmes e amigos e...) para pôr em dia. E cansaço, muito, muito!
Obrigada a quem se mantém fiel e também a quem pacientemente aguarda que eu e a Joana voltemos como um casal apaixonado aqui à barraca.
Fiquem lá com um lamiré da nossa paixão ardente:


A Luísa também é fã desta maluca:



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3.27.2018

Vou-me embora durante uns dias e tenho que lhe dizer.

Acho que todas nós, se pararmos um bocadinho para pensar (só porque não costumamos ter muito tempo), sabemos que a maior parte dos argumentos que damos umas às outras para ficarmos descansadas servem muito pouco. 

Eu sei que são só quatro dias. Eu sei que ela tem quatro anos e que há mães que, por causa do trabalho têm que se ausentar semanas e logo desde que têm só uns meses (ou até antes). Eu sei que fica com o Pai. Eu sei que fica com os avós. Eu sei que lhe faz falta não ter mãe para também ter mãe. Eu sei tudo isso. Nós sabemos todas tudo.

Só que ela é a minha pequenina. Ainda o ano passado foi a primeira noite que passei sem ela. Agora começo a passar mais do que uma, fins-de-semana intercalados... 



Escolhi-a sempre. Ou, achando, pelo menos, que estaria sempre a escolhê-la. Porque sim e porque preciso de sentir tudo isso. Preciso de sentir que a minha filha não tem de pedir mãe para ter. Que a mãe não lhe foge, que a mãe lhe dá todo o colo, que a mãe...

... mas a mãe é mais do que mãe e fica de mãos atadas. Agora, 4 anos depois, tenho de me deixar ser Joana. A Joana que é mãe, mas que é mais também. 

Aqui a Joana vai para Amesterdão uns dias e chegou à conclusão que a melhor maneira de lidar com isto é contando à filha. Vai dizer-lhe que vai em trabalho uns dias para Amesterdão, vai fazer um calendário para lhe mostrar os dias que faltam, se ela quiser saber, até a mãe voltar e que a mãe já volta.

A mãe, até lhe contar, vai ter de se perdoar por achar que se tem de perdoar de alguma coisa. Já a Joana está entusiasmada por ir para Amesterdão. A Joana há 4 anos que se põe em segundo plano e com todo o gosto, mas para continuar a fazê-lo precisa de se sentir, de ver como está, de ir além do "ser mãe".

A Irene fez 4 anos e a Joana vai 4 dias para Amesterdão.

Muitas de vocês vão compreender-me, outras vão rir-se pelo drama parecer parvo. Seja como for, mesmo que desta vez esteja a pensar só em mim em ir, tenho de pensar nela e na forma como me vou despedir.

Tenho que me despedir. Tal como de manhã, quando a deixo na escola. Despeço-me. A mãe não lhe foge. A mãe sai, mas volta sempre.

Fotografia: Yellow Savages 
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