9.29.2015

Como fazer uma sessão fotográfica bem pirosa

Nada como uma sessão fotográfica caseira para termos, aqui em casa, um belo de um fartote de riso. Apontem bem as seguintes dicas, se quiserem alcançar um nível de bimbalhice fotográfica nunca antes vista.


1) O vosso bebé tem de ficar em tronco nu. Só porque sim.



2) Espetem-lhe um gorro na cabeça e umas meias. Sim, porque faz todo o sentido estar de tronco nu mas, de resto, bem protegido contra o frio, não vá constipar-se.




3. Arranjem objectos com um toque vintage, como um telefone antigo. Se tiverem uns colares de pérolas aí por casa, também serve. 




4. Depois peçam-lhes para fazer um ar de "o telefone não toca. Estou à espera da chamada da minha vida. Ai (suspiro)."



4. Decidam trocar de gorro, só porque querem variar, e decidam-se por um que fique com um ar ali a puxar para o arrumador de carros ou, já sei, para os ladrões do Sozinho em Casa.




5. Como se os adereços não bastassem, arranjem mais. Umas flores, com mais plástico que um pneu, compõem muito bem o cenário. 




Não sei o que nos passou pela cabeça, mas ainda bem que isto aconteceu, há um ano. E sim, na altura eu tinha noção da bimbalhice que para aqui ia, mas divertimo-nos. (Um enorme beijo de saudades, Sofia!). Só espero que a Isabelinha nos perdoe.

9.28.2015

Antes de ser mãe não imaginava...

Antes de ser mãe não imaginava...





  • que fosse adorar o cheiro a cocó do bebé. - Sim, do bebé. Importante dizer de quem, para não haver mal entendidos. Não ficamos loucas por cocó no geral. Não começa a ser um fetiche e começamos a querer chafurdar-nos nuas na areia dos gatos. Gostamos quando eles fazem cocó (já sei que nem todas) e, principalmente quando não comem peixe e ainda estão a leitinho, o cheiro é bom. Cheira a iogurte.

  • que me passasse o mau feitio de ser acordada tão cedo. - Ser acordada às 5h da manhã e não ser mais ordinária ainda que o Fernando Rocha? Ou ter uma cara de tão mau feitio quanto o Miguel Sousa Tavares quando lhe falta o tabaco? Só mesmo com uma criança e minha. Se fosse a criança do vizinho, talvez me tentasse espetar contra os botões do fogão.

  • que fosse passar a adorar andar. - Eu? Andar? Ui. Até no trabalho designávamos uma pessoa para ir buscar o almoço de todos ou, então, eu nem ia almoçar só para não ter que andar uns metros. Agora é maravilhoso. Calma, não "maravilhoso" como aquela primeira sensação de que emagrecemos quando experimentamos umas calças de ganga e nos ficam mais largas, mas aquele "maravilhoso" de... "olha... não morri!".

  • que fosse passar a ter tanta fruta e vegetais em casa. - As minhas refeições resumiam-se a cereais (porquê "cereais" e não assumir logo Chocapic?) ou a Bolas de Neve ou a um bife de frango/perú (nunca os consegui distinguir até estarem descongelados) com imensa massa. De repente, tenho pêssego, manga, courgete, abóbora, gengibre em casa. O meu frigorífico está em choque.  Não tanto quanto todas as esteticistas nacionais com o bigodinho da Mariana Mortágua (e não é que também se nota no cartaz? É um statement? Percebo pouco de política...).

  • que achasse graça ter alguém a chamar o meu nome 43 vezes num minuto. - Ui! Se fosse um colega de trabalho a fazer-me isso, era espetar logo com metade de um bloco a3 de papel cavalinho pelo esfíncter anal (ou outro qualquer à escolha) acima ou abaixo, depende se estiver a fazer o pino ou não. 

  • que fosse por as minhas mamas de fora na rua. - Nunca tinha feito topless, muito à conta de ter umas mamas assim para o feiosas. Digamos que não me punham num calendário do barbeiro sem ser vestida com um kispo da Duffy. Agora, não quero saber. Mesmo quando a Irene não está em casa, faço questão de andar com as mamas de fora, fico mais fresca. A verdade é que, amamentando, não sinto que esteja a despir-me, sinto que estou a alimentar a minha cria. Nem me lembro que são as minhas mamas. Até porque já não o são. Digamos que são... as suas vizinhas de baixo. Muito de baixo.

  • que fosse ter sempre uma pessoa a todas as horas na minha cabeça.  - E que essa pessoa não fosse a filha da "dona" da Zara que deve ter um armário do caraças. Passa a ser uma constante no nosso cérebro. Somos nós mais um bocadinho, não parece ainda ser separado de nós. É incrível. É como se fosse um furúnculo, mas mais amoroso e sem nada a ver. 

  • que voltasse a querer estar grávida um dia. - Mesmo depois das últimas semanas tãaaao chatas do final da gravidez, mesmo depois de estar prestes a rebentar, das dores, dos xixis, das contracções, do parto, das noites mal dormidas, das preocupações, do cabelo a cair, dos pontos no pipi, do baby blues, das crises de choro, das crises de cansaço... querer repetir tudo e acreditar ser capaz de ser ainda mais feliz. 

O resto já imaginava. Não tão bom, mas imaginava. :)

Chamei um miúdo à atenção e o pai dele ouviu...

Estávamos os três no parque . A Isabel subiu, para poder descer no escorrega. Lá em cima, agarrado a uma espécie de volante que gira, estava um miúdo com uns dois anos. Empurrou-a de tal forma que ela caiu e bateu com a cabeça. Começou a chorar daquela forma em que prendem o choro, ficam sem ar, e que nos aperta o coração. Peguei-a logo ao colo e eu e o pai começámos a tentar acalmá-la. 

Disse ao miúdo, de forma calma e sem levantar a voz, encarando-o como se fosse o meu filho mais velho: "Não se empurra, está bem? Depois a bebé cai, faz dói-dói e chora muito. Não se empurra ninguém." 

O pai dele, que estava a ver qualquer coisa no telemóvel, ouviu (não era a minha intenção) e perguntou-me se tinha sido ele. Anui. 

"Vem cá. Não se bate". Palmada. "Não se faz isso. És feio. És mau." Palmada. Miúdo a chorar, Isabel, que já se estava a acalmar, desata a chorar outra vez.
"Olhe - disse-lhe - faz parte desta fase do crescimento deles, são muito egocêntricos, não medem bem as acções, já passou, não foi Isabel?"
"Pois, mas ele é mau. És feio. Vamos embora se não pedes desculpa".
Mais choro.
"Dá uma festinha, pronto Isabel, o menino é amigo".
"Não pedes desculpa, vamos embora."

E foram. 

Não percebi muito bem, fiquei meia perdida no meio daquilo tudo. Palmada para se explicar que não se bate? Sou contra. Ele não é feio, nem mau, teve uma atitude errada, que não se faz, mas que não sei até que ponto ele conseguirá controlar. Haver uma consequência para o acto dele (privá-lo de estar ali), por um lado, não me pareceu totalmente errado, há uma relação causa-efeito no meio de tudo aquilo. Mas, por outro lado, também não me parece que ele tivesse maturidade suficiente para saber pedir desculpa. Acabou por haver ali uma exigência/ameaça que, a meu ver, não lhe dava uma segunda oportunidade. O destino estava traçado, logo não me pareceu justo. Já estava condenado a ir embora do parque. Fiquei tristonha por ele, confesso, e por momentos até me arrependi de o ter repreendido. Mas serviu, pelo menos, para uma coisa: debater o assunto com o pai da Isabel.

O que acham vocês de tudo isto? "A família é que sabe", já sei! Mas sou chatinha e gosto de debater estes assuntos, estejam vocês perto da minha linha de pensamento ou no extremo oposto. Aprendo com todas as opiniões e experiências. Vá, digam lá o que fariam.