7.29.2015

Técnica para a selfie com bebés.

Imaginem como era há uns anos. Quando as mães queriam aparecer nas fotografias e não queriam estar a chatear os pais com isso: "anda lá tirar-me uma foto, sff, com a miúda, para public... para pôr num álbum, vá". 

Adorava selfies durante a minha adolescência. Mas, na altura, como não havia muita gente a fazer, acho que se alguém visse a pasta "egocêntrica" no meu computador me mandava internar de fininho. Ainda bem que agora toda a gente gosta e faz. 

Tiro muitas selfies com a Irene. E tenho vindo a aprimorar a técnica. Era mais fácil quando ela não se mexia, verdade, mas agora também dá. Para ficarmos bem, aconselho algumas técnicas que já vos devem ser familiares: 


  • Olhar para a câmara e não para o visor!!! - Dah! (sim, dah!!!) Senão parecemos um bocadinho Rita Pereira. No que toca à única coisa menos boa que ela tem. Tem os olhos em processo de divórcio.

  • Ter o queixo direito e, até, se quiserem, esconderem-se um pouco por trás dos bebés. - Assim resolve-se a papada e alguma borbulha mais imbecil que tenham no queixo. Ou, talvez, o resto de banana com bolacha que roubaram ao miúdo. 

  • Abrir bem os olhos para não se notar que estamos a ser privadas do nosso sono de beleza há uns bons meses. - Queremos que eles depois vejam as fotografias e pensem: "se não fosse minha mãe, ia lá". Bem, se calhar não tanto, pronto.

  • Tentem ser muito rápidas para o bebé não entrar no modo de phonejacking. - É muita pressão, é verdade, mas não é mais difícil do que estar a mudar a fralda e ter que abrir um novo pacote de toalhitas ao mesmo tempo.

  • Se possível, apanhar luz de frente. - Estar de frente para uma janela ajuda muito. É como se fosse o filtro earlybird, mas natural (e depois ainda lhe podem espetar mais um filtro de instagram por cima, o que é maravilhoso).

  • Fechem os olhos e sorriam ao de leve (eu sei que há bocado disse o contrário) - É um clássico da maternidade e ficamos sempre bem, ficamos num momento de "ai que sou tão calma e bondosa e pareço a Virgem Maria adorando o meu menino". Só que sem ser Virgem. Sem ser Maria. Mas adorando o menino, claro. 

  • Façam caretas, mesmo que estejam cansadas. - Melhor truque do mundo para "ah, ela estava feia, mas era de propósito" e "que divertida que a mãe era". 

  • Quanto aos bebés: eles costumam ficar sempre bem a não ser que estejam a meio de um espirro, a meio de fazer um cocó ou se a câmara estiver a fazer um plano contra-picado. Tentem que a câmara os esteja a fotografar também ao nível deles, senão parece que pariram um pedaço de bacon fumado.

Pronto ficam aqui com algumas tentativas falhadas e duas muito bem sucedidas ;) Mais alguma técnica que queiram partilhar? Vá, para parecer que ainda estamos todas "no mercado", apesar de termos o filho deles ao colo ;)














Há mães que não sabem. Ponto final.

Estava no parque com a Isabel. Uma mãe, acompanhada por umas amigas, gritava para o filho, "olha que levas!". O miúdo estava a engalfinhar-se com os amigos, mas tudo me soava a brincadeira. Os três riam-se. Há idades em que eles gostam de brincar às lutas, em que o confronto, os empurrões e os braços de ferro fazem parte e até são saudáveis. Lembro-me bem dos meus primos e irmão (todos rapazes) brincarem ao Wrestling. Às vezes magoavam-se à séria, mas não era essa a intenção.

Ora, esta mãe andou, os vinte minutos que lá estive, a cuspir coisas do género: "se se aleijarem, levam por cima". "Estás aqui, estás a levar uma chapada na cabeça que até ficas em coma". "Vais o caminho todo para casa a levar pontapés nesse cu". 

Sim, sim, isto existe. O miúdo, com uns 7 anos, já chorava. Nessa altura, estava a Isabel no balouço (já consegui deixar de ter medo e deixá-la andar no balouço dos crescidos - e que bem que se agarra!), parei, dei-lhe um abraço e disse-lhe "a mãe nunca te vai falar assim, nunca". E não estava a falar apenas da linguagem. Tinham de ouvir a forma. Bem alto, para todos ouvirem. Contente, por estar a ser autoritária e por estar a ter audiência. Quase que juro que lhe via um brilhozinho nos olhos. A voz era grave, assustadora. A certa altura levantou-se, com ele a chorar, agarrou-lhe num braço e disse-lhe: "não sou tua colega, com quem é que pensas que estás a falar?". O miúdo ficou mais 5 minutos agarrado a um balancé, a chorar. Apeteceu-me ir lá, dar-lhe um abraço. Senti uma revolta enorme.

"A mãe é que sabe", bullshit! Há mães que não sabem. Não sabem nada de nada. Não me venham com a história de que teve um dia mau, que não sei como é aquela criança fora dali, que todos temos direito a errar, não me venham com desculpas esfarrapadas. Há mães que não merecem ser mães. E eu quis trazer aquela criança para casa. Quis dar-lhe mimos, agarrar-me a ela e dizer-lhe que um dia vai ser feliz. Que vai saber o que é o carinho, o respeito. Que vai ter filhos e vai dar-lhes o que nunca teve. Que vai ser resiliente, lutador e vai ter um futuro promissor. Vai conseguir dar a volta.

Há mães que não sabem amar. Ponto final. Espero que os filhos saibam, apesar de tudo.

E tão cedo não volto àquele parque.