Eu não fazia ideia que isto existia mas o saber não ocupa lugar. Comecei por dizer para mim mesma que no
caso da Luísa não resultaria, que talvez agora, com 10 meses, seja
mais previsível - por exemplo, já sei que faz o primeiro cocó do dia
depois de lhe mudar a fralda, mas nos primeiros meses ela fazia cocó umas 192737
vezes por dia.
Depois vi um
vídeo em que a mãe que aplicou este método dizia que, com ele, eles reduzem o número de vezes que fazem cocó porque estão numa posição mais favorável e libertam logo de uma vez maior quantidade. A
Página do FB Bebés sem Fralda também tem imensa informação disponível para quem se interesse por isto da "Higiene Natural".
E, depois, desafiei-a a responder às minhas perguntinhas:
Por que é que resolveste iniciar o Elimination Communication?
Aos 18 dias de vida do meu segundo filho e após dois
episódios de cólicas, decidimos iniciar a prática de
Elimination communication. Chegando a uma dada altura da noite ele contorcia-se
e chorava num misto de dor e desconforto. Aquele sentimento de impotência
perante a situação mexeu muito connosco, ao ponto do meu marido sair de casa no
meio da noite para comprar umas gotinhas milagrosas que surtiram um efeito
muito temporário. A sensação que tínhamos era que ele queria evacuar mas não
conseguia, só mais tarde com a prática da elimination communication (ou
higiene natural) conseguimos entender que aquilo era um pedido de ajuda dele.
Nenhum bebé quer ou gosta de evacuar sobre si mesmo (ou seja na fralda), mas o
que acontece é que eles acabam por ser obrigados a fazê-lo e muitos deles, mais
tarde chegam a ganhar um sentimento de pertença tal, que só são capazes de
evacuar com a fralda. Na manhã que precedeu uma das nossas noites com cólicas,
assim que o bebé acordou apercebi-me de que
ele fazia um barulho distinto, mexia as pernas e contorcia o corpo. Foram estes
os primeiros sinais. Retirei a fralda, segurei-o nas pernas, dando apoio à
coluna e na posição de cócoras e pela primeira vez ele evacuou livremente, sem
entrar em contacto com a sua urina e fezes. De seguida mamou e ficou feliz,
aliviado e bem-disposto. Simples assim!
Já havia lido alguns artigos, relatos e até já tinha visto
vídeos de EC durante a segunda gravidez, no entanto tinha o estigma de que
seria difícil de praticar, pensei que não conseguiria identificar os sinais e
tive alguns medos, no entanto tanto eu como o pai conseguimos auxiliar o nosso
bebé em todo o processo de forma bastante instintiva. Passámos a usar
recentemente fraldas de pano e a maioria das fraldas são apenas molhadas.
O que é e como se processa?
A ideia geral na prática de Elimination Communication (ou
higiene natural) é que o cuidador tente
ajudar o bebé a manter-se limpo e seco, oferecendo-lhe a oportunidade de urinar
ou evacuar noutro lugar sem ser na fralda. Quanto mais cedo se iniciar a
prática mais instintivo será. Para uma grande proporção da população mundial,
usar uma fralda não é tão prático quanto não usar uma fralda, portanto é
natural e expectável que os pais auxiliem os seus bebés a manterem-se limpos
(assim como fizeram os seus avós e bisavós). Mas isso não significa que a
prática de EC exclua de todo o uso de fraldas.
Como lidas com os olhares incrédulos e de que informação te
muniste para que não te chamassem louca? 🙂
As reacções gerais das pessoas são muito engraçadas. Para
quem se mostra interessado eu até tento explicar o que é e como se processa mas
infelizmente a primeira leitura para alguns é de alguma repulsa pois pensam
trata-se de um desfralde precoce, daí muitas vezes julgarem sem se permitirem
entender o que é. Eu própria não aprovei a ideia quando vi pela primeira vez a
imagem de um bebé a usar um penico, tanto que, e aquando do desfralde do meu
filho mais velho, comprei o penico que usamos actualmente e na etiqueta indicava
que seria aconselhado para o uso de maiores de 4 meses, lembro-me perfeitamente
de pensar "quem é a pessoa louca que vai usar o penico com um bebé menor
de 4 meses?" Ironia do destino: eu mesma! Apesar de não termos praticado
EC com o filho mais velho (por total desconhecimento) o desfralde foi bastante
tranquilo. Iniciámos aos 24 meses, após o primeiro pedido dele para usar a
sanita, o desfralde diurno durou cerca de três semanas a ficar concluído com
alguns acidentes pelo meio. Hoje com 31 meses continuamos a usar a fralda de
noite. No entanto, tenho a consciência de que, mesmo respeitoso, foi um desfralde
guiado por nós. Para um bebé que inicia a prática de EC o desfralde é sempre
guiado pelo bebé, os pais só têm que continuar atentos aos sinais. Curiosamente
o desfralde nocturno acontece muita vezes antes do diurno.
Há pessoal médico que "aprove"?
Vivemos na Escócia e a enfermeira que vem a casa
periodicamente desconhecia a prática de
EC e mostrou-se apenas curiosa, não fez qualquer tipo de julgamento ou
recomendação. Ela pôde ver na prática como se processava e ficou de certa forma
incrédula.
Qual o teu estilo de parentalidade, guias-te por quê?
Vivo a maternidade de forma descontraída, sem horários ou
pressões externas. Basicamente tenho feito tudo de forma instintiva desde a
primeira gravidez. Sou adepta do parto natural e ambos os meus filhos nasceram
na água, pratico amamentação em livre demanda e em tandem, faço regularmente
babywearing e utilizo a disciplina positiva para ajudar-me nos desafios do dia
a dia.
A maternidade ensinou-me que a melhor forma de tomar
decisões é ter empatia pelos meus filhos, pelas suas necessidades e pelas suas
limitações.
Felizmente tenho o privilégio de estar bastante presente na
vida deles, aliás, foi essa uma das principais razões que decidimos emigrar.
Temos todos os fins de semana em família e isso enche-me o coração.
Obrigada, Bruna!
Querem deixar aqui perguntas para a Bruna? Força!
JPB