11.15.2016

Que doçura.

Nunca conheci tão bem ninguém como vou conhecendo a Irene. Talvez porque nunca antes tivesse estado tão interessada em absorver e observar. Maioritariamente interessei-me por pessoas para que estas me fizessem sentir abraçada, em vez de ser para as abraçar. Com tempo, maturidade e assim que vou resolvendo coisas minhas, abraçar é cada vez maior. 



A Irene não gosta de adormecer com meias. Odeia. 
A Irene gosta muito de roçar com o coelhinho dentro das orelhas dela e fecha os olhos por ficar relaxada. Por gostar, tenta fazer-me o mesmo. 
A Irene adora fazer rir e que as pessoas à sua volta estejam felizes. 
Também gosta de roçar o coelhinho nos pés descalços enquanto mama antes de dormir. 
Quando está contente dá uma tapinha com a mão na pessoa. 
O entusiasmo dela mede-se pela rapidez com que vai mostrar algo a alguém. 
Quando está contente já grita "à creche": ehhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Fica muito feliz se o "braço da mãe não estiver cansado" e a puder abanar o rabo e cantar até ela adormecer. 
Acha que fica mais bonita de tranças e, apesar de não adorar vestidos, gosta muito de usar collants como a mãe. 
Gosta mais das pessoas que mostrem gostar mais dela. 
Às vezes diz que algumas pessoas não gostam dela. 
Dá beijinhos de bons dias aos gatos. 
Adora dar comida. 
Adora tomar medicamentos, como os crescidos e gosta de dar os medicamentos ao pai, a doutora Necas. 
A Irene não se esquece das promessas e consegue ainda esperar por "um dia".
Adora pequenos-almoços em hotéis e ir às compras. 
É determinada e quer fazer tudo sozinha para ficar orgulhosa e para que fiquemos contentes por ela.
Não gosta de ter nódoas na roupa, quer sempre assoar-se imediatamente e é muito sensível.
Sensível aos sons altos. 
Sensível a quem está triste.
Sensível a quem chora, a quem esteja doente. 
Não é algo que lhe tenha ensinado, espero que não seja algo que a vida lhe tire. 
Tudo é ritmo. 
Qualquer objecto é um óptimo tambor. 
Adora cantar e fazer as suas próprias músicas. 
Desde que sabe andar que anda à bailarina. 
Adora a Dra. Marta e diz que é "Doutora Necas". 
Não gosta que lhe chamem de Irene, é a Necas. 
Quer toda a gente de pé quando é para dançar e distribui a atenção de forma equilibrada entre os presentes. Entrega uma viola também ao avô ou, se dá um beijinho ao pai, também dá à mãe.
É desafiadora. 
Quer saber porquê. Quer saber até onde. Quer saber se o que digo hoje é o mesmo de ontem. Quer saber se a mãe concorda com o pai e vice-versa. 
Faz queixinhas. De si também.

Tão complexa, tão bonita e tão primária ao mesmo tempo a minha... Necas.



Sigam-nos no instagram aqui 
a mim também aqui
O nosso canal de youtube é este

11.14.2016

Ela só pode estar a fazer isto para chamar a minha atenção.

A Irene anda numa de fazer coisas más e de me perguntar a seguir se estou contente ou triste, sabendo perfeitamente que se "portou mal". Quando digo que não, ela fica muito triste e desata a chorar. Tenho tentado diversas abordagens: desde dizer que não fico triste e aproveitar para lhe apresentar outras emoções, mostrar-lhe a minha frustração, ensinar-lhe a diferença entre portar bem e portar mal...

Todas as fases têm os seus desafios, é o que tenho vindo a reparar, mas esta tem-me deixado de pulga atrás da orelha, exactamente por parecer que ela fazer o contrário daquilo que quer como resultado. Se me quer agradar, porque é que se porta mal? 

Ecoou na minha cabeça, numa dessas vezes, a palavra "atenção" - "ela só pode estar a fazer isto para chamar a minha atenção". Claro que, por um lado, poderá sempre ser aquele sentimento de "culpa" por ter feito máquinas de lavar roupa em vez de ter estado a brincar aos cabeleireiros com ela, mas sinto que faz sentido. 

Creio que talvez ainda não nos tenhamos adaptado ao novo registo de ter a Irene na escola. Ela continua a precisar de nós, não é por andar feliz a brincar de um lado para o outro que depois não precisa do olhar da mãe e dos abraços do pai. 

Não gosto que o "castigo" que lhe esteja a dar sejam as minhas emoções. Gostava que ela não fizesse coisas "más" por saber das consequências, mas nem todas as consequências parecem dramáticas o suficiente para que ela as compreenda. Nem tudo é "sujar tudo" ou "queimar" ou "dói-dói". Às vezes é só pedir para ela evitar andar a baloiçar com a colher na mão que ainda está suja de arroz ou que não repita tantas vezes o som de bater com uma caneta na outra.

Sentindo-me perdida, pedi ajuda a uma amiga que é psicóloga. Ela deu-me a perspectiva de que a Irene está a passar por uma fase muito intensa. Deixou de ter os pais 90% disponíveis para ela, para umas curtas horas, depois de passar imenso tempo na escola em que não é filha, mas uma "criança de bibe" (expressão minha). Dantes assistíamos a todas as conquistas dela, reforçávamos, elogiávamos... Agora é diferente. 

Sugeriu que lhe dissesse que a amo em qualquer circunstância e que separarasse as emoções do momento de amor incondicional, dar nomes às emoções (às dela e às minhas) e perguntar-lhe o que podemos fazer quando estamos zangados ou tristes. 

Claro que, dentro de mim, irei chegar às melhores soluções possíveis, mas sinto que tenho uma pessoa pequenina com quem ainda não posso falar como os crescidos e que também já não posso não falar sobre coisas importantes, só por ser pequenina. 

São desafios atrás de desafios. Acima de tudo quero viver isto de forma consciente e estou contente por estar a fazê-lo. A seguir a este desafio, virá outro e nunca serão mais fáceis. 


Ainda hoje de manhã me disse "a mãe depois vai buscar a Necas à escola ao colo?". Quando digo que sim, ela parece ficar mais calma e aceitar melhor que vai para a escola. O colo... 

Sigam-nos no instagram aqui 
a mim também aqui
O nosso canal de youtube é este

Não aos tablets!

Já percebi que a Isabel fica rapidamente viciada no tablet. 
Andámos a evitar durante muito tempo, depois começou a dar jeito para ela desamparar um bocadinho a loja nos restaurantes com os vídeos do Panda e dos Caricas, quando os desenhos e os brinquedos já não eram "suficientes" (e eu era das que dizia que NUNCA haveria de o fazer). Depois instalámos uns puzzles de animais, depois pediu-nos a gata e o gato aos quais temos de dar comida e banho (que a prima tinha), depois veio o supermercado, o jogo do Ruca e vamos a ver e a porcaria do tablet está completamente monopolizado pela Isabel. Ainda para mais agora que descobriu a Patrulha Pata, acorda a pedir para ver os episódios no Youtube. Vê as versões em português do Brasil e às vezes em inglês e nem me importo muito, se for q.b. Acho piada àqueles desenhos animados. Começa a chatear-me mesmo quando dou com ela a ver os vídeos mais estúpidos de sempre. 

A SÉRIO, O QUE É AQUILO?
Isto. Ou isto. Depois isto. Brinquedos dentro de ovos, uns fazem cocó, mãos pintadas, happy fingers de todas as versões e possibilidades.
Pelo amor da Santa! São horríveis, todos iguais e não acrescentam nada. 
E ela fica vidrada, ri-se, festeja, chama-nos para vermos. 
É só RIDÍCULO.
Culpa nossa, claro ;)

Por isso, o fim-de-semana foi um "não aos tablets". Esteve com a avó, com o avô, foi dar comida aos gatos, andou nos baloiços, fez um bolo, pintou, fez plasticinas, passeou... É esta a infância que eu quero que ela tenha, caraças! Aquela coisa do "que giro, parece que já nascem ensinados" quando mexem com a ponta do indicador na geringonça com maior destreza que o Phelps não é assim tão gira. Revela muito acerca da sobreexposição deles perante as novas tecnologias e diz muito da mímica que eles fazem do nosso comportamento. É triste, até. 

Afastá-los a 100% de tudo isso não me parece a melhor opção, até porque agora "já vai tarde", mas há que moderar muito o uso dos tablets, senão torna-se viciante e parece que não gostam de fazer mais nada. 




Sigam-me no instagram @JoanaPaixaoBras
E o @aMaeequesabe também ;)
O nosso canal de youtube é este