12.15.2015

Ela já não chora!

Há muitas coisas que nos passam a doer quando somos mães. Faz sentido, até porque dantes não tínhamos filhos e, portanto, tínhamos menos calcanhares de Aquiles... Um dos clássicos de dores na barriga (como se fossem autênticos murros no estômago) é quando os deixamos para vir trabalhar. Da primeira vez que voltei a trabalhar (tinha ela 5 meses), as saídas não me custaram muito porque ela não reparava que estava a sair. Custava-me estar ausente porque ela não estava habituada ao biberão, etc, e chamava pela maminha quando eu não estava. Depois pedi a tal licença de vencimento, fiquei em casa um ano e voltei a trabalhar há um mês ou dois (já não sei). Custou-me MUITO, HORRORES, sair de manhã. Ela chorava, ajoelhava-se, agarrava-se à minha perna, dizia "mãe, nãoooo, mãaaae, nãoooo". A minha sorte é que, como ela fica em casa com o pai, passado 5 minutos sei como ela está (e que lhe passou) e que não ficou a chorar para todo o sempre (como a maior parte das mães deve sentir por não poder saber). Aos poucos fomos arranjando estratégias para a envolver na minha saída de casa, inventando lenga-lengas, por exemplo.

- a mãe vai...a

- lhari (trabalhar)

- para ganhar...

- nheirinho... (dinheirinho)

- para depois ir às...?

- compas! (compras!)

Ou, esta do pai, é descrever todo o meu trajecto até casa:

- A mãe sai do trabalho, vai para o com...

- boio.

- O comboio faz...

- Tu! Tu!

- Depois vem a correr... (imita o som de corrida) toca no elevador...

- Tês!

- No número três...

Assim adiante...aos poucos acho que fomos conseguindo desdramatizar a minha ausência para mim e para ela (além dela gostar cada vez mais de ficar com o pai).

Agora quando me vê a preparar-me, já me diz que vou trabalhar para ganhar dinheirinho e não tem vontade de chorar. Pede para lhe por baton (ponho-lhe aquele do cieiro da Mustela) e diz-me adeus com a mãozinha e vai até à porta.

Saio feliz. Feliz porque sei que ela está bem, que não precisa de mim, que sabe que volto. Era a minha maior vontade, ela saber que a mãe volta. Sempre.

A Irene tem 21 meses.

O que muda do primeiro para o segundo filho?

Já sei que deixamos de esterilizar tudo e mais alguma coisa (por acaso nunca fui muito maníaca) e que passamos a varrer para debaixo do tapete, mas há muito mais para além disso.

Tinha como referência uma amiga que, depois do segundo filho, me disse que tudo tinha mudado. Que não ia ter mais nenhum, a loja estava fechada. Que era muito duro. Nunca tinha pensado que pudesse ser assim. 

Depois, falei com outra pessoa que me disse que estava a ser maravilhoso. Que não estava a dourar a pílula. Na segunda semana rumou, com os dois filhos, ao Algarve para acompanhar o marido que foi em trabalho, com uma leveza e um à-vontade que não sentiu na primeira filha. Que não faz nada sem a mais velha e não esconde nada da filha. Que está muito menos complicada em tudo. Que está muito feliz. 

Desta vez vou ficar caladinha, até porque ainda não sei o que muda. Quero que sejam vocês - se tiverem vontade de o fazer, óbvio - a contarem-me as vossas experiências. O que mudou nas vossas vidas? Na vossa organização? Na vossa cabeça? No vosso coração? Quero saber tudinho! :)




#15semanas 

12.14.2015

Sou eu que sou muito nervosa?

Como vos contei neste post, tive de ir com a Irene às urgências. E... não gostei. Passámos pelo processo da triagem, até aí tudo bem, mas depois conhecemos uma médica que não me agradou.

Sei que é um bocadinho cliché as mães, com filhos doentes, descarregarem nos médicos por tudo e por nada, mas sinto que até fui bastante compreensiva e calma. 

Chegámos lá, preocupados com as convulsões febris da miúda e ela decidiu imediatamente observá-la. Queria ver-lhe os ouvidos e, portanto, ela tinha de estar deitada de lado e imóvel. Sugeri imediatamente pô-la à mama. Nem iria reparar que lhe estava a enfiar uma coisa no ouvido.

A médica fez comentários desnecessários sobre a amamentação prolongada (a Irene tem 22 meses) que me deixaram algo furiosa (não por mos dizer a mim - porque estou informada - mas por poder dizê-los a mães mais vulneráveis e menos informadas), mas não disse nada até aqui. Depois disso disse para a despir por completo e deitá-la de lado e prendê-la para ela ver os ouvidos. A Irene odiou estar presa, odiei prendê-la e, com os nervos, acabou por vomitar.

"Ah, são secreções. Ela vomita muito facilmente, é?". 

"Não. Nunca vomitou na vida". 

Silêncio.

Não a pus imediatamente à mama por ter vomitado. Tentámos acalmá-la e foi novamente observada aos berros. Eu sei que os bebés choram e gritam mas quando é "desnecessariamente" e é a minha filha (claro) faz-me alguma confusão. 

No final de a observar falou sobre o que poderia ser a doença que ela tinha e pareceu bastante competente. Porém, esqueceu-se de qual era a nossa principal preocupação: a questão da ausência/convulsão febril. 

Sinto que a observação da miúda poderia ser muito mais pacífica, que não teria sequer vomitado se houvesse um pouco mais de tacto. 

Pareceu-me uma pediatra sem jeito para crianças. Ou para os pais, talvez. 





Sou eu que sou muito nervosa e as observações são sempre assim?

Com a pediatra dela isto nunca aconteceu... (mas também não era uma da manhã...).