Fui à farmácia e comprei um teste de gravidez. Duas amigas pressionaram, se o período estava em falta, podia estar grávida e era melhor saber o quanto antes. Duvidei muito. "Não me sinto grávida", "não devo estar", "era demasiado rápido", "isto é um gasto parvo de dinheiro", "estou atrasada e estou toda desregulada".
Pow-pow! Grávida, 3+. Fiquei de boca aberta. Feliz, mas incrédula. O David estava na sala. O percurso da casa de banho até à sala pareceram-me quilómetros. Quis fazer bluf, mas ele disse-me logo que já tinha percebido. Não, não tivemos a reacção "esperada". Não saltámos os dois, abraçados. Não nos rimos às gargalhadas. Ficámos só de boca aberta, com uns "e agora?" e uns "já está?" e uns "caraças, fico logo!" (já com a Isabel foi tiro e queda e também só descobri às 6 semanas e uns dias, numa consulta de rotina e sem desconfiar minimamente). Ficámos preocupados, não vou negar. Não tivemos uma reacção romântica e digna de filme. Era e é um(a) filho(a) muito desejado(a), mas nem tivemos tempo de nos habituar à ideia de que estávamos a tentar. Começámos a tentar e pronto. Sem contas, sem estratégias. Ainda bem, claro, nem quero pensar na ansiedade e na frustração de quem está anos e anos a tentar ter um momento especial destes. Mas foi num misto de nervosismo e apreensão ("é mesmo real", "vem mesmo aí", "ai meu Deus") que vivemos as primeiras horas e até os primeiros dias. Demorei algum tempo a assimilar que estava grávida.
Agora já tivemos tempo suficiente para estarmos só felizes com a ideia. Eu feliz e cansada, vá (hehe). E olho para trás e até acho piada àquele momento em que descobrimos que íamos ser pais pela segunda vez e relembro a expressão do David, com um sorriso nervoso e sobrancelhas levantadas, com imensa ternura.