11.06.2015

Quero que sejas boa aluna, mas...

Tenho esta mania de te escrever coisas importantes, como se não fosse cá estar para tas dizer. Que disparate! Mas a verdade é que enquanto escrevo, os meus desejos florescem ainda com mais vigor dentro de mim. Fico ainda mais apaixonada. Sinto as coisas ainda mais.

Tenho pensado muito nisto. Naquilo que eu quero que tu sejas na escola e na vida. Feliz, um cliché. Quero que sejas tu mesma, outro cliché, que soa a reality show. O que tu vais ser já está em construção e isso tem tanto de bonito como de assustador. Quero puxar por ti, desafiar-te, mas dar-te espaço e tempo.

Quero que sejas boa aluna.

Para mim isso não equivale a ter cincos, nem “Satisfaz Plenamente” (estou tão desactualizada que nem sei se ainda são estas as notas que vêm a vermelho nas fichas de avaliação).

Equivale a seres curiosa, astuta, a não teres medo de perguntar, nem de falhar, a seres boa colega, a saberes partilhar o que de melhor tens com os outros e a guardar em ti o que os outros têm para te ensinar. Exigente, mas q.b. 

Eu sempre fui boa aluna, adorava a escola, mas acho que, infelizmente, era demasiado obcecada com os resultados. Chorava quando não tinha 5. Ou 19. Cheguei a chorar por não ter tido 20, é verdade. Queria ser melhor. Apesar de ter em casa pais exigentes e dedicados a nós, nunca, nunca senti que partisse deles esta cobrança para com os resultados, pelo contrário. Eu é que sempre pus a fasquia demasiado alta e ficava frustrada, em vez de ficar tranquila por ter dado o meu melhor. De resto, acho que aproveitei a vida: corri, fiz amigos, namorei, viajei com a escola, envolvi-me em projectos, fiz desporto, teatro, cantei, aprendi guitarra. Faltou-me ser menos dura comigo. Ainda estou a aprender a controlar essa exigência desmedida, a saber relativizar. A sentir a consciência tranquila, quando me esforço, quando me dou, quando me entrego. O resto é o resto. E a vida não é o resto. É a soma das coisas importantes, dos afectos, dos sorrisos, das conquistas, pequenas ou grandes,


Quero que sejas simples dentro da tua complexidade. Que sejas leve. Que não faças uma tempestade num copo de água. Que vejas o lado bom das coisas. Feliz. Desejo que o consigas ser, minha filha, meu tudo.

Já dá para jogar às escondidas!

Finalmente!!


Não que tenha tido uma filha só para jogar às escondidas com ela, mas quase. Agora é quando sei que tenho mesmo jeito para crianças. Lembro-me perfeitamente desta idade do meu irmão e de todas as nossas brincadeiras. Sou daquelas mães mais palhaças que fica com o rabo de fora do pijama da Barbie (sim, tenho um haha) a esconder-se atrás da mesa de apoio da sala, ou entre o sofá e a janela.

A Irene já percebeu o conceito de ter que esperar lá fora até a mãe perguntar "onde está a mamã?" e depois ter que entrar e procurar. Parvamente (ehehe) procura sempre no último sítio onde me escondi como se a mãe não coubesse em mais lado algum. Mas lá vai ela com os seu pezinhos a fazerem aquele barulho dos anti-derrapantes no chão e eu vou ouvindo (umas vezes mais escondida que outras). Encontra-me e diz "mamã!!!". Depois vai a correr lá para fora outra vez. E, claro, já sabem como é, não se cansa. 

Esta é uma das brincadeiras que só me surgiu por andar mais sôfrega para aproveitar o tempo que passamos juntas agora que voltei a trabalhar. Na volta, até já dava para brincar há uns meses. 

Seja como for, fica aqui a ideia para quem ainda não tenha experimentado e... digo-vos já: não sei quem se diverte mais. Se eu, ela ou o pai por me ver a mim a rebolar de um lado para o outro com o rabo de fora e a miúda toda contente por me encontrar. 


Nota: Claro que já tentei que fosse ela a esconder-se, mas não resultou. Para isso ainda é cedo. Vou esperar que ingresse no Técnico ou assim. 



Já está pronta para o desfralde?

Já há muito tempo que a Irene faz isto, mas nunca demos muita importância. Ela costuma ser muito certinha e fazer o nº2 (cocó) sempre depois das refeições maiores. Qual é o processo? Afasta-se e esconde-se, faz o que tem a fazer e depois volta com ar comprometido. Perguntamos se ela fez cocó e numas vezes diz que sim envergonhada e começando a correr (blergh) e noutras diz que não e pensa que ninguém dá por aquele saco de berlindes que de repente apareceu na fralda. 

Conseguem encontrá-la na fotografia? Mandou-me o pai ontem por whatsaap a dizer que "a Irene foi à casa de banho". O que me ri com isto e ainda me rio. Entretanto ficam a conhecer a minha sala de estar (como se tivesse outra). 




Partilhei isto (com toda a gente, a verdade é essa) com a Raquel (minha colega) que é mãe de uma menina já de três anos e ela disse-me que isto é sinal de que está pronta para o "desfralde do cocó" porque já quer ter a sua privacidade quando o faz, porque já sabe quando tem, etc. Que devia comprar um redutor e começar (eu não, o pai) a ensiná-la que o cocó é na sanita. 

Também fizeram o desfralde por fases? Primeiro o do cocó? Saltaram o penico (parece um nome de um jogo de crianças na primária) e usaram redutor? 

Não quero nada fazer o desfralde (mesmo que seja do cocó) sem que ela esteja preparada. Às vezes temos muita pressa e exigimos coisas dos miúdos cedo demais e torna-se uma fonte de nervosismo para todos.