Mais um fim-de-semana a chegar ao fim. Como sempre, os dias
esticaram mas passaram a correr, numa incongruência que nem eu consigo
explicar. Principalmente depois de uma semana em que fui mãe em part-time.
Não sou substituível na vida da minha filha. O meu cheiro, o meu abraço, o meu sorriso, as minhas caretas... São só minhas, são só nossas. Só eu sou mãe dela. Aqueles minutos antes da Isabel adormecer, em que somos uma só, unidas pelo maior afecto que o mundo há-de conhecer, esses minutos não dão para compensar. Nem na sesta que dormimos hoje. Perderam-se. Andam a perder-se vezes demais.
Mais mães por aí com este sentimento de culpa?
Três dias em que cheguei a casa e ela já dormia. Num desses
dias, quando saí de casa, ela ainda estava a dormir. Não é fácil não estar. Não
é fácil sentirmos os nossos filhos, no dia seguinte, mais lapas e carentes do
que nunca, com medo da separação. Depois chegou o fim-de-semana e fui mãe a
100%.
Hoje dormiu uma hora da sesta em cima do meu peito. Pude sentir a
respiração dela, acalmar-lhe um pesadelo, olhar para aquela cara de anjo, com
esgares e sorrisos. Senti o cheiro, dei-lhe festas no cabelo, já molhado do
calor dos nossos corpos, observei mais uma vez aquela boca pequenina. A mão
dela ajeitava-se no meu peito e dava-me festinhas. Senti-a tranquila,
confortável. Adormeci com ela. E assim ficámos uma hora, naquele aconchego.
Devíamos poder ter momentos destes, em que o tempo parece parar, todos os dias.
Por ela, por mim. Ela merece, eu também mereço ser mãe, sempre.
Não quero ser mãe de fim-de-semana.
Não quero ser mãe de fim-de-semana.
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| Olhos de mãe deveriam estar sempre assim: grandes, abertos, comovidos com todas as descobertas deles |
Mais mães por aí com este sentimento de culpa?



