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2.15.2017

Mas que merda é esta?


Filhas, filhas do meu coração. Hoje fiquei cheia de nervos, a pensar no que esta sociedade se está a tornar. O que poderei fazer para que, pelo menos vocês, possam não cair na tentação de querer ser uma boneca de porcelana? Não vou ser mais papista que o Papa, também eu tive acne (e tenho, e sei a chatice e até as dores que aquela porcaria dava, e os sucessivos tratamentos que nunca acabavam com aquela porcaria), também eu já pus maquilhagem até dizer chega, já pus filtros nas selfies, já encolhi a barriga nas fotografias e já quis tentar parecer mais "bonita". Já fiz a dieta das maçãs (e já tinha uns 17 anos e idade para se juízo). Os cartazes, os anúncios cheios de gente perfeita, apelam-nos a tentarmos ser, também nós, assim. Mas não sejam escravas, minha filhas, não sejam reféns da beleza. Vou pôr-vos a ver dezenas de vídeos e documentários para que possam ver que até os vossos maiores ídolos são trabalhados, são manipulados e que nada daquilo é tal e qual o que se vê.

Vi aquela porcaria (3a vez que uso esta expressão para não dizer a outra com m*) de aplicação e apeteceu-me enfiar os dedos nos olhos de quem a criou. Além de aclarar o tom de pele, limpa as manchas, as borbulhas e... deixa as feições mais finas!... Um autêntico photoshop para ser usado por quem queira (e, dizem eles, já foi descarregado milhões de vezes).

Estou chateada.

[E mais haveria para dizer, não tivesse a mais nova aqui a pedir a minha atenção.]

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2.12.2017

Afinal só sei fazer filhas feias.

Quando comecei o blogue sabia que isto poderia acontecer. Se há bloggers que contam que já lhes desejaram a morte e outras coisas que tais, era expectável que alguém (uma minoria, claro) se sentisse à-vontade para dizer barbaridades destas. "Feinha, feinha" é um dos comentários em resposta à pergunta "A Luísa é parecida com quem afinal?". Já a Isabel foi duas ou três vezes brindada com comentários deste calibre. E não foi só aqui no blogue, até no Facebook uma alminha teve coragem de comentar algo do género. Houve quem me mandasse estudos em como a beleza não era subjectiva. Houve quem me enviasse um link que ia dar para uma modelo "feia", que tinha conquistado as passereles. Sim, as pessoas dão-se a este trabalho para chatear as outras. Na altura, fiquei muito chateada, triste até. Aquele desejo enorme de protecção que começa logo que estão na nossa barriga, aquele instinto de leoa fez-me rugir (como contei aqui). Naquela altura, era para mim novidade esta coisa dos haters e - infelizmente - era daquelas pessoas que se ia bastante abaixo com a maldade, com a maledicência, com a crítica que não é construtiva. Simplesmente não sou assim, não fui educada assim e era bastante xoninhas, sensível a este tipo de coisas.

Eu tenho noção de que não tenho filhas protótipo, "capa de revista", nem candidatas a título Little Miss Sunshine, apesar de as achar as coisas mais fofas, queridas e lindas à face da terra (e me apetecer engoli-las). Eu sei que não vou ser brindada com o Globo de Ouro de Modelo Feminino 2017. Sei também que a Victoria's Secret não me vai convidar para nenhuma das suas campanhas (só se alinhar naquela onda das "mulheres reais" e precisar de mostrar um milagre qualquer que levante maminhas que andam ali na linha dos joelhos). Claro que cada um pode achar o que quiser, claro que o nosso olhar não é neutro, claro que é normal sentirmos que esta ou aquela pessoa são bonitas e que aquela outra nem tanto.  Mas, sendo adultas, também já deveríamos ser capazes de ver além disso. E, sem sombra de dúvidas, deveríamos saber os limites (básicos, de convivência) entre pensar e dizer. Escrevi este texto também porque alguém nos disse uma vez que só se estragava uma casa. Nesta altura já convivia bem com este tipo de comentários. "Quem se expõe assim, tem de saber lidar com isto". "É o preço da exposição", dirão as mentes mais pragmáticas. Mas as pessoas mais sensíveis, como eu, aquelas que costumam calçar os sapatos das outras, rapidamente percebem que nada justifica este tipo de comentários. Porquê? Porque são ocos, vazios, desprovidos de consequência - que não a de importunar, chatear (ou tentar chatear). 

Neste momento, já não me deixa triste. "Ah, mas se sentiste necessidade de fazer este post é porque ficaste melindrada." Ainda fico espantada, isso sim. Triste já não. Qualquer dia já não ficarei espantada sequer. Prometo.


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1.26.2017

Tomar cápsulas com a própria placenta: Sim ou nhanheca?


Epa, não! Ignorância da minha parte, medo do desconhecido, o que seja. Comecei a ver o vídeo e deu-me um bocado de nojo só de pensar em fazê-lo. Mas depois, assim já à distância, volvidos alguns dias e pensando na informação que chegou até mim, deixou de ser repugnante para passar a encará-lo como uma opção válida. Não sei se o faria, acho que não, mas acho, acima de tudo, muito interessante. Sou uma curiosa por estas coisas e acho que o saber não ocupa lugar. Faz sentido que a placenta seja uma fonte enorme de nutrientes, ferro, etc e que ajude a mãe no pós-parto e que as recém-mamãs se sintam melhor com essas cápsulas. Até gostava de contrariar esta minha "repugnância" mas não deixo de imaginar que estaria a comer nhanheca. Uma nhanheca muito importante, que alojou as minhas filhotas e que fiz questão de ver bem no segundo parto (até pedi ao David que tirasse uma fotografia, mas ele achou too much information e não quis), mas daí a me imaginar a consumi-la vai um bocadinho. Claro que às vezes comemos coisas igualmente viscerais e nem sequer sabemos bem o que estamos a comer, mas, mesmo assim, não me convence. 

Vocês? Tomariam? Conhecem alguém que tivesse tomado e sentido que fez diferença? Faz-se em Portugal? Quero saber mais, por mera curiosidade e porque o saber não ocupa espaço ;)

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1.17.2017

Antes e depois de ti, filha

Minha adorada filha,

Contigo, há um antes e um depois. 
Antes há uma vida intensa, cheia, com férias sem horários, muitos festivais e saídas.
Jantares até altas horas, almoços que pareciam lanches, jantares só de pipocas, séries na cama, música alta. 
Há trabalho até altas horas, manhãs que começavam de madrugada, viagens pelo país, almoços que eram sandes, adrenalina, fechos de peças, de programas, gravações, pivots, correria e caos, gargalhadas no trabalho e cansaço. 
Há dois corpos numa cama que se abraçam, que voltam a dormir num domingo de manhã, há duas pessoas que se amam, que planeiam e sonham. 

Depois de ti há uma vida intensa, cheia, com férias com horários, há menos saídas ao Deus-dará e mais programadas, há jantares que parecem lanches.
Há comida saudável e papas de aveia feitas a duas, há músicas infantis e há pop com letras inventadas, há danças tontas na casa de banho e em frente ao espelho. 
Passados quase dois anos, deixou de haver trabalho até altas horas, por ti, por mim, pela tua irmã. O trabalho passou a ser em casa e o tempo cresceu para vocês. O que antes era impensável, desistir da carreira que tantos desejariam, aconteceu. O cansaço é outro, os desafios outros são. 
Há quatro corpos numa cama às 7h30 da manhã, há confusão, sono e alegria, há duas pessoas que se amam e que planeiam e sonham, mas que já têm rostos e nomes e cheiros quando pensam o futuro. 

Minha adorada filha, vieste inaugurar uma vida nova, com novas prioridades. Vieste mostrar-nos que não há nada maior e mais precioso do que isto de sermos uma família, de estarmos juntos, de sermos uns com os outros. Fizeste-me crescer. Ter mais medos, mas arranjar mais forças para os vencer. Ensinaste-me a olhar para os pormenores, a reparar em coisas que o ruído da correria dos dias insistia em tapar. Vieste mostrar-me que menos é mais.

Obrigada, meu amor. Sei que me vês como a melhor pessoa do mundo, a tua heroína, mas acredita que tu é que és um ser especial, tão pequenino e tão grande, capaz de mudar a vida dos outros. Para melhor. Sempre para melhor.



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1.12.2017

Por que não se deve elogiar o sono dos bebés?

Achei que tinha uma bebé que dormia bem à noite. Porém, nunca mandei foguetes e apanhei as canas. Sabia que podia ser uma coisa temporária. Ao fim de poucas semanas, talvez duas, tinha uma bebé que dormia a noite toda. Noite toda, das 20h às 08h/09h. Raramente acordava e, a acordar, era para mamar uma vez, voltava a adormecer e assim seguia. Sabia o privilégio que era, por comparação com a Isabel, mas também por saber que o normal é acordarem. Normal, porque é um mecanismo inato, animal, de defesa. Portanto, o normal é acordarem várias vezes, a fim de "se protegerem". 

Mas eu andava feliz por ter, desta vez, uma bebé que me dava algum descanso (nunca tive aquela coisa de ir ver se estava a respirar, confiava e pronto), até porque assim poderia ir acudir a Isabel, sempre que tinha pesadelos e que me pedia para ficar lá a dormir. Raros foram os dias em que fiz piscinas, só  quando andaram ranhosas e com tosse.

Agora, já faz parte das minhas noites. Uma chora, vou lá, adormeço. A outra chora, volto, adormeço-a e volto à outra. Há dias em que não me custa. Há outros - hoje - em que fiquei super revoltada. Disse ao David: "estamos a criar um monstro igual ao primeiro". Claro que foi daquelas bocas que saíram a meio da noite, da boca para fora, quando o sono nos tolda a razão. Mas a verdade é que, desta vez, estava com algumas expectativas de que poderia ter um daqueles raros casos de lotaria em que teria um bebé que dormisse umas quantas horas seguidas (já nem digo noites, se bem que o sonho maior até era esse). 

Já me passou pela cabeça comprar uma cama de casal para pôr no chão no quarto da Isabel e ficar a dormir com as duas, tal é a minha vontade de dormir descansada, sem estar sempre de antena no ar a ver qual será a próxima a acordar e a ter de me levantar. Já pensei em pô-las a dormir no mesmo quarto na esperança de que se sentissem acompanhadas e dormissem melhor. Já tive esperança de que possa ser só uma fase da Luísa, um pico, ansiedade de separação, e que passe. 

Talvez seja melhor procurar umas palavrinhas sábias. Não estou a saber lidar muito bem com as sestas curtíssimas e com coisas que tenho (e quero) fazer. Há dias em que consigo discernir, desvalorizar, dizer que "faz parte". Há outros - como hoje - em que quero soluções. Que me confortem. 


Uma foto publicada por Joana Paixão Brás (@joanapaixaobras) a





Uma foto publicada por Joana Paixão Brás (@joanapaixaobras) a


Será que a teoria de que não se deve elogiar o sono dos bebés é mesmo verdade? ;) 


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1.08.2017

Vamos mudar de escola. Está decidido.

Foi uma decisão que muito nos custou. 

Não é de ânimo leve que se fazem mudanças tão grandes. Ainda para mais aquelas que significam que tudo "deu para o torto" e que têm uma influência tão grande no crescimento da Irene. 

Lembro-me quando andei a visitar escolas com o Frederico no ano passado, estar a dar em doida por sentir que não tinha grandes critérios, parecia não ter "conhecimento de causa" e, por isso, sentir-me perdida. Tivesse eu encontrado, por exemplo, este artigo que me deram a conhecer no outro dia (obrigada, Ana). 

Fomos a imensas escolas, a maior parte delas tinha algo negativo perfeitamente incontornável para ambos: condições que deixavam a desejar, crianças com aspecto pouco feliz (não vos sei explicar mais do que isso) ou sítios onde parecia que o caos imperava (não o caos infantil - que acho positivo e expectável - mas institucional). 

De todas as que vimos, gostei imenso de uma onde senti que tinha criado uma ligação especial com a coordenadora pedagógica. Tinham imensas "mariquices" (senti isto assim e esse foi o meu erro, já tento explicar) que me agradavam, nomeadamente uma atenção virada para o desenvolvimento emocional da criança, com actividades em prática para tal - não sendo apenas uma coisa escrita ali no site e pronto. Tinham meditação de manhã, trabalho frequente com uma psicóloga (acho eu) que lhes apresentava as emoções e ferramentas, música à hora de almoço, etc. Faltava um bom espaço exterior. De todas as que vi, parecia-me perfeita. A partir daí nem liguei muito às seguintes. 

Uma das seguintes foi para onde foi a Irene. Quando entrei senti um frio grande na instituição. Senti uma organização extrema e disciplina, mas não senti aquele colinho que queria encontrar e que me deixaria mais descansada quando entregasse a minha filha. Lá tinha eu deixado a escola que estava dentro de uma quinta com animais para trás por visitar porque me tinham dito que não tinha bom aquecimento (apesar de não ser a que mais gostei, essa sempre me deixou com água na boca). 

Não me pareceu nada de tremendamente mal. A alimentação deixou-me triste em praticamente todas as escolas, ainda para mais nos casos em que diziam que as ementas eram supervisionadas por pediatras e ou nutricionistas. Pensei que teria de ceder nalgumas coisas e cedi. Além de que, quanto mais investigamos cada escola, mais feedback negativo aparece e acabou por acontecer isso com a minha preferida. Tinham saído de lá uma ou duas turmas para a escola que acabou por ser a da Irene. Engoli uns 30 sapos e porque "temos gente conhecida que tem lá os filhos e adora" e porque parece bem (ou porque "não parece assim tão mal e talvez eu esteja a ser maricas") lá ficou.

Fiz mal. O que eu queria, as coisas que eu procurava e que acabei por achar que eram "mariquices" de toda a gente me dizer que sim, eram realmente as coisas que eu achava mais importantes para a minha filha. Reparei agora à procura de uma nova escola para a minha filha em que, há mais frio, mas em que existem 1000 outras coisas pequeninas que me deixaram feliz, radiante, aliviada e expectante em relação ao futuro, ao crescimento dela. Senti que havia uma continuidade do nosso trabalho em casa e que não teríamos de estar constantemente a desdizer as coisas que eram feitas na escola ou de dizer "isso fazes na escola, aqui não". Tem de haver coerência. 

Quando dizem para ouvirmos o nosso "instinto", acho que é isto: fincarmos pé, especialmente connosco próprias e de não nos contentarmos com menos. Não acharmos que queremos demais. 

Como diz uma amiga minha da antiga escola da Irene (por quem estou muito apaixonada, digo já aqui ahah) "não vais encontrar a escola perfeita, é sempre preciso trabalho". Acredito que sim. Porém, uma coisa é o ADN da escola e temos mesmo de encontrar uma escola que vá ao encontro com os nossos princípios até para não ser frustrante para ambas as partes. Não digo que esta escola fosse má, há de ser excelente até porque essa minha amiga ama lá estar e tem lá os seus 59 filhos. Não é o que quero para a Irene. 

Quero amor, compreensão, empatia, escuta, conversa, cuidado, consciência, calma, respeito, jardim. Quero abraços espontâneos, explicações com vontade, ferramentas variadas e atenção. 

Quero muita coisa e, por isso, não me vou contentar com metade. Mesmo que custe ter que o explicar, mesmo que custe ter que mudar, mesmo que custe. 

"Para melhor, muda-se sempre". 

Acho que foi o que aconteceu. Sou das pessoas mais sensíveis que irão conhecer, é um facto. E este assunto é dos mais importantes para mim, é outro facto. Quando assisti ao que se passava nesta nova escola e que tudo, além de coerente, transpirava amor, senti que a minha vida tinha começado ali. 

Mudamos a Irene de escola principalmente porque já não vamos morar lá para o pé como tínhamos pensado (num futuro próximo), mas há males que vêm por bem. Estamos os três muito mais felizes, descansados e orgulhosos. 



Esta situação, apesar de desnecessária, também ajudou a que algumas das pessoas que achavam que os meus quereres eram "mariquices" (eu incluída) percebessem a importância de pequenas coisas como respeitar o ritmo de cada criança ou sua sensibilidade. 

Não parem de procurar. O que vocês querem é importante. 


Os putos estão a dormir? Ainda não fizeram tudo na sanita? Então leiam mais isto: 

Mais sobre a mudança de escola da Irene aqui

Quais eram os nossos planos aqui

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Isto também vos deixa tristes?

Desculpem. Não queria contribuir com algo negativo para o vosso fim-de-semana. Porém, como é mesmo a reflexão que ando a fazer desde há um dia ou dois, não consigo evitar. 


Cada vez julgo menos as mães. É injusto falar "à boca cheia" quando não conheço o contexto. A única coisa que gostaria é que todas nós conseguíssemos ter vontade de ganhar novas ferramentas para, quando chega o momento em que já não conseguimos pensar, conseguirmos optar. Optar por algo mais oportuno para ambas as partes, com menores danos (visíveis ou invisíveis) e com menos culpa e maior eficácia (mesmo que a médio/longo prazo). 

*We heart it 

Estou em vários grupos no Facebook (hoje mais uns 16 graças à Jhuaninha, ahah) e num deles - onde sinto que as mulheres são mesmo muito cruas e onde se criou um espaço de partilha sem cerimónias - fala-se de sexo, traições, inseguranças e até já houve uma menina que eu muito admirei que publicou algo a dizer que se sentia sozinha e que precisava de amigas. 

No meio de tanta partilha (umas que me fazem lembrar aquelas coisas que circulavam por mail nos anos 90 ou assim), encontrei um post que me deixou triste e que me deu vontade de refletir. Por motivos óbvios não digo o grupo, nem vou referir os nomes das participantes. Grupo fechado é fechado e é para respeitar. 

Houve uma rapariga disse "Digam uma frase que a vossa mãe dizia e que mais vos marcou a infância.". Já vai em mais de 600 comentários até ao momento da escrita deste post. Vou transcrever alguns (a mim também me deu vontade de rir de vez em quando na primeira leitura, confesso, mas depois deu-me mais para pensar): 

Nota: estou a seleccionar as mais comuns e as que mais me deixaram triste

"As meninas feias têm de ser simpáticas!"

"Engole o choro!"

"Nem mais um pio!"

"Quando chegar o teu pai vais ver!"

"Já chega de chorar, senão ponho-te a chorar com vontade!"

"Levas uma lamparina que até andas de lado!"

"Para de rir, para, olha que apanhas mais!"

"Se for aí e encontrar levas com ele na cara!"

"Viro-te a cara para onde tens o cú!"

"Vou-te partir o focinho!"

"O primeiro a chorar, leva!"

"Diz a verdade que a mãe não te bate... Pumba!"

Já sei que nem todas pensamos da mesma maneira e que muitas de nós pensam que "uma palmada na hora certa, blá blá". Porém, acho que quando tivermos uns minutos (ou presas no trânsito ou naqueles dias em que podemos ficar mais um minuto ou dois na sanita) podíamos pensar se isto tem tanta graça assim como poderá parecer à primeira vista. O que sentirá a criança em cada uma destas situações (que obviamente, depois de ditas 50 mil vezes, já não devem "furar" mais do que já está "furado")? E o que isto quer dizer de cada mãe em cada situação? 

Ser perfeito é impossível, mas nada nos impede de irmos crescendo também à medida que eles vão crescendo. Aprendi qualquer coisa com este post e queria que vocês também vissem algo especial como eu e que vos ajudasse a pensar, caso achem que precisem. Isto de tentar melhorar diariamente, reconhecendo os nossos erros acaba por ser um desafio engraçado e produtivo. Vemos os resultados diante de nós. É gratificante também. Talvez não seja no próprio dia, mas já não somos nós crianças de querer tudo logo na altura, não é? :) 

Gostei muito de um livro que me ajudou a ganhar algumas ferramentas para contornar (até agora) situações mais complicadas: é este. 


E "oiçam", não sou nenhuma expert, não sou a melhor mãe do mundo, hoje tive duas ou três situações delicadas com a Irene em que estive muito perto de me passar. Numa até me passei um pouco mais do que queria, mas amanhã é um novo dia e estou a fazer tudo o que posso.

Nota2: Às meninas do fabuloso grupo, não duvido que as vossas mães sejam maravilhosas e que tenham dado mundos e fundos para que vocês se tenham tornado nas mulheres que são hoje. O que é importante agora, poderá não ter sido o que era importante na altura e, mais uma vez, não julgo. Quero só propor que façamos melhor. Talvez, se elas fossem mães de crianças nesta altura, também tentariam fazê-lo. :) Ou, se calhar não e vocês virem-me a cara para onde tenho o cú. 


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12.30.2016

Obrigada, 2016. Foste um bom ano.

Não sou pessoa de me queixar infinitamente, talvez por me sentir uma sortuda a maior parte do tempo. Sou optimista, vejo o copo meio cheio, acho (quase) sempre que há males que vêm por bem. Há muitos anos que combato uma coisa que é a de deixar que um simples incidente estrague o meu dia. Tudo podia estar a correr lindamente que bastava um pequenino "não" para eu achar que o dia tinha sido uma merda.


Agora, não sei se da idade, se de ter passado por uma experiência muito forte em que temi morrer, não sei se por ter sido obrigada a amadurecer para gerir melhor três vidas, sinto-me mais sábia, mais resiliente, mais forte {claro que há dias em que todo este equilíbrio vai pelo cano abaixo e que me sinto miserável, mas depois ganho forças não sei onde e no dia seguinte a tempestade já passou}.


Por tudo isto, não acho que 2016 tenha sido um mau ano. Foi bom, muito bom.


Foi um ano de MUDANÇA. Despedi-me, mudei de cidade, a Isabel mudou de colégio, reaprendi a viver com menos.


Foi o ano que me trouxe a LUÍSA. Fui mãe novamente, apaixonei-me de novo. Estou sempre a dizer que ela é um bebé bom. São todos, é certo, mas há algo nela tão calmo, tão sorridente, com tanta luz e serenidade que me apazigua de uma forma inexplicável.


Foi o ano em que voltei a AMAMENTAR. Sei que algumas pessoas não perceberão este destaque todo, mas para mim é algo muito importante e acabei por fazer as pazes com a minha experiência anterior, que terminou quando a Isabel tinha apenas 9 meses.


Foi um ano de FAMÍLIA, PARTILHA e ABNEGAÇÃO. Foi o ano em que tive de aprender a ser mãe de duas, a chegar a mais lados, a dar de mim e a articular as minhas horas, a minha vida, consoante aquilo que achei ser o melhor para as minhas filhas.


Foi um ano cheio, com vontade de ESCREVER e de FOTOGRAFAR. Editámos o nosso livro, investimos tempo e amor no nosso blogue e fomos recompensadas com as vossas palavras de incentivo, as vossas partilhas, parcerias com marcas que acreditam em nós, começámos timidamente o nosso canal do Youtube e este cantinho cresceu.


2016? O melhor ano. Mesmo que com muitas arestas para limar, alguns imprevistos e choro e algumas resoluções por cumprir. A mais importante foi cumprida: ser uma pessoa melhor. {Sendo que faz parte das minhas resoluções para 2017 e de todos os anos que virão.}


Agradecida. É assim que me sinto. Pela saúde, pela família, pelos amigos, pelo amor que sinto todos os dias a aumentar. Por tudo de bom que nos aconteceu. Obrigada, 2016. Foste um bom ano. Que 2017 seja ainda melhor. 2017, eu vou lhe usar.


Obrigada também a vocês que, desse lado, nos passam tanta energia positiva.

Nem sabem o quão tudo isso é importante para mim.
Tenham um excelente 2017!

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12.22.2016

O que me deixa triste no Natal.

Eu sou das que sente uma dualidade enorme de sensações nesta quadra.

Adoro a ideia de ter a família à mesa reunida a comer coisinhas boas e a dizer disparates, a discutir e a vociferar, quando os ânimos aquecem (sim, somos tipo família italiana).

Fico triste com o facto de já não estarem cá pessoas de quem eu gostava muito e que tanta falta nos fazem.

Adoro os enfeites, as luzinhas, os cânticos, as canções pirosas e as menos pirosas.

Fico cansada pelos que têm de fazer uma ginástica mental enorme para resolver como se distribuem pelas famílias, pais separados, sogros separados, famílias afastadas e decisões que vão melindrar sempre alguém.

Adoro o espírito de união, de entreajuda, o facto de nos preocuparmos uns com os outros, de pensarmos em formas de surpreender, mesmo que com coisas simples, quem mais gostamos e por aí fora.

Fico chateada com o consumismo desenfreado, com a loucura das compras.

Adoro olhar para o ar surpreendido da Isabel, que já vive esta quadra toda entusiasmada e a cantar a música do pinheirinho vezes sem conta (aqui). Diz todos os dias: "Feliz Natal".

Fico sem chão quando penso em todas as crianças que não têm família, em todas as pessoas que estão numa cama sozinhas, em todos os que passam o Natal no meio de hospitais.

Adoro o presépio e tudo o que ele representa.

Fico nostálgica e cheia de saudades da magia que o Natal tinha para mim em criança, de ir apanhar musgo em Montejunto para o presépio; de acreditar no Pai Natal, apesar de achar estranho o facto de ele conseguir subir até ao 6º andar numa corda; de acordar dia 25 de manhã e ir ver o presente que ele nos tinha deixado; de dançar com o meu tio Jorge, sempre tão animado (que saudades do meu tio (!), que dizia que eu era a sobrinha preferida dele - a única); de ir ao cinema com os meus pais e irmão no dia 25.

Ai Natal, Natal... és tão bonito mas tão difícil de gerir dentro de mim.






Fotografias  I Heart You Photography

Da entrevista (aqui) que dei ao Save the Date


Se ainda tiverem um tempinho, podem ler estes textos:
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12.11.2016

Estou tão decidida.

Estou. Esta semana continuo a estar. Não gosto de ter decisões a pairarem na minha cabeça. Odeio os "logo se vê" e o "vai correr tudo bem". Prefiro "cortar o mal pela raíz", mesmo que isso implique que mais tarde tenha de admitir perante tudo e todos que mudei de ideias. A diferença? O intervalo. No entretanto, se me decidir (ou se achar que decidi) consigo tomar umas tantas outras decisões que estariam dependentes dessa. 

Neste momento ando inclinada para não ter um segundo filho, tal como escrevi aqui. Digo inclinada mas, aos poucos, estou a acostumar-me à ideia. Porém, quando é o Frederico a dizer que, por ele, também não teria outro, fico triste e até zangada (vocês percebem?). 

É pouco provável que venha a ter. Se vier, logo se vê, mas até lá tenho visto a minha vida como apenas mãe da Irene e parece-me tudo mais resolvido menos confuso para mim, deixando-me mais feliz. Se gostava de estar grávida outra vez? Neste momento só me lembro da parte má. Se gostava de ser mãe de um recém nascido outra vez? Neste momento só me lembro da parte "má". Já devo ter feito as pazes comigo por causa do parto e dos primeiros meses e já não sinto tão urgentemente a necessidade de me mostrar que sou capaz de fazer diferente e melhor. 

Vejo a Irene a ficar cada vez mais mágica e profunda e não me apetece adicionar mais "ruído" (também literalmente que os meus bebés não são como os da outra Joana que parece que choram com algodão na boca). 




Tenho ouvido argumentos parvos (a meu ver) e outros nem tanto para ter um segundo filho mas, para já, nenhum me parece interessar. Especialmente o "é sempre melhor ter um irmão para não ter de lidar com o meu funeral quando acontecer".  

Por esta minha (não) decisão vou emprestar tudo o que era da Irene a uma amiga que está grávida. Além de me desopilar a arrecadação, sempre ajudo uma amiga a não cometer suicídio financeiro por comprarmos milhares de coisas desnecessárias só por as associarmos a maternidade: lá vai ovo e isofix, lá vai carrinho e cadeira, lá vai trocador e cadeira de alimentação, espreguiçadeira, parque, etc... (mãe, as coisas têm um v de volta, caso seja "necessário", não faças essa cara). 



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