5.02.2018

Mudei ao ser Mãe e não tenho pena

Andava sempre atrás não sabia bem do quê. Insatisfeita, sonhadora, exigente. Comigo, com a vida, com os outros. Sôfrega. Intensa. A só estar bem aonde não estava. A desejar ser mais magra, mais inteligente, mais bem-sucedida. A querer ter uma cara mais fina e sem marcas do acne. A desejar ter uns joelhos que me permitissem usar calções. A rezar para não me fazerem perguntas de cultura geral inesperadas porque não queria ficar mal, afinal tinha acabado com 18,6 o 12.ano. A desejar ser amada. A acreditar que um dia poderia viajar muito e ter casa própria. Mesmo sendo jornalista.
Seria muitas coisas ao mesmo tempo se fosse preciso. Quis ser muitas coisas, conhecer muitas coisas, conhecer muita gente. Continuar a ler, a ler muito, sempre. Ser boa filha, boa namorada, boa amiga e boa profissional.
Até que fui Mãe. E as prioridades mudaram. Quase todas. E, de forma inesperada, ao mesmo tempo que chegou o caos - das mamas a pingarem leite no meio do centro comercial, da miúda que não mamava comigo sentada (tinha de andar em pé), do sentir que perdi alguns amigos, que perdi muito do que era, de não conseguir almoçar porque tinha de dar mama e adormecer e o tempo passava a correr, de não conseguir perceber se o choro seriam cólicas ou dentes ou... apesar de todo esse rebuliço confusão e dor; eu comecei a respirar fundo. A acalmar mais um bocadinho. A não exigir tanto do meu corpo e da minha cabeça. Eu queria ser bonita, agora quero ser bonita principalmente aos olhos delas. Eu queria ser bem sucedida, mas agora quero mostrar-lhes que isso de ter uma carreira é muito relativo e que podemos descobrir outros talentos que consigamos conjugar melhor com o que não queremos mesmo perder. As estrias tornam-se secundárias. O desejo de ter o corpo de qualquer uma das campanhas de fatos de banho cheios de folharecos já só me faz rir e não me deixa frustrada. O verbo ter é substituído mais vezes pelo ser. Há sonhos, claro que há. Mas são mais simples. 
A caminho dos 32, duas filhas maravilhosas, o meu melhor amigo é meu namorado (e futuro marido), temos saúde, Netflix e mais uma série de coisas boas nas nossas vidas. Está tudo bem. E eu sou menos ansiosa, exigente e mais consciente. Mudei ao ser Mãe - muito - e não tenho pena.






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11 comentários:

  1. Sim mudei, deixei de querer agradar a tudo e a todos. Agora estou-me simplesmente a borrificar para pessoas da família que são falsas e que antes achava que me tinha de dar com elas porque eram família. Quem diz família diz amigos, esses então desapareceram do mapa. E sinto-me bem mais leve e com paz de espírito.

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  2. Sempre linda e inspiradora mas o cabelo assim fica-lhe particularmente bem :)
    Beijinho de uma fã sua, da sua família e deste cantinho, de Évora

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  3. Podia ter sido escrito por mim (até a média do 12º ano!). Só não sou jornalista ;)

    Felicidades

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  4. Concordo inteiramente ctg Joana. E adoro ver-te com essa cor de cabelo, acho que combina mais ctg do que o louro.

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  5. Poderia ter sido eu a escrever... Eu tenho apenas uma filhas mas dantes vivia ansiosa a querer nem sei bem o que... levantava-me e a primeira coisa que sentia era ansiedade. Depois de ser mãe, mudou tudo, tanto... agora já não sou mais assim, a única coisa que anseio é o abraço da minha filha, o cheiro dela. Tudo o resto se tornou secundário.
    Parabéns pela pessoa que é. Gosto muito do blog e do que por aqui se escreve.
    Catarina

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  6. E esse macacão é de onde? :p

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  7. Que engraçado, a minha bebé também só mamava comigo em pé. As pessoas ficavam muito admiradas e não achavam normal!!! Ahahah

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  8. Os sapatos são de onde? Muito giros. :)

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