2.07.2017

Preferia não ter visto...

Ontem foi a primeira vez que assisti a uma convulsão na Irene. Nas outras tenho sido sempre poupada por qualquer que tenha sido a razão. Ou só cheguei no fim quando janela estava paralisada dos membros e o Frederico me passou a miúda para o colo ou, então, quando oiço um choro diferente e reparo que está cheia de espuma a sair-lhe da boca.

Ontem estava a dormir com ela a pedido. De meia em meia hora estava com dores de barriga e precisava de dar puns ou que eu lhe mudasse a fralda. Sim, virose, claro. A febre que já não parecia ir aparecer, decidiu ser generosa connosco e surgir à meia noite. Demos bur para assegurar o descanso. Acordou uma dezena de vezes e mudei uma dezena de vezes a fralda até às 3 da manhã. Até a ouvir dizer "a mãe faz aquilo que sabe" seguido de ouvir a boca dela como se estivesse a mexer na língua com o dedo como tem mexido para imitar a Maggie dos videoclips da Sia. Depois de algum tempo (na prática não deve ter sido muito, talvez 2 segundos ou 3), o meu cérebro despertou e decidiu perguntar se ela estava bem. Não houve resposta e o barulho da boca continuou. Acendi a luz. A minha filha estava a ter uma convulsao e eu vi. Felizmente e naturalmente deitou-se de lado e tudo o que tinha de sair pelo nariz e pela boca arranjou maneira de sair sem a deixar sem ar. Ela não chorava. Acabou a convulsão e não chorava. Apenas ficou com um ar distante e a mexer sem nexo um dos braços na rede da cama. Respondia-me (ou tentava).

Com ela ao colo fui buscar a medicação. E consegui passar-lhe segurança dado o meu choque. Sei que sim. Achei estranho ela não chorar. Das outras vezes chorou sempre.

Se calhar é por já lhe termos explicado o que é. Se calhar desta vez foi mais fraco que das outras vezes.

Acabamos a sorrir uma para a outra, de luz acesa (eu meia assustada, precisava de a ver a ser funcional) com ela a pôr-me o seu coelhinho na minha cara a dizer que é a mosca-coelho. Rimos. A febre custava a baixar. Adormeceu.

E é a ouvi-la respirar hoje de manhã que estou a escrever este post no telemóvel. Muito satisfeita por a ouvir respirar.

Foi mais uma. Desta vez mesmo com bur e febre baixa.

É menos uma até passarem. Para sempre.

20 comentários:

  1. Daquelas experiências que pai/mãe nenhum quer passar com os seus filhos. Que desapareçam rapidamente, é o que vos desejo!

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  2. Muita força! Infelizmente sei bem o que são convulsões, o meu filho tem 4 anos e já assisti a 4!

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  3. Beijinho no coração Joana***

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  4. Que grande susto Joana! As melhoras da Irene. Coração de mãe sofre tanto...

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  5. Imensos beijos de coração apertadinho.

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  6. Oh... Coração apertadinho!...

    Força Joana, é preciso força para vermos as crias fragilizadas. Um beijinho muito grande.

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  7. Joana admiro a sua coragem e não sei como não desatou a chorar em seguida, depois de passar o choque. Não imagino o que é vermos um filho numa situação dessas e deve ser um susto e uma imagem muito fortes...

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  8. Apesar de ter plena noção de que as mães vão buscar forças onde não sabíamos que elas existiam, não consigo imaginar o que énver um filho nosso passar por uma situação destas... Sim, há coisas muito piores, eu sei... Mas é o nosso filho, a pessoa mais importante do nosso mundo, de todos os mundos... Peço desculpa pela pieguice, mas isto mexe mesmo comigo... Parabéns Joana, pela mãe que é... É muita força e cabeça fria para continuar a lidar com isto... Que seja por muito pouco tempo. Um beijo enorme de uma mãe de uma Joana para outra mãe fantástica.
    Tânia.

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  9. Não consigo sequer imaginar como seria passar por algo assim. Admiro a coragem e desejo muita força! Que seja mesmo por muito pouco tempo. Beijinhos

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  10. Tomara eu "quando for grande" ser uma grande mãe como tu. Gabo-te a coragem e o discernimento de agir logo. Um abraço apertado para ti é um beijinho do tamanho do mundo para a Necas.

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  11. Acho que consegui, com este texto, ver o que passou ontem! Realmente imagino que não seja nada fácil e o coração de mãe deve quase explodir! Beijinhos para as duas guerreiras de ontem!

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  12. Ao ler este relato revi-me... vivi isto tantas vezes. O meu filho mais novo tem 5 anos, acabadinhos de fazer. Começou a ter convulsões com 1 ano de idade e foram completamente atípicas. Iniciaram mais tarde do que habitual, duravam mais tempo do que o habitual, deixavam paresias no corpo todo ou em partes do corpo que por vezes duravam largas horas, perdi a conta às vezes que tive que o levar para o hospital para ficar a oxigénio. Aos 3 anos começaram a ser muito frequentes, sempre com febres, sempre febres baixas, porque habitualmente a temperatura corporal dele é por si só bastante baixa (ronda os 34,5º/35º), o que faz com que aos 37º já tenha febre. Chegámos a ter 3 convulsões no espaço de 1h.
    Visualmente é horrível, assustador, mas tudo se aprende e ter calma nestas situações é primordial.
    Ainda que todos os EEG do meu príncipe venham limpos (sem registos de alteração) a neurologista indicou a toma de medicação. Bem dito Depakine.... até agora não tivemos mais nenhuma.... tem alguns períodos de ausências e "arrepios", mas convulsões não tem tido.
    Quero deixar um alerta. Às vezes estas convulsões dão pequenos avisos. Vá estando atenta. No caso do meu filho começavam com pequenos arrepios/espasmos, espaçados (1h/1h por exemplo) e que se iam aproximando. Quando aconteciam de 2 em 2 ou de 3 em 3 min era sinónimo de que a seguir vinha lá uma convulsão. Vá estando atenta... o corpo deles vai-nos dando pequenos sinais :)
    Espero que tudo corra bem e que estes episódios passem rapidamente.

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  13. Rita Oliveira12:33 da tarde

    Como entendo..tenho o Guilherme hoje doente e com febre e cada torcer,tremer dele salta me o coração pela boca..não consigo ficar bem,estou uma cambada de nervos..já assisti a 3 e nunca me habituarei a isto...doi me tanto o coração..não só pela febre mas porque não consigo ter um momento calmo...sempre em pânico! Sei que é o corpo dele a defender se mas ...tou o que se chama "a rasca"!forca,sei o que é ��

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  14. O meu filho tem 4 anos e assisti (felizmente) a uma, também depois de lhe ter dado medicação para a febre. Fiz td o q tinha de fazer (N sei bem como), mas como e mt bem referiu a D. Su, qd adormeceu comecei a chorar. Felizmente o meu querido marido aconchegou-me cm só alguém q sente o mesmo q nós sabe fazer. Só de me lembrar já tenho as lágrimas nos olhos. Mt força e tenho a certeza q vai passar. Sandra

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  15. Sem palavras.... espero que a írene melhore e as crises desapareçam. Força.

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  16. Fogo, Joana e Irene. lamento que tenham de passar por isto. O meu coracao de mae ficou abalado... Espero que tenha sido a última!

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  17. Sonia Correia10:27 da tarde

    Um xi-❤ para as duas!

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