10.22.2017

Tenho saudades tuas, mãe

[A carta que sonho que me escrevas, filha]

Tenho saudades tuas, mãe
Saudades daqueles tempos em que me passavas a mão pelo cabelo até eu adormecer. Ou de quando me fazias cócegas com beijos nos pés. De quando me lias histórias, à noite. Às vezes pedia-te só mais uma, para continuar a ouvir o som da tua voz, calma e alegre. Do teu cheiro inconfundível. Deixaste de pôr perfume quando eu nasci, quando muito usavas o meu, por isso ainda hoje sei de cor a que cheira aquela camisola creme de lã que usavas quando me pegavas ao colo.

Tenho saudades, mãe
De quando tudo era uma festa. Vestíamos um casaco quente e íamos à rua pisar as folhas amarelas. Cantávamos uma música inventada no momento nas nossas viagens de carro. Tudo era permitido. Misturar numa frase "pão" com "balão", para rimar. Rias-te, rias-te bem alto. E eu fazia a minha melhor careta só para te ver feliz.

Tenho saudades, mãe
De quando me deixavas pintar-te a ponta do nariz com a tinta vermelha e nem sequer ralhavas comigo. De quando me ajudavas a fazer bonecos com plasticina que improvisaste no momento. De quando os fins-de-semana não acabavam nunca, entre livros, cambalhotas no colchão e bolas de sabão.

Tenho saudades, mãe
Até de quando ralhavas comigo. Porque até aí eu vi uns olhos meigos, que me queriam bem. Nunca senti raiva vinda de ti. Só amor. Sinto saudades até dos momentos em que fiquei doente, para poder estar no conforto do teu colo horas a fio.

Tenho tantas saudades, mãe
De olhar os passarinhos com a maior das alegrias e de ver em ti a mesma satisfação por me mostrares o mundo. De quando me deixavas saltar nas poças de água e até saltaste comigo. De quando me deixavas ajudar-te a fazer o jantar.

Oh mãe, tenho saudades
Da nossa cumplicidade, do nosso apego, das horas que tardavam enquanto não nos reencontrássemos. Quando me ias buscar à escola, mostrava-te que estava feliz, mas nada, nada me deixava mais feliz do que ver-te. Sabia que as próximas horas iam ser nossas.

Tenho saudades tuas, mãe, e daqueles primeiros anos da minha vida. E dos que se seguiram.

Tu não sabes, mas eu lembro-me de tudo. Ficou-me gravado no peito, na pele e em tudo aquilo que eu sou hoje. Mesmo quando te vi errar, mostraste-me o que era real e humano. Um dia vi-te chorar e, assim que me viste, limpaste as lágrimas. Ali, a reergueres-te, por mim.

E tu sempre achaste que não estavas a dar tudo, sempre te culpabilizaste, sempre quiseste ser mais. Mãe, garanto-te que não podias ser mais. Foste tudo. Ainda o és, por detrás dessas rugas e dessas mãos de veias em socalco, por onde corre o sangue de toda uma vida. Tenho tantas saudades, mãe.

Da tua filha, Isabel
2055


Fotografia: CV Love
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Oh por favor!

A sério que esta "supétendência" tinha de chegar até aos sapatinhos de criança?...


Eu não sou grande entendida nesta matéria (fashion expertise - nível zero) e naturalmente que gostos não se discutem - o que seria do amarelo, não é verdade? - mas a sério? A sério?  

Bem, às tantas faz-me tanta confusão como faz à Joana Gama eu calçar carneiras às minhas filhas, mas fará sentido termos crianças calçadas neste outono/inverno com sandálias com pêlo? Quem diz nesta estação diz em qualquer uma (blecccc), mas até que ponto fará sentido aquele calcanharzinho ou aqueles deditos ali despidos (mesmo que com meias..., coisa mai'linda)?
Eu respondo à minha pergunta: não, não faz. 
E é bonito? Não, não é.

E que mais não é bonito, que muito vi por aí este verão? A chanata de pêlo. Para andar na rua. Na. Na. Na. 3 vezes não.




Isto também não é bonito e custa 125 euros.
 Ah, mas estes, como são Gucci, sim senhor. Custam 680.
 

Mas confesso, gostava que me oferecessem estes:

Para os vender! Custam quase 800 euros ou o que é.
Não tarda vão parar cópias aos Alliexpress desta vida, não se apoquentem. 
Ficam realmente bem com tudo.😂


Agora, de tanto os ver já me começam a parecer mais aceitáveis, palavra. 
Não, não consigo gostar. Como disse o Xico Esperto no instagram a propósito dos da namorada, Inês Mocho, que me fez rir: "parece o cabeleireiro que levou os chanatos para o trabalho e ficou com tufos agarrados". 

Piores (só) estes:

Disseram, a gozar, que seriam inspirados no Trump.

Ai, senhores, que tenho de ir lavar as vistas rapidamente. A sério.  

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O dia do filho único!

Em quase ano e meio, nunca tinha tirado três horas só com a Isabel. Aquelas tais horas do filho único. Conscientemente, nunca. Ou pelo menos, nunca só as duas, num passeio onde pudéssemos estar, conversar, brincar e fazer coisas juntas. Fazia-nos falta e eu não sabia. Já tínhamos ido ao cinema com ela, os três, duas vezes (a primeira vez para ver a Bailarina e na semana passada fomos ver o Carros 3 - estávamos os 3 sozinhos no cinema e foi giríssimo!), mas estávamos ocupados e desligados, se é que me entendem. Já ficámos várias vezes as duas em casa enquanto a irmã dormia a sesta ou então de manhã, quando a Luísa dormia mais uma horinha, mas nunca foi algo intencional e propositado.

Desta vez, a conselho de uma amiga (a propósito do facto das minhas miúdas andarem sempre a tentar a arrancar um olho uma à outra), fui sair com a Isabel. Ainda para mais depois de dois dias em que fiquei em casa com a Luísa por ela estar doente e que ela teve essa exclusividade. 

Foi maravilhoso! Fomos de carro a conversar e a cantar, almoçámos as duas, fomos ao jardim jogar à apanhada e à sardinha, apanhámos pedrinhas e musgo e fomos às compras, escolher legumes, que ela adora (e lembra-se sempre da lista toda do que precisamos, incrível). Em ano e meio nunca tinha sentido necessidade de o fazer, mas a verdade é que nos estava a fazer falta! Pudemos olhar-nos olhos nos olhos, estar atentas uma à outra, sem mais ruído. Acho que ela se sentiu especial e eu gostei de a sentir assim. 

A partir de agora vai acontecer mais vezes, de certezinha. Com uma e com a outra. Pelo menos uma vez por mês.


Túnica e vestido - Bastidor Colorido
Carneiras - Maria Pipoca

Cão - Pipo 😉

 
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