9.22.2016

Apaixonei-me pelo Salvador

Foi a Isabel quem o baptizou. Podia ter sido "Paulo" ou "Ruben", mas não. Filha minha tem de ter um aspirador beto, a combinar com as golas à Camões que lhe visto. Na verdade, o Salvador é a minha recente paixão e eu nem quero acreditar que, depois de uma semana intensa, nos vão afastar. É uma separação mais triste do que a do Brad Pitt e da Angelina Jolie. Estou lavada em lágrimas. 



Durante uma semana testámos o bicho e foi para lá de espectacular. Ele alimenta-se sozinho (quando precisa de bateria, é vê-lo ir pelo próprio pé até à corrente), ele sabe que zonas já foram ou não aspiradas, ele percebe se tem de ir para cima de um tapete e aumenta a potência, ele não tem tendência suicida e apercebe-se das escadas, ele faz tudo sozinho e à distância de um telemóvel ou tablet (aplicação chamada irobot home app) podemos pô-lo a funcionar às horas que quisermos, ele é picuinhas e vai debaixo dos móveis limpar tudinho, ele não é barulhento como eu pensei que pudesse ser, enfim... ficam as imagens para mais tarde recordar. Snif.

Quem tem uma combinação explosiva de 1) filhas, 2) cães, 3) campo, sabe a loucura que é acabar de limpar e já estar tudo sujo outra vez. Parece uma fábrica de pó e pêlos, a juntarem-se aos meus cabelos, que decidiram cair todos ao mesmo tempo. O Roomba 980 é das melhores coisinhas - e atenção que eu era um bocadinho céptica, achava que sem a nossa força de braços, o chão e os tapetes nunca ficariam bem aspirados, mas enganei-me. A casa nunca esteve tão limpinha e sem mexer uma palha. Ganha-se tempo de qualidade para aquilo que interessa: a família. 

Adeus, Salvador. Fomos felizes enquanto durou. Sei que mais ninguém te vai tratar como eu tratei, mas tens de ser forte. Eu vou tentar suportar a dor.


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9.21.2016

Venha o que vier.

Hoje já chorei. Primeiro desceu em mim uma calma de quem está a racionalizar tudo e a afastar o pensamento do "coitadinho", a calma de quem quer soluções e a esperança de que, no final, vai ficar tudo bem. Mas depois, no quarto, deitada com a Luísa, agarrada a ela, chorei. 

Já andava há duas semanas a achar estranha a posição do pé direito da Luísa quando simulava que a punha a andar. O pé ia todo para dentro, zero planta do pé em contacto com o chão, com a cama, o que fosse. O esquerdo também, mas menos, muito menos. Pensei "deve ser de ser ainda tão pequenina, não sabe o que fazer com os pés". Mas hoje perguntei à enfermeira, no centro de saúde. Ela foi chamar a médica. Ok, afinal não deve ser assim tão comum. O meu coração começou a acelerar mais, mas tentei controlá-lo e racionalizar. Ela está aqui à minha frente, linda, saudável, calma, não é grave, tudo se resolverá. A médica chegou, analisou e disse-me que lhe parecia ser "pé equinovaro". Chinês, claro, mas eu, que costumo ser toda de fazer perguntas, não as fiz, como se nem precisasse de saber mais. Assumi que era pé torto e comecei a imaginá-la com uns sapatos ortopédicos e nada grave. A médica disse-me que ia pedir consulta na ortopedia do hospital para breve e que entrariam em contacto comigo. Depois fiquei à conversa com a enfermeira, sempre atenciosa e disponível. Não me tentou acalmar porque eu estava calma, sempre estive. 

Mas já devia saber que o Google me ia lixar muito a cabeça. Entretanto já liguei a uma amiga cujo filho teve pé boto, que me sossegou. O que quer que seja, terá solução. 

Agora estou a escrever para me mentalizar disso mesmo. Não vale a pena sofrer por antecipação, é esperar pela consulta, pelos exames, pelo tratamento, se assim tiver de ser, e a Luisinha vai ficar boa, não tarda. Às tantas é ligeiro e nem será preciso tudo aquilo que já vi do gesso, dos aparelhometros... Não que isso seja o fim do mundo, mas nenhuma mãe quer que o filho tenha de passar por isso. Queremos tê-los bem, saudáveis, fortes. Queremos protegê-los de todo o mal do mundo, no nosso regaço. E quando algo ameaça essa muralha, quando sentimos que não podemos controlar tudo, parece que estamos a tentar fazer magia com a cartola e o coelho desaparece. Mesmo sem coelho, temos de prosseguir com o espectáculo e fazer magia. Basta coragem. Amor já há que sobre para aguentar tudo. Venha o que vier.

Susana Cabaço, Fotografia
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9.20.2016

Que choque!

Caramba. Sei que é este o propósito deste vídeo: fazer-nos pensar. Desde que a Irene nasceu - aliás, até antes de nascer - que estava preparada para ser mais activa, para passear mais, para ver o mundo com outro grau de pormenor e mais devagar. 

Verdade seja dita que acho que o facto de não ter saído com ela de casa nos primeiros três meses (conselho da pediatra por não ter vacinas - agora não faria isto, claro) acho que contribuiu e muito para que tudo fosse mais difícil neste começo de vida a três. 

Antes de ser mãe não sentia nada disto, não me sentia grata por termos a sorte de ter um país onde podemos aproveitar tanto de um pouco de tudo. 

           
Já viram? Vejam. Sim, foi a Skip que fez este vídeo, mas esta publicidade agrada-me: publicidade com emoções e que não ande à boleia delas. Como é que isto é possível?

Como é possível que os reclusos tenham direito a duas horas de ar livre e as "coisas" estejam organizadas para que não consigamos dar isso aos nossos filhos? Temos de os ir buscar - e isto é ser optimista - ao final da tarde, sermos pais e ainda prepará-los para irem dormir e, pelo meio, onde podemos viver todos juntos a magia de estarmos "lá fora"? 

Há coisas que são menos importantes como escrevi aqui. Podemos não ter duas horas, mas podemos fazer com que aqueles 15 minutos sejam os melhores dos dias de todos. 

Mais importante do que isto: será que conseguimos mudar alguma coisa neste sistema? Será que podemos propor novas actividades, passeios, visitas na escola? 

E nós e os nossos filhos? 

Publicidade desta? Sim. Obrigada, Skip, por nos terem feito chegar este vídeo.

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