Recebemos este email de uma leitora:
"Olá Joanas!
Sou vossa seguidora assídua e gosto muito de vos ler, consigo reconhecer-me em muitos dos vossos posts. Também sou mãe de uma menina, a Maria Inês com 22 meses. Emigramos para Angola e deixei de trabalhar para tomar conta dela, era muito pequena e não havia berçários e sinceramente não confiava em ninguém para deixar a minha menina tão pequenina, coração de mãe sofre com estas coisas :) O tempo passou e agora já entrou para a creche e felizmente está tudo a correr bem.
Bom, estou a escrever-vos porque queria saber se vocês sentem o mesmo em relação à ligação de Pai e Filha. Passo a explicar. Todos já ouvimos dizer que "as meninas são mais ligadas aos pais", que "as meninas são sempre do papá" etc e sinceramente eu adoro que a minha filha tenha uma ligação forte com o pai, adoro vê-los brincar, adoro ver os olhos dela a brilhar quando o pai chega e a forma como se aninha nele para dormir. Mas às vezes custa-me que quando estamos os 3 eu seja "quase" esquecida porque a Maria Inês só tem olhos para o pai... não quer que eu a deite, é pai para tudo... e o meu coração tem dias que fica tão pequenino. Eu não queria fazer tudo sozinha, nem queria que tivesse só olhos para mim, apenas queria que quando estamos os 3 fosse mais equilibrado, porque quando estamos as duas sozinhas é meiga, brinca, conversa e quando o pai chega o mundo para.
Será uma fase? Vocês também passam por isto?
Beijinhos"
Sou vossa seguidora assídua e gosto muito de vos ler, consigo reconhecer-me em muitos dos vossos posts. Também sou mãe de uma menina, a Maria Inês com 22 meses. Emigramos para Angola e deixei de trabalhar para tomar conta dela, era muito pequena e não havia berçários e sinceramente não confiava em ninguém para deixar a minha menina tão pequenina, coração de mãe sofre com estas coisas :) O tempo passou e agora já entrou para a creche e felizmente está tudo a correr bem.
Bom, estou a escrever-vos porque queria saber se vocês sentem o mesmo em relação à ligação de Pai e Filha. Passo a explicar. Todos já ouvimos dizer que "as meninas são mais ligadas aos pais", que "as meninas são sempre do papá" etc e sinceramente eu adoro que a minha filha tenha uma ligação forte com o pai, adoro vê-los brincar, adoro ver os olhos dela a brilhar quando o pai chega e a forma como se aninha nele para dormir. Mas às vezes custa-me que quando estamos os 3 eu seja "quase" esquecida porque a Maria Inês só tem olhos para o pai... não quer que eu a deite, é pai para tudo... e o meu coração tem dias que fica tão pequenino. Eu não queria fazer tudo sozinha, nem queria que tivesse só olhos para mim, apenas queria que quando estamos os 3 fosse mais equilibrado, porque quando estamos as duas sozinhas é meiga, brinca, conversa e quando o pai chega o mundo para.
Será uma fase? Vocês também passam por isto?
Beijinhos"
Nota introdutória: Tenho sempre um bocado receio de responder a estes emails que entram no domínio da Psicologia porque não tenho formação nessa área, mas vou responder-lhe com a minha opinião e com a minha experiência.
É normal sentir o coração pequenino, afinal de contas, passa o dia a cuidar da sua filha, a dar-lhe tudo, ela é a coisa mais importante da sua vida e gostaria que, de certa forma, ela tivesse olhos para si, quando estão os três juntos. Perfeitamente normal esse sentimento. Também já o tive uma vez, apesar de estar em condições totalmente diferente das suas, estando a Isabel na creche e passando o tempo de forma bastante equilibrada com o pai e com a mãe. Houve uma fase em que ela estava muito "papá", "papá", "papá" e eu, apesar de saber que ela me adorava, tive de engolir um bocadinho a seco quando ela queria saltar do meu colo para o dele.
Mas depois fiquei a pensar na sorte que tenho em ter uma filha que acalma também no colo do pai, durante a noite, que chama pelo pai, que quer brincar com o pai... que confia nele cegamente, tal como confia em mim. Somos uma equipa. Uma família. Eu sempre me lembro de ver no meu pai um ídolo, um amigo, um companheiro para a vida. É isso que eu quero também para a minha filha.
Fiquei a pensar também na minha sorte, em que posso
partilhar as tarefas com o pai e descansar mais um bocadinho (há
crianças que só querem a mãe durante a noite, por exemplo, e aqui
qualquer um dos dois é bem-vindo no quarto dela). Adoro que ela tenha esse laço, esse vínculo, essa cumplicidade tão fortes com o pai.
Mas acho que ter um bocadinho de ciúme é normal. Quem nunca ficou triste por não ter presenciado "a primeira vez" de algo no filho ou um momento especial? Ui! Quando a Isabel não quis vir ao meu colo na creche e quis ficar no colo da educadora! Fiquei piursa, naquele momento. Chorei no carro. Depois passou, porque vi que o que estava ali a acontecer era o melhor para ela. Que bom estar a criar esse vínculo forte com a educadora!
Se esse ciúme for exacerbado, já não. Não vamos ser substituídas, eles não vão deixar de nos amar. Se acharmos que esse ciúme, seja do pai, da avó, da educadora, já está a passar das marcas (uma coisa é amor, outra coisa é demasiada insegurança e posse), está na hora de desabafar com alguém ou pedir ajuda. Raiva e possessão desmesurada não é (só) amor. Acho eu.
Não fique triste. A sua filha ama-a e sabe bem que a mãe também a ama. Sabe que estará lá sempre que precisar de si. Sabe-o tão bem que nem sente necessidade de estar sempre a chamar por si. E sente a falta do pai quando ele não está que depois quer recuperar o tempo perdido. Desfrutem desse amor.
E, acredite, não está sozinha. Quer ver nos comentários a este post? :)
PS. Todos os dias recebemos emails. Não conseguimos responder a todos. Esperamos que compreendam. Já temos o blogue, já temos o Facebook, nem sempre dá para "apagar todos os fogos". Mas lemos tudo e agradecemo-vos o vosso apoio, a confiança em nós, as propostas, as sugestões. Obrigada!