5.14.2015

O meu casamento de sonho.

O meu casamento de sonho. 
És tu, sou eu, é a nossa filha. 
Os amigos e a família. 
No campo, com flores, com luzinhas penduradas nas árvores, com mesas corridas cheias de petiscos cozinhados pela avó Rosel, com cadeiras cada uma de sua nação, com mantas no chão, bandeirinhas penduradas, sorrisos e balões. 
Um bolo branco imperfeito de dois pisos mas saboroso. 
Um vestido de noiva discreto, mas romântico. 
Fotografias pouco estudadas e momentos cúmplices. 
Danças de pés descalços e com a luz de fim de dia a dourar os cabelos. 
Beijos e mais beijos e música da boa ou pimba quando os brindes forem já muitos. 
Um dia inesquecível, onde o nosso amor a três será partilhado com todos aqueles que nos querem bem e que nos amam. 
Sonho com isto. 
Quem sabe... um dia! 
A três ou a quatro ou a cinco. 
Todos juntos, a celebrar o amor.












Texto do meu (defunto) blogue Três é melhor do que dois, sempre atual. O sonho continua...

Já somos famosas (#09) - Estamos na SIC MULHER daqui a nada.

Na verdade vou ser só eu.

Tudo a ligar para ver o Faz Sentido com a Ana Rita Clara às 17h30!

a Mãe é que sabe está presente para dar um da sua graça e na condição de embaixadoras do Barrigas de Amor.

Querem fotos do backstage? Eu ponho na mesma. :)

Quando virem, se virem, digam alguma coisa! Tentei não ir tão apetrechada como da outra vez.


Parte da equipa do CC All Stars e a Maria Botelho Moniz. 


O João Paulo Rodrigues que estava lá todo invejoso da minha maquilhagem, que queria uma igual.


A equipa da SIC que adoro rever sempre que lá vou. Raul, Tia e Margarida. Sem esquecer o Noel que lá estava a tirar fotografia. 

Ser mãe é chorar, com ou sem lágrimas.

Chorei quando descobri. 
Chorei quando abracei a minha mãe e lhe contei.
Chorei quando abracei o meu pai, quase 5 meses depois da última vez, e lhe disse que ia ser mãe.
Chorei quando descobri que era uma menina.
Chorei quando achei que a ia perder.
Chorei quando me senti exausta. 
Chorei quando o David a pegou ao colo pela primeira vez.
Chorei quando me disseram que ela estava a perder peso e que podia não ter alta.
Chorei quando quis amamentar e as dores eram insuportáveis. Chorei todas as vezes. 
Chorei de alívio quando as dores passaram.
Chorei quando o pai foi trabalhar, uma semana depois de ter nascido.
Chorei debruçada sobre o berço numa noite em que ela não conseguia dormir de forma nenhuma.
Chorei a vê-la dormir.
Chorei a vê-la a adormecer enquanto mamava.
Chorei com ela nas vacinas.
Chorei quando o pai foi trabalhar, quase um mês, para fora.
Chorei quando caiu da cama.
Chorei quando fui trabalhar.
Chorei quando a deixei pela primeira vez na creche. E no dia a seguir. E no outro.
Chorei quando disse "mamã".
Chorei quando ela bateu com a boca numa mesa.
Chorei quando a deixei com a minha mãe para ir passear.
Chorei quando estava longe.
Chorei quando ela ficou doente.
Chorei enquanto esteve internada.
Chorei quando ela deixou de mamar.
Chorei meses depois, com saudades.
Chorei quando ela me acordou, dias a fio, seis ou sete vezes por noite.
Chorei quando me atrasei para ir buscá-la à creche.
Chorei no dia seguinte. E no outro. 
Chorei quando não a vi de manhã, nem à noite.
Chorei com saudades. Choro muito com saudades.


Hei-de chorar muitas mais vezes. De dor, de saudade, de alegria. Ser mãe é chorar, com ou sem lágrimas. É deixar que o coração bata fora do nosso corpo e nos tolde a razão. É emocionarmo-nos com pequenas coisas, que são as maiores. É ficar com a garganta seca. É ter medo. Tanto medo. Tantos medos. É ficar com a voz embargada. Ser mãe é chorar, lágrimas salgadas ou doces.


5.13.2015

a Mãe dá (#20) - Serviço de Criopreservação do sangue e tecido do cordão umbilical com Criovida

Parabéns por terem tido paciência para ler o título, mais um bocadinho e era um Maias.

Este é, até agora (porque ainda não tirei da cabeça que um dia possamos vir a dar carros e t4 na Quinta da Marinha), o prémio de maior valor monetário que a Mãe dá.

Ora bem, vamos lá ao que interessa, querem ganhar um serviço de criopreservação do sangue e tecido do cordão umbilical com a Criovida? Fiquei sem fôlego a escrever isto outra vez.

É um serviço e produto que está dentro desta caixa. Não vem com um bebé lá dentro, apesar de parecer que sim.



E perguntam vocês: o que é isso do serviço de criopreservação do sangue e tecido do cordão umbilical da Criovida?

Ora, isto (não vou escrever outra vez aquilo tudo, nem fazer copy paste, tenho de ir comer) corresponde nada mais nada menos que a um "processamento e criopreservação das células estaminais hematopoiéticas presentes no sangue do cordão umbilical, e na criopreservação do tecido do cordão umbilical rico em células estaminais mesenquimatosas". Está bem? Pronto. Parece aquelas aulas em que tinhamos uma dúvida e nem chegávamos a perguntar porque o professor não explicava de maneira que entendêssemos.

Agora a sério, todas as mães que tenham dúvidas podem entrar em contacto connosco que temos informação que vos poderá ser útil. Não vou estar a escarrapachar tudo aqui senão... eu já escrevo muito... por isso é melhor amansar um bocadinho.

Também podem contactar directamente a Criovida a partir deste número de telefone 808 106106, são muito muito muito simpáticos. A sério que sim. Sabem quando trocam e-mails com alguém que não conhecem mas que gostam imenso de falar com ela e até gostavam de ver se dava para ser amigas? Sou eu e a Rita da Criovida com quem tenho falado. :) Fica a serenata, Rita. Também têm o site aqui.

Para além do serviço, a Criovida e a Mãe vão dar 3 vouchers oferta de 20% de desconto em qualquer serviço de criopreservação do sangue e do tecido do cordão umbilical Criovida a três participantes distintos e devidamente validados, exceptuando o vencedor.

Para participarem, só têm de: 

a) fazer like na página da Criovida
b) fazer like na página d'A Mãe é que Sabe
c) preencher o formulário em baixo, partilhando publicamente este post. 
d) comentar este post no nosso Facebook identificando três amigos.

GRÁVIDAS! GRÁVIDAS!MÃES QUE ESTEJAM JÁ A PENSAR NO PRÓXIMO!a Mãe dá com a CRIOVIDA!
Posted by A Mãe é que sabe on Quarta-feira, 13 de Maio de 2015

Condições:

Os vencedores serão anunciados a 28 de Maio de 2015, sendo aceites inscrições até às 23h59 do dia anterior.
Os vencedores do serviço e do cupão de desconto serão escolhidos aleatoriamente através da aplicação random.org.
Só é válida uma participação por endereço de e-mail e por perfil do Facebook. 
As participações só serão validadas se todos os parâmetros tiverem sido cumpridos.


Ele trocou-me...

É um drama que assola cada vez mais famílias. Ele trocou-me. E tudo começou no fim-de-semana do Barrigas de Amor, em Beja, no Vila Galé. É que podia ter sido mais discreto, mas não, partiu logo para o ataque, deitou-lhe logo a mão. Ficam cegos de todo. Nem a filha ali ao lado o demoveu. Ele agora diz que não tem culpa, que não conseguiu resistir a tanto assédio. Já me disse que não é nada sério, que foi só para passar um bom bocado e relembrar bons velhos tempos. Que já tinha sido muito feliz assim.
Com aquele canalizador gordinho de bigode.









Muito bem. Então se estamos numa de relações abertas, tem de ser justo para os dois. Se tu tens, eu também posso ter o meu momento de fraqueza. De voltar a vibrar como uma adolescente. De sentir aquela excitação e adrenalina. Mas isto não pode sair daqui. Fica entre nós.













A questão que se coloca: como esconder isto da nossa filha? Se ela descobrir que os pais lhe guardaram este segredo, conseguirá perdoar-nos?

#osteuspaisestaoviciados #quesaudades #enquantodormes #obrigadanintendo #supermario

Vocês têm aquele buraquinho entre as pernas, que não é o pipi?

Ontem deu-me na cabeça arriscar. Para uma pessoa como eu, ansiosa, ir à praia em hora de ponta, com uma bebé que atinge o pico da irritação muito facilmente (genes), sendo que não lido nada bem com ela a chorar no carro, é mesmo uma aventura.

Não tinha chapéu de sol e pedi ao Frederico para ir ao Jumbo comprar. Acho que são 8 euros. Servem perfeitamente. Não vale a pena estar a comprar um chapéu caro se depois, para o ano, já estou farta dele. 

Claro que depois, quando ela acordou, já não estava muito sol e não foi preciso, mas ficou a intenção e, por falar nisso, tenho a intenção de ir muitas mais vezes à praia. 

A minha melhor amiga, a que foi tipo minha namorada nos últimos 10 anos e que desapareceu em combate quando engravidei (claro que levou tareia, choradeira e afins - depois faço um post sobre isso), veio cá ter a casa e fomos à praia onde íamos quando éramos só nós as duas. À praia mais perto da A5 onde ninguém vai (e deverá haver motivos para isso que não quero saber). 

Fiz a depilação à pressa no banho com a gilette, nem olhei ao pormenor, não tinha tempo, mas depois recebi o castigo. Assim que saí do carro em Caxias e me deu um ventinho nas pernas, comecei logo a sentir os outros sacaninhas que sobreviveram à lâmina. Há poucas coisas que me irritem mais do que isso. Talvez ter que fazer a depilação seja mais irritante ainda.

A Irene não teve medo de andar descalça na areia e não se armou em parva e começou a comer areia. Tão querida. O chão da nossa casa está tão sujo que lá lhe vamos ensinando a não comer pelos de gato e afins. Deve ser por isso que se portou tão bem. A não ser com paus e algas secas. Isso ela tentou várias vezes por à boca e eu, no alto dos meus 70 e tal kilos e um ano sem fazer nada, lá me atirava cheia de genica tipo guarda-redes. 

Vamos lá à reportagem!

(isto são fotos do meu instagram, já as tinha posto ontem, sorry para quem estiver a apanhar repetido. Se também quiserem apanhar repetido :) o meu instagram é @joanagama ou http://www.instagram.com/joanagama )

Esta tive que por. As minhas pernas surpreenderam-me. Se por um lado, sempre as odiei porque tenho pernas de machona e pareci sempre um frango em calças justas e nunca tive aquele buraquinho entre as pernas (não é o pipi) por ter coxonas, por outro, não estavam todas ao abanão. Raramente me vejo ao espelho com atenção e, nas fotografias, não me apeteceu chorar. 

De reparar que até fui de calções mas tirar a t-shirt num ambiente onde haja máquina fotográfica? Não. Podia estar alguém a almoçar enquanto lê isto e não quero que vomitem o telemóvel. De nada. 

(sempre tive a barriga grande, não tem nada que ver com a gravidez, por isso já estou mais do que em paz)


Para as mães mais atentas e cabras, eu sei que a Irene está a usar o mesmo vestido o dia anterior ao final da tarde (eu, se fosse minha leitora, repararia ;)). Isso deve-se ao facto de só o ter vestido 20 minutos e, portanto, fiz um aproveitamento. 


A pareo era da minha amiga e ela desculpou-se dizendo que era "a única que estava seca". 'Tá bem. 









Não houve comentários às últimas fotografias porque ainda fico caladinha e com um sorriso quando as vejo.  Não que precise, mas apaixono-me sempre que vejo este tipo de fotos dela e nossas. 

5.12.2015

Fui concorrente do Ídolos e com muito gosto!

Estava eu, um dia destes, a trabalhar à noite e distraída destas lides blogueiras, quando, na pausa para jantar, vejo o que a minha partenér (dito assim mesmo) preparou para me humilhar um bocadinho, aqui

Além de expor os meus dotes musicais incontestáveis (a sério que eu cheguei tão longe no Ídolos?!)...


ainda me criou uma página no FB de "artista" (a sério que fizeram like?). Obrigada! (foi a gozar, não foi, sacaninhas?)

Muito se falou do macacão, dos ténis, do top laranja, do colar à beta. Eu cá gosto. Hahaha não gosto, não. Mas na altura pareceu-me lindamente (foi a produção que escolheu e achei irreverente). Mecónio, Joana? (morri a rir).

Sim, fui concorrente do Ídolos e com muito gosto. Em 2004, tinha eu 17 aninhos, aquilo foi uma experiência inesquecível. No primeiro casting estava borrada de medo. E nos outros também, quem é que eu quero enganar? Sempre gostei de cantar, mas se há coisa que me deixa nervosa e insegura é cantar para muita gente, daí nunca ter investido nisto. E por saber que não tinha talento suficiente também. Andei três anos na música e mal sei ler uma pauta, andei a aprender guitarra anos a fio e não toco nada de jeito, andei em coros e às vezes consigo cantar pior que a Ricardina, ou lá como se chamava a concorrente da Casa dos Segredos.

Mas estilo, lá isso ninguém pode negar.




Claro que escarrapachei aqui estas fotos só para contemplarem esta barriguinha formidável de alguém na flor da idade. Mas e o que dizer de próxima foto? Até vou aumentá-la bem.

Que pose foi esta, senhores? Mas eu achava que estava na ginástica ou a fazer alongamentos? Pelo-amor-de-Deus. E aquele colar? Outra vez?!!!

Pronto, já passou. Foi uma experiência do caraças, fiz lá uma amiga para a vida (Millia, estás aí?), pude ver como funciona um programa destes por dentro, cantei, chorei, pus a família toda em peso a gastar dinheiro em chamadas e ficaram óptimas memórias.

Sete anos depois, reencontrei a Sílvia Alberto no 5 para a Meia-Noite e fizemos esta inception

Tinha tanto para vos contar desta minha extensíssima e reconhecida carreira de artista, mas acho que a posso resumir nesta foto:


Aquela sou eu nos Onda Choc, na Expo 98. Qual delas? Isso agora... O que é que acontece às pessoas mais altas? Pois...

Arranjei uma solução para o calor!

Ter uma filha. 

Nunca antes gostei tanto do calor. A sério. Nem o sinto, assim. Estou só toda babada a olhar para ela a divertir-se, a ser saudável, a brincar e nem dou pela temperatura ou se alguém me está a cuspir na testa. 

Ontem fomos à casa da minha mãe e estendemos a manta na relva. Brincámos com o cão Portas (não é nosso, nunca daria esse nome a um cão, os nomes dos meus gatos fazem muito mais sentido: Bubbles e Noddy), molhou os pezinhos e o macacão. O que vale é que a avó Sílvia tinha lá um vestido novo para lhe dar, pronto. 

Quero muito ter uma casa assim para ela crescer. Não tendo, pronto. Vamos a jardins públicos, quiçá um dia até à Piscina Oceânica passar um dia e à casa da Avó Sílvia e do Avôdrasto João.

Deu para matar saudades do Tio Pedro (meu irmão com quem tenho uma relação amor-amor enorme) e também fiquei a conhecer o raio da boneca Kika que é do Benfica. WTF?

São estes dias. São estes dias que nos fazem cometer a loucura de pensar que gostaríamos de parir mais uns 30. 











A mãe desbronca-se (#10) - Que carrinho?

Já conhecem a nossa rubrica "a Mãe desbronca-se", não já? Então por que não colocam por lá as vossas questões fofinhas em vez de nos encherem a caixa de email? Hehe
A Sara (e não digo o apelido para não ficar muito envergonhada, fica descansada Sara Branco) fez-nos a pergunta (apesar de ter sido por email!!!), mas eu respondo, porque sou super compreensiva. E querida. Só que aviso já que sou um bocado suspeita. Ofereceram-me este, adoçaram-me a boca, mas a verdade é que não quero outra coisinha. 






É super leve, anda lindamente na calçada, é prático, cabe na bagageira e, mais importante de tudo, é 100% reciclado (tive de ir ver às minhas cábulas: com 5,6 kg de plástico reciclado fazem o chassis e o assento é feito de 62 garrafas PET.).

Se não tivesse gostado, podem crer que não ia estar aqui a elogiá-lo. É como aquela prenda horrível que nos oferecem no Natal e que só desejamos que venha com talão de oferta. Agradecemos, esboçamos um sorrisinho (pela simpatia e pela intenção, que era a melhor), mas não vamos ser hipócritas e desfazer-nos em elogios, dizer que era mesmo o que queríamos e postar fotos no Facebook com a legenda "melhor era impossível". Não ganho absolutamente nada por estar a escrever este post, fiquei mesmo contente com o dito cujo e, caso não conheçam bem esta marca, a Greentom, sinto que estou a fazer quase serviço público.

A Isabel tem ido sempre virada para a frente, a ver a paisagem, para se desenjoar da cara da mãe dela, mas o carro é reversível e os vossos filhos podem levar convosco o passeio todo e vocês aproveitam para não desgrudarem nem um bocadinho das gracinhas deles.

E agora a parte fútil da coisa: tem cores tão, mas tão giras à escolha. Claro que o verde menta tinha de ser a minha escolha (mais que óbvia). Só se houvesse salmão é que a coisa se tinha complicado.

5.11.2015

A culpa foi do hospital.

E acredito mesmo nisso. Tudo bem que não sou médica nem enfermeira (se houver profissionais da saúde por aí, por favor, elucidem-me com factos e com bons argumentos, até porque gostava muito de acreditar que não se cometem crimes deste género em Portugal, que eu é que estou a ser estúpida). 

Gostava muito que tentassem ler o meu texto ignorando o facto de ser uma daquelas "fundamentalistas da amamentação", como as outras mamãs nos rotulam. Não tenho problemas com esse rótulo. 

Adiante. 



O meu parto foi complicado, blá blá, suspeitou-se que eu tivesse apanhado uma infecção e a Irene também e, então, a Irene teve de passar a segunda noite sem mim no hospital. Acho que isso quer dizer ficar numa sala ali ao lado. Tiveram de lhe controlar a febre, acho eu, fazer análises várias vezes e, por isso, ficou longe de mim. 

Quando voltou, veio uma enfermeira com ela ao colo e com uma garrafa de leite artificial a dizer: "Já viu? Ela bebe sozinha!" - parecia que a miúda estava a agarrar a garrafa sozinha.  

Confesso que, na altura, não era tão informada como agora e tinha as minhas mamas em sangue porque a enfermeira que a pôs a mamar em mim depois do parto, infelizmente não ajudou a Irene a fazer uma boa pega e, não tendo eu sensibilidade por estar toda drogada, ela esteve uma hora a mamar ao lado do mamilo, mas na aureola. Vi a Irene a beber o biberão, não gostei, mas pensei: "é só enquanto as minhas mamas estão assim, já volto a tentar". 

E tentei. Tentei durante o dia inteiro. Queria muito dar de mamar. Muito. Apesar dos meus mamilos, na altura, não parecerem grande espingarda para isso. Não queria desistir. Sempre que ela chorava, convenciam-me (os profissionais) de que era fome e lá lhe espetávamos mais um mini-biberão já preparado de leite artificial. 

Continuei a tentar. As enfermeiras também tentavam ajudar-me, mas "sempre de passagem". Nunca ninguém ficou ali comigo, a tentar perceber por que é que eu estava a chorar, por que é que eu estava a sentir-me falhada, a melhorar a pega...  Uma delas até pôs "um doce" (uns dias depois vim a perceber que podia ser Aero-Om - bitch please... tinha um dia de vida!) no meu mamilo para ver se a Irene agarrava melhor.

Saí do hospital muito triste com isto da mama. Só tinha colostro e fizeram-me crer que o que eu tinha para a minha bebé não era suficiente, que já me devia ter descido o leite. Tinham passado dois dias. Do que li, além dos bebés não precisarem mais do que o colostro nos primeiros dias, também não têm estômago para muito mais. E dar mais, faz-lhes mal. Alarga-lhes o estômago, entre muitas outras coisas. 

Viemos, com a simpatia das enfermeiras, apetrechados de umas 4 garrafinhas ou 5 daquelas do hospital (ainda me lembro da marca, claro, espertos os tipos da Nestlé) e depois comprámos uma lata na farmácia. 

A Irene andou a leite artificial durante os primeiros dias de vida. 

Não morreu, não. Mas ficou alérgica à proteína do leite de vaca. 

Está mais do que provado que um contacto tão precoce com leite artificial pode provocar esta reacção do organismo. O hospital onde tive a Irene não era "amigo do bebé", não tinha os devidos apoios para a amamentação (deviam ser todos os hospitais "amigos do bebé ou não"?) e, então, lá distribuíam aquelas garrafinhas de leite que, na altura, pareciam mágicas. 

Assim que me desceu o leite, passei a amamentar a Irene em exclusivo até aos 6 meses. Custou-me muito. Um dia falo sobre isso. Tivemos de ultrapassar, em família, muitos desafios e com muita perseverança. Muita mesmo. Conseguimos e é a minha coisa preferida de sempre, dar maminha.

Aos 6 meses, eu ia trabalhar e as papas que fazíamos com o meu leite ficavam demasiado líquidas para o meu marido (que ia ficar com ela) lhe dar. Ficava enervado e eu não queria que o momento deles fosse assim, não iria ficar descansada. Pensei: "também, se for uma papa com leite artificial, não há de morrer por causa disso". 

Passado uma semana ou duas, teve uma reacção enorme de alergia ao leite artificial da papa, vieram cá, de ambulância, observá-la e tivemos de ir para o hospital para ela apanhar uma injecção de adrenalina. 

Desde aí, só leite da mamã e muito cuidado para não comer nada com leite. Nada. Nem as bolachas Maria da Isabel da Joana Paixão Bras, o que me ia escapando. Ainda para mais, quantas mais vezes se contacta com o que provoca a alergia, pior o ataque. 

Tive também de deixar de consumir tudo que fosse de leite ou contivesse leite e derivados. Sabendo que não lhe iria fazer bem, não tive outra hipótese.



Para confirmar que era alérgica à proteína do leite de vaca (APLV), tivemos de fazer análises ao sangue da Irene. Foi a pior coisa da nossa vida. Tiveram de picá-la mais de 15 vezes em cada braço. Não conseguiam encontrar uma veia com sangue suficiente e, assim, o sangue também coagulava mais rápido. Chorei. Chorei. Chorámos. Chorou. Parou de chorar como medida de protecção do cérebro por causa do nível de stress (cortisol). E foi aí que os mandei à merda: "não mexem mais, não quero saber". Já tinham o suficiente para a análise à alergia, era o que interessava (escrevi sobre isso aqui). 

Uma alergologista, colega da nossa pediatra, disse que não podíamos averiguar se ela ainda é APLV ou não, dando-lhe leite sem antes fazer análises ao sangue. Fora de questão. Fora de questão.

Fomos pedir uma segunda opinião e hoje fomos fazer testes de alergia cutâneos (aqueles das mini picadinhas com gotas) e... que descanso. Se foi o melhor dia das nossas vidas? Não. Muito demorado. Estivemos no hospital desde as 9h30 até ao 12h30 sempre a dar gotinhas de leite para ver como reagia. 


(sim, era para mostrar a tatuagem :))




E, pelos vistos, agora está boa!

Temos de ir introduzindo as coisas com cuidado e vamos começar com iogurtes (ainda tenho de investigar se são uma mais valia ou não). 

Isto tudo seria desnecessário se o hospital não cometesse este género de crimes. Sabiam que, no Brasil, dar leite artificial aos bebés no hospital é crime? Foi o que me disse uma obstetra. Se houver aí gente do Brasil que me ajude a esclarecer melhor isto.

Fica o aviso para as mamãs to be. Escolham hospitais "amigos dos bebés" ou informem-se o máximo que puderem sobre amamentação antes ou orientem já uma estratégia de apoio caso seja necessário. 

Há ajuda na Linha SOS Amamentação e em vários grupos no Facebook sobre amamentação. Procurem por Conselheiras de Amamentação (CAM). 

Não quero que passem o mesmo com os vossos bebés que eu passei. Podia ter sido pior? Podia. Podia nem sequer ter sido? Epá, podia. 

A culpa também foi minha que devia ter-me informado, mas continuo a achar que isto não deveria acontecer em lado algum, muito menos num hospital. 

Pelo menos que me informassem dos riscos, tal como fazem quando há operações ou recomendam medicamentos esquisitos. 

É isto.