8.14.2017

Afinal Havia Outra - Filhos bi(ou tri)lingues

“É muito mais fácil aprender idiomas em criança do que em adulto”
“As crianças aprendem idiomas facilmente”
“Podem é começar a falar mais tarde, mas depois falam as duas línguas na perfeição”


imagem weheartit
 
Pois é, viver noutro país que não o nosso exige das nossas crias que falem outro idioma.
Cá em casa fala-se sempre português, mas a casa fica na Escócia.. o que significa que fora de casa se fale inglês. A Escócia, especialmente em Edimburgo, está cheia de espanhóis… o que significa que na grande maioria das vezes se fale espanhol também.
O Vasco, pequeno Lord cá de casa, é sujeito às três línguas desde que pôs os pés fora da barriga de sua mãe.
Foram meses e meses a ouvir as nossas gentes de Portugal.. 
“Coitadinho do menino, vai-se confundir todo!” 
“Ele quando começar a falar ninguém o entende.” 

Entende. Entende tanto como a qualquer gaiato da idade dele. 
O Vasco tem quase 3 anos. Começou o primeiro ano a ouvir inglês e espanhol, seguido de um ano a viver em Portugal, (coitadinha da criatura que não tem culpa nenhuma dos pais mudarem de país a cada ano) e está agora de volta à Escócia e a tentar comunicar em inglês.
A sua grande professora, Peppa Pig, sendo de certo de boas familias inglesas dali da zona de Kensington ou Chelsea, ensina-lhe coisas como “oh dear” e “whota”.
Tenho um certo medo que o rapazito sofra um bocadinho de bullying na escola, pois este sotaque tao british, nao será de todo bem aceite no meio desta miudagem escocesa. Para começar são todos enormes, com 3 anos já me dão pelos ombros a mim e pesam o equivalente a um panda bebé. Depois aqueles cabelinhos ruivos e aquela tez tao pálida, de quem tem claramente falta de vitamina D, coitadinhos dos riquinhos.

Vasco, o Tuga, lá se safa o melhor que pode no meio dos highlanders.
Por questão de sobrevivência, as primeiras palavras que aprendeu foram “biscuit”, “bread”, “delicious” e “more”, o que denuncia já a sua vertende latagona. Quase todas as semanas nos dizem que foi o único na escola a não só terminar o prato como a pedir segunda dose. Meu rico filho. Ainda não passou dos 11kg, aquele ar franzino que quem nao mete nada na boquinha e açambarca para o bandulho tudo aquilo que pode.
De maneiras que a criatura speaks english, habla espa ñol e até manda os seus bitaites em português, que é para ensinar a esta gente a língua de Camões. É vê-lo a passear-se nos corredores do infantário quando o vou buscar, atirando uns “see you leita”, “see you morrow”, “hasta mañana”.
No infantário eu sou a “mommy”, em casa sou mãe. <3
Estes dias, enquanto o assistia na organização da sua frota de mini carros, repetia-me que não era assim, tinha que ser “tandem” e eu ali com cara de sardinha, sem fazer a mínima ideia do que ele queria e a achar que o miúdo estava em devaneio… não liguei.
Por curiosidade, no dia seguinte perguntei ao tio Google…

Tandem

adjective
1.      having two things arranged one in front of the other.
             "a tandem trailer"


Toma lá.
Antes dos 3 anos e já me ensina inglês a mim, que vivo fora de Portugal desde 2010.




Elsa Maria Gomes
mãe do Vasco, Vasco´s mom e mamá de Vasquillo



 
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8.11.2017

As Mães têm de ser um bocadinho egoístas

e·go·ís·ta
(francês égoïste)
adjectivo de dois géneros e substantivo de dois géneros
Que ou pessoa que trata dos seus interesses.

Se há ser mais abnegado, mais altruísta, mais dedicado aos outros é uma Mãe*. A maiúscula é propositada. Há Mães e mães, sim. Felizmente já tirei o meu like da página do Facebook do Correio da Manhã e tenho menos contacto com aquelas notícias do incrível de gente louca (e má) capaz das piores atrocidades. Não vejo televisão. (Só séries e documentários na Netflix e Sic Notícias, pontualmente). As Mães a sério, assim que o são, vêem depender um pequeno ser a 100% delas e aquele momento é altamente transformador. Nunca mais serão as mesmas. Até mesmo a gravidez, tendo de ceder a tantas coisas e começando a fazer as melhores escolhas em prol do bebé - e de si - funciona como um prólogo de tudo o que se seguirá. Primeiro não podem comer saladas fora de casa nem beber álcool; depois dificilmente se separam do filho recém-nascido e tentam viver de forma a não pôr em causa o seu bem-estar. A vida social fica adiada. Os duches mega rápidos, comer com eles na mama (quantas vezes?), os colos de horas para que eles durmam qualquer coisa. Cada bebé e cada família terá as suas idiossincrasias e também a sua rede de apoio (ou falta dela). Cada mãe terá os seus timings e as suas necessidades. Da Isabel, já o disse, senti necessidade de ir comprar roupa num pulinho, teria ela duas semanas, ficou em casa com o pai. E achei que precisava de ir ao Justin Timerlake e fui (claro que as minhas mamas também foram e não aguentaram tantas horas), teria ela um mês e meio ou dois. Fomos, em casal, viajar 3 dias tinha ela 9 meses. Com a Luísa não senti falta de forrobodó tão cedo, fui bem mais caseira. Nem me imagino a dormir longe dela para já. Cada uma de nós sentirá, a seu tempo, necessidades diferentes. Mas uma coisa vos digo: temos de ser um bocadinho egoístas de vez em quando. A verdade é que não estamos sequer a ser egoístas porque, por definição, egoísmo seria se desprezássemos, por regra, as necessidades alheias.

Não será o caso. Apesar de o sentirmos quase que inevitavelmente (isso e aquela história da culpa). Raios. 
Hoje não fui egoísta nem me senti egoísta.  E nem estou a dizer isto para me convencer, mas sim para vos mostrar, caso tenham esse receio, que há um espectro muito grande entre altruísmo e egoísmo. 

Queria, estas férias, ter umas horas na praia sozinha ou a dois sem barulho, sem choros, sem necessidades alheias. Miúdas bem entregues (Isabel na creche e Luísa com a minha mãe), e lá fomos nós os dois, de carro, até ao Baleal. O silêncio na viagem. Fomos calados a maior parte do tempo, sem trocar uma palavra, mas cúmplices no bom que tudo aquilo estava a ser. Chegar, caminhar pelo areal, conseguir apreciar a natureza em todo o seu esplendor, o cheiro a mar, o sol na cara, na pele, a água a gelar os ossinhos, os beijos mais demorados e as mãos dadas. Ler metade de um livro. Um ano e meio depois (para umas muito tempo depois, para outras desnecessário), fomos passear os dois, sem filhos. Soube-nos muito, muito, muito bem. Foram horas que valeram por dias. Nunca a Luísa tinha estado tanto tempo separada de mim mas, quando cheguei, ela estava óptima. Não chorou nunca. Esteve sempre bem disposta. Comeu, dormiu, dançou, passeou, andou a distribuir beijinhos por todos. Ficou contente quando me viu mas nem por isso veio a correr fazer queixinhas. A Isabel estava a ver um filme quando a fui buscar à escola. Contente por rever os amigos e as educadoras, 3 semanas depois. Tudo certo. 

Claro que pensei nelas quando estava na praia: até pedrinhas apanhámos para a Isabel pintar e comentei que uma bebé andava como a Luísa. Lembrei-me delas várias vezes. Mas nunca me senti mal por não estar com elas. Senti-me bem, muito bem. Às vezes é preciso. Parar, respirar, ouvir-nos, relaxar. Quero fazer isto mais vezes. (Tenho de). Por mim, por mim e por ele. E por elas.








E na quinta à tarde fomos ao cinema ver o Dunkirk (aconselho!). Quando cheguei a casa estavam de banho tomado e jantadas. TÃO BOM! <3 Obrigada, mãe.


Gostava até de fazer uma espécie de retiro, já alguém fez?



 
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*e um Pai.

A m o r

Mais uma semana de férias chegou hoje ao fim. Impossível não me relembrar aquele ano e meio - o primeiro ano e meio da Irene - que vivi só dela. É um privilégio poder aproveitá-la com tempo e observar o densenrolar dos seus raciocínios. Está a explicar-se cada vez melhor e já a deixar-me mais vezes sem resposta.

Momento impagável o de ontem quando, ainda bêbada de sono da sesta, abriu um olho e viu que eu estava ao seu lado. Sorriu derretida e voltou a adormecer.

Foram umas magníficas férias de família em que notei agora que tusso da mesma maneira que a minha mãe, que o mano e eu temos muito sentido de humor e que a Irene tem a vida toda pela frente para construir memórias.

Esta foto diz amor de mil maneiras e, no meio da família, estamos nós as duas. Esta equipa que se aperfeiçoa e cujo objectivo é ensinar a amar e a ser amado.

Missão comprida e vai ser cumprida. Em família.



Fato de banho mãe - Triumph
Fato de banho Irene - Tuc Tuc