9.09.2015

Que revolução!

Está mais do que provado que existem saltos de desenvolvimento e que um acabou de acontecer. A Irene, dum momento para o outro, fritou da cabeça e agora acha que é a super-mulher. E, de facto, é. E passou a ser ainda mais. De repente passou a dominar o parque infantil onde costumamos ir e já sobe e desce os degraus pequeninos, já quer trepar para carrosséis, estava doida para escorregar em pé no escorrega e ainda nem tinha escorregado sozinha convenientemente. Já se agarrou a umas barras e tirou os pés do chão (lembrei-me da música do Netinho, claro), sem medo algum. Voltou a por pedras na boca, mas pronto, há de passar de novo. Correu. Gritou. Saltou (ou achou que sim), tentou trepar, alçou a perna, gritava que queria fazer as coisas sozinha. Ficava ofendida com ajudas. Deitava-se de barriga nas pedrinhas e fingia que estava a nadar - teve de ser a querida mãe Selma com quem já me encontrei umas vezes para me explicar o que ela estava a fazer. Dizia lixo quando via lixo no chão. Brincou com a Rita e tentava imitá-la, disse que ela tinha a Kitty na t-shirt. Tenho mesmo uma criança saudável, aventureira, maluca e traquina. Não podia estar mais feliz. Não só por ela estar num bom caminho, mas também por eu ir perder uns bons quilos com os nervos! Imaginam o que senti quando a vi pendurada nas grades? 

Ela estava tão orgulhosa de conseguir fazer tudo! E eu dela. 

Ah! Nunca se sujou tanto na vida. Quando lhe mudei a fralda, tinha trazido metade do jardim com ela! 













Estou quase a ir trabalhar...

A história foi a seguinte: uma licença de maternidade de 5 meses + um mês de férias. Um mês de trabalho e pedi uma licença sem vencimento de um ano. Em Novembro lá estarei de volta à Rádio Renascença, à Mega Hits. 

Vão ser 19 meses em que passei 24h por dia com ela. Contam-se pelas mãos dos dedos duma pessoa normal, os dias em que me separei dela, o que muitas vocês acharão anormal, mas o melhor é mesmo fazermos aquilo que queremos e não agirmos de acordo com aquilo que é esperado pelos outros. Eu queria mesmo estar com ela e ainda quero. Sempre. Se às vezes me passo da cabeça? Sim, mas depois passa.

É um privilégio vê-la crescer todos os dias. Poder observá-la, educá-la, mimá-la, percebe-la. Para mim, foi essencial todo este tempo que passámos juntas. Cresci imenso. Precisava disto. Ela cresceu comigo, perdoando-me os erros e ensinando-me a fazer de maneira a que sejamos ambas mais felizes. Aprendi a valorizar as coisas mais simples, a abrandar. A parar para ver. A ouvi-la. A respeitá-la. A respeitar-me.

Não foi nada fácil, não, mas fa-lo-ia de novo, sem pensar duas vezes.

Já começo a despedir-me de pequenos rituais e liberdades. Em breve já não poderei ir passear com ela de manhã, quando for por o lixo, para ir ver o comboio e as pedrinhas que fazem barulho com os pés. Em breve, irei eu sozinha, por o lixo e entrarei nos comboios que antes, juntas, víamos passar...

Segunda fase do nosso crescimento, Irene. Vamos a isso?




9.08.2015

Abracei uma de vocês e chorei com ela.

A propósito do post desta tarde da Joana Gama (aqui), lembrei-me de partilhar convosco o que me aconteceu na semana passada, quando fui com a Isabel procurar um vestido para ela levar a um casamento. Wrong decision. Apesar de querer integrá-la em tudo o que eu faço, há coisas que para ela não são minimamente atractivas e mais valia ter ido ao parque para ela correr e brincar à vontade. Está na fase em que a única coisa com piada nas lojas é deitar tudo abaixo, sapatos, vestidos, camisolas. Tira e põe, desarruma e arruma, o normal. Quer fugir disparada das lojas porque, se estou a correr atrás dela, deve ser uma grande brincadeira. Ri, ri e ri. Despachei-me num instante, sem vestido, pois está claro.

Mas ainda bem que fui. Pude conhecer a Tonicha. "Isabel!", disse com entusiasmo assim que entrou na loja. A Tonicha é uma mãe como nós. Mas é uma Mãe que teve de arranjar forças sobre-humanas. É uma Mãe a quem tiraram o chão durante uns tempos. O filhote, Gustavo, tem uma doença crónica. Assim que me disse que já tinha comentado no blogue, soube logo quem era.

Emocionámo-nos. Dei-lhe um abraço. O meu coração foi dela. E do Gustavo, que tem menos um mês que a Isabel. Falámos por breves minutos. Desabafou comigo e eu ouvi-a, entre as correrias atrás da Isabel. Nem sabia porque estava a chorar, disse-me, meia envergonhada. Eu sabia por que é que eu estava. Dei-lhe dois beijinhos. Viemos embora.

Nestes dias já pensei muito nela. E em como este blogue me dá tanto em troca. Não são mães que estão do outro lado do computador que nos seguem. São a Tonicha. A Célia. A Filipa. Têm nomes. Têm filhos. Têm histórias reais, que não se importam de partilhar connosco. Confiam em nós, gostam de nós.

Só pude abraçar uma de vocês. Espero poder abraçar muitas mais.