6.10.2015

Esta és tu, Irene.

As fotografias só gravam a tua beleza e os teus olhos de sono. Só gravam o quanto tu gostas de apontar para as árvores quando andas de baloiço, mas não te mostram. Não mostram o que faz com que o Pai e eu morramos de amor por ti todos os dias. 

Tens 15 meses e, para mim, és tanto um bebé como já não és. Sabias que sempre que acordas de uma sesta ou durante a noite (excepto quando são pesadelos) chamas sempre por mim? Começaste por chamar pelas maminhas ("mamiiiii, mamiiii") que, no fundo, sou eu também. Depois passaste a chamar pela "mamã" e agora chamas pela "mãe". Às vezes alternas e ainda bem. Eu tanto gosto de ser "mamã" como "mãe". Gosto que me chames, mesmo que tenha de me levantar pela 12ª vez na mesma noite. É um privilégio saber que podes chamar que a mãe vai. Gosto de saber que, quando acordas e sentes que precisas de mim que sabes que não demoro, só preciso de acordar. 


Parecias uma chinesinha. A mãe também era assim quando era pequenina, segundo dizem. 


Há 15 meses que somos inseparáveis. Já passámos por muito. Foram momentos de aprendizagem da mamã ou da mãe. Desculpa, às vezes, ter sido lenta até aprender algumas lições e se te deixei frustrada pelo caminho. Nem sempre te percebo e às vezes faço birras. 

Sabes quem és? És uma tonta. Estás o dia inteiro a chamar por mim e pelo pai para nos mostrares coisas que sabes que nos fazem rir: dançar a música do Mark Ronson e Bruno Mars, fazer duckface, dar beijinhos em todos os animais de peluche e ilustrações de livros, apontar para as tomadas e dizer "não, não". 

Os pés da mãe não são assim, estavam era ainda muito inchados, está bem?

Já nos entendemos bastante bem. Sabes que quando te dizemos "um minuto" é porque não pode ser já. Aguentas esperar um bocadinho em tudo menos quando queres andar. Ainda não sabes andar. Precisas de nós ou achas que precisas. Enquanto não nos levantarmos do sofá para te darmos as mãos e irmos contigo até ao bidé do quarto para chapinhares na água não paras de gritar, tiranamente: "dá, dá, dá, dá". Sim, Irene, "andar". Nós sabemos. Deves estar quase. As minhas costas anseiam por esse momento mas, mais uma vez, o meu coração prega-me partidas. Tudo começou quando te dei sopa pela primeira vez. O nosso primeiro cortar do cordão umbilical que eu tenha sentido. 

Isto era a mãe antes de estar grávida. Estou a brincar. Eras tu quem estava ali, já viste?

És muito, muito querida e recentemente começaste a dar beijinhos ao pai e à mãe e a abraçar também. Adoravas comer pão, mas agora parece que ficas hipnotizada com tudo aquilo que nos vês comer. Andas a comer um bocadinho de torrada com manteiga, mas não é para contar a ninguém. 

Já não refilas quando te corto as unhas. Sabes que não demora assim tanto. Continuas a levantar os braços quando te peço para vestires a roupa ("braços para cima!"). Adoras as flores que estão ao lado do trocador e, especialmente, de tirar toalhitas do pacote até a mãe dizer que já chega. 

Apontas para as maminhas do pai e chamas-lhes maminhas. Gostas do "bigo" da mãe. Temos imensas brincadeiras em família. Aquela em que te cheiro o pescoço todo depois de te prender os braços e digo "cheiras a sopa da boca!!!". A do espirro. Adoras esta, Irene! Começas por fingir que vais espirrar ("ahh ahhhh ahhhh"), nós fazemos "tchim" e tu dizes "tantinho". Passas o dia todo nisto, ou mesmo não sendo. A nova é dizeres "tô", com a boquinha numa circunferência perfeita (é o mesmo que círculo) e esperares que te perguntemos "quem é?". Respondes com "bebéeeeeeeee" e começa tudo de novo. Foi o pai quem ensinou esta. 

Aqui tinhas um mês e foi a tia Joana Paixão Brás quem tirou a fotografia. 
O teu gato preferido (temos dois gatos ou tínhamos... depende de quando estiveres a ler isto) é o Noddy. Talvez por ser aquele que sabes dizer o nome. A Bubbles é, para ti, "babéti" tal como o babete e todas as borboletas (dos livros e do Baby TV). Quando eles não querem nada contigo já sabes que "foxiu". 

Adoras passear com a mãe (ou mamã) e sempre que te pergunto tu respondes com "aiiii". Nunca entendi porquê. "aiii" é, para ti, o miar dos gatos e também ir passear. O de chamares aos saPATOS "quá, quá" ainda percebo. 

Queria aproveitar para te pedir desculpa das músicas que a mãe te deu a conhecer e que, de momento te deixam louca: a "piradinha", a "levanta a cabeça princesa", o "Hakuna Matata" (essa acho que é mesmo gira), Bruno Mars, "poderosas", "baby baba", etc. Ao contrário do que possa parecer a mãe nunca gostou de música brasileira, mas são as que ponho, desde sempre, para ti. Deve ser o perigo dos "relacionados" do Youtube, sendo que me assumo culpada pelo vício na música das "poderosas". 


O pai que é o homem mais feliz do mundo desde que te conhece, Irene.


Adoras o Pai. Papá ou Pai, chamas das duas maneiras. Chamas por ele quando ele está (quase sempre) ou quando foi trabalhar. É o teu melhor amigo. Adoras que ele te atire ao ar e que te abane. Que faça "piririririri alguém ligou para mim" (mais uma) fazendo-te saltar na cama. O teu pai é quem cozinha todas as tuas comidas e ele gosta muito. Tens comido salada de frutas todos os dias e ele tem muita paciência para cortar tudo muito pequenino e simétrico para te dar mais jeito a comer e, provavelmente porque tem ali uma obsessão qualquer, hehe. 

Adoras fazer pinotes. Estás sempre a fazer ginástica quando não queres andar. Adoras os nossos livros e não chamas os animais pelos nomes mas pelos sons que fazes. Lamento se não inventei sons diferentes para o urso, tigre, leão e dinossauro, mas a mãe não tem jeito para mais. 

Estou tão desejosa que cresças como não. Gosto de ti todos os dias e todos os dias ainda mais. Gosto de ti bebé, gosto de ti grande. Gosto de ti e sou mesmo apaixonada por ti. Mesmo quando acordo cheia de sono ou mesmo quando sinto que nem acordo. 

Sim, acordas muitas vezes durante a noite. É a única coisa menos boa, mas a mãe está cá. E gosta de te dar miminhos até adormeceres outra vez. Quando fores maior, faço-te o mesmo, só para veres o quanto o meu amor é incondicional :) 

Primeiro sorriso de manhã ao ver-nos. 


És tu.

E agora, o que leste, és tu aos 15 meses. Está a ser um prazer conhecer-te. 

Obrigada. Obrigada. Obrigada. 

6.09.2015

Sabiam que estamos em directo?

Não neste preciso momento, mas inventaram uma nova rede social que é uma espécie de Skype mas para muita gente. Chama-se Periscope, é preciso ter conta no twitter e, basicamente, faz com que façamos chamadas de imagem para quem estiver interessado e nos siga. 

A Oprah Winfrey já lá está, o Arrumadinho também e as centenas de outras pessoas que a Joana Paixão Brás se pôs a seguir que eu não conheço de lado algum. Sou péssima para nomes. Vá, não se ponham a dizer piadas como "já tinhamos reparado por teres posto o nome de Irene à tua filha" porque ou a maior parte das pessoas me mente ou então muita gente até engraça com o nome. 

Bom, isto do Periscope. Não vamos andar a fazer directos a torto e a direito porque... Porquê? Porque não iriam ter interesse, mas podem sempre sugerir coisas ou podemos agendar encontros por aqui (uhhhh cyberdating) e falarmos por lá e fazerem-nos perguntas. Vou falar com a outra Joana e marcarmos uma hora da próxima semana para ser ela a fazer um directo e outra para ser eu. A que horas vos daria algum jeito, se é que isto teria algum interesse? Acho que podia ser giro interagirmos todas, sem termos que começar a organizar mercadinhos hehe. 

Fica aqui um exemplo do primeiro directo que foi feito sem ser uma experiência. Digam de vossa justiça e, se gostarem, migrem-se para lá e sigam-nos. 


A minha filha tem orelhas de abano

Tem, é um facto. Quando a Isabel nasceu, vinha com as orelhas dobradinhas. Depois, passado um mês, começámos a notar que se estavam a afastar cada vez mais da cabeça. No segundo mês, comecei a pôr-lhe fitas, porque li que a cartilagem ainda estava tão molinha (não é este o termo técnico) que ia ao lugar. Andava de fita muitas vezes durante o dia, até ter uns 9 meses, mas para dormir nem pensar porque tinha medo que saísse do sítio e que a sufocasse.



Além de sentir que estava a fazer tudo certinho, que era por ela, gostava de lhe ver as fitas.

Várias pessoas me disseram para comprar uma espécie de adesivo na farmácia e lhe pôr. Nunca consegui comprar. Como ela tinha algum cabelo, não a queria magoar.

Depois, andei a pesquisar na net outras formas de contornar a coisa. Sim, sim, que eu vi muito bem o que uma criança com orelhas saídas sofre na escola. Tinha um colega, o João Diogo, que era o "urso". Vi bem o quão cruéis podem ser as crianças umas para as outras. Como mãe, por mais que quisesse pensar que a vou ensinar a gostar de si, independentemente das características físicas, só o facto de pensar que ela podia chorar com as bocas dos outros miúdos, consumia-me um bocado. Confesso. Preocupei-me. Não era coisa que me dava insónias, mas, de vez em quando, pensava nisso.

E se se usa aparelhos para corrigir os dentes, por que não algo para corrigir as orelhas? Encontrei um site, que me pareceu revolucionar esta área, o Ear Buddies. Não é um aparelho que se venda na Pixmania, não, não. É uma coisa aprovada por especialistas de saúde britânicos e que pode evitar a realização de cirurgias a longo prazo. Além da orelha de morcego, há outras pequenas imperfeições que podem ser corrigidas com esta coisa, com grandes taxas de sucesso (90%), se aplicado nas quatro primeiras semanas de vida e com valores bastante altos até aos seis meses.



Em 10 anos, as cirurgias às orelhas (otoplastia) reduziram em 20% no Reino Unido, à conta deste bichinho, que durante a aplicação fica assim:


Mais uma vez, pensei que teria de rapar o cabelo à Isabel na zona à volta das orelhas, que teria mais uma preocupação na hora do banho e preocupei-me com aquilo que os outros iam pensar. Admito. Não quis ser a mãe obcecada com a aparência da filha. Depois, tinha gente à minha volta que desvalorizava: "ainda por cima é menina, depois o cabelo tapa". E tinham, em parte, razão.
Comecei a pensar no miúdo bem disposto que era o João Diogo. Como, já adolescente, era estimado por todos. Era o "ursinho" e pareceu-me sempre bem resolvido.

Desisti rápido da ideia. E a verdade é que deixei de ver. Deixei de ver as orelhas de abanico. Deixei de ligar. Olho para ela, e vejo o todo. Vejo-a linda, querida, feliz. Desculpem o vernáculo, caguei para isso. Caguei para as fitas também, que a deixavam um bocado suada e ela começou a não querer usá-las. Comecei a usar lacinhos. E a amá-la como ela é. Foi um processo de aprendizagem, porque durante algum tempo pensava no que a minha filha diria, dali a uns anos, sabendo que eu podia ter feito alguma coisa para contornar isto. Queria fazer tudo por ela, tudo. Hoje sinto-me bem com a minha escolha.



E sabem o que descobri, só depois de ser mãe? Que também eu tenho orelhas bastante saídas e nunca tinha reparado. Porque quando se está de bem com a vida, os pormenores não interessam nada.