5.16.2015

Eu tinha uma melhor amiga.

Eu tinha uma melhor amiga, como quase todas as meninas da minha idade. Tinha um nome estranho, mas, por gostar tanto dela, tornou-se num nome incontestavelmente bonito. Chamava-se Priscila. A Priscila morava no rés-do-chão do meu prédio e, às vezes, depois da ama, eu ficava na rua a jogar à bola com ela. Mandava-lhe a bola e ela apanhava, debruçada no parapeito da janela. Tínhamos exactamente a mesma idade e fomos para o primeiro ano juntas. Íamos as duas a pé para a escola. Um dia chateámo-nos e ficámos uns bons 40 minutos sem nos falarmos. Éramos inseparáveis e as nossas mães chegaram a comprar-nos roupas iguais. Lembro-me de um vestido da Benetton a condizer. E assim crescemos. A trocar roupa, a engordar e a ter as primeiras borbulhas. Lembro-me de nos pesarmos na farmácia, uma a seguir à outra, uma pior que a outra. Ela ganhou mamas, eu nem por isso. Eu fiquei mais alta e ela mais baixa. Lembro-me de irmos ao cinema, de fazermos disparates. Quando tínhamos trocos, íamos ao café Montecarlo comprar gomas e pastilhas de melão, que a minha mãe descobria pelo cheiro, a léguas.
Lembro-me da gargalhada bem sonora da Priscila. Dos olhinhos meigos. Lembro-me de quando me veio contar, a chorar, que ia ter irmãos gémeos. Lembro-me dela cuidar deles e de, às vezes, perder a paciência. "São terríveis", desabafava, com um sorriso. Um dia levámo-los ao cinema e não se calaram enquanto ela não os encheu de pipocas.
Lembro-me da primeira grande paixão dela e de estar ao lado dela, no meu quarto, à noite, quando trocou as primeiras SMS de amor. Vibrámos com aquilo. Os primeiros namorados "a sério". Lembro-me de dormirmos juntas, de conversarmos até tarde e de tentarmos controlar o riso, para os meus pais não ouvirem. Lembro-me de passarmos férias juntas, no Algarve. De trocarmos promessas, de nunca nos separarmos, de sermos madrinhas das filhas uma da outra.

Um dia, a Priscila disse-me que ia mudar de cidade. Chorámos muito, não queríamos. Como viveríamos uma sem a outra, se éramos unha e carne? Como colmatar a falta dela, se ninguém me conhecia melhor? Se nos adorávamos e raramente discutíamos? Prometemos que ninguém nos iria afastar. Que iríamos continuar próximas. Que a nossa amizade ia ser para SEMPRE.

A verdade é que a vida acabou por nos separar. Se nos primeiros três anos conseguimos ainda ver-nos algumas vezes, depois fomos perdendo o rasto uma da outra. Mas quando ela me ligou a contar que estava grávida, chorámos juntas. Fui visitá-la poucos dias depois da Carlota nascer. Que saudades da minha melhor amiga. Depois disso, nunca mais nos vimos, já lá vão uns cinco anos. Já tentámos, mas na verdade nunca tentámos mesmo, com vontade. A vida acabou por nos dar outros amigos, outras rotinas, outras vidas. Mas tenho a certeza de que ainda gostamos muito uma da outra e que as memórias não se apagam nunca. Memórias que fizeram de nós aquilo que hoje somos. Uma amizade assim é transformadora. E, apesar de não parecer, é para a vida. Tenho a certeza de que ela me adora e que tem saudades, tal como eu tenho. Sei que um dia ainda vamos estar juntas e que as nossas filhas vão brincar juntas. Quando? Não sei. Um dia...

E quando esse dia chegar, tenho a certeza de que vamos dar um abraço forte e sentir que o tempo não passou por nós. Que somos as mesmas. Que conseguimos ser aquelas meninas, de mãos dadas, no primeiro dia de escola.



É uma amizade destas que eu espero que a Isabel e a Irene tenham. Que sejam a Priscila e a Joana, a emprestar calças de ganga uma à outra. A chorar juntas os primeiros desgostos de amor. A marcar a vida uma da outra para sempre.














As mães delas já casaram até os pares de sapatos (e sem combinar)! Por isso, elas que não se armem em parvas e que sejam as melhores amigas, para não ter de me chatear! Bem, bem.



Ah! Obrigada, Little i, pelos panamás das miúdas!

A Irene quer arrancar o nariz à Isabel




Logo à noite mostro mais desta manhã de gajas.

5.15.2015

26 Pessoas que uma mãe dispensa.



1 - Pessoas que digam que o bebé tem fome ou frio ou sono.

2 - Pessoas que apontem defeitos nos bebés.

3 - Pessoas que façam as mesmas perguntas quando os vêem.

4 - Pessoas que digam que é a cara chapada do pai.

5 - Pessoas que comentem o peso do bebé.

6 - Pessoas que comentem a opção de alimentação nos primeiros meses de vida.

7 - Pessoas que digam que o bebé delas não era assim.

8 - Pessoas que digam que o bebé delas dorme a noite toda.

9 - Pessoas que digam que devíamos ir fazer ginástica.

10 - Pessoas que não percebem por que é que ainda não os deixámos com os avós.

11 - Pessoas que cheirem mal.

12 - Pessoas que não entendam que não é fácil cumprir horários com bebés.

13 - Pessoas que se atrasam quando combinam coisas connosco e com os nossos filhos.

14 - Pessoas que os tiram logo do nosso colo sem perguntar.

15 - Pessoas que têm tantos filhos que se riem dos nossos desabafos com coisas que, para elas, são simples.

16 - Pessoas que nos vêem com miúdos pequeninos e que nos pedem para passar à frente na fila.

17 - Pessoas que não nos dão prioridade nos elevadores ou nas filas de supermercado quando temos bebés pequenos.

18 - Pessoas que estacionam nos lugares para família quando vão sem ela, só porque têm uma cadeirinha atrás.

19 - Pessoas que, mesmo à tuga, quando vêem os nosso filhos dizem "coitadinho", sem motivo algum.

20 - Pessoas que se deixam de lembrar de nós só porque deixamos de estar tão disponíveis.

21 - Pessoas que esperam que as nossas vidas continuem iguais depois das nossas prioridades mudarem.

22 - Pessoas que acham que somos menos boas profissionais porque agora temos filhos.

23 - Pessoas que têm filhos, mas que agem como se não os tivessem.

24 - Pessoas que nos dizem que "dantes não eras assim".

25 - Pessoas que não compreendem que sair mais cedo naquele dia não significa que não tenhamos trabalhado tanto ou mais do que os outros para compensar.

26 - Pessoas que digam que "o meu, com a essa idade, já me fazia o jantar enquanto dava uma pirueta".

(....)