9.25.2018

Eu não sabia que ia ser assim.

Não tenho grandes dramas na minha vida. Mesmo os que o possam ter sido, ultrapassei-os com rapidez. Tenho alguns fantasmas, mas quase nunca deixo que me assombrem. Sou uma pessoa feliz. Não sempre. Acho que isso não existe. Às vezes sinto-me uma mimada por exigir mais da vida, dos outros e por ir recuperando alguns sonhos, tendo novos. Já aqui o disse, aos 32 anos ainda não sei bem o que sou, o que quero ser nem o que serei. Acho que nunca o soube. Estou, no entanto, muito bem profissionalmente, sinto-me acarinhada e a desafiar-me (estou num trabalho totalmente novo, sou conselheira de comunicação de algumas marcas e nunca tinha experimentado nada parecido: sempre trabalhei em televisão. Sempre. E afinal também consigo fazer outras coisas).

Eu não sabia que ia ser assim. Não sabia que teria duas filhas e só depois me casaria. Não sabia que passaria por bastantes trabalhos, conheceria tantas pessoas, ficaria em casa quase dois anos, que faria biscates e locuções, que me convidariam para entrevistas ou para falar sobre educação em conferências ou sobre amamentação, que teria um blogue e que seria mais ou menos conhecida, que teria gente a acompanhar o que vou dizendo, a contrariar ou a apoiar as minhas opiniões e convicções e que ajudaria algumas pessoas em algumas situações da vida. Que ajudaria algumas marcas a venderem os seus produtos ou que iria escrever por prazer sobre a minha vida, sobre o que vejo e o que sinto.

Não fazia ideia. A vida foi-me trazendo até aqui. E sabem que mais? Estou a gostar. Estou a gostar de ser várias coisas ao mesmo tempo, estou a gostar de conciliar a minha vida profissional com a minha vida de mãe. E se há dias em que sinto que não chego a todo o lado, há outros em que confirmo que estou a fazer algumas coisas bem feitas. Já me chateei comigo por não ser apenas uma e uma coisa, por nunca saber bem o que me faz mais feliz, mas agora vejo que não tem de ser taxativo. Que posso ser muitas coisas e experimentar outras tantas: não estão bem a ver a minha felicidade em estar num ensaio com a banda da minha empresa e cantar, coisa que não fazia há que séculos. É bom ter muitos amores, muitas paixões. 

Se também são assim meio artistas de circo, se gostam de variedades e sentem que não encaixam a 100% numa só coisa, que estão algumas vezes insatisfeitas e precisam de hobbies, então sintam-se compreendidas. Eu sou assim. Não gosto só do amarelo.

Eu não sabia que ia ser assim. Mas eu sou assim. E ainda bem.

Fotografia Yellow Savages

Fotografia Yellow Savages

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Somos "muita" totós, não somos?

Se estivesse a ler este título, responderia com um: "fala por ti, ó!". 

Ok, eu falo, daí eu ter dito "somos", mas já reparei que somos imensas a ser totós nestas questões. Temos de parar!

Os nossos medos mais imbecis enquanto mães: 


- Que eles usem fraldas para sempre se não fizermos o desfralde a tempo.

Qual é a pressa? Vamos fingir que não há colégios simpáticos que obrigam as crianças ao desfralde antes dos x anos para poderem frequentá-lo para não terem que lidar com a logística de fraldas (uns trocadores, fraldas, toalhitas e um caixote de lixo, diria). 

- Que eles nunca cheguem a adormecer. 

Naqueles dias em que estamos mais cansadas e nervosas para os adormecer, a nossa cabeça reage como se o worst case cenário fosse eles ficarem acordados para sempre. Sabemos que isso é impossível, mas reagimos como se os putos pudessem ser uma espécie de coruja embalsamada. 


A minha miúda a mentalizar-se que ia comer tudo o que tinha pedido da lista n'A Oficina do Duque



- Que morram à fome. 

Ui! Eu chorava quando ela não mamava quando era bebé ou quando não queria comer a sopa ou o jantar. Esquecemo-nos que apesar de não enviarem e-mails, que são pessoas. E que podem ter menos ou mais apetite ou gostarem mais ou menos da comida. Reagimos como se, por não jantarem hoje ou não almoçarem que vão morrer à fome ou então que temos a confirmação - mais uma - de que somos as piores mães do mundo. 

- Que nunca mais acordem. 

Isto da "morte súbita" - que um dia ainda vamos descobrir que há causa e que o "súbito" é só porque ainda ninguém se conformou com uma explicação (eu agora além de ter um curso de medicina, ser doula, também sou visionária). A Irene, nos primeiros dois meses dormia 12 a 14 horas seguidas. Devia estar de ressaca do parto ou, então, sacana andava só a evitar-me. Eu achei que ela nunca iria acordar na vida, apesar de estar a respirar - ou lá o que é aquilo que os recém nascidos fazem que parece uma beat da pior música de David Guetta (que é separar o joio do joio, neste caso, mas pronto). 


- Que a febre nunca mais passe. 

Quando estão doentes, raramente conseguimos ter uma noção de que será sempre um estado temporário. Claro que é que difícil porque temos o coração nas mãos, mas... tudo vai passar (não é "tudo", porque vivo neste mundo, mas em princípio, sim!). 

- Que não aprendam a andar.

Como se dependesse de nós e dos nossos estímulos que um bebé aprenda a andar ou não. Claro que não estou a falar de cenários especiais, mas eu morria de pânico - achava tanto que não sabia ser mãe -  que não soubesse ensiná-la a andar, mas eles arranjam sempre maneira, sempre. São mais convincentes que um cão a fazer olhinhos para ficar com a febra (se não se der febras a cães, lamento, nunca tive bem um cão.


Temos de tentar separar a nossa totozisse da realidade. Temos de ser o nosso contraponto e pensar "porra, ó Hermínia, achas mesmo que ele pode chegar aos 40 anos de fralda? Vá, vai lá beber o sumo do miúdo às escondidas e acalma-te um bocadinho. 




9.24.2018

Quem quer ir ver a Patrulha Pata em Lisboa?

Vá. Têm duas oportunidades de ver os cães mais famosos de sempre (ainda bem que não deram nome aos 101 dálmatas e que não havia todos para comprar nos hipermercados), senão em vez de ter que me preocupar com a "ómidade" lá em casa no Inverno era mais em não esmagar cãezinhos com os meus calcanhares que imploram por pedras pomes. 

São duas oportunidades porque são dois passatempos a ocorrerem em simultâneo ou um em dois lados, sei lá: podem ganhar bilhetes aqui e no instagram, é isso que quero dizer. 

Adoro estes desenhos animados, confesso. Não os vemos com frequência mas a Patrulha Pata está naquela categoria de desenhos animados em que, quando vou dando um olho na televisão para ver o que ela está a ver, não faço aquela cara de quem chupou um limão. Abençoados caninos e respectivo Ride. 

Vamos lá ganhar esses bilhetes para ir ver o Marshall, o coiso, o Chase, o coiso, a Everest, a Skye e o coiso? Todas nós sabemos os nomes todos, estou sou a fingir que não faço parte do grupo de mães envangelhizadas para parecer mais cool, mas as minhas Birkenstock no local de trabalho não mentem. 



Então, a ideia aqui é:

Seguir a Lemon Live Entertainment

Seguir a Mãe é que sabe no Facebook

Partilhar publicamente no vosso perfil (de forma pública) o post do Facebook (este aqui em baixo) e comentá-lo identificando 3 amigas.



Quarta-feira, comentarei em resposta aos vossos comentários (temos dois bilhetes duplos para dar aqui no blog) para me enviarem os vossos e-mails, ok?

E claro que estão todas e todos convidados para irem ao espectáculo Patrulha Pata ao Vivo! no dia 29 de Setembro (sábado) no Altice Arena. Bilhetes à venda nos locais habituais.

Beijinhos e boa sorte!!


- Podem ir ao instagram tentar sacar (mais) um duplo ;) Olhem aqui:





Quem é que até mudava de humor se ganhasse um convite duplo para ir ver a Patrulha Pata ao Vivo! neste sábado no Altice Arena? Ahh eu sei que sim, não se façam de esquisitas. Quantas vezes não olharam para o boneco do Rubble e pensavam que daria jeito para tirar a máquina de fazer sumos que está no armário mais alto da cozinha? Vá, vocês adoram estes cães (se não adoram, ser mãe é muito fingir que sim) e têm aqui oportunidade de ganhar um bilhete duplo, ‘tá? 👉 Sigam-nos aqui no instagram. 👉 Sigam a @lemon.live.entertainment 👉 Taguem aqui três amigas mães com essa cara de azedinhas porque sabem que terão a mesma probabilidade que vocês de ganharem os bilhetes. :) Quarta-feira direi as vencedoras, aleatórias (mas que cumpram os requisitos em cima), não só as daqui do instagram como as do Facebook. Força nisso! Até sábado? Mesmo que não ganhem, agora ficam com a decisão por tomar: vão dar um dos dias mais felizes da infância dos vossos filhos ou vão escapar-se a ele de fininho? hahah
Uma publicação partilhada por a Mãe é que sabe (@amaeequesabe.pt) a



9.23.2018

Afinal tive despedida de solteira!

Fotografia: Yellow Savages

Eu não queria uma despedida de solteira. Os meus padrinhos diziam que tinha de ser. E eu aceitei se fosse do meu género, um lanche ou um jantar na praia com as amigas, mas sem se gastar muito dinheiro. Sem pilas na cabeça ou sessões de striptease (nada contra, só não faz o meu género). Algo simples, sem soar a evento, só para pôr a conversa em dia e rir.

E foi uma tarde maravilhosa no Meco. Éramos 11, cada um levou comida, bebida (com direito a champanheeeee MUMM uau!) e uns pratos gigantes com doces e salgados da Bit By Bit, que além de lindos eram uma delícia.



Não há explicação para este prato delicioso... com compotas, fruta fresca... ainda traz tostas com fio de azeite e pãozinho. Fiquei fã!



Uma beleza de platters (fiquei fã do Rocky Road, dos suspiros com molho de morango, das mini tartes.... bem - amanhã tenho prova do vestido e vai dar asneira)

Ao jantar fizeram-me um jogo tipo quizz: se eu acertasse na resposta do David, recebia um presente, se falhasse bebia (e não era água...). Desde petazetas até ao livro do Principezinho, passando por uma liga para o casamento, maquilhagem, um diário de viagem para a lua de mel e uma montagem com as fotografias com todos: mesmo especial!

A Inês da Yellow Savages apareceu lá com a câmara de surpresa: "se eu soubesse teria passado ao menos um pó na cara". Mas sabem que mais? Foi bem mais fixe e natural assim.

Adorei, Inês! Até dia 6 de outubro, o grande dia! Já só faltam duas semanas! <3



Fotografias Yellow Savages































Amei cada bocadinho. É nestes momentos em que penso: "poucos, mas bons". Tenho muita sorte.
Obrigada, amigos para a vida toda. <3

Fotografia - Yellow Savages


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9.20.2018

Ela quer umas férias... de auto-caravana!

Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Por que é que não posso ter uma filha que tenha curiosidade e imensa vontade que seu o pai, ex-marido de sua mãe, ofereça um condomínio fechado à mesma? Ou por que é que não morre de vontade de pôr a loiça na máquina depois de dar uma passagem nos pratos de sopa para não ficar a cheirar a lixo com este calor?

Não. A miúda agora quer é viver à Eminem no filme 8Mile. Claro que sem a parte dos maus tratos e abusos. Bom, se calhar devia riscar este exemplo, mas não estou agora com grandes referências de auto-caravanas na minha vida. 

Ela já me anda a dizer isto há um ano ou dois. Praticamente desde que começou a falar, que graça! Foi a primeira frase que disse: "Mãe, temos de ir viajar de auto-caravana. Vá, um abraço". Foram duas frases, que não sou parva, eu sei. 

Bem, sendo assim, sabendo que ela não sabe bem o que está a pedir. Acho interessante ouvi-la e considerar essa hipótese, até porque acho... à parte dos cocós e xixis em monte para um balde ou para um depósito (não sei bem do qu eestou a falar) até pode ser giro viver uma vida minimalista, desde que devidamente equipada com wi-fi, ben-u-rons, brufens, anti-mosquitos e Uber Eats. 

Ontem, a falar com os meus colegas (ainda falo com eles e eles comigo apesar de trabalhar na empresa há mais de 10 anos - é porque eles vão mudando, vão brotando dos cantos, são sempre malta nova) disseram-me que só se podem estacionar auto-caravanas dentro de parques de Campismo. Isto é verdade? A auto-caravana é, então, só uma tenda montada para todo o lado? 

Tem de haver mais do que isto em relação a auto-caravanas. Brindem-me com informações. Sei que isto não é muito sexy para uma blogger que não seja de viagens e de aventuras, daquelas mães que consegue dar de mamar, num marsúpio, despida enquanto vai numa liana fazer um grande mergulho numa cascata, mas tem de se começar por algum lado. 

Ajudem aqui a... pseudo-beta que se quer auto-caravanar. Alias, nem sou eu... é a filha que estou a educar e que, na volta, quando formos até vai odiar... 



Assim quase que dava, não era? Até ter uma intolerância qualquer e dizer "malta,vão todos lá para fora para o parque de campismo que preciso da sanita só para mim". 







9.19.2018

Vamos falar de violência obstétrica?

A minha mãe foi das primeiras pessoas que me falou do que sofreu no parto. No meu parto, há 32 anos. Sofreu muito. Mais do que pelas dores, pela forma como foi tratada. Ouviu a célebre frase do "não gritou quando o fez", não lhe deram água nem molharam os lábios quando pediu, foram muito brutas e insensíveis. Disse-me que foi muito maltratada, ignorada e que teve muito azar. "Devia ter feito o curso de preparação com elas, não me conheciam e não quiseram saber". Penso que terá sido tão mau e traumatizante ao ponto de ainda contar o episódio com um ar triste. Também por isso terá sofrido tanto quando eu tive a Isabel. Chorou, preocupou-se muito, ficou em Lisboa até nascer (nasceu às 02:38 da manhã), não arredou pé. Também aí me apercebi de que uma mãe é mesmo para a vida toda (e que sofre a vida toda pelos filhos).

A minha mãe foi vítima de violência obstétrica. Mas eu achava que era coisa de enfermeiras e médicas da "velha guarda" e estava longe de saber que, hoje em dia, ainda há muitos procedimentos que não são normais e nem sequer necessários, que ainda se desrespeita muito a mulher e a vontade desta e que a mulher não sabe ao que vai, não conhece as várias opções, não está informada sobre o processo biológico. A verdade é esta. São poucos os cursos de preparação para o parto onde se fala do que pode e deve ser feito. Ensina-se o que é feito nos hospitais. Não se fala de alternativas. Não se questiona.

Eu só descobri que a episiotomia raramente é necessária aqui, no blogue, quando abordei o tema e me passaram informação sobre a mesma. Eu só descobri que os químicos que nos dão para acelerar o trabalho de parto ou para o induzir aumentam e muito as nossas dores. Só mais tarde percebi que há médicos que inventam desculpas para que o bebé nasça no dia mais conveniente ou para prosseguirem para cesariana: "placenta velha", "pouco líquido", "está sentado", dizendo também, muitas vezes, que, com 37 semanas ou 38 já estão mais que prontos, ou que são muito grandes, ou que... A mulher, vulnerável, perante aquele que considera o expert, aceita tudo. Deixa nele as decisões.

Aprendi muito depois de ser mãe. Com o que li, com outras mães, com especialistas em amamentação, com histórias. E li recentemente uma reportagem (chamada O Ponto do Marido aqui ) que me deixou enjoada sobre violência obstétrica no Brasil, conduzido por uma jornalista também ela vítima. Coisas que se dizem, "piadas", coisas que se fazem, procedimentos a que submetem a mulher, que não é tida nem achada no processo. Uma em cada quatro mulheres é vítima de violência obstétrica no Brasil. Há, por lá, mas também por cá, o chamado "ponto do marido" que é o ponto que dão a mais na vagina da mulher para que possa dar mais prazer ao marido, deixando-as muitas vezes incapacitadas e sem prazer durante meses ou anos ou... Isto faz-se. Muito. E provavelmente também por cá. E isto é mutilar. É desumano. Cruel. Machista. Abjecto. Imoral. E muitos outros adjectivos.

(Segundo a reportagem "O Ponto do Marido", aqui, a episiotomia, o corte abaixo da vagina durante o parto, deveria ser usado apenas em casos pontuais e necessários, mas acaba por ser usada em 53,5% dos casos no Brasil. O problema? Não há provas científicas de que este seja necessário, o mesmo não pode ser feito sem autorização da paciente e a costura posterior não pode ir além do corte vaginal dito 'natural' para satisfazer o parceiro. A OMS adianta mesmo que "não há nenhuma evidência que prove a necessidade da episiotomia em qualquer situação".")

Eu li testemunhos assustadores. Felizmente há quem dê a cara por este tema e há coisas que estão a ser feitas. Por exemplo, vai ser ministrado o primeiro curso sobre violência obstétrica para juízes (compreender o que é é o primeiro caso para que possam avaliar); o Ministério Público fez uma audiência para debater o tema com profissionais de saúde; projecto lei está a ser aprovados; o tema está ser amplamente disseminado. Ainda bem.

Ainda falta muito. Até ver-se negada a posição como a mulher quer parir pode ser, em alguns casos, um exemplo de violência obstétrica, sabiam? Que o plano de parto deve ser respeitado quando possível (e muitas vezes até era possível, mas não dá jeito). É por isto e por tudo o resto que ainda há muito a fazer e as doulas, os profissionais e os especialistas podem ser mesmo muito importantes neste processo de quebrar mitos, medos e de empoderar as mulheres. Conhecer os nossos direitos é fundamental.

Temos de falar sobre isto. Venham daí essas opiniões e essas histórias. 

Esta imagem... esta imagem... mata-me um bocadinho.


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