Se da primeira filha ainda levava em consideração algumas opiniões sobre coisas para as quais nem sequer pedia opinião, da segunda, não quero nem saber. Estou mais forte, mais confiante, mais segura. Continuo com dúvidas, há sempre escolhas a fazer, mas já não levo nada a peito. Já sei que faz parte. Que toda a gente tem algo a comentar sobre todas as escolhas e hábitos que temos enquanto família. Que toda a gente tem verdades feitas e que se baseiam nas suas histórias ou em histórias circundantes para criar regras e leis.
Se há coisa que percebi nestes meus quatro anos de maternidade é que cada criança é uma criança e CADA FAMÍLIA É UMA FAMÍLIA. E que o que resulta para uns pode não resultar para outros. E que não há um certo e um errado. E que os médicos não têm de opinar sobre determinados assuntos, ou melhor, podem opinar mas a escolha vai ser sempre nossa.
Já não me lembro bem em que mês me disseram, numa consulta do médico de família, que já era suposto a Luísa ter o quarto dela. Numa das vezes ainda argumentei. Dadas as vezes que ela acordava, era preferível assim, para descansarmos todos melhor. Claro que tentei outras opções, mas não resultaram. Da segunda vez, sorri, disse que estávamos a tratar disso, e seguimos com a nossa vida. Da terceira vez, menti. Não me apeteceu dar explicações que não iam levar a lado nenhum.
A verdade é que dormimos com as nossas filhas. Às vezes com as duas. Às vezes só com uma. Vamo-nos adaptando às necessidades delas. Às vezes estamos sozinhos na cama e acordamos quatro. Às vezes adormeço-as às duas e fico a dormir com as duas. Fazemos uma espécie de jogo das cadeiras com as camas.
Claro que isto seria inconcebível para outras famílias e não quer dizer que estejam erradas. Isto é o certo para nós.
Claro que eu preferiria que lhes pudesse dizer "boa noite, até amanhã", saía do quarto, beijinhos e lá elas adormeciam sozinhas e acordavam às 8h da manhã e ao fim-de-semana às 11h. Mas não é assim que elas funcionam, não são essas as capacidades e necessidades delas. E nós temos respeitado isso. A Isabel já faz noites seguidas, mas às vezes tem pesadelos ou xixi e acorda. A Luísa acorda todas as noites, mais do que uma vez. Às vezes mama outras vezes aceita o pai (e isto já é uma vitória, acreditem). Dormirmos juntos, a três ou a quatro, ou dois a dois, tem sido a solução para DORMIRMOS TODOS o melhor possível. Essa é a nossa prioridade. No outro dia diziam-me que era um péssimo hábito.
É preconceito nosso.
Em muitas culturas, o co-sleeping é natural. E cá em casa é o que resulta melhor. Sem culpas, sem receios, sem achismos de que as estou a estragar. Amor nunca é demais. Respeito pela tranquilidade deles nunca é demais.
E o casal?
Se não dormíssemos de todo é que dificilmente haveria vontade para sexo. Assim, o casal é capaz de se reeiventar, usar a imaginação e até se torna mais criativo.
Por isso, e sabendo que esta será uma situação provisória, que durará apenas alguns anos, está tudo bem. Sem pressas.
Péssimo hábito? Péssimo hábito é opinarmos sobre a vida dos outros.
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