"Lá fomos deixar-te, Isabel. Ficaste a chorar e eu a chorar fiquei. Por mais que me digam que vai correr tudo bem, o meu coração está apertadinho, espremido, falta-lhe um pedaço. Quando te for buscar, juro, juro que vou transbordar de amor, agarrar-te como se não houvesse mais nada neste mundo. A verdade é que não há. Não há nada mais puro, mais verdadeiro, do que o meu amor por ti."
Foi este o texto que escrevi no primeiro dia de creche. Ficou lá apenas duas horas, para se ir ambientando. Foi há quase um ano. Naquela semana, o meu coração ficou com um nó. Depois, o nó desfez-se. A primeira vez que estendeu os braços à Margarida, a educadora, senti que estava a fazer tudo certo. Já havia ali um vínculo. Ao longo deste ano, já ficou lá a rir, sem olhar para trás, já choramingou, já me estendeu os braços, já foi a correr para as educadoras. Quando a vou buscar, vejo-a feliz. Por isso, recém-mamãs, que estão prestes a deixar os vossos filhos na creche, eles ficam bem. Confiem. E lembrem-se, o nó vai desatar-se. Vão ficar mais leves. E no final da tarde, os vossos filhos vão estender os braços para vocês e vão sentir-se únicas.