11.28.2018

Não é da nossa família, mas é como se fosse.

A Irene e eu moramos sozinhas há mais de um ano. Tenho vindo a contar-vos como é exigente para ambas esta vida em dupla quando estamos juntas. Tem muitos desafios, como muitas de vocês sabem, outras imaginam e outras ainda, se calhar, até gostariam de estar no nosso lugar - já quis e continuo a querer, ahah. 

Um dos desafios (além de não ter hipótese de não estar 100% capaz de tomar conta dela, não ter opção, por muito cansada que esteja ou triste ou zangada) é quando ela adoece. As noites são péssimas, a preocupação é alta, a disposição dela muda (e a minha também) e, pelo meio, tenho de ser prática. 

Já nos aconteceu precisarmos de medicamentos e da última coisa que parecia certo fazer ser sair de casa, apanhar chuva e frio para ir à farmácia. 

A Irene há uns aninhos, lembram-se dela assim? Eu lembro, haha. 
Houve uma vez - já não me lembro do que precisávamos, mas talvez soro para lavar o nariz, um xarope bom para hidratar a garganta - em que liguei para a Farmácia Portuguesa daqui da frente de casa para saber se tinham o que eu precisava. Já que ia sair à rua, que saísse só para um sítio e com a certeza que não faltaria nada, não é? 

Atendeu o Ricardo. Conhecemos o Ricardo desde sempre - moramos nesta casa desde que ela nasceu - e sempre que vamos à farmácia é ele quem nos atende ou está por lá e acaba sempre por meter conversa com a Irene. Visto ser a Farmácia Portuguesa do bairro também já aconteceu encontrarmo-nos no jardim dos baloiços aqui perto e ter conhecido a sua família, muito simpáticas. :)

Foi sempre muito simpático e atencioso. Além de farmacêutico e de poder contar com a sua formação, por ser pai de uma menina mais ou menos da idade da Irene, também conta com a experiência dele e da filha. Ouvir "com a minha filha resultou mais assim" ajuda-nos sempre nem que seja a ter mais um pouco de fé na solução. 

Acaba por ser uma espécie de histórico de saúde da Irene. Ele já sabe que ela fica ranhosa no Inverno e porquê, já sabe o que geralmente vou comprar quando preciso e tem assistido ao crescimento da Irene e até às minhas várias fases. Foi naquela farmácia que uma vez apareci desesperada a dizer que não estava a conseguir amamentar a minha filha e o Ricardo acalmou-me. Foi naquela farmácia que contei que já não sabia como estava o Frederico quando me perguntava porque nos tínhamos divorciado, etc. 

O Ricardo tem sido uma constante na nossa vida e alguém que está por perto. 

Nesse dia em que nos faltaram coisas básicas mas importantíssimas para melhorar o estado de saúde e de conforto da Irene desabafei ao telefone que não sabia quando lá iria visto não ser muito prático e sabem o que ele fez? 

Veio trazer-nos o que precisávamos a casa. 

É ainda mais do que o tipo da Farmácia Portuguesa do outro lado da estação. É alguém que adora o que faz, que gosta de cuidar, que sabe que pode ajudar e que faz o que puder. 

Escusam de estar com esse ar que não é ele o meu namorado, ahah. É um amigo que sei que estará ali à frente quando precisarmos.

A Irene quer sempre ir à farmácia do Ricardo e, apesar de ficar envergonhada, adora as brincadeiras dele. 


Por isso, obrigada Ricardo. E a esta farmácia aqui à frente que faz com que seja tudo muito mais prático e fácil para nós.

Vou propor à Irene fazer-lhe um desenho para dar de prenda neste Natal :)


2 comentários:

  1. Um comentário que é mais uma reflexão: a Joana fala muito do estar sozinha com a Irene e nas dificuldades sentidas que se percebem. Eu sou muito adepta que não podemos nem devemos fazer tudo sozinhas e que é mesmo preciso uma aldeia para educar uma criança. E que eu saiba a Joana vive em Lisboa onde tem pai, mãe, madrasta, padrasto, irmãos, ex-marido, ex-sogros e amigos. Não está nada sozinha, estas pessoas muito provavelmente só não são é "usadas" o suficiente para ajudar na aldeia. E eu sei que tendencialmente há uma vontade de fazer tudo sozinha e de achar que nós é que somos mães e a responsabilidade é nossa. E é mas quem nos quer bem e aos nossos filhos está muitas vezes disponível para apoiar desde que saibam o que precisamos: de um medicamento para o miúdo, leite para o pequeno almoço, ficar com ele meia hora para irmos sozinhas beber um café. É abrir os braços à aldeia. É bom para todos, particularmente para os miúdos que precisam sempre de muita gente para os amar. Mafalda

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    1. Excelente comentário, é isto mesmo! Joana, para refletir!

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