Tenho sono.
Já tive fases da minha vida de mãe em que não faço ideia de como sobrevivi. Quando a noite chegava ao fim, só me apetecia chorar. Aliás, cheguei a chorar ao lado do berço, desesperada, em pé. Uma vez, caí no percurso entre o meu quarto e o da Isabel. Não faço ideia se foi quebra de tensão mas quase que podia jurar que adormeci. Confirmei, aí, que a decisão de a mudar de quarto foi estúpida, precoce. Não conseguia adormecer a dar-lhe de mamar, na cadeira de baloiço e isso talvez tivesse feito a diferença. Quando chegava à minha cama e voltava a adormecer, ela estava a acordar outra vez. Nem mesmo o facto de me revezar com o David ajudava grande coisa. Ela queria mama, aconchego.
Se fosse agora, teria feito o que fiz com a Luísa quando ela era bebé: dormir com ela. Pronto. Quando as noites da Isabel melhoraram, ficámos tão felizes que decidimos mandar vir outro bebé. Só que depois voltou a piorar. Foi uma semana boa. 5 anos depois, posso dizer que já nada é tão grave como era. Também posso dizer que ainda é raro dormimos uma noite inteira. Ou acorda uma, ou outra, ou pesadelo, ou frio, ou calor ou ouço-as zangarem-se por qualquer motivo, ou vem uma para a nossa cama ou as duas.
Tenho sono. E hoje nem tem nada a ver com elas, mas lembrei-me de quando tinha sono dia após dia após dia após dia. E de quando a Luísa, que dormia 12 horas de seguida para nosso alívio, começou a acordar - não vou exagerar - de hora a hora. “Outra vez não, por favor.” Ainda era pior do que as 3 horas da irmã, que pesadelo. Pedi ajuda. Várias vezes. Não temos de passar por isto sozinhos. Mudei o mindset. Reajustei algumas coisas. Dormi com ela. Aceitei. Melhorou.
Já passou. Acho que a pior fase já lá vai. Tenho sono, mas já não o digo com desespero.