9.04.2017

Desafio: até ao verão de 2018 ficamos gostosonas.

Vá lá, eu bem sei que não devia fazer este título. Que o mais importante é a saúde. E bla bla bla. Mas isso já todas sabemos, certo? Não vou estar aqui a enganar ninguém. Quero, a par de tudo, ficar gostosona. E, para mim, é mais fácil ficar gostosona se tiver amigas que também queiram ficar gostosonas. :)

Há por aí quem queira abarcar neste desafio comigo?

DESAFIO: até ao verão de 2018 ficamos gostosonas (inspiração na Pipoca mais doce que está um arraso) 


1) temos de ter cuidado com a alimentação. Levei-me pela onda "ah é verão e tal, é preciso é viver e ser feliz" para me desculpar de todos os estragos e de todo o pão com queijo amanteigado ou molhado no molho das ameijôas, de todos os gelados e bolachas e bolos e de todo o leite com café. Nem me pesava para tentar ignorar. Até acharam que eu estava grávida, tal foi a forma como a minha barriga inchou. Pesei-me no ginásio e aumentou massa gorda, aumentou a massa magra, toda eu aumentei. Vou ter mais cuidadinho, sem extremismos.

2) temos de mexer o rabo. Se não conseguirem por questões de orçamento ou de disponibilidade ir para o ginásio (tenho a sorte de estar no SCAPE, em Santarém, com óptimas instalações e profissionais e ambiente, o que é já 20% de motivação extra para não me deixar levar pelo sedentarismo), tentem arranjar 30 minutos diários para uma caminhada (ou correr) ou então treinem em casa. Há imensos canais no Youtube: este por exemplo, com imensos treinos que vos vão deixar a pingar ou este. Comprem uma corda na Decahlon e saltem (para ver como elas mordem ahah). Façam prancha (jesus me valha, que custa tanto).

3) temos de acreditar em nós. Os resultados mais consistentes são os que demoram mais a chegar. Não vale a pena começar com intensidade 100, desmaiar de cansaço, fechar a boca com dietas parvas (já sabemos que é a comer - e bem - que se perde peso de forma consistente, mudando hábitos de toda uma vida) para depois nunca aprendermos a gostar de exercício nem a gostar de comer bem. Não pensem que são as únicas a dizer "odeio isto", "não sou capaz", "que se lixe". Tudo requer tempo. E é no processo que aprendemos sobre nós, sobre o nosso corpo e vamos percebendo que afinal até somos capazes. Somos. Temos de acreditar em nós.

O que posso fazer por vocês? Querem que partilhe sempre que possa o que como e que exercício faço? Gostava que o fizessem também, em comentário. Pode ser? Dão-me as vossas dicas? 

Juntas somos mais fortes! 
(Quantas vezes preciso de motivação...).

#ateaoveraode2018ficamosgostosonas



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Primeiro dia de creche e as dores de uma mãe

Hoje foi o primeiro dia de escola da Luísa e o primeiro dia na escola nova para a Isabel.

Ontem à noite estava bem. Consegui não sofrer por antecipação. Hoje de manhã a angústia começou a vir, devagarinho, mas fui engolindo em seco. A Isabel estava entusiasmada com a ida para a escola nova, foi o que nos pareceu. Acordámos, eu e o David, um bocadinho mais cedo, tomámos o pequeno-almoço, banho, preparar o pequeno-almoço da Isabel e elas foram acordando. Fizemos tudo com calma, sem pressas. Tínhamos de lá estar até às 9h30 e assim foi. Assim que lá chegámos a Isabel não quis entrar na escola. E assim começou o que viriam a ser longos 15 minutos de angústia. Quis deixar primeiro a Isabel, mas assim que viu a sala e a educadora, começou a chorar. Ok, vamos levar primeiro a Luísa, pelo caminho fomos falando, de forma calma, sobre tudo o que ia acontecer e fomos mostrar-lhe o espaço exterior, os escorregas e tudo o que a pudesse fazer sorrir. Ao irmos deixar a Luísa, uma miúda não quis deixar a Isabel brincar com qualquer coisa e esta ficou pior que estragada. Deixámos a Luísa, sem grandes problemas. Ao descer as escadas, a Isabel disse-me que estava a ouvir a Luísa a chorar e o pai confirmou-me com o olhar. Não tive a certeza. Preferi ignorar com a cabeça, para ver se o coração desacelerava. Lá deixámos a Isabelinha, entrei na sala, tentei brincar um bocadinho com ela, mas nada lhe estava a conseguir tirar a tristeza. Só queria estar agarrada a mim. Disse-lhe com doçura mas com firmeza: "a mãe vem buscar-te a seguir ao lanche, amor. Até logo. Diverte-te e brinca muito". Saí. Saímos.

Custa, caraças. Custa muito. Vai custar menos, mas enquanto custar, custa. Aquele choro fica a ecoar dentro da nossa cabeça e sentimos as reverberações no nosso peito. Ficamos a pensar se terá ficado muito tempo a chorar ou se terá passado. E a Luísa? Terá comido? Como foi para adormecer, sem a maminha? Terá chorado muito?

Espero que deixe de custar já hoje, já amanhã, na próxima semana, mas o mais provável é que se prolongue mais umas semanas... Vai deixar de custar quando vir nelas sorrisos rasgados, quando quiserem ficar lá mais tempo, quando perceber que estão bem, que estão a ser bem cuidadas, mimadas e a fazer amigos. 

Tinha mesmo de ser? Perguntei-me - perguntei-nos - várias vezes. Sim, tinha. É preciso equilibrar o orçamento familiar, concentrar-me e trabalhar mais. Precisava de ter uma hora só para mim (voltei ao ginásio, ao Scape) [ok, é um luxo, é um extra, é um bónus, percebo que muitas preferissem ter mais tempo para os filhos, mas para a minha saúde mental - e física - estava a fazer-me muita falta]. Uma hora para compras, limpezas, arrumações. Deixar o jantar já pronto. E mais três horas em que consigo trabalhar de forma fluída e sem interrupções. Depois, é ir buscá-las às 15h30, já com tudo pronto e disponível, de colo e de alma, toda delas. Por inteiro. 

A seguir à escola, vamos ao parque, pelo menos nos dias sem chuva, e depois voltamos a casa para continuarmos a brincar, a dançar, a fazer cócegas. Banhos, jantar, história e cama. Vai ser esta a nossa rotina a partir de agora. 

Já não estava a conseguir dar o melhor de mim em nada. Nem conseguia escrever em condições, nem pensar em novos projectos, nem conseguia dar-lhes a atenção de que elas tanto precisam, nem dava conta da casa. Agora, com muita organização, vou conseguir ser tudo o que quero ser.

Tenho receios? Tenho. Tenho receio de que a Luísa deixe de ser aquela bebé sorridente e sempre bem-disposta, muito dada a toda a gente, e que fique riscada (como disse a Joana neste post). Pela Isabel, não tantos, porque já me provou que se adapta muito bem às mudanças.

Relatório: A Luísa ficou a chorar praticamente toda a manhã (mesmo ao colo), não almoçou grande coisa, dormiu quase duas horas e não chorou mais, lanchou bem. Quando lá cheguei, choramingou, mas coisa pouca. Despediu-se com beijinhos, foi a cantar no carro, correu e riu à gargalhada no parque. A Isabel parou de chorar assim que saímos e esteve sempre, sempre bem. Brincou, falou, comeu bem, dormiu a sesta e estava felicíssima quando a fui buscar, cheia de coisas para me contar.

Conclusão: não foi tão mau como pintei. Vamos ver amanhã.

Foram um ano e três meses maravilhosos. Não trocava por nada deste mundo. Faria tudo de novo. Obrigada ao David, porque sem ser um projecto de família não teria sido possível. Obrigada, Luísa, por me teres feito renascer. Obrigada, Isabel, por me ensinares tanto. Obrigada, Vida, Sorte, Deus, o que for, pela oportunidade. Foi duro, foi desgastante, mas foi muitíssimo compensador e este ano já ninguém nos tira. Agora, novos desafios. Para todos. 


Como foi o vosso primeiro dia?




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9.03.2017

Temos que nos borrifar para isto!

Isto de ser mãe, do que me parece até agora, é saber aceitar a "tentativa e erro". Fazermos um esforço activo para sabermos relativizar os nossos erros e para aplaudirmos os nossos sucessos, o nosso trabalho em progresso - que o será sempre. 

A Irene andou numa escola que parecia bater certo. Diziam as palavras certas ao ponto de mesmo as coisas que me davam vontade de me coçar fazerem-me equacionar se não seria apenas mais um caminho diferente para os mesmos resultados. 

Pareciam saber do que falavam e, melhor pareciam gostar do que falavam. Cedi. A escola parecia bater certo, é verdade, mas eu não gostava da escola. Nunca gostei. Não interessa porquê agora. Interessa que senti que estava a emprestar a minha coisa mais preciosa a alguém que não iria cuidar dela com o mesmo cuidado e respeito que eu. Emprestei. 

Sempre de coração apertado. Sempre a empurrar-me para baixo: 

"É a primeira vez que a tua filha vai para a escola, é normal que sintas tudo isso. Toda a gente diz que és muito apegada. Até as leitoras do blog dizem que és obcecada, se calhar até és. Tens de confiar. Olha tantas mães a deixarem aqui os filhos. Olha como eles ficam calmos - ou parecem - quando saem e os miúdos ficam a chorar. Eles confiam nesta escola. Todos os pais confiam nesta escola. Para quê é que estás aqui a tentar destruir isto? Eles estão bem. Estão todos bem. É tudo tão simpático. Está tudo a funcionar. Quem és tu para dizeres que não gostas disto? Tu és só uma mãe-galinha, ansiosa. Deixa as coisas correrem. Tens de deixar ir. Ela está a crescer. Isto é natural. O que tu sentes é normal, guarda-o para ti". 

Vi coisas que não gostei. Com as quais não concordo. A Irene mudou de comportamento em casa e foi-se tornando cada vez mais difícil empurrrar-me. 

Já tinha a minha filha a gritar comigo. A mandar-me dormir. A fazer-me ameaças caso eu não comesse que me ia buscar outra sopa. A dizer que "não queria mais um piu".  Estavam a riscar a minha coisa mais preciosa. 

Falei sempre a medo ou "com educação" - enganava-me eu - dizendo que não queria isto para a Irene, se podiam dizer-lhe as coisas de outra maneira, se podiam explicar-lhe as coisas porque ela já percebe muito. Sempre a medo. Sempre com educação. Sempre com uns sorrisos pelo meio para não me acharem antipática. Ainda por cima, gostava mesmo das pessoas. Apesar. Apesar de me estarem a riscar a minha coisa mais preciosa sei que não o faziam por mal. Sei que o faziam apenas por não terem mais ferramentas ou por cansaço ou por automatismo. Não consigo encontrar nada mais cansativo que cuidar de tantas crianças e naquela fase, mas a mim faltam-me decididamente ferramentas. 

Não consegui mais. Vi. Eu vi. Da primeira vez vi e fiquei enjoada, enojada e zangada, mas calei-me (calei-me, empurrei-me) e foi com ela. Da segunda vez não foi com ela mas foi horrível (para mim). Não conseguia mais ir trabalhar sabendo que as feridas da minha filha que não se viam estavam a ser feitas eu não saber falar comigo. 

Fiz as coisas desastradamente e aflita. Sabendo que há escolas para todos os gostos e eu não gostava daquela. Ou, pelo menos, da escola que a Irene estava a ter - tenho uma amiga que é uma mãe maravilhosa e que está a ter uma experiência perfeitamente diferente naquela escola.

Da próxima - errarei muitas mais vezes e provavelmente para sempre - não me vou calar com medos imbecis de ser vista como mãe galinha, mãe ansiosa, mãe o que for. 

Dá para conversar? Perfeito. Dá para ouvir? Maravilhoso. As coisas mudam? 

Da próxima vez que sentir (e, pior, que eu vir) que me estou a riscar a minha coisa mais preciosa, não vou esperar tanto. Vou resolver. 

Resolvi. 

Temos que nos borrifar para o que vão pensar de nós por seguirmos a nossa intuição. 

Por eles. 





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