2.23.2015

10 coisas que te quero ensinar, filha

Nem sei bem por onde começar, filha. Há muitas coisas que te quero mostrar e tantas outras que te quero ensinar. Gostava de poder preparar-te para tudo, mas não posso. E a verdade é que a vida, cheia de surpresas, perderia o encanto.

Mas há 10 coisas que te quero ensinar:

#01 És capaz. Mesmo que te digam que não serás. Só tu poderás provar isso. Um dia um professor do 9º. ano disse-me que eu não poderia nunca ser jornalista porque era gaga. Provei (a mim mesma, estou a marimbar-me para ele) que sou capaz. Basta fazer por isso.

#02 Há pessoas parvas. Há quem goste de fazer mal, de dizer mal, só porque isso lhe dá mais gozo ou porque não conhece outra forma. É passar ao lado, afastarmo-nos ou simplesmente rirmo-nos disso. Não alimentar. Ou então, faz como eu, filha, que raramente me apercebo que elas existem, porque não as procuro e até me esqueço que as há. A ingenuidade às vezes ajuda: torna-as invisíveis e só elas bebem o veneno.

#03 Não te leves demasiado a sério. Não há pachorra para pessoas que têm os ombros sempre em tensão, que fervem em pouca água, que se alteram por dá cá aquela palha e que não têm um pingo de sentido de humor. Podes ser a primeira pessoa a gozar contigo e isso não significa pouca auto-estima, muito pelo contrário, significa que és confiante de tal forma que te dás ao luxo de poder errar.

#04 És bonita. Nem sempre irás concordar, nem sempre vais gostar do que vês ao espelho, mas se souberes que o és, mesmo que não o estejas, vais contornar o reflexo. Não faças como eu que uma vez chamei "assassina" à minha mãe porque ela me ofereceu uns calções, tinha eu uns 14 anos e dezenas de complexos em cima por ser "gorda". Do que é que isso me serviu? De nada. És bonita como és e ninguém to poderá negar. Nem tu, que eu não deixo. Nunca.

#05 É normal chorar. Ouviste-me chorar quando estavas ainda na minha barriga? Perdi o meu tio querido inesperadamente e chorei, chorei muito. Comigo funciona como catarse, liberta-me dos pesos e da garganta apertada. Não resolve nada, mas ajuda-me. Chora as vezes que for preciso. Mas não percas muito tempo nisso sozinha, pede-me ajuda, não há nada que um colo morno não amenize.

#06 Não escrevas "hades" nem "fizes-te". Ninguém é melhor do que ninguém por escrever bem, mas não dar erros não custa assim tanto e demora o mesmo tempo. Para isso, aplica-te nas aulas, erra muito, mas aprende. Não te recrimines, mas sê exigente e esforçada pela vida fora. Em tudo. Vais ver que compensa, mais tarde ou mais cedo.

#07 Brinca muito. A vida toda. Ver o mundo de forma pueril e divertida faz bem à alma. Canta, dança, suja-te, diz disparates, faz um strip ao teu namorado (mas só com uns 40 anos, antes não te dou permissão), não tenhas vergonha. Diverte-te, brinca, ri-te alto, bem alto.

#08 Ama. Ama muito, de coração cheio. Confia, entrega-te, desilude-te e volta a amar. Não há amores para vida, apesar de todos eles o serem. Todos eles te constroem, te acrescentam algo, mesmo que alguns só pareçam uma conta de subtracção.

#09 Muda. As vezes que forem precisas. Muda de casa, de trabalho, de opinião. Só assim se cresce, só assim se aprende. Não há nada mais digno do que humildemente recuar. Recuar para depois avançar, sem medo.

#10 Vai. Mesmo que isso me possa custar, vai, filha. Vai, vai viver, vai ser. Viaja, parte, recomeça. Aventura-te, arrisca, sê corajosa. No meu coração a palavra "regresso" vai estar gravada, mesmo que dele nunca partas.


Joana Paixão Brás

Até as princesas fazem cocó!

É por me ter rido quando vi este livro na FNAC que às vezes ainda penso que não tenho maturidade suficiente nem para ser mulher, quanto mais para ser mãe. O livro tem o óptimo propósito do desfralde com desenhos muito giros, é verdade.


A minha filha sai a mim e esta foi a cara dela quando leu o título do livro.



Sim. Até as princesas fazem cocó. Temo muito que ela ainda não tivesse pensado seriamente no assunto e, portanto, achei que fazia bem lembrar-lhe ou ensinar-lhe que toda a gente dispõe dum ânus e que tal serve para fazer poias. Se Deus quiser poias molinhas que as outras parece que temos a colecção inteira dos "Mineirais e Pedras Preciosas" dos anos 90  a sair-nos do esfíncter e não queremos. Eu não quero.

Irene: 

Vamos lá a ver do que se trata este belo livro que a minha mãe comprou por ser infantil já que eu nem estou ainda na fase do desfralde.


Ai que engraçado. Parece-me perfeito para babar isto tudo com a sopa de trampa que a minha mãe faz na Yammi. Ela julga que aquilo é um contentor e atira tudo lá para dentro, sem fazer separação. Como a mesma sopa todos os dias há um ano, caca de Mãe. Bem, vamos em frente. Não eu, que apesar de ter 11 meses gatinho como se tivesse sido alvejada na guerra. 


Olha e não é que está aqui algo que me faz lembrar da sopa da mãe? Serão poias? Ai... Queres ver? 


Mesmo que não queiras ver, aqui está. São mesmo poias. Afinal o livro tem o formato de uma retrete (sim, a mãe diz retrete e não sanita e o pai acha delicioso por ela parecer "da terrinha") e acharam giro por lá ou poias ou Kinders Surpresa.


São. Confirmado. São mesmo poias. Obrigada pelo livro, Mãe. Gostava de dizer que é um livro de merda, mas ainda não tenho idade para piadas tão cocós. 


Não precisamos de dia dos namorados para nada!

As maiores lições de vida às vezes aprendem-se nos testes ranhosos do Facebook. Sim, acabaste de ler isto. Nunca fui moça para prestar atenção a essas coisas, nem nas revistas quando era mais nova, mas isto de estar em casa todos os dias com a miúda faz com que até esses testes me pareçam divertidos. É mais ou menos a síndrome do tipo menos feio numa discoteca (mas que é horrível na mesma): mesmo sem álcool passa a parecer um tipo normal pelos outros parecerem vomitáveis. 

Isto tudo para dizer que sim, fiz um teste no Facebook. Era um teste para dizer, se não me engano, qual era a palavra que melhor me definia. E eu, em vez de perguntar a alguém que me conheça, não. Tive curiosidade para ver o que um teste engendrado por alguém que, provavelmente só percebe de informática, fez. 

Acho que a palavra foi guerreira. Aqui entre nós, adorei que fosse essa. Senti-me toda pumped up e cheia de forças. 

Bom... qual foi a lição de vida que aprendi? Uma das perguntas do teste era: "gosta de ser surpreendido?". E eu pensei: "Duh! Claro, quando são coisas boas!". 

Depois veio outra pergunta que era: "gosta de fazer surpresas?". E eu respondi que não. Não gosto. Não gosto porque ou dão trabalho ou não correm bem ou tenho medo que a pessoa não aprecie o suficiente e fico amuada. Qualquer coisa.

Não me pareceu justo gostar de surpresas e não as fazer. É normal que as pessoas não nos dêem se não lhes dermos também.  Não podemos esperar maçãs se não plantarmos uma árvore. Certo? Certo? 



Acho que devíamos dar mais miminhos aos nossos amores (maridos, namorados, o que for) e esquecermo-nos um bocado de nós. De que nós é que gostaríamos que eles nos convidassem para jantar fora, para passear, para um fim-de-semana romântico, etc. 

Nós somos as maiores, sabemos disso. Apesar de sermos nós as "mães" e as Mães é que sabem, eles passam por muito também. Basicamente, aturam-nos para caramba e o que nós conseguimos ser insuportáveis. Ui. Se conseguimos. E sabemos enquanto estamos a sê-lo. Sabemos tão bem, mas continuamos. Porque podemos. 

Era o que dizia um artigo qualquer aqui na net: "Ela vai descontar em você, mas porque não pode ralhar com o bebé". Eles levam por tabela. Claro que nunca vamos admitir que às vezes errámos (estou a brincar, vocês podem admitir à vontade), mas subtilmente podemos dar-lhes uns miminhos fora dos aniversários, dos dias dos namorados, etc. 

Que tal?

Se nos sabe tão bem, a eles também saberá. 

Se forem de comprar coisas, o meu marido reagiu muito bem ao Call of Duty para a PS4. 


Outra história: Por falar nisso do Call of Duty, nem estão bem a ver o que aconteceu. Comprei-o na FNAC. Trouxe-o para casa, ofereci-o ao Frederico e ele, quando o abriu, encontrou, em vez do cd original, um cd gravado e todo riscado do filme REC2. Wtf? Imaginem a minha cara quando pensei que tinha de ir lá trocar aquilo: "Ah, comprei agora este jogo e lá dentro tinha um cd gravado de um filme de terror espanhol!". Por acaso foi tranquilo (foi o Frederico trocar), mas acho que o empregado fez uma cara do género: "Erm... sim... claro...". 

*imagem We Heart It