5.26.2020

Disse-me que ia morrer e que ia ter saudades minhas...

Custou ler estas palavras? Imaginem o que senti quando as ouvi, repetidamente, antes de a adormecer. 

Primeiro, a Isabel perguntou-me se ela ia morrer. Já conversámos várias vezes sobre o assunto, nunca lhe menti, sei que faz parte terem momentos de ansiedade a pensar sobre o assunto.

Eu recordo-me perfeitamente de estar deitada na minha cama, pequenina, a pensar em qual dos meus pais morreria primeiro e o horror que qualquer uma das opções seria. Pensava também na minha morte e quando seria. Andei muitos anos a pensar que seria com 33 anos (deve estar relacionado com a idade de Cristo). Tenho 33 anos até 19 de junho, por isso, nunca se sabe (ahah esta era para desanuviar).

A morte não deve ser tabu, acho. Devemos falar sobre ela, tentar explicar numa linguagem que eles percebam, talvez não muito detalhada, simbólica. Eu evito dizer que pode acontecer a qualquer momento porque acho que isso lhe pode causar ainda mais ansiedade. Digo quase sempre que, normalmente, se morre já muito velhinho.

Mas não me lembro de uma crise tão grande nela, de um choro tão sentido. Quando me disse que ia morrer e que ia ter muitas saudades minhas arrepiei-me e tive de me morder toda para não desatar ali a chorar também. Perguntei-lhe por que achava que isso ia acontecer e ela disse-me que era porque engolia coisas do chão ou pêlos da gata, porque lavava mal os dentes (aqui confesso que me apeteceu rir, mas não o fiz) ou porque comia muitas "porcarias". Tentei não desvalorizar o sofrimento dela mas tentei explicar-lhe, com muita calma, que nada daquilo fazia com que alguém morresse. Que podíamos passar a ter mais cuidado com cada uma dessas coisas, mas para não se preocupar que não ia morrer. Abraçou-se tanto a mim que nem imaginam. Respirou fundo e adormeceu.

Se custou? Sim. Nessa noite, até o David foi espreitar se ela estava a dormir bem. A Isabel é uma miúda extremamente sensível, carinhosa, preocupada, atenta. Estive a tentar perceber de onde viria aquilo tudo, se estaria ou não relacionado com os tempos que atravessamos, com alguma coisa que possa ter ouvido, mas sinceramente, penso que não. Ela não está exposta a notícias nem a nada que se pareça e não falamos sobre isso à frente dela. Talvez tenham abordado o tema em algum dos desenhos animados que viu e isso me tenha escapado. O que quer que seja, ainda bem que ela tem a capacidade de desabafar e de conversar sobre o que sente.

Os vossos, falam da morte? 




5.23.2020

A Irene vai para a escola.

Tive um ex-namorado que usava uma expressão que me ficou desde aí que é: "Estou calmamente em pânico". E é exactamente disso que se trata. Importante ressalvar que não sou entendida nesta matéria. Sou, tal como muitas vocês, apenas uma mãe que está a aprender a gerir tudo isto tentando alcançar uma espécie de equilíbrio. 

Passei por várias fases até agora: a da negação, a do pânico absoluto, a da conformação e agora, finalmente, a da relativização. Pelo menos até novas informações.

Inicialmente, quando comunicaram a abertura das creches, senti-me indignada. Até por causa do estilo de medidas que queriam que fossem impostas, aparentemente descuidando a saúde mental e o crescimento saudável dos nossos filhos. Faz-me lembrar aquela resposta típica que se dava em metade dos exames de filosofia no secundário que era "o homem é falível e, portanto, tudo aquilo que ele faça está sujeito a erro". 

Tenho visto as coisas dessa perspectiva: mesmo os profissionais de saúde, os políticos (tendo em conta também os seus interesses e agendas) são humanos. E, por isso, perante o desconhecimento, a novidade e, principalmente, os dados vindos dos outros países, reagiram também como seres humanos e, ainda para mais, carregando a responsabilidade de milhares de famílias em cima. Como tomar decisões que levem a mais mortes? Como dormir à noite com isso? Pondo de parte, claro, a preocupação também com a sua popularidade e afins, no caso dos políticos. 



Gosto de acreditar que o medo foi uma ferramenta mais do que útil para prepararmos o nosso sistema de saúde para conseguirmos dar resposta aos casos mais graves, aqueles que têm ocorrido nos grupos de risco. E que, agora, vamos conseguir lidar - com os devidos cuidados - com maior racionalização e equilíbrio com este novo vírus que nos vai passar a fazer companhia, juntando-se a tantos outros aos quais já estamos habituados e que, em tempos, também foram mortais. 

Acho que como mães de crianças em idade pré-escolar, temos estado mais do que habituadas a fazer o exercício do "não consigo controlar tudo" quando recebemos e-mails da escola a dizer que há casos de varicela, sarampo e vamos levá-los na mesma. Ou porque "tem de ser" ou porque não nos podemos deixar governar pelo medo. 

No meu caso ou, vá, no nosso, temos a sorte de confiarmos na escola da Irene e na sua sensatez nas medidas que serão aplicadas neste tempo especial para o convívio entre as crianças. Ainda que a Irene, de momento, não mostre sinais de desequilíbrio (eles são o nosso espelho), sei que vai beneficiar enormemente de conviver com os seus pares e de pessoas que possuem ferramentas para os entreter de forma educativa. 

Inicialmente preocupava-me o regresso à escola não só por uma questão de contágio, mas também pela possibilidade traumática das interacções. Ver as educadoras com máscaras, terem de ser afastados dos colegas, as salas despidas da maior parte dos brinquedos, por exemplo. Mas, de momento, tenho confiança e estou optimista que, pelo menos no nosso caso, a escola vá saber equilibrar da melhor forma tudo isto, ainda que vá precisar de um tempo de aprendizagem, de tentativa e erro. Provavelmente, quando chegar a uma boa fórmula, acaba o ano lectivo, mas... enfim. 

Não ia pôr a minha filha na escola. Tenho a sorte/azar de ser freelancer e posso ainda (mais ou menos) ser dona do meu tempo, mas o pai dela vai andar a viajar pelo país em trabalho e nenhum dos dois pode recusar trabalho de momento. Conversámos e chegámos à conclusão de que a Irene vai à escola. 

Se estou calmamente em pânico? Sim. Porém, é uma escola magnífica cheia de espaços exteriores (um critério nosso na escola da segunda escola, depois de termos errado na primeira) e à qual temos entregue a Irene nos últimos 2, 3 anos e estamos muito satisfeitos com o foco que têm tido na saúde mental dos meninos. Tem sido um descanso ter a miúda numa escola em que as crianças são vistas como tal e não como futura força laboral e peça da economia.

Escrevo este post para pôr os meus pensamentos em dia. Porque quando se escreve, quando se verbaliza, acabamos por perceber muito daquilo que nos ocupa a mente. Espero estar a pensar bem. Porque, acima de tudo, quero que a minha filha esteja bem, esteja feliz (e sim, viva, mas já me fui informar um pouco sobre os dados). 

Ficámos em casa dois meses e tal. E acreditem que houve mais coisas boas do que más. Crescemos muito em conjunto e lidámos com imensas coisas que estavam a ser proteladas por falta de foco/construção de tempo, acredito que vão ser tempos melhores, mais presentes e quero muito que conviver com os amigos dela e voltar à escola faça parte da equação.

Não creio estar a ser surda em relação ao que se passa, creio estar a aprender a lidar com isto. Espero que ela não apanhe o vírus ou que, se apanhar, não seja horrível, mas como todas nós já sabemos, todas as decisões que tomamos têm consequências positivas e negativas. Vou optar por ver as positivas, salvaguardando todos os cuidados possíveis.

Como se têm sentido? 


5.22.2020

Em isolamento vamos até à "floresta"

Tem sido este o nosso destino quando queremos ir respirar: a “floresta” É uma mata perto de casa onde já apanhámos pinhas, vimos cogumelos e ouvimos os passarinhos. São
minutos de paz e, ao mesmo tempo, de aventura. Quero que as minhas filhas valorizem a floresta e, também por isso, fiquei super orgulhosa quando as vi fascinadas com o Dá a Mão à Floresta, o projeto de responsabilidade social e ambiental da The Navigator Company.

Já saiu o terceiro episódio dos desenhos animados em que o Vasco e a Nádia aprendem sobre o ambiente, a biodiversidade e todas as espécies que habitam a floresta. Desta vez, ficaram a conhecer todas as potencialidades do eucalipto.



Além destas aventuras, podem explorar o site, que tem jogos (elas já aprenderam como é o tritão-de-ventre-laranja ou o guarda-rios e já conseguem identificar várias árvores pelas sombras) e tem ateliers, contos, floresta musical, enfim... um mundo enorme de atividades para se divertirem e aprenderem.

Venham mais desafios e mais episódios!