2.13.2017

Pai em Pânico #4 - "Vai-te lixar, susto!".


Já passou mais de um mês desde que escrevi a última crónica do “Pai em Pânico”. Para as cerca de 7 pessoas e 2 gatos que pensaram “eu até gostei das outras, porque é que a próxima está a demorar tanto?”, eis o motivo: um susto na gravidez da minha namorada.

Felizmente está tudo bem, mas em breve perceberão que foi um mês de expectativas quebradas a cada esquina e que a vontade de escrever algo “engraçado”, não abundava.

Como sei que estou a falar para um público composto maioritariamente de mães altamente informadas, e de alguns pais que não admitem seguir este blogue sobre risco de serem chamados de “maricas” pelos amigos, não vou poupar nos termos técnicos. Afinal, se há coisa que eu fiz em Janeiro foi tirar uma Bacharelato em Medicina Obstetrícia. Hoje em dia estou capaz de olhar para uma ecografia e, medindo a direção do vento com a ponta do meu dedo humedecido, dar-vos ao perímetro cefálico da criança com precisão à milésima de centímetro.

Mas o que é que aconteceu ao certo? No início do ano, e sem motivo aparente, detetou-se que a bolsa amniótica tinha pouco líquido. Quão pouco? Do estilo, a manhã após uma festa da espuma no Docks, pouco. Do estilo, tem de ficar internada porque há a possibilidade de ter um parto prematuro às 30 semanas. Do estilo, a criança nascendo, vai passar largas semanas numa incubadora porque só tem 1kg. Do estilo, caiu-me tudo!

Durante 10 dias, a minha namorada esteve internada, em repouso absoluto, num estado capaz de meter inveja a um funcionário público sob falsa baixa médica. O líquido amniótico subiu, mas apenas para o estado ligeiramente acima do crítico e a necessitar de vigilância continuada. Os CTG’s (cuja sigla significa “como tamos de grelo?” #truestory) davam bons sinais e a criança mexia-se em abundância, apesar de ter menos espaço do que um elefante a tomar banho num bidé.

Foi só recentemente, já depois de ter sido enviada para casa com indicação médica de não fazer esforço absolutamente algum e de me escravizar em tarefas domésticas até ao final da gravidez, que tivemos a confirmação que o líquido está a um nível aceitável e é previsível que a gravidez decorra com normalidade até às 39-40 semanas.




Aparentemente, o susto já passou e ainda bem. Detesto sustos, sejam eles na vida real ou sequer em filmes. É com relutância que vos confesso que sou um medricas autêntico. Já não me recordo da última vez que vi um filme de terror, pelo simples facto que não gosto de me sentir assustado ou sobressaltado. Sou um stressado por natureza e esforcei-me ao longo de várias semanas em manter o otimismo, nem que fosse para não acumular preocupação na minha namorada. Estou confiante que falhei em variadas ocasiões. Mas também estou confiante que o pior já passou e que vêm aí uma fantástica fase da nossa vida.

Numa nota final totalmente descontextualizada, esta pequena aventura ajudou-me a descobrir o meu público alvo, enquanto humorista. No espaço de 3 dias, o meu trabalho foi elogiado e fui reconhecido como “o gajo dos cartazes do Got Talent” por 2 pessoas a trabalhar ao balcão do bar de 2 hospitais diferentes, uma rececionista de um outro hospital e ainda pelo colaborador que me atendeu numa Decathlon. Ou seja, o meu público alvo é gente que está sentada atrás de um balcão, a atender outros!

A todos eles um “muito obrigado” por, sem saberem, me darem pequenas alegrias em alturas que muito precisava delas. A todos os médicos, enfermeiros e auxiliares de saúde que acompanharam este mês de “susto”... vão-se lixar, não fizeram mais do que o vosso trabalho! (estou a brincar, o atendimento foi sempre bom, atencioso e profissional. Obrigado!)

2.12.2017

Afinal só sei fazer filhas feias.

Quando comecei o blogue sabia que isto poderia acontecer. Se há bloggers que contam que já lhes desejaram a morte e outras coisas que tais, era expectável que alguém (uma minoria, claro) se sentisse à-vontade para dizer barbaridades destas. "Feinha, feinha" é um dos comentários em resposta à pergunta "A Luísa é parecida com quem afinal?". Já a Isabel foi duas ou três vezes brindada com comentários deste calibre. E não foi só aqui no blogue, até no Facebook uma alminha teve coragem de comentar algo do género. Houve quem me mandasse estudos em como a beleza não era subjectiva. Houve quem me enviasse um link que ia dar para uma modelo "feia", que tinha conquistado as passereles. Sim, as pessoas dão-se a este trabalho para chatear as outras. Na altura, fiquei muito chateada, triste até. Aquele desejo enorme de protecção que começa logo que estão na nossa barriga, aquele instinto de leoa fez-me rugir (como contei aqui). Naquela altura, era para mim novidade esta coisa dos haters e - infelizmente - era daquelas pessoas que se ia bastante abaixo com a maldade, com a maledicência, com a crítica que não é construtiva. Simplesmente não sou assim, não fui educada assim e era bastante xoninhas, sensível a este tipo de coisas.

Eu tenho noção de que não tenho filhas protótipo, "capa de revista", nem candidatas a título Little Miss Sunshine, apesar de as achar as coisas mais fofas, queridas e lindas à face da terra (e me apetecer engoli-las). Eu sei que não vou ser brindada com o Globo de Ouro de Modelo Feminino 2017. Sei também que a Victoria's Secret não me vai convidar para nenhuma das suas campanhas (só se alinhar naquela onda das "mulheres reais" e precisar de mostrar um milagre qualquer que levante maminhas que andam ali na linha dos joelhos). Claro que cada um pode achar o que quiser, claro que o nosso olhar não é neutro, claro que é normal sentirmos que esta ou aquela pessoa são bonitas e que aquela outra nem tanto.  Mas, sendo adultas, também já deveríamos ser capazes de ver além disso. E, sem sombra de dúvidas, deveríamos saber os limites (básicos, de convivência) entre pensar e dizer. Escrevi este texto também porque alguém nos disse uma vez que só se estragava uma casa. Nesta altura já convivia bem com este tipo de comentários. "Quem se expõe assim, tem de saber lidar com isto". "É o preço da exposição", dirão as mentes mais pragmáticas. Mas as pessoas mais sensíveis, como eu, aquelas que costumam calçar os sapatos das outras, rapidamente percebem que nada justifica este tipo de comentários. Porquê? Porque são ocos, vazios, desprovidos de consequência - que não a de importunar, chatear (ou tentar chatear). 

Neste momento, já não me deixa triste. "Ah, mas se sentiste necessidade de fazer este post é porque ficaste melindrada." Ainda fico espantada, isso sim. Triste já não. Qualquer dia já não ficarei espantada sequer. Prometo.


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Viroses de 7 dias?

... mas o que é isto? 

Nem imaginam a aventura que isto foi. Fica tudo muito mais dramático pela miúda ter convulsões febris (já temos consulta de neuro marcada para Março), mas a verdade é que esteve com febre durante uma semana. Depois de ter espaçado 24h, voltou a ter febre.  Foi no dia em que fui ao consultório com ela e estava lá um bebé (coitadinho) perdido de febre? Foi. 

A regra é que, sem sinais de alarme, esperar até 72h de febre. No caso da Irene, damos sinais mais cedo se houver convulsão... Depois das 72h foi observada e não tinha nada que inspirasse desconfiança ou que não fosse resolvido por si. 5 dias depois do primeiro dia foi observada novamente (por acaso por outro médico) e o diagnóstico foi o mesmo. Feliz, mas continuava preocupada, claro.

A febre desapareceu ao 6º dia (parece que estou a contar algo bíblico) e, para além da tosse, já nem há sinal de que tivesse ficado doente. Depois de partilhar esta situação com outras mães pelos grupos aí fora (abençoados grupos, com a devida perspectiva crítica, claro), várias me disseram que agora "há viroses de mais dias". 

De mais dias? Uma semana para uma virose? Vocês também verificam isto? A verdade é que tem ficado uma semana em casa sempre que fica doente...

 
Fico grata a estes dois médicos por não terem sido stressados... Que bom! 


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