5.08.2016

Queridas Joanas,

Imagem WeHeartIt


"Queridas Joanas,

Escrevo hoje porque agora a mãe sabe. Acompanhei religiosamente o vosso blogue ao longo da gravidez, assimilando conhecimento mas também muito humor e amor.

A minha Joaninha nasceu na passada segunda feira dia 2 de maio pelas 19h, com 2,430 e 46 cm. Pequenina como a mãe e calminha como o pai!!

Agora a mãe sabe o que é:
Amar incondicionalmente
Apaixonar-se de amor profundo cada dia ainda mais
Admirar cada curvinha e dobrinha
Ver se respira a cada 30 segundos
Achar que todo o choro é do nosso filho mesmo que ela seja a mais calma da enfermaria
Aguentar 30 horas de contrações e rezar à Santa Epidural
Cerrar os dentes mesmo que o bico do peito esteja um pouco gretado
Usar fraldas para a incontinência por tempo ainda indeterminado
Não conseguir rir porque repuxam os pontos
Usar camisas abertas à frente dois números acima
Arejar o peito pela casa sempre que ninguém está a ver
Ouvir 500 mil bitaites, 50% baseados em superstições da Idade Média (não comas bacalhau enquanto amamentas que a criança vai sair ranhosa, se o bebé abre a boca muitas vezes faz uma cruz de saliva na testa...)
A mãe Natacha agora sabe que este amor é para sempre!!
P.s. Só comprei as fraldas por vossa causa lol melhor dica de sempre.

Beijinhos da mãe Natacha e da Joaninha para as mães Joanas e filhas"



Um muito obrigada à Natacha, pelo email que nos enviou, pela partilha desta enorme felicidade do nascimento da Joaninha. Dá a tudo isto de "ter um blogue" um sentido de reciprocidade grande e sentimo-nos muito acarinhadas por nos confiarem os grandes momentos das vossas vidas.

[Já agora, as fraldas de que a Natacha fala são aquelas de incontinência de que vos falei aqui e aqui e que considero a melhor dica para levar na mala da maternidade, modéstia à parte. Tenho de ir comprá-las esta semana para fazer de uma vez por todas a porcaria da mala, que ando a adiar como se fosse um elefante asiático e só fosse parir lá para as 87 semanas de gestação.]
 

Fui à bruxa.

Quer dizer, não foi bem assim. A bruxa acabou por vir até mim. Ainda não é bem isto. 

Trocando por miúdos, a minha mãe, apesar da formação em psicologia e filosofia, acredita em tudo o que é energias cósmicas, maus-olhados e quebrantos. Já quando eu estava eu grávida da Isabel, pôs-me a tomar banho com sal, para equilibrar as minhas forças energéticas. Pensei "mal não me faz e se ela fica mais descansada com isto, vamos a isso". 

Hoje soube que uma senhora da terra da minha mãe pôs num prato água com azeite, fez umas rezas, falou em mim e eu estava cheia de quebranto. Eu, completamente ignorante nestas matérias, deduzo que devia estar cheia de maus-olhados e más energias no meu corpo (malditas haters... hehe). Depois das rezas, disse a minha mãe, devo ter ficado a sentir-me muito melhor.

Sou céptica. Bastante. Acredito em energias, tenho a certeza de que nos deixamos contagiar por quem estamos rodeados, tenho a certeza de que há pessoas tóxicas e que essas más energias nos podem influenciar, mas daí a meter sal e azeite ao barulho (adoro, mas num pãozinho acabado de sair do forno, com alho e oregãos) e a acreditar no poder de algumas pessoas para nos "lavarem o corpo" à distância, tenho ainda um longo caminho a percorrer. Mas como também tenho um bocadinho daquela coisa a que chamamos vulgarmente miaúfa (medinho, caganço), prefiro não gozar muito com a coisa, respeitinho e alguma distância, por que las hay las hay.  

Pensando bem, nem tenho um amuleto, um olho grego numa pulseira, nadinha de nada. E desse lado, alguma crença nestas matérias espirituais?

10 motivos para (não) ter um blog.

Sempre tive blogs toda a minha vida. Vá, desde que existe internet. Sempre tive necessidade e vontade de escrever porque, de alguma forma, não vos sei explicar bem, é assim que organizo a minha cabeça. Não consigo parar para falar comigo no dia-a-dia e isto, assim, ajuda-me a sistematizar, a perceber o que sinto, quem sou (ai que bonito).  A dificuldade e as gratificações de ter um blog dependem muito do que pretendemos com ele. Já tive vários: 

- Um diário - sem qualquer pretensão de ser lido por muita gente. Funcionando praticamente como arquivo pessoal em que publicava fotografias dos meus afazeres, contava o que tinha feito e, ocasionalmente uns desabafos mais intensos quando havia desgostos amorosos ou problemas familiares ou do género. 

- Um álbum - ser menos escrita e mais fotografia (e aqui tanto dá para ser mais no registo de diário como de portfolio se se interessarem por fotografia a sério - tive os dois). 

- Um blog artístico - com desabafos super encriptados e reflexões filosóficas da vida muito ao estilo de uma pita intensa a passar por uma fase de auto-descoberta com muito drama à mistura e não assinado.

- Este blog. Um blogue de maternidade, que funciona como diário, mas que junta reflexões, fotografias com qualidade (outras nem tanto) e com algum humor e que pretende ser lido por muita gente, por vocês. 


Os três primeiros géneros são "apenas" para gratificação pessoal (o mais importante). Ou para poupar dinheiro num psiquiatra ou para ter registo das nossas coisas partilhando com aqueles que nos apetecer (porque não havia facebook na altura e, por isso, só chegava ao endereço quem soubesse dele). Surpreendi-me porque o primeiro e o terceiro tiveram ainda muita gente a ler. Fazia um post por dia ou menos. 

Quanto a este blogue, é um blogue que dá imenso trabalho. Convém mesmo - e daí também sermos duas (para além da pluralidade) - escrever frequentemente para vocês não se esquecerem de nós. A sorte é que ambas temos aquela necessidade de escrever e de partilhar que vos falei ali ao início. 

Já estão a morrer com tanta seca? Tá bem. 

Isto tudo para dizer que os 10 motivos para ter um blog (e para não ter) dependem muito do que quiserem de um blog e, portanto, do retorno que quiserem ter. Suponhamos, só para simplificar que queriam ter um blogue de sucesso como o nosso (ahah). 

10 motivos para ter um blogue: 

1 - Podemos partilhar com um grupo grande de pessoas coisas que nos unem e que nos fazem sentir normais. 

2 - Ficamos com um arquivo muito engraçado e genuíno daquele período de tempo.

3 - Podemos um dia vir a ter um negócio com o blog, sem comprometer a qualidade dos conteúdos e não passando a ser um estendal de publicidade (bom, isso depende de cada uma). 

4 - Menos tempos mortos (porque uma mãe não está suficientemente ocupada, não é?) e sensação de se ter embarcado num projecto. De alguma forma sentimo-nos empreendedoras. 

5 - Aliviar conversas menos interessantes para os nossos amigos. 

6 - (já me estou a ver à rasca) Se escreverem muito e bem (cof... cof) fica mais de metade do trabalho  feito para publicarem um livro. 

7 - Os familiares têm acesso a informações mais detalhadas sobre o que vai na vossa cabeça (isto pode nem sempre ser bom).

8 - Podemos inspirar e informar pessoas de alternativas que poderão fazer sentido para a vida delas (só me lembrei desta agora? que chatice! as haters vão dizer "mas a do negócio lembras-te logo, sua vacarrona!). 

9 - Tirarmos dúvidas com outras mães sobre mezinhas e pedirmos opinião nalgumas decisões. 

10 - Um espaço em que escrevemos e que há alguém que nos queira ler. 

10 motivos para NÃO ter um blogue: 

1- Para se ter sucesso dá um trabalho que é só estúpido. 

2 - Temos de interromper os nossos fins-de-semana para escrever posts como é o caso. 

3 - Parece que temos de ter uma sensibilidade super apurada, uma enorme auto-censura e "medo" para não podermos dizer o que realmente pensamos e não magoarmos sempre alguém. 

4 - Demora muito tempo até se conseguir desenvolver um negócio rentável proporcional ao esforço empregue (nós ainda não conseguimos!).

5 - Temos de lidar com várias sensibilidades dentro das nossas famílias sobre o que podemos expor, que fotografias publicar, do que podemos e não podemos falar. 

6 - Estarmos completamente expostas à opinião de qualquer pessoa e termos de lidar com isso. 

7 - Ficar tudo registado nos arquivos da internet. Se fizerem uma pesquisa pelos nossos nomes vão aparecer coisas que se calhar não gostaríamos que fosse a primeira impressão que alguém tivesse de nós. 

8 - Levarmos com bocas de quem não percebe o que nós fazemos numa de "ai vai lá escrever mais um post, ó blogger", "porque eu sou blogger", blá blá. Existe um preconceito. 

9 - Termos de lidar com uma vertente "empresarial" que não nos agrada e tratar de publicidades, orçamentos, pormenores, negociações... (blergh). 

10 - Nunca podermos relaxar porque sabemos que temos de arranjar conteúdo frequentemente. 


Mais uma vez, não se aplica a TODOS os blogues. Peguei no que sinto. Somos um blogue que não se importa com a concorrência porque sabemos os benefícios que ter um blogue traz principalmente à "cabeça". E porque sentimos que não somos concorrentes umas das outras por sermos todas diferentes. 

E vocês, bloggers ou ex-bloggers, querem acrescentar alguma coisa? O link para o vosso blog nos comentários por exemplo? 

;)