Epá (começar um post com epá é de uma classe...), eu sei que quem me ler e for o contrário de mim me mete numa gaveta de "mães chatas e irritantes". Percebo. Antes de passar por estas situações também teria vontade de dar um soco nas mamas de quem se pusesse com este tipo de preocupações. No entanto, agora estou aqui e penso nas coisinhas de maneira diferente.
No outro dia, já há algum tempo, fui ao Alegro com a Irene e deparamo-nos com o cantinho do Pai Natal. Havia um espaço para as crianças pintarem desenhos, duas meninas muito simpáticas e um velhote mascarado de pai natal num cadeirão. Ele chamou pela Irene e disse: "anda cá, senta aqui".
Coitadinho do senhor. A intenção dele é a melhor, na geração dele (acho que não estava, por baixo da barba toda, um menino de 20 anos) não se preocupavam com estas coisas, mas fiz logo uma cara torta, como se tivesse chupado um pedacinho de limão. Disse: "ela ainda não sabe quem é o Pai Natal". A verdade é que não sabia, o que tornava toda a situação ainda mais esquisita.
Quando ela crescer, se ela quiser ir para o colo do Pai Natal, vai. Não vou dizer "olha que o rapaz é capaz de ser pedófilo, blá blá" ou "não vás para o colo de estranhos". É o Pai Natal, pronto. Porém, é só mesmo se ela quiser. Não acho nenhuma piada em particular a esta questão. Sentar no colo de alguém é muito íntimo. E por a minha filha no colo de um estranho não me parece correcto, mesmo que ele estivesse mascarado de Avô Cantigas ou de Oreo.
O meu irmão Pedro tem uma fotografia sentado ao colo de um Pai Natal qualquer que, gozamos nós, era um velho bêbado. Agora conseguimos ver que, por baixo daquele disfarce, estava alguém com um ar muito pouco natalício. Até podia ser boa pessoa, mas tinha rosáceas daquelas de quem sabe beber muita bem (e não como as minhas).
Isto faz-me questionar o tal "dá um beijinho à não sei quem (desconhecida da criança)" e insistir-se quando a criança diz que não. Não quer, não quer. Não tem de ser obrigada a dar beijinhos a pessoas que não queira. O mesmo com o Pai Natal. Se e quando ela quiser, sim.
Eu sei, para muitas mães é só o post de uma mãe neurótica. Que seja! ;)