... vamos a isto?
A missão de informar mamãs que optem por amamentar é complicada, mas nem A Mãe é que sabe nem a CAM Patrícia Paiva nos importamos com isso!
Aqui está o preambulo da entrevista que começou neste e que, depois, seguiu para este e agora cá estamos:
A missão de informar mamãs que optem por amamentar é complicada, mas nem A Mãe é que sabe nem a CAM Patrícia Paiva nos importamos com isso!
Aqui está o preambulo da entrevista que começou neste e que, depois, seguiu para este e agora cá estamos:
Estarmos informadas sobre a amamentação serve para podermos ser uma fonte de apoio para as mães que optem por amamentar e que possam passar por algumas dificuldades (nem sempre há problemas).
É também muito importante para não sermos repetidoras de informação incorrecta, porque tal pode ser o factor decisivo para a desistência de algumas mães.
A OMS recomenda o aleitamento materno em exclusivo até aos 6 meses. Além de estarem provados os benefícios da amamentação prolongada (com desmame natural), a OMS também sugere a amamentação até, pelos menos, os dois anos de idade.
A questão é: serão as possíveis dificuldades na amamentação que provocam tantas desistências ou será a falta de informação?
É também muito importante para não sermos repetidoras de informação incorrecta, porque tal pode ser o factor decisivo para a desistência de algumas mães.
A OMS recomenda o aleitamento materno em exclusivo até aos 6 meses. Além de estarem provados os benefícios da amamentação prolongada (com desmame natural), a OMS também sugere a amamentação até, pelos menos, os dois anos de idade.
A questão é: serão as possíveis dificuldades na amamentação que provocam tantas desistências ou será a falta de informação?
Para tentar ser mais produtiva neste assunto e com a ajuda de uma amiga (Patrícia Paiva, co-fundadora do projecto Mamar ao Peito cujo site está cheio de informação útil):
21 - Onde é que as mães podem encontrar CAMs?
Felizmente hoje em dia já há CAMs espalhadas por todo o país. E para encontrar uma é apenas necessário fazer uma pesquisa na internet. Existem vários sites com o contacto de CAMs, divididos por localidades, ou até mesmo no facebook temos grupos de apoio onde se podem encontrar esses mesmos contactos. Em alguns centros de saúde, normalmente aqueles que têm cantinho de amamentação, também há CAMs disponíveis para ajudar.
22 - Por que é que as mulheres que defendem a amamentação são sempre chamadas de fundamentalistas?
Acho que a maternidade em geral é algo que mexe muito com as mulheres e as mulheres que amamentam e que gostam muito de o fazer, querem passar a mensagem, para que outras mães descubram o quanto pode ser fantástico. Por isso podemos ser mal entendidas pela forma fervorosa como falamos do assunto, mas eu penso que não seja por mal, eu própria por vezes entusiasmo-me a falar de amamentação, porque foi algo que realmente despertou uma grande paixão em mim, mas umas das coisas que aprendemos no curso de CAM é a moderar a forma como falamos e a escutar as mães, e é isso que tento sempre fazer, algumas vezes com mais sucesso que outras.
Além disso, muitas mães acham que somos radicalmente contra determinadas coisas, como a introdução de chuchas, do suplemento ou alimentação complementar, amamentação com horários…
A questão é que estas são coisas que podem realmente influenciar o decurso da amamentação, e algo como um simples biberão de leite antes do bebé dormir pode levar a um desmame precoce, mas não obrigamos ninguém a seguir as nossas recomendações e tentamos adoptar os nossos conselhos à realidade familiar de cada mãe.
23 - Será que, algum dia, a amamentação voltará a ser a norma?
Eu espero que sim, porque é realmente algo muito importante para os bebés e para a saúde em geral. Mas para isso é preciso que esta seja novamente normalizada, que se vejam cada vez mais bebés a mamar, quer seja no café da esquina, na televisão ou nas revistas. Porque vemos tantas vezes bebés com chucha e biberão, e desde muito pequenas essa é a imagem que nos é passada, e infelizmente passamos a achar que isso é que é o normal. Mesmo os anúncios aos leites artificiais começam com o bebé a mamar, e depois aparece com um biberão a beber outro leite, e isso passa a mensagem de que é algo natural, que tem de acontecer obrigatoriamente a um determinado momento do seu crescimento. Mas essa não é a verdade, há crianças que nunca beberam leite artificial, que mamaram até à altura do seu desmame fisiológico e a partir daí passaram a beber o leite da família ou nenhum.
24 - Quais são as principais dificuldades da amamentação?
Penso que os primeiros meses serão os mais complicados, é uma adaptação muito grande e um momento de aprendizagem quer para a mãe, quer para o bebé. A adaptação à mama, a interpretação dos choros, os medos inerentes à chegada do bebé… Além disso, há as dificuldades que podem surgir, que acontecem a algumas mães, como as gretas, os ingurgitamentos ou as mastites, entre outras. Acho que todas as mulheres deviam sair do hospital com informação correcta sobre amamentação, a saber fazer uma massagem manual, e o contacto de uma CAM, caso seja necessário.
O ideal seria que houvesse grupos de apoio, que podem ajudar muito ainda na gravidez, apenas mostrando como os bebés mamam, visto que é algo que muitas grávidas nunca viram, e explicando o que é natural e o que pode ser sinal de alerta. Antigamente essas informações passavam de mãe para filha, hoje em dia perdeu-se um pouco a sabedoria da amamentação e mesmo as avós que amamentaram dão informações erradas, baseadas em preconceitos, ou influenciadas pela publicidade que é feita aos biberões e aos leites artificiais.
Passada esta fase inicial, há os picos de crescimento, onde costumam haver desmames por falta de confiança na qualidade ou quantidade do leite, mas são apenas alturas em que o bebé precisa de mais leite e por isso pede mais vezes.
A partir daí, se a mãe conseguir ignorar os incentivos ao desmame, que podem vir de várias pessoas, quer seja da família, amigos, ou de profissionais de saúde, é só acrescentar dias, meses e anos ao decurso da amamentação.
25 - A falta de confiança própria das mulheres é um grande obstáculo. Grande parte do papel das CAM é de apoio psicológico, certo?
Infelizmente, sim. Hoje em dia mais facilmente acreditamos em coisas artificiais do que naturais, as mulheres não vêm o leite que é produzido e não conseguem confiar no seu corpo e nos seus bebés. Temos muitos acessórios à venda para amamentação, desde suplementos para aumentar a produção, até bombas para extracção, quando o que é realmente necessário é apenas uma mama e um bebé, alguma calma e privacidade nos primeiros tempos, para que mãe e bebé consigam entrar em sintonia e aprender um com o outro. É claro que há situações em que apenas a confiança não chega, em que pode realmente ser necessária alguma ajuda especializada, mas não em tantos casos como os que aparecem.
O ideal seria que o apoio viesse das próprias mulheres, das mães, da família, mas muitas vezes esses são os primeiros a minar a confiança da mãe, com conselhos errados, ou apenas com comentários inconvenientes. Mesmo as avós que amamentaram, têm alguma dificuldade em apoiar a mãe que quer amamentar, porque são minadas por imagens de bebés a biberão, e basta o bebé chorar uma vez para dizer “Se calhar está com fome!”, e aí começa a insegurança da mãe…
26 - O que podemos fazer, enquanto mulheres, para ajudar as outras mães?
Eu acho que as mulheres deveriam juntar-se mais, criar grupos de apoio, não apenas nas redes sociais, mas também nas suas localidades. Os primeiros meses com um bebé podem ser muito complicados, e estar com outras mães que têm bebés e que podem falar um pouco da sua experiência, pode ser o suficiente para que as coisas corram melhor. Há mulheres que nunca viram um bebé a mamar, por isso acho importante que essa imagem seja cada vez mais normalizada, por isso amamentar quando o bebé pede, mesmo que seja em público é uma forma de mostrar a outras mulheres, possíveis mamãs, que é possível amamentar, de uma forma natural, sem dores.
27 - Por que é que é tão difícil aceitar, a nível social, a amamentação prolongada?
Acho que é por falta de conhecimento, a maioria das crianças que mama até mais tarde, não o faz a toda a hora nem em qualquer lugar, sendo que as mamadas normalmente ocorrem em casa, longe dos olhares de outras pessoas. Por isso quando se fala no assunto ou quando uma criança pede para mamar, as pessoas estranham, acham que não é normal. Mas do conhecimento que eu tenho é mais comum do que se pensa, simplesmente é um tema tabu, do qual não se fala nem se vê. E quando se fala, na televisão por exemplo, normalmente é para criticar ou para fazer comédia, o que piora um pouco a ideia que se tem da amamentação prolongada.
28 - Por que é que há mulheres que dizem orgulhar-se de não ter dado de mamar?
Não faço ideia, até porque não conheço nenhuma, já li alguns posts em blogs sobre o assunto, e a maioria das mulheres que decide não amamentar, ou que critica as mulheres que o fazem, tem uma ideia errada da amamentação.
29 - Há algum leite, para o bebé, que seja minimamente aproximado ao ponto de não interessar se tanto é materno ou não?
Não, é impossível criarem um leite que seja equivalente ao leite materno, até porque o leite materno adapta-se ao bebé que está a bebê-lo e à sua fase de crescimento. O leite materno tem componentes vivos, que se alteram conforme a duração da amamentação e isso é algo que não se pode imitar. Como diz o Dr. Carlos Gonzalez, o leite artificial está em constante investigação exactamente porque está longe de ser perfeito para os bebés, não se tem conhecimento de que nenhuma marca tenha encerrado os seus laboratórios por já terem descoberto a fórmula necessária para os bebés, ao contrário do leite materno.
30 - Os bebés que estão à mama, têm mais cólicas?
O leite materno é o alimento ideal e adaptado ao bebé, tem componentes que ajudam na digestão, e a mama não liberta ar, ao contrário do biberão, portanto faz sentido que este ajude na digestão e não o contrário. No entanto, as cólicas é o nome que se dá ao choro e agitação do bebé, e não há uma explicação científica comprovada que define o seu motivo. Quando a mãe indica que o bebé tem cólica, tento perceber o motivo que a leva a pensar isso, porque o bebé pode apenas precisar de mais contacto, mais mama, mais colo e a mãe entender como cólicas e não responder a esses pedidos do bebé. Em alguma situações, em que percebo que efectivamente o bebé está realmente com dificuldades na digestão, sugiro alguma massagens, andar com o bebé em posição fetal, preferencialmente com a ajuda de um porta-bebés ergonómico, e tento acalmar a mãe, o que por vezes é suficiente para acalmar o bebé. Outra situação que pode ocorrer, é que o bebé não tolere bem algo que a mãe coma e, apesar dos alimentos não influenciarem muito a composição do leite materno, algumas intolerâncias podem influencia a forma como o bebé digere o leite, sendo que a mais comum é a intolerância ao leite de vaca, mas normalmente estas intolerâncias têm mais sintomas associados além do choro.
Ainda haverá parte 4 ;)