6.26.2015

Mais um post que vai dar chatice, já sei.

Nota: todas erramos. temos só de melhorar. eu erro e continuarei a errar, mas pensarei sempre sobre o que o faço e tentarei sempre melhorar. 

Tenho uma janela que dá para uma creche. 

Vejo todos os dias pais a irem deixar os miúdos e a irem buscá-los.

Hoje uma mãe, quando foi buscar a filha, bateu-lhe. 

Não existem "enxota pó" das fraldas nem das mãos. A palavra é mesmo esta: bateu-lhe.  É sempre bater. 

Bater é mais do que deixar marca física. Bater é quebrar a confiança que existe, neste caso, entre a criança (que lá por muitas vezes perdoar, não significa que seja estúpida) e a pessoa que era suposto amá-la acima de tudo e protegê-la do que a magoa. A pessoa que era suposto ter o carinho e o coração para descodificar tudo o que ela não percebe, para passar a perceber e da melhor maneira para ser mais feliz e para contribuir para que todos sejam mais felizes. 

Já pararam para pensar o que "diz" uma palmada? "A mãe magoa-te sempre que fizeres algo deste género". É isto que é para ensinar? É este tipo de relação que querem criar? A mãe que dá o beijinho de boa noite e a mãe que lhe bate? 
 
Por estes costumes, às vezes enraizados, é que se popularizou a expressão "mãe é mãe". Porquê? Mãe pode não ser mãe. Mãe pode ser má e estúpida. Mãe é mãe se for mãe. Mãe que não for mãe, não merecia ter sido. 

A Mãe erra. Muito, mas tenta melhorar. A diferença é essa. 

Não quero saber se esta mãe estava cansada. Se teve um mau dia. Se estava com candidíase e muito irritadiça. Não quero saber. Tal como o coração desta criança que, se não chora por ter sido magoada, chora por ter sido quebrada a tal confiança. Pela mãe lhe meter medo em vez de fazê-la sentir-se amada. 

A mãe bateu-lhe porque ela fugiu. A menina já corre e a mãe ficou assustada. Reagiu a quente e deu-lhe para lhe bater e gritar: NÃO FOGES MAIS DA MÃE! 

Somos todas muito aceleradas, fazemos muitas coisas ao mesmo tempo e o chamado "tempo para nós" é para despacharmos outras coisas, mas há momentos. Há aquele momento na cama antes de adormecer em que, de olhos fechados, poderíamos pensar um bocadinho em quem mais amamos. Aquele número dois mais demorado na casa de banho. Enquanto estivermos a adormecê-los, aproveitar o escuro e a parte mais silenciosa para pensarmos no que andamos a fazer.

Eu não serei uma mãe que bate. 

Levei muita palmada e algumas "lamparinas" e isso não me fez ter uma relação melhor com a minha mãe. Não me lixem, não venham com coisas a dizer que "as pessoas não sabem, não foram ensinadas de outra forma". 

Mesmo as mais estúpidas se devem sentir mal depois de bater numa criança. 

Gosto de pensar que sim. Apesar de saber que há mães que gostam de bater nos miúdos em público para serem vistas como fortes e disciplinadoras. Nojo. 

Nunca li nada sobre isto (tenho umas luzes daquilo que se chama de disciplina positiva), nem a Irene alguma vez levou alguma palmada. Não é esse o meu papel. Nem o de ninguém. 

Se todas perdêssemos um tempo a pensar na lógica que tem isto de batermos nos filhos, aposto que ninguém "de jeito" bateria. 

Há uns tempos toda a gente ficou chocada com aquele PSP que bateu num homem em frente ao filho. Por que é que ninguém fica chocado quando vê UMA MÃE (ou pai) a bater num filho? Por que é que isso é aceitável? Por que é que "se estamos cansados" eles podem levar uma palmada? 

Temos de ser mais inteligentes que isto. Caem-me lágrimas por pensar em todas as mães que o fazem e que não se sentem mal depois, que não tentam fazer melhor. Não pelas mães, pelos filhos. Pelas pessoas que criam. Pessoas que podem não ser infelizes, mas que poderiam ser muito muito mais felizes e gostar mais das mães não só porque "mãe é mãe".

As crianças não podem ter medo dos pais. Isso não é educar. Isso é ser estúpido. 

Epá, não me lixem.

O que se poderia fazer nesta altura? Explicar. Ter calma. A mãe que tem medo poderia dizer à filha isso mesmo. Que tem medo que lhe aconteça algo. As vezes que forem necessárias. Se a filha ainda não compreende, tem de ter mais atenção para esta não lhe fugir. 


Esta mãe quer que o filho veja o pai quando nascer!

Ou que o pai veja o filho...

Nem consigo imaginar o meu parto sem o David ao meu lado, a dizer piadas, a acalmar-me, a dar-me força e a ver a nossa filha no primeiro segundo da vida dela. Ouvindo-a chorar e acalmar-se no meu peito, vendo-a mamar pela primeira vez, pegando-a ao colo pouco tempo depois. São momentos de grande vínculo, inesquecíveis, que tornam um parto num momento emocionante, em família, humanizado.

Já Mónica nunca soube o que era ter o marido ao seu lado, nos momentos mais importantes das suas vidas. Vai ter, em breve, o terceiro filho, o Martim, e quer que, pela primeira vez, o pai possa assistir ao nascimento. É que Mónica vai, pela terceira vez, ter um parto por cesariana, no público, e a presença do pai sempre lhe foi vedada.

Inconformada, o que é esta mulher decidiu fazer? Com a ajuda de uma enfermeira, criou uma petição para que os pais possam assistir às cesarianas, para assinar aqui! É mesmo, mesmo importante que até dia 2 de Julho se consigam reunir 4000 mil assinaturas, para que a discussão ocorra em Plenário da República.

Estamos a falar de cesarianas programadas, em que não é necessário intervir de forma rápida ou com suspeitas de sofrimento fetal ou materno.

Assinei a petição. E o David também assinou, porque este é um direito deles.
Vão assinar?! Já falta pouco, força!

Para saber mais sobre as incongruências entre o que está na lei e o que se argumenta nos hospitais públicos, leiam este artigo do Público.