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11.01.2018

Super mulheres ou super esgotamento?

Se forem do meu género de mãe e de mulher, tenham cuidado. Tenham muito cuidado com a vossa cabeça. Sou muito exigente (comigo) e muito competitiva (também comigo, acham normal?) e por isso tenho achado - desde sempre - que quando algo corre mal ou algo falha é porque não fui boa o suficiente ou não me esforcei o suficiente. 

Desde que a Irene nasceu que me sinto sobre uma pressão inquantificável para tudo. Para ser a melhor mãe possível a todos os níveis que me lembre (emocional, nutricional, educacional...), para ser a melhor Joana de sempre, para tudo. Desde sempre que fiz tudo sozinha e que cuidei dela sozinha (à excepção de cozinhar refeições). Depois, com o divórcio, a única coisa que acumulei foi passar a cozinhar as nossas refeições no que toca a tomar conta "das duas", mas tenho andado exausta. 

Aquele "ando a mil" irritante que todas nós dizemos e que, na verdade, quer só dizer "tenho uma pressão enorme em cima de mim para conseguir fazer tudo bem e rápido e não sei como resolver", mas há maneiras. Temos é de aprender a ser tolerantes connosco da mesma maneira que vamos aprendendo com isto da maternidade a sermos tolerantes com os nossos filhos também.



Apercebi-me da minha terça-feira passada e reparei que ou caminho para ser uma super mulher ou para ter um super esgotamento: 

6:45 - Acordar mais cedo para estar pronta antes da Irene. Tomar banho. Preparar lanches para ela e para mim. Desenhar um desenho para lhe por dentro da mala. 

7:45 - Acordar a Irene com tempo suficiente para lhe dar mimos. Fazer pequeno almoço para as duas. Comermos o pequeno almoço. Preparar a Irene para sair. 

9:00 - Deixar a Irene na escola calma e tranquila sem ter que a apressar muito para que a despedida não seja negativa para ambas. 

9h30 - 12h30 - Trabalhar, responder a 100 mini e-mails, atender 15 telefonemas, escrever 40 mini-emails, falar com os colegas. 

12h30 - Treino de Fitness em casa à hora de almoço. 

14h00 - Trabalhar novamente nos 100 mini e-mails, reuniões, actas de reuniões, conversas sobre as reuniões, mais mini-emails e propostas. 

17h00 - Ir buscar a Irene. Comprar umas galochas, comprar um casaco polar (naquela loja que tem tudo para o raio que os parta), ir à farmácia comprar o bálsamo para desentupir o nariz, ir ao supermercado comprar fruta, salada, ovos e mais umas tretas. 

19h30 - Chegar a casa e apressar a questão do jantar porque a miúda não fez sesta na escola e está tipo zombie, mas não deixar que a ansiedade passe para ela senão fica tudo muito mais lento e desagradável. 

20h20 - Banho e secar o cabelo. 

21h00 - Cama e brincar uns minutos. 

21h10 - Adormeceu exausta. 

21h20 - Escrever um guião para uns vídeos que faço com o Sapo. 

22h00 - Ir maquilhar-me para a gravação.

22h30 - Gravar o vídeo.

23h00 - Editar o vídeo.

00h15 - Enviar o video e ir desmaquilhar-me e dormir. 

Permitam-me um ligeiro f*da-se. 

Estes vídeos que ando a fazer alargaram-me um pouco mais o orçamento que tenho para viver e consegui pedir mais um dia à minha empregada por mês. Quero que ela cozinhe. Preciso que ela cozinhe. Já agora, foi este o vídeo.

Sofremos demasiadas pressões de todo o lado. Há algumas que temos de deixar ir. Se continuar com este cansaço todo, sinto que vai ter que ser o treino que desaparece (tenho todas as horas de almoço ocupadas ou com treino ou com terapia), mas não queria. 


É normal que estejamos cansadas, caramba. E, se não deu, não podemos ser umas bestas connosco. Não podemos.