Esta semana fui tomar
banho e fechei a porta e liguei o aquecedor porque queria que a casa-de-banho
ficasse cheia de vapor, quentinha, uma maravilha de sauna mas sem a falta de
ar. Entrei na banheira e pus-me debaixo do duche a ferver. Suspirei. Maravilha.
Três segundos depois alguém a bater na porta e a dizer “mamã”. “Mamã, mamã, mã,
mamã, mã” sempre intercalado com pequenos murros na porta. O banho todo. Ouvia
o meu marido a dizer “ó filha, deixa a mãe, anda para ao pé do pai” mas é o
vais. Pelo menos não chorou. Aquela história de não conseguir fazer xixi em
paz? É verdadeira. Mas além da criança, também há um cão que adora beber água
do bidé, pelo que normalmente somos três seres na casa de banho, uma na sanita,
um a beber água e a outra a apontar ora para o cão, ora para as minhas pernas,
ora para a sanita. “Sim, a mãe está a fazer xixi.” “É”, responde ela enquanto
aponta para a fralda.
Quer colo a toda a hora,
chora se eu saio da sala, se eu não lhe dou a atenção que ela acha que merece,
abraça-se a mim quando vê outras pessoas, pendura-se nas minhas pernas e não me
larga. Não me larga um bocadinho, só eu é que sirvo, só eu é que sei ler-lhe os
livros, montar a torre de cubos. E é espectacular. O meu ego está mais
insuflado do que as minhas pernas (pernas? Eu queria dizer mamas) durante a
gravidez e eu estou a aproveitar cada momento desta coisa de ser o universo
inteiro de uma pessoa porque sei que vai durar pouco tempo. Mesmo quando me
queixo que não consigo ter tempo para mim, é tudo mentira quero lá saber de
mim, só quero aquela miúda ao meu colo a rir-se e a dar-me festas sem que eu as
peça, antes que se transforme numa parvalhona enjoada que não me suporta.
Se alguma mãe se queixar
que os filhos não a largam e que é uma chatice e que não pode ser, não
acreditem. Está só a fazer género, por dentro o coração está em pleno carnaval.
Leididi