1.21.2020

Quem vem connosco ao Zmar?

A primeira vez que lá fomos parar, foi totalmente ao acaso. Era sábado e íamos "só ali" à praia, algures na Costa de Caparica. Começámos a descer e quando demos por nós estávamos em Almograve. Sem fraldas, sem mudas de roupa, sem escovas de dentes. Fomos a uma mercearia resolver as questões mais urgentes e acabámos por ficar no Zmar, numa casinha de madeira, essa noite. As miúdas adoraram: a piscina de ondas, as atividades disponíveis, mas também a praia "ali ao lado" cheia de laguinhos e animais escondidos. No ano passado, voltámos no dia da Mãe, com a minha mãe, num fim-de-semana só de "miúdas". Fomos conhecer e alimentar os animais, fizeram slide, Yoga, treparam a árvores, deram mergulhos e andaram nuns "tractores", de que falam até hoje.



Agora somos nós quem tem um convite a fazer-vos! De 31 de janeiro até 2 de fevereiro vamos estar no Zmar com a Science4you para um fim-de-semana cheio de experiências científicas e workshops (como a criação de pasta de papel, sabonetes ecológicos, moinho de vento, as "nossas" estufas), um peddy paper, além de todas as experiências que o Zmar oferece sempre
, como a piscina coberta com ondas, o campo de matraquilhos humanos, circuito pedestre de manutenção e ginásio, a casa Kidz com atividades para as crianças entre os 4 -12 anos e o parque de Diversões Infantil.



Podem saber mais sobre todo o fim-de-semana evento no Facebook ou então no site. As tarifas com pequeno-almoço e actividades temáticas vão desde os 60€ (numa Zvilla Eco, 1 noite de alojamento para 2 pessoas com pequeno-almoço). Vejam todas as opções aqui e preparem-se para um fim-de-semana daqueles mesmo mesmo bons.


Vamos juntar a ciência à sustentabilidade. Encontramo-nos lá? Simmmmmm?



1.13.2020

Ao meu ex-marido.

Que viagem, hã? 

Viste-me pela primeira vez naquela noite, num dos meus vários regressos a palco. Em que estava mais nervosa que sei lá o quê e agarrada a cábulas discretas em folhas coloridas. A ler dos papéis, envergonhada entre risinhos. 

Seguiram-se entrevistas, conversas intermináveis e finalmente o encaixe de expectativas e a pressa de viver o resto da vida. 

O casamento que não foi com o Elvis (também te perguntam sempre isso?) e alguns restaurantes e passeios bem curtos perto do hotel. 

Milhares de papelinhos e de alcunhas fofas, muitos jantares, muitos programas de televisão e, finalmente, o choque de ter decidido que sim, que era altura. 

Aproximou-nos mais saber que podíamos gerar vida os dois, estando os dois confiantes de que uma mistura nossa seria algo bom para o Mundo. E assim veio a verificar-se. 

Pegaste-a ao colo e, apesar de sentir tão pouco, senti tudo nesse momento. Entendi que fui a fábrica de um milagre e que te dei o bem mais maravilhoso que alguma vez terias tido até então. Fez sentido. 

Começou a angústia. Subiu o volume do meu medo, da minha loucura, da morte da minha vida anterior e todas as minhas inseguranças tomaram conta dos nossos ritmos, deixamo-nos de nos ver ainda que estivéssemos juntos praticamente 24h por dia. 

Era uma luta entre mim e a minha filha, nós contra o mundo e nunca soube bem explicar porquê, mas deixei de te ver. Deixei de te ouvir e inclusivé de sentir que pertencias a essa luta. Porquê luta? Porque foi difícil, porque doeu e porque estava cheia de medo. 

Foi tudo muito. E sei que ambos demos tudo o que tínhamos para que o sonho continuasse. Talvez tenha sido cedo, talvez tenha sido errado, talvez tenha sido tudo certo, mas com a mãe errada, não sei. 

Sei que, mesmo neste desafio grande que tem sido criar uma menina, ainda que não concordemos em tantas coisas e às vezes não saibamos falar um com o outro, que tens e temos honrado o compromisso que fizemos quando nos casámos (sem o Elvis) que foi amar, respeitar e cuidar até que a morte nos separe. 

Quero agradecer-te. Temos a sorte gigante de nos ter um ao outro e do amor ser sempre aquilo que está em primeiro lugar. Somos as duas pessoas mais apaixonadas pela nossa filha e, por muito que o tempo passe, ou que as nossas opiniões divirjam, já sabemos quando nos calar. 




Resta-nos o carinho e a amizade que sempre foi tanto. Tanto ao ponto de lhe termos chamado de amor. Impossível, mesmo sem filha, que nos deixássemos de falar porque temos o dom de escangalhar o outro a rir e o quão raro é fazerem-nos rir assim, não é? 

Fizeste 42 anos ontem e sinto que já tivemos a melhor prenda de todos os aniversários até hoje e os que ainda virão. Além de uma filha mais incrível do que alguma vez poderia imaginar, ganhei um amigo para a eternidade e que juro a pés juntos que não quero mais do que a sua felicidade, a sua plenitude e satisfação. 

Obrigada por amares e tanto a pessoa que construímos. 
Obrigada pela fé e vontade de melhorares o Mundo comigo. 

Sabes que poderás sempre contar comigo, a mãe da tua filha e tua amiga. 

Parabéns, velhote




1.12.2020

Com que idade já podem?

Uma coisa que tenho percebido nestes 5 anos e meio é que de nunca deixamos de ter dúvidas, quando somos mães. Quer dizer, pelo menos eu vou tendo sempre.
Acho que é inerente à maternidade. Eles crescem, mas nem por isso as dúvidas são menores. Muda talvez a intensidade, a urgência de saber, já não nos culpabilizamos tanto se ficam doentes, mas nunca se sente que se sabe tudo.

Há dúvidas que vou mantendo sempre: estarei a fazer o melhor para elas? Como é que resolvo este conflito entre as duas? Estou a ser demasiado intransigente? Estou a ser demasiado permissiva?

Eu acho que, tendencialmente, sou pouco "galinha". Raramente penso que o pior pode acontecer, em cada situação. Por exemplo, se sobem a uma árvore, não penso automaticamente que vão cair (e mesmo que esfolem o rabo todo - já aconteceu à Isabel, coitada - acho que para a próxima vai ter ainda mais destreza e coragem). Se vão em passeio com a escola, não fico nada preocupada (mesmo nada). Só muito curiosa. Se estão com os avós / tios, não ligo de hora a hora para saber como está tudo a correr. Confio. Se me pedem para cortar fruta, dou a faca quando acho que já têm alguma motricidade fina e percebem as minhas instruções. Ensino logo a subir escadas e a descer. Já cheguei a achar que tinha qualquer ligação interrompida no circuito-mãe. "Se calhar, é normal sentir-se mais medo do que eu sinto", pensei já várias vezes. 

Posto isto, no outro dia a Isabel ofereceu-se para ir à mercearia buscar qualquer coisa que faltava. Acho que aveia. "mãe, dás-me um euro e eu vou lá num instante". 
Fiquei a pensar naquilo. Acho que qualquer outra pessoa pensava "nem pensar, só tens 5 anos". E eu disse-lhe que agradecia imenso e que sentia um orgulho enorme por ela se ter oferecido, que era uma ajudante a sério, mas que ainda não deveria ir sozinha.
E ela: "mas é já ali". Aproveitei para lhe dizer que, mesmo sendo já ali, não deveria ir sozinha porque poderia cair e precisar de mim. Aproveitei para lhe dizer que, um dia que for sozinha, daqui a um ano, mais ou menos (?), nunca pode entrar no carro de ninguém nem ir para casa de ninguém, mesmo que dissessem que eram meus amigos.

Ela quase me fazia um eye-rolling a dizer "sim, já tinhas dito isso".


Cara de felicidade. Hoje. 

Mas sabem que o meu instinto mais primário seria deixar? Tive de controlar isso mesmo, usando a razão. A mercearia é mesmo já ali atrás do prédio, em 3 minutos estaria em casa, eu com essa idade já fazia recados e distâncias maiores. Só que "eram outros tempos", "outra cidade" e - se calhar - outra consciência. Nem sei bem se, em termos legais, se pode deixar uma criança, com esta idade, sozinha. Pode? Eu vejo crianças a brincar ali no pátio em baixo sem adultos, mas não faço ideia se se pode. Pode?

E vocês? Como se sentem em relação à "liberdade" deles. Têm muitos medos?